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PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR CÂNCER DE PRÓSTATA ANATOMIA DA PRÓSTATA Maior glândula acessória do sistema reprodutor masculino. Parte glandular e parte músculo fibrosa. Possui aproximadamente 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de profundidade anteroposterior. Produz uma secreção fina e leitosa, aprox. 20% do volume do sêmen, que participa da ativação dos espermatozoides. Ductos Prostáticos: abrem-se nos Seios prostáticos situados de cada lado do colículo seminal na parede posterior da uretra prostática. Divisão anatômica Apresenta 4 faces principais: BASE: em cima, próximo do colo da bexiga; ÁPICE: em baixo, próximo do músculo esfíncter da uretra e Músculo Transverso Profundo do Períneo; FACE ANTERIOR: Fibromuscular, separada da sínfise púbica pela gordura retroperitoneal; FACE POSTERIOR: Relacionada com a ampola do reto; FACES INFEROLATERAIS: Relacionadas com o M. Levantador do Ânus. Dividida em 3 zonas principais pelos urologistas e ultrassonografistas: PERIFÉRICA TRANSIÇÃO CENTRAL FATORES DE RISCO Tal como ocorre para a maioria dos cânceres, a etiologia do carcinoma prostático é em grande parte desconhecida. No entanto, alguns fatores parecem ser importantes: Idade. Inquestionavelmente, é um fator associado tanto ao adenocarcinoma clínico como ao adenocarcinoma histológico. A maioria dos pacientes com adenocarcnoma clínico encontra-se na 7ª ou 8ª décadas de vida; a frequência de adenocarcinoma histológico aumenta com a idade, chegando a ser de cerca de 70% em indivíduos com mais de 80 anos. Raça. O adenocarcinoma da próstata é mais frequente em brancos e negros do que em amarelos, particularmente japoneses; nos EUA, também é mais comum em negros do que em brancos. Tais diferenças raciais são observadas apenas no carcinoma clínico, pois a frequência de PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR adenocarcinoma histológico é semelhante nas três raças. Fatores genéticos. Embora ainda pouco documentados, parecem estar envolvidos em 90% dos adenocarcinomas que surgem em indivíduos abaixo de 55 anos de idade. Em algumas famílias, a herança é de padrão autossômico dominante; nesses casos, o risco de um homem desenvolver adenocarcinoma prostático se o pai ou um irmão tiverem o tumor é duas vezes maior e, se ambos o têm, nove vezes maior. Hormônios. Os andrógenos são necessários para o crescimento e o desenvolvimento da próstata normal, da HNP e do adenocarcinoma prostático. Indivíduos castrados antes da puberdade têm risco mínimo de desenvolver câncer da próstata. Alguns estudos clínicos mostram que andrógenos circulantes em níveis aumentados são capazes de estimular o crescimento de câncer prostático (por estímulo androgênico, o volume tumoral pode aumentar). Não se conhece, entretanto, o papel exato dos andrógenos na carcinogênese da próstata. Paradoxalmente, com o avançar da idade os níveis de testosterona (T) diminuem, enquanto a incidência de carcinoma prostático aumenta. Uma explicação é que os eventos carcinogênicos que requerem ou envolvem estimulação androgênica teriam ocorrido muito antes do aparecimento da neoplasia, num momento em que os níveis de testosterona ainda eram elevados. Outra possibilidade é maior disponibilidade dos receptores de andrógenos nas células prostáticas, possivelmente por amplificação dos genes que os codificam. ALTERAÇÕES GENÉTICAS Alterações genéticas – fusão dos genes TMPRSS2 E ERG Ambos os genes são encontrados no cromossomo 22. A fusão desses genes é encontrada em 50% dos casos de câncer de próstata. O gene TMPRSS22 tem sua expressão regulada por hormônios androgênicos, enquanto que o gene ERG aumenta a transcrição de fatores oncogênicos. A fusão de ambos em resposta aos androgênios resulta em múltiplos oncogenes. Alterações epigenéticas – hipermetilação