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CAPÍTULO 3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: P Conhecer o Sistema de Informação de Controladoria. P Compreender um modelo de plano de contas, ressaltando seus objetivos para melhor evidenciar as informações da Controladoria. P Compreender o grupo das contas contábeis, considerando o conjunto de normas legais correspondentes. P Elaborar um Balanço Patrimonial com a utilização de Plano de Contas, formalizando-o com os objetivos da empresa. P Conhecer um modelo conceitual de estruturação do sistema de informação. 42 Controladoria 42 43 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 43 Capítulo 3 CONTEXTUALIZAÇÃO No capítulo anterior, você estudou a importância da controladoria na gestão empresarial, destacando sua evolução, objetivos e área de atuação. Vimos que um dos aspectos mais importantes é a sua contribuição no processo de gestão de uma empresa. Neste capítulo, estudaremos o que é um Sistema de Informação de Controladoria. Para isso, é importante conhecer o plano de contas, estruturado de acordo com as atividades da empresa. Sua função é identifi car e organizar os gastos, as receitas de vendas de produtos ou serviços, os ativos e os passivos. Cada característica de movimentação deve ser atribuída na conta contábil adequada, que acumulará os respectivos valores. A partir daí, a controladoria irá utilizar as informações do sistema de contabilidade geral- fi nanceira, gerencial e de custos. Vamos à busca desse conhecimento? SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA Para compreender o que é um sistema de informação de controladoria, primeiramente, precisamos defi nir o que é informação. A informação surge a partir de um ou mais dados, números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor. O dado pode ser qualquer elemento identifi cado em sua forma bruta que por si só não conduz a uma compreensão de determinado fato ou situação. (OLIVEIRA, 1998). A informação é o dado trabalhado que permite ao executivo de uma organização tomar decisões. Representa, para quem a recebe uma comunicação que pode produzir reação ou decisão, frequentemente acompanhada de um efeito-surpresa. As organizações dependem cada vez mais de informações adequadas e que permitam a tomada de decisão efi caz. Para tanto, devem levar em consideração as necessidades da empresa, possibilitando a análise mediante a comparação de dados e sendo disponibilizada no momento adequado com um nível de detalhamento desejado. No mundo corporativo, exige-se que, tanto as informações geradas internamente para fi ns decisórios dos gestores da empresa quanto as informações divulgadas para os usuários externos (como fornecedores, bancos, governo e demais interessados) sejam confi áveis e que estejam de acordo com o planejamento estratégico do negócio. Para que isso aconteça, é fundamental o controle dos seus processos, uma vez que os sistemas de Os sistemas de informações se tornam indispensáveis, pois geram indicadores que, por sua vez, são analisados pela controladoria ou controller. 44 Controladoria 44 informações se tornam indispensáveis, pois geram indicadores que, por sua vez, são analisados pela controladoria ou controller. Podemos dizer que a controladoria é uma ponte entre a administração e a contabilidade. Observa-se, portanto, que a integração entre estas duas áreas está diretamente relacionada à informação e aos respectivos sistemas gerencial e contábil. A implementação da controladoria nas empresas é composta de forma multidisciplinar por administradores e contadores que facilitam o gerenciamento das informações e fornecem alternativas mais precisas ao tomador de decisão. Dentre as várias funções da controladoria está a análise de indicadores que, quando positivos, maximizam o valor da empresa em sua área de atuação. Com esses indicadores, é possível analisar o giro de estoque, o custo do capital, o custo do investimento (por exemplo, novas máquinas e equipamentos), a necessidade de capital de giro, o prazo médio de recebimento, o prazo médio de pagamento, o fl uxo de caixa descontado, entre outros. Para identifi car a expectativa de recuperação do capital investido, existe um método de avaliação chamado pay-back. O