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HHeelleenn KKeelllleerr LLiinngguuaaggeemm ee CCooggnniiççããoo,, 22001122..22 Helen Adams Keller nasceu no Alabama no dia 27 de julho de 1880, superando todos os obstáculos atingiu o sucesso e a admiração de todos que a cercavam. Tornou-se um ícone, uma heroína nacional. Em consequência de uma doença na infância, diagnosticada à época como “febre cerebral” (possivelmente escarlatina), Helen ficou cega e surda. Sua história mostra a superação da deficiência física, com a ajuda da professora Anne Sullivan, e sua entrada no rico mundo da linguagem. O filme “O milagre de Anne Sullivan” dirigido por Arthur Penn em 1962 (baseada na peça homônima de...), narra à trajetória de Helen rumo à luz do entendimento. Antes da entrada da professora em sua vida, a menina vivia em um mundo escuro e solitário, onde não era compreendida e nem se fazia compreender, porque Helen era incapaz de expressar seus pensamentos, ela se assemelhava a um animal, era capaz apenas de atos agressivos e desesperados: chutava, mordia, batia, estragava. Sua família, pertencente à aristocracia do sul dos Estados Unidos, estava chegando ao ponto de institucionalizá-la, quando Anne Sullivan parceu ser a última esperança de Helen. O roteiro do filme foi baseado nos relatos escritos das memórias da própria Helen e descreve os anos iniciais de seu aprendizado. Para a família de Helen, principalmente para o pai, a questão era mesmo domesticá-la, pois não acreditavam que uma criança com aquelas deficiências seria capaz de adquirir a linguagem. Anne Sullivan afirmava que a menina só aprenderia se fosse afastada do ambiente familiar que era a casa dos pais, onde recebia o constante mimo oriundo da culpa destes. Helen deveria ser submetida a uma rígida disciplina, deveria estar completamente submissa a ela. A família mesmo relutante, entrega a menina aos cuidados da professora por duas semanas, e as duas vão morar em uma pequena casa que estava vazia dentro da propriedade da família de Helen. Esta nova disposição implicaria no controle das necessidades mais básicas da menina pela professora: sua alimentação, seu descanso, seus gestos e comportamentos - tudo estaria sobre o mais rígido controle das regras impostas por Anne. Era de forma quase violenta que Anne Sullivan tentava impedir os ataques agressivos de Helen, punia todas as suas indisciplinas e lhe obrigava a dedicar sua atenção na imitação dos códigos gestuais necessários para a comunicação. Após as duas semanas, Anne conseguiu avanços notáveis com a menina. Vencida pela força, Helen começava a ceder, sua agressividade dava lugar a uma postura mais dócil que facilitava o aprendizado. Mesmo com toda a dedicação de Anne, a menina continuava se mostrando incapaz de compreender a lógica da linguagem. Helen imitava os gestos da professora, como um ato mecânico, não entendia o sentido das palavras. Os pais exigem então o retorno da menina, ameaçando todo avanço feito até então. A professora se desespera e tenta um último esforço pedagógico, repetindo exaustivamente o procedimento dos sinais nas mãos da menina, o que continuou sem surtir efeito. Com seu retorno para casa, seus maus modos também retornaram. Em um almoço de família Helen se revolta, como no início do filme, a professora vê seu retrocesso e tenta impor sua autoridade novamente sobre a menina que foge para o jardim. Anne Sullivan vai atrás dela, elas se reencontram e em um último gesto desesperado a professora leva a menina até a fonte de água e começa a derramá-la nas mãos dela, enquanto repete freneticamente os gestos que representam a palavra água. É nesse ponto que o milagre ocorre, e Helen balbucia alguma coisa, a palavra água que havia aprendido na infância. Helen pega a chave do quarto que estava na mão da mãe e entrega à professora, o que traduz a metáfora da chave, na qual Anne é quem é a chave para penetrar na cabeça de Helen. Anteriormente, presa em seu próprio corpo, incapaz de se comunicar, Hellen Keller não poderia se governar, mas agora a menina começava a aprender a expressar a verdade mais íntima de si mesma, seus pensamentos, desejos e vontades. Helen Keller se tornou uma célebre escritora, educadora e filósofa, uma personagem famosa pelo extenso trabalhou que realizou junto aos portadores de deficiência, foi advogada de cegos. Ao lado de Sullivan percorreu o mundo promovendo campanhas para melhorar a situação dos deficientes visuais e auditivos. Apenas com o sentido do tato e sua enorme perseverança, aprendeu a ler e escrever pelo método do Braille, chegando até mesmo a falar, por imitação das vibrações da garganta de sua professora as quais captava com as pontas dos dedos. O esforço realizado por sua mente no sentido de se comunicar teve como consequência o afloramento de uma inteligência excepcional. O caso de Helen Adams Keller pode ser relacionado aos estudos de Vigostky ligados à aprendizagem. Vigostky afirma que a criança começa a aprender antes de ir para a escola, por “mediação simbólica” e por “imitações”, essas imitações no início podem não fazer nenhum sentido, porém mais tarde a mesma ação será realizada com real sentido. É nesse ponto que a teoria de Vigostky se relaciona a Helen, pois é justamente isso que ela fazia no inicio, imitava os gestos de Anne Sullivan sem dar real sentido ao que fazia. O autor chama esse nível de desenvolvimento real (NDR), mas Anne Sullivan acreditou no chamado nível de desenvolvimento potencial (NDP) da menina, ela sabia que seria possível, mais tarde, Helen entender tudo aquilo que estava ensinando, que a estava fazendo imitar. Em relação a um ensino de educação formal, no caso escolas em que nós professores de licenciatura devemos trabalhar é com o conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que é a zona entre o desenvolvimento potencial e o desenvolvimento real. Vigotsky usa também o caso de Hellen Keller como exemplo do que ele chama de super-compensação. Fenômeno decorrente da deficiência de um dos sentidos, onde outros sentidos compensariam a deficiência com uma sensibilidade maior de outros sentidos. Segundo Vigostky uma criança com deficiência biológica, como uma perda de audição, pode ser erroneamente considerada ”retardada” ou inferior. Quando na verdade, se esta tivesse seguido caminhos de desenvolvimento criativos, alternativos poderia alcançar um nível de desenvolvimento pela supercompensação; essa criança poderia inclusive ser considerada superior em termos de desenvolvimento quando comparada a outras crianças sem deficiência. No caso de Helen Keller, Vigostky escreve: “Her defect did not only not become a break but was transformed into a drive which insured her development.(defect and compensation”