do gene GSTP1 Esse gene, ele codifica uma enzima (glutation-S- transferase) que protege a célula do estresse de oxidação. A hipermetilação do gene dimimui sua própria produção, o que aumenta a exposição do núcleo a ção de radicais livres e acelera o surgimento de mutações genéticas. Essa mutação é importante para o início do câncer de próstata. ASPECTOS CLÍNICOS A maioria dos adenocarcinomas da próstata é assintomática. Em cerca de 60 a 75% dos casos, o tumor origina-se no lobo posterior e, na maioria das vezes, nas glândulas externas. Na designação anatômica proposta por McNeal, o carcinoma origina-se na chamada zona periférica. Essa origem explica por que as manifestações clínicas do carcinoma relacionadas com comprometimento da uretra prostática podem faltar e, quando presentes, são mais tardias em relação às da hiperplasia nodular. Há suspeita clínica de tumor quando se encontra um nódulo endurecido ao toque retal ou quando há sintomas urinários, sobretudo dificuldade para iniciar ou terminar o jato urinário, disúria, aumento da frequência para urinar e hematúria. Quando há metástases ósseas, os pacientes queixam-se de dor. Aliás, lesões osteoblásticas nos ossos da bacia ou de vértebras lombares em indivíduos idosos são muito sugestivas de metástases de adenocarcinoma prostático. O diagnóstico de adenocarcinoma deve sempre ser confirmado por biópsia. Além dos dados clínicos, achados de imagens e exames laboratoriais são igualmente importantes. A ultrassonografia transretal ajuda bastante no diagnóstico. A imagem mais comum é de um nódulo hipoecoico na zona periférica, embora somente 20 a 30% dessas lesões tenham diagnóstico de malignidade confirmado por biópsia. A ultrassonografia complementa o toque retal, possibilitando a detecção de lesões não palpáveis. A dosagem do antígeno específico da próstata (PSA) no soro é outro recurso propedêutico valioso na atualidade. Produzido pelas células epiteliais das glândulas prostáticas, o PSA se eleva já nas fases iniciais da doença, sendo seus níveis séricos proporcionais à extensão da neoplasia. Este fato faz com que o PSA seja de grande utilidade clínica, pois serve para detecção precoce de adenocarcinoma prostático, estadiamento da neoplasia, avaliação prognóstica e monitoramento da resposta terapêutica. A próstata normal libera pequenas PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR quantidades de PSA na circulação (cerca de 0,3 ng/mL/g de tecido). Como há relação entre a quantidade de parênquima prostático e a sua produção, cerca de 20% dos pacientes com hiperplasia nodular têm níveis aumentados de PSA. O uso de bloqueadores da 5a-redutase no tratamento medicamentoso da HNP reduz os valores do PSA. Nos pacientes com carcinoma, as taxas séricas de PSA são muito elevadas (mais de 3 ng/mL/g de tecido). Nem toda elevação de PSA, todavia, é sinal de carcinoma prostático. Além da HNP, prostatites, infartos, biópsia e ressecção transuretral da próstata também podem elevar os níveis de PSA. A dosagem do antígeno parece não detectar neoplasia intraepitelial prostática, mas pode diagnosticar carcinoma latente (estádio Tl). DISSEMINAÇÃO E METÁSTASES Por extensão local, podem ser atingidos uretra, colo vesical, vesículas seminais e trígono vesical. A parede do reto só é comprometida rara e tardiamente, provavelmente por causa da existência da fáscia de Denonvillier entre a próstata e o reto. Como a maioria dos carcinomas origina-se no lobo posterior ou nas porções mais periféricas da glândula, as manifestações clínicas decorrentes do comprometimento da uretra são mais tardias do que as da hiperplasia nodular. Metástases linfáticas são comuns, sendo atingidos, em ordem decrescente de frequência, os linfonodos obturadores, hipogástricos, pré-sacros e paraórticos. A infiltração das vesículas seminais aumenta a probabilidade de metástases