pay-back é utilizado para defi nir o prazo máximo de recuperação do capital investido, pois existe uma expectativa do investidor em saber por quanto tempo terá que aguardar para ter o retorno do seu capital. Porém, mesmo com diversos instrumentos de mensuração e avaliação, a controladoria faz algumas indagações com o intuito de fortalecer a qualidade da informação, como: - A informação gerada é confi ável? - A empresa possui processos defi nidos e homologados? - Os custos estão alocados corretamente em suas respectivas contas e setores? Por fi m, a controladoria no processo de gestão das empresas, seja como órgão formal, seja como uma reunião de conceitos que visa a identifi car, mensurar e comunicar as informações aos gestores, é de suma importância na gestão de eventos econômicos. A continuidade da empresa no mundo corporativo pressupõe o alcance de resultados. Para tanto, a empresa se serve do processo de gestão econômica, compreendendo o planejamento dos eventos econômicos, a elaboração de padrões para a etapa de execução, a implementação das ações planejadas e o controle. Esse processo é suportado por um sistema de informação administrado pela controladoria. 45 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 45 Capítulo 3 Para que tenha como resultado um excelente trabalho desenvolvido a partir das informações do SI – Sistema de Informações, a controladoria deve valer-se de um Plano de Contas, estruturado de acordo com as atividades da empresa. MODELO DE PLANO DE CONTAS Você sabe o que é um plano de contas? Tente imaginar suas fi nanças pessoais, como a receita de salários e as despesas pessoais. Separe todas as despesas por tipo (alimentação, vestuário, lazer, transporte, dentre outros) para saber onde estão sendo direcionadas as suas fi nanças. Pois bem, o Plano de Contas é uma forma de organizar as entradas e as saídas de caixa de uma empresa, sendo montado conforme os padrões da legislação, uma vez que existem normas específi cas que precisam ser seguidas. Além disso, serve de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis. A sua utilização deve ser compatível com as necessidades gerenciais da empresa, com os princípios da Lei 11.638/07 (Lei das S/A) e outras exigências legais como o Imposto de Renda. Para Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 33), “a elaboração de um bom Plano de Contas é fundamental no sentido de utilizar todo o potencial da Contabilidade em seu valor informativo para os inúmeros usuários.” Podemos dizer que o plano de contas é, na realidade, um conjunto de normas. A respeito disso Zanluca (2010) diz que: O Plano de Contas, genericamente defi nido como um simples elenco de contas, na verdade constitui um conjunto de normas do qual deve fazer parte a descrição do funcionamento de cada conta, o chamado “Manual de Contas”, que contém comentários e indicações gerais sobre a aplicação e o uso de cada uma das contas (para que serve, o que deve conter e outras informações sobre critérios gerais de contabilização). Para compreender um plano de contas, é necessário levar em consideração a sua organização ou forma de composição, pois existem vários níveis de detalhamento de informações contábeis. Conforme Zanluca (2010), deve conter, no mínimo, quatro níveis de organização: • No primeiro nível: encontram-seos grupos, que são: Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas, Custos e Despesas. O Plano de Contas é uma forma de organizar as entradas e as saídas de caixa de uma empresa, sendo montado conforme os padrões da legislação, uma vez que existem normas específi cas que precisam ser seguidas. 46 Controladoria 46 • No segundo nível: encontram-se os subgrupos, que são: Ativo: Circulante, Não Circulante / Passivo e Patrimônio Líquido: Circulante, Não Circulante e Patrimônio Líquido. / Receitas: Receita Bruta, Deduções da Receita Bruta, Outras Receitas Operacionais / Custos e Despesas Operacionais. • No terceiro nível: encontram-se as contas. • No quarto nível: encontram-se as subcontas. Conforme Stickney e Weil (2001, p. 67) “[...] uma conta precisa estar associada a um item específi co do balanço, para que possamos acumular os aumentos ou diminuições que ocorrem no item em questão [...].” Acesse <http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/planodecontas. htm>. O portal apresenta um artigo com o título Como Elaborar Um Plano de Contas, escrito por Júlio César Zanluca. É fundamental manter o plano de contas sempre atualizado, incluindo as novas contas e subgrupos que forem aparecendo no decorrer do tempo. A seguir, demonstramos um modelo de plano de contas: MODELO DE PLANO DE CONTAS 1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 1.1.1.01 Caixa Geral 1.1.2 Bancos C/Movimento 1.1.2.01 Banco Alfa 1.1.2.02 Banco Beta 1.1.3 Contas a Receber 1.1.3.01 Clientes 1.1.3.02 Outras Contas a Receber 1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 1.1.4 Estoques 1.1.4.01 Mercadorias 1.1.4.02 Produtos Acabados 1.1.4.03 Insumos 1.1.4.04 Outros 1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Contas a Receber 1.2.1.01 Clientes 1.2.1.02 Outras Contas 47 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 47 Capítulo 3 1.2.2 INVESTIMENTOS 1.2.2.01 Participações Societárias 1.2.3 IMOBILIZADO 1.2.3.01 Terrenos 1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 1.2.3.04 Veículos 1.2.3.05 Móveis 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada 1.2.3.99 (-) Amortização Acumulada 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas 1.2.4.02 Softwares 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada 2 PASSIVO 2.1 CIRCULANTE 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher 2.1.1.01 Simples a Recolher 2.1.1.02 INSS 2.1.1.03 FGTS 2.1.2 Contas a Pagar 2.1.2.01 Fornecedores 2.1.2.02 Outras Contas 2.1.3 Empréstimos Bancários 2.1.3.01 Banco A - Operação X 2.2 NÃO CIRCULANTE 2.2.1 Empréstimos Bancários 2.2.1.01 Banco A - Operação X 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 Capital Social 2.3.2.01 Capital Social Subscrito 2.3.2.02 Capital Social a Realizar 2.3.2. Reservas 2.3.2.01 Reservas de Capital 2.3.2.02 Reservas de Lucros 2.3.3 Prejuízos Acumulados 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios Anteriores 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual 48 Controladoria 48 3 RECEITAS 3.1 Receita Líquida 3.1.1 Receita Bruta de Vendas 3.1.1.01 De Mercadorias 3.1.1.02 De Produtos 3.1.1.03 De Serviços Prestados 3.1.2 Deduções da Receita Bruta 3.1.2.01 Devoluções 3.1.2.02 Serviços Cancelados 3.2 Outras Receitas Operacionais 3.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes 3.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos 3.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado 4 CUSTOS E DESPESAS 4.1 Custos dos Produtos Vendidos 4.1.1 Custos dos Materiais 4.1.1.01 Custos dos Materiais Aplicados 4.1.2 Custos da Mão de obra 4.1.2.01 Salários 4.1.2.02 Encargos Sociais 4.2 Custo das Mercadorias Vendidas 4.2.1 Custo das Mercadorias 4.2.1.01 Custo das Mercadorias Vendidas 4.3 Custo dos Serviços Prestados 4.3.1 Custo dos Serviços 4.3.1.01 Materiais Aplicados 4.3.1.02 Mão-de-Obra 4.3.1.03 Encargos Sociais 4.4 Despesas Operacionais 4.4.1 Despesas Gerais 4.4.1.01 Mão de obra 4.4.1.02 Encargos Sociais 4.4.1.03 Aluguéis 49 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 49 Capítulo 3 4.5 Perdas de Capital 4.5.1 Baixa de Bens do Ativo Não Circulante 4.5.1.01 Custos de Alienação de Investimentos 4.5.1.02 Custos de Alienação do Imobilizado Fonte: Adaptado de ZANLUCA, Júlio César. Como elaborar um plano de contas. Manual de contabilidade empresarial. Disponível em: <http://www. portaldecontabilidade.com.br/guia/planodecontas.htm>. Acesso em: 3 fev. 2010. Vejamos o exemplo, conforme o modelo do plano de contas anterior: Nível 1: 1 Ativo Nível 2: 1.1 Ativo circulante Nível 3: 1.1.4 Estoques Nível 4: 1.1.4.1 Mercadorias Nível 4: 1.1.4.2 Produtos Acabados As contas do nível 4 apresentaram os seguintes saldos: 1.1.4.01 Mercadorias ► R$ 1.000,00 1.1.4.02 Produtos Acabados ► R$ 500,00 Esses saldos devem ser totalizados na conta 1.1.4 Estoques, que apresentará um saldo total de R$ 1.500,00 e, assim, sucessivamente. De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 33), “[...] assim ao preparar um projeto para desenvolver um Plano de Contas, a empresa deve ter em mente as várias possibilidades de relatórios gerenciais e para uso externo e, dessa forma, prever as contas de acordo com os diversos relatórios a serem produzidos.” Atividades de Estudos: 1 O que você entende por sistema de informação gerencial na controladoria? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 50 Controladoria 50 2 Qual é a contribuição da controladoria no sistema de informação gerencial? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3 Quais são as etapas que envolvem a implementação do controle do sistema de informação de controladoria? Comente cada uma delas. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4 Para que serve o plano de contas? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 51 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 51 Capítulo 3 Com a compreensão do plano de contas, podemos utilizar os dados da contabilidade para serem processados no sistema de informação. O cruzamento, a comparação, a mensuração e, por fi m, a análise destes dados resultará em informações importantes para os gestores. No próximo item, vamos estudar como é estruturado um sistema de informação. MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO Vimos no capítulo 1, Sistema Empresa, que o sistema é um conjunto de partes que atuam de forma integrada e interdependente e que, em conjunto, formam um todo unitário para cumprir uma função com determinado objetivo. No sistema de informação, os componentes básicos de um sistema são: entradas, processamento e saídas. O controle e a avaliação do processamento produzem informação que serve como instrumento de regulação do sistema, chamado retroalimentação ou tão conhecido como feedback. Os sistemas de informações contábeis têm a função de processar os dados e transformá-los em informações que ajudarão os gestores a tomar decisões. Leia o livro Controladoria: um enfoque na efi cácia organizacional, de Auster Moreira Nascimento e Luciane Reginato, 2ª edição, da Editora Atlas, publicado em 2009. O livro aborda modelos de gestão, decisão e informação. Um modelo básico de informação deve contemplar a integração de, no mínimo, três sistemas: • Contabilidade Contabilidade Geral e Financeira: para atender às exigências legais de publicação do Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados da Empresa. • Padrões Contabilidade de Custos: para atender à apuração de custos dos produtos, apurar a margem de contribuição, atender às necessidades legais do método de custeio aceito pelo fi sco brasileiro (Método de Custeio por Absorção). • Orçamentos Contabilidade Gerencial: para atender às necessidades dos gestores da empresa, com informações geradas a partir do sistema de informação gerencial da controladoria. Os sistemas de informações contábeis têm a função de processar os dados e transformá-los em informações que ajudarão os gestores a tomar decisões. 52 Controladoria 52 Esses sistemas básicos devem preencher três requisitos: • Forma utilidade e confi abilidade das informações: as informações devem ser geradas de forma idônea, sem gerar dúvidas aos seus usuários quanto as suas origens. • Idade data do fato ► data da informação: as informações devem ser geradas em data oportuna para que tenham utilidade no momento certo. • Frequência periodicidade, oportunidade e disponibilidade da informação: as informações devem ser geradas de forma que a cada determinado período (mensal, trimestral, semestral, dentre outros) possam ser úteis aos gestores. O sistema de informações contábeis é o responsável pela geração dos relatórios gerenciais, como você pode acompanhar nos quadros 1, 2 e 3 a seguir: No quadro 1, observe a Entrada, o Processamento e a Saída das informações na Contabilidade Geral-Financeira. SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL CONTABILIDADE GERAL - FINANCEIRA ENTRADA PROCESSAMENTO SAÍDA Fatos Administrativos Método Diário Geral Comprar Partidas Dobradas Razão Vender Normas Balancete de Verificação Pagar Princípios Contábeis Balanço Receber Legislação Empresarial Demonstrativo do Resultados Contratar Pessoal Procedimentos DRE Produzir Plano de Contas Demonstração das Origens Manual de Contas e Aplicações de Recursos (DOAR) Forma Fluxo de Caixa Manual, informatizada Informações primarias Arquivo básico Relatórios FEEDBACK Quadro 1 – Contabilidade geral (fi nanceira, comercial ou societária). Fonte: Padoveze (2005, p. 74). Conforme o quadro 1, na contabilidade geral ocorrem as atividades diárias da empresa, como comprar, produzir e vender. Esses dados geram informações que são processadas com uso de método de partidas dobradas, atendimento às normas contábeis, dentre outras. No item Saída de informações, você observa que essas informações são geradas em formato de Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Fluxo de Caixa, Demonstração dos Resultados do Exercício, dentre outros. 