linfonodais. Metástaseshematogênicas também são importantes. Metástases ósseas ocorrem em cerca de 70% dos casos e atingem, em ordem decrescente de frequência, os ossos da pelve, vértebras torácicas e costelas. Em alguns casos, as primeiras manifestações do carcinoma da próstata relacionam-se com metástases ósseas, em forma de dor ou de fraturas patológicas. Na grande maioria das vezes, as metástases são osteoblásticas. Fosfatase ácida prostática (PAP) e antígeno específico da próstata (PSA) estão elevados em quase todos os casos com metástases ósseas. Nas fases avançadas do tumor, praticamente todos os órgãos podem ser acometidos por metástases, notadamente os pulmões, o fígado, as suprarrenais, a pleura e os rins. Metástases pulmonares ocorrem em cerca de 25% dos pacientes que falecem por carcinoma de próstata, sendo geralmente do tipo linfangítico. ESTADIAMENTO O estadiamento da doença é dado pelo sistema TNM, auxiliando o médico na escolha da conduta correta para abordar o doente. ESCORE DE GLEASON O câncer de próstata é um tumor multifocal e heterogênio, coexistindo áreas de maior e menor diferenciações tumorais. A graduação histológica desses tumores é definida pelas áreas de maior anaplasia, utilizando-se preferencialmente, o sistema proposto por Gleason. Este sistema avalia o padrão ganglionar e a relação entre as glândulas e o estroma prostático. Classifica os tumroes em cinco graus (1 a 5) de acordo com a progressão para a indiferenciação. Os cânceres de próstata exibem heterogeneidade no tecido, e assim é atribuída uma pontuação de 1 a 5 a duas áreas histológicas da próstata. Os pontos são somados para dar uma pontuação de Gleason total entre 2 e 10. Em decorrência da heteregeneicidade tumoral o diagnóstico final é dado pelo somatório dos graus do padrão predominantemente no tumor com aquele observado na segunda área mais representativa, PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR possibilitando somatórios ou escores que variam entre 2 (1+1) e 10 (5+5). A pontuação é usada como indicação da probabilidade de progressão. TRATAMENTO O tratamento da lesão confinada à próstata pode ser cirúrgico (prostatectomia radical) ou radioterápico. Ambas podem trazer efeitos indesejados, como a impotência, sendo a cirurgia bem mais arriscada que o a radioterapia. Contudo, é direito do doente optar por uma das duas modalidades de tratamento, sendo o papel do médico essencial no esclarecimento dos riscos e benefícios de cada procedimento. PROSTATECTOMIA Até o estádio T2. A retirada cirúrgica radical da próstata tem o intuito curativo da doença, sob o risco de causar impotência (devido à lesão do feixe vasculonervoso responsável pelo processo de ereção) e incontinência urinária. A cirurgia radical consiste na remoção em bloco da próstata e vesículas seminais, acompanhada de linfadenectomia das cadeias ilíacas. Pode ser realizada por via retropúbica, perineal ou laparoscópica, possivelmente constitui a melhor alternativa terapêutica para o tratamento de pacientes com tumores estádio T2 ou inferior. RADIOTERAPIA Tipos de radioterapia para os tumores do câncer de próstata: Braquiterapia: as vantagens para sua utilização compreendem alta taxa de dose no volume implantado e sua conformação à próstata, permitindo a aplicação de dose mais alta do que seria possível com radioterapia externa, com queda acentudada do gradiente de dose a partir do alvo e minimização da dose em tecidos adjacentes. HORMONIOTERAPIA As terapias hormonais bloqueiam o estímulo androgênico que sustenta a maioria dos CA de próstata. Há várias fontes de androgênio circulante, a maior parte do qual é a testosterona, produzida pelos testículos. A testosterona produzida pelos testículos está sob controle do hormônio LHRH produzido pelo hipotálamo. O LHRH tem uma meia-vida curta e é liberado na forma pulsátil. Esta liberação pulsátil é importante, pois os receptores do LHRH será dessensibilizados se forem permanentemente ocupados. A privação de androgênio pode ser atingida de várias formas. QUIMIOTERAPIA Se, ao longo de 6 meses de hormonioterapia, os níveis de PSA não reduzirem ela metade, deve-se parar com o tratamento, visto que o paciente é hormônio-resistente. É necessário associar, então, um hormônio de ação central e outro de ação periférica ou adotar a quimioterapia. Os quimioterápicos anti-neoplásicos de próstata são os Taxanes; Mitoxantrona em associação à Prednisona. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA É o aumento do volume da próstata. É um crescimento benigno que ocorre após os 40-45 anos em diante, sendo mais comum a partir dos 60 anos. As causas deste aumento ainda não são bem determinadas. O crescimento da próstata comprime a uretra prostática determinando uma série de sintomas obstrutivos do trato urinário. São sintomas comuns da HBP: ardência ao urinar, levantar várias vezes a noite para urinar, sensação de não ter esvaziado completamente a bexiga após urinar, aumento do número de micções, gotejamento acentuado no final da micção. Não se sabe ao certo o que causa o câncer de próstata, porém sabe-se que alguns fatores, tais como transmissão genética e hormônios podem estar implicados. Ao sentir a próstata durante um exame retal, os médicos geralmente podem determinar se ela está aumentada. Os médicos inserem um dedo com luva e lubrificado no reto. A próstata pode ser sentida logo à frente do reto. A próstata com PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR hipertrofia prostática benigna (HPB) é percebida como aumentada, simétrica e lisa, mas não é dolorosa ao toque. A presença de áreas duras pode indicar câncer da próstata. Uma amostra de urina deve ser examinada (urinálise) para confirmar que não há infecção ou hemorragia. Quando um exame revelar que a próstata está aumentada ou o homem tiver sintomas de obstrução urinária, os médicos geralmente também realizam um exame para medir o nível de antígeno específico da próstata (PSA) no sangue. O nível de PSA pode ser elevado em homens com HPB e também em homens com câncer da próstata. Se o nível de PSA estiver elevado ou a próstata estiver dura ou nodulosa ao toque, outros exames podem ser necessários para determinar se existe câncer. PROSTATITE Prostatite é um termo usado para designar inflamações da glândula prostática. Uma próstata inflamada pode causar uma grande variedade de sintomas, sendo os mais comuns: dor e queimação à micção, necessidade frequente e urgente de urinar, dor testicular ou dor nas costas. A prostatite pode ser bacteriana aguda, crônica ou não bacteriana. A IDADE TEM A VER COM NÍVEIS DE PSA? Recentes estudos sugeriram que níveis 4,0 ng/mL são muito altos para homens jovens e muito baixo para homens mais velhos. Alguns investigadores recomendam os níveis seguintes: Idade Níveis de PSA 40-50 0 a 2,5 ng/mL 50-60 0 a 3,5 ng/mL 60-70 0 a 4,5 ng/mL 70-80 0 a 6,5 ng/mL O QUE FAZEMOS COM UM NÍVEL DE PSA ELEVADO? É bom lembrar: o PSA é somente um teste que diz da possibilidade de câncer de próstata. Um PSA normal não quer dizer que você não tem câncer de próstata. Significa que você tem mais baixo risco de ter um câncer de próstata. Reciprocamente, um PSA elevado não quer dizer que você necessariamente tenha câncer. Significa dizer que você tem maior risco que alguém cujo PSA é mais baixo. PROBABILIDADE DE CÂNCER DE PRÓSTATA BASEADO EM RESULTADOS DE PSA 0-2 ng/mL - 1% 2-4 ng/mL - 15% 4-10 ng/mL - 25%-35% >10 ng/mL - >50% PSA menores que 4,0 ng/mL - Se o seu nível de PSA foi pela primeira vez menor que 4, recomenda-se repetir o teste anualmente PSA maior que 4,0 ng/mL - Vide valores de referência para a idade e procure o seu Urologista de confiança.
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