53 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 53 Capítulo 3 No quadro 2 observe a Entrada, o Processamento e a Saída das informações na Contabilidade de Custos. SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL CONTABILIDADE DE CUSTOS ENTRADA PROCESSAMENTO SAÍDA Dados Operacionais Produção industrial Ordens de Produção Requisições* Apontamentos de Mão de obra direta * Outros dados: área utilizada horas/máquina homem/máquina capacidade instalada Dados Contábeis Contabilidade financeira Materiais consumidos Serviços Contratados Folha de pagamento Encargos Sociais Preço unitário Gastos gerais Método Demonstrativo do Custo dos Produtos Fabricados Planilhas de Custos * Informações Custo por unidade Custo por lote Custo por comportamento Margem deContribuição Variação do custo entre o previsto e o real Custos dos produtos vendidos (CPV) Técnicas específicas de custeio * Custeio porAbsorção * Custeio Direto ou variável Custo padrão ABC ( )Activity Based Cost Normas Princípios contábeis Legislação Empresarial Procedimento Plano e Manual de Contas Manuais Específicos Forma Manual - informatizada Informações primárias Arquivo básico Relatórios FEEDBACK Quadro 2 – Contabilidade de custos. Fonte: Padoveze (2005, p. 81). Conforme o quadro 2, na contabilidade de custos ocorrem as atividades de produção, o registro das ordens de produção, os apontamentos de gastos com mão de obra, dentre outras. Esses dados geram informações que são processadas com uso de vários métodos de avaliação de custos, aqueles que atendem especifi camente à legislação brasileira (como o método de Custeio por Absorção) e aqueles exclusivamente gerenciais (como o custeio Padrão e o custeio ABC). No item Saída de informações você observa que elas são geradas com uso de planilhas eletrônicas, gráfi cos de avaliação dos resultados dos produtos, custos por unidade ou por lote. Além de atender à legislação brasileira, também pode estar voltada a atender às necessidades de informações dos usuários internos da empresa. 54 Controladoria 54 No quadro 3 observe a Entrada, o Processamento e a Saída das informações na Contabilidade Gerencial. SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL CONTABILIDADE GERENCIAL ENTRADA PROCESSAMENTO SAÍDA Dados Econômicos Método Macroeconômicos Específicos para cada fim Microeconômicos Dados Operacionais Volumes e valores * Produção *Vendas * Serviços contratados * Recursos humanos * Outros * Contabilidade por áreas de responsabilidades * Ornamentação * Análise das demonstrações contábeis *Análise Custo/Volume/Lucro * Métodos quantitativos Normas * Políticas da empresa Relatórios Gerenciais Relatório específicos para cada usuário. Demonstração de uso interno * Rotineiros * Para utilização no planejamento, no controle e na coordenação Não rotineiros Para utilização na formulação de políticas e estabelecimentos de diretrizes *Procedimentos Dados contábeis * Contabilidade financeira * Contabilidade de custos *Técnicas contábeis*Técnicas matemáticas * Técnicas Estatísticas Forma Planilhas manuais Planilhas eletrônicas(Excel-Lotus) Informações primárias Arquivo básico Relatórios FEEDBACK Quadro 3 – Contabilidade gerencial. Fonte: Padoveze (2005, p. 47). Conforme o quadro 3, na contabilidade gerencial ocorre a compilação de dados gerados pelo sistema de informações da contabilidade geral- fi nanceira e da contabilidade de custos. Esses dados compilados como, volume de produção, dados econômicos, dados da contabilidade fi nanceira são processados exclusivamente de acordo com as necessidades dos usuários internos da empresa. No item Saída de informações você observa que elas são geradas com uso de acordo com o período de cada necessidade de usuários. Em seguida, você poderá verifi car a relação dos quadros 1, 2 e 3 com os relatórios contábeis e fi nanceiros do quadro 4. RELATÓRIOS CONTÁBEIS E FINANCEIROS A contabilidade gerencial é relacionada ao fornecimento de informações para os administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e são responsáveis pela direção e controle de suas operações. 55 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 55 Capítulo 3 A contabilidade fi nanceira é relacionada com o fornecimento de informações para os acionistas, bancos, credores, unidades governamentais. Como esses usuários estranhos à empresa, geralmente, não podem obter diretamente as informações que desejam, as demonstrações fi nanceiras (contábeis) externas são preparadas com os princípios contábeis geralmente aceitos. Essas demonstrações são analisadas por auditores que expressam sua opinião sobre a integridade das demonstrações, tornando essas informações úteis a esses usuários. No quadro a seguir você pode fazer a comparação entre a contabilidade gerencial e a contabilidade fi nanceira. Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Usuários dos relatórios Externos e internos Internos Objetivo dos relatórios Facilitar a análise fi nanceira para as necessidades dos usuários externos Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão internamente Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Orçamentos, contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatórios de custo, relatórios especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão Frequência dos relatórios Anual, trimestral e ocasionalmente mensal Quando necessário pela administração Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passados) Históricos e esperados (previstos) Bases de mensuração usadas para quantifi car os dados Moeda corrente Várias bases (moeda corrente, moeda estrangeira – moeda forte, medidas físicas, índices, etc.) 56 Controladoria 56 Restrições nas informações fornecidas Princípios Contábeis Geralmente Aceitos Nenhuma restrição, exceto as determinadas pela administração Arcabouço teórico e técnico Ciência Contábil Utilização pesada de outras disciplinas, como economia, fi nanças, estatística, pesquisa operacional e comportamento organizacional Características da informação fornecida Deve ser objetiva (sem viés), verifi cável, relevante e a tempo. Deve ser relevante e a tempo, podendo ser subjetiva, possuindo menos verifi cabilidade e menos precisão Perspectiva dos relatórios Orientação histórica Orientada para o futuro para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientação histórica para avaliar os resultados reais (para o controle posterior do fato) Quadro 4 – Comparação entre a contabilidade gerencial e a contabilidade fi nanceira. Fonte: Padoveze (2009, p. 36 e 37). A partir do quadro 4, percebemos as diferenças entre a contabilidade fi nanceira e a contabilidade gerencial. As principais diferenças que ocorrem se referem ao cumprimento de normas legais (usuários externos, como o governo) e às necessidades internas da organização (usuários internos, como gestores). Na próxima seção, verifi caremos algumas empresas fornecedoras de sistemas de informação. EMPRESAS FORNECEDORAS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO As empresas fornecedoras de sistemas de informação traduzem o 57 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 57 Capítulo 3 conceito de integração dos sistemas operacionais e de apoio à gestão em um produto também denominado como ERP (Enterprise Resources Planning – Planejamento de Recursos Empresariais). Esses sistemas unem e interagem com todos os subsistemas componentes dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à gestão, por meio de recursos da tecnologia de informação, de tal forma que todos os processos de negócios da empresa possam ser visualizados por todos os departamentos, como o que você encontrará a seguir, na fi gura 6 deste capítulo, Módulo Integrado de Operações. Vamos verifi car os nomes de algumas empresas fornecedoras de soluções tecnológicas: • Estrangeiras: SAP, Oracle, J.D.Edwards, QAD, Baan, Peoplesoft, entre outras; • Nacional: Datasul, Microsiga, Logix, Sênior Informática, entre outras. A Empresa Albany International, empresa multinacional norte-americana com sede na cidade de Albany, NY, Estados Unidos, implantou, em 2010, o conhecido sistema integrado de gestão SAP. Com esse sistema integrado, a empresa matriz nos Estados Unidos acompanha on-line todas as movimentações das suas unidades de negócios que se encontram instaladas em diversos países. Acesse o site: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_ Enegep0902_0542.pdf>. Ali, você encontrará mais subsídios sobre o Sistema Integrado de Gestão Empresarial (ERP). Na fi gura 6, é possível visualizar de que forma um Sistema Integrado de Gestão pode gerar informações de diversas áreas e convergir para a contabilidade. 58 Controladoria 58 Contas a Receber Contas a Pagar Contabilidade Consolidação Faturamento Inventário Físico Vendas/ Distribuição Custos Recebimentos Repetitivo Controle Fabril Ordens de Produção Figura 6 – Módulo integrado de operações. Fonte: Os autores De acordo com Cruz (1998), hoje, diferentemente do que se fazia há quase 30 anos, não se fala mais em sistema disso ou daquilo, diz-se simplesmente Sistema de Gestão Empresarial, objetivando dar à empresa um caráter único, que implica integração, conjunto e harmonia. Podemos citar três principais fatores que levam as empresas a implantarem um ERP. • Movimentação de integração mundial das empresas transacionais, exigindo tratamento único e em tempo real das informações. • A tendência de substituição de estruturas funcionais por estruturas ancoradas em processos. • A integração, viabilizada por avanços na tecnologia de informação, dos vários sistemas de informação em um sistema único. Veja, a seguir, na fi gura 7, como a alta administração da empresa e a controladoria podem direcionar a visão de negócios e a visão da organização para atender às necessidades de informações em diversos níveis hierárquicos. Em seguida, podem estruturar essas necessidades com o uso de um bom Plano de Contas, parametrizá-lo de acordo com as atividades necessárias aos seus lançamentos (registros) e, a partir desse ponto, disponibilizar as informações com uso de relatórios gerenciais. 59 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 59 Capítulo 3 Visão de Necessidades de Estrutura Parametrização Lançamentos DisponibilizaçãoNegócios Informações dos de conta dos Modelos ERP Contábeis de Informações Diversos Níveis Hierárquicos – Automáticos – Alta Administração – Gerências Relatórios – Último Nível – Manuais Gerenciais Visão da – Regulamentos Plano de contas Organização – Operacionais Alta administração e Controladoria (Com apoio dos demais níveis da Controladoria e Responsáveis pelos Módulos organização para especialização) Figura 7 – Método conceitual de estruturação do sistema de informação contábil no sistema integrado de gestão empresarial – SIGE. Fonte: Padoveze (2005, p.47). De modo geral, as empresas possuem problemas para obtenção de relatórios nos sistemas contábeis que demonstrem a maximização dos seus resultados. A questão é que, em muitos casos, não se utilizam ferramentas adequadas para a busca da solução. A informação efi caz, ou seja, comunicada de forma clara e objetiva, com credibilidade por quem recebe e no momento adequado, produz, sem dúvida, uma decisão acertada. Os sistemas devem estar adequados às necessidades da empresa, de acordo com o momento e o ambiente em que estas se inserem. A implantação de um sistema contábil é tão importante quanto o uso da informação para a tomada de decisão, levando em conta as necessidades dos executivos e a integração de todas as áreas da entidade. Atividades de Estudos: 1 Um modelo básico de informação deve contemplar a integração de, no mínimo, três sistemas. Quais são? Comente-os. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 60 Controladoria 60 2 Como acontece a etapa de processamento na contabilidade geral-fi nanceira? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3 Como acontece a etapa de processamento na contabilidade de custos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4 Como acontece a etapa de processamento na contabilidade gerencial? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 61 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA 61 Capítulo 3 5 Comente a perspectiva dos relatórios na contabilidade fi nanceira e na gerencial. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ALGUMAS CONSIDERAÇÕES No mundo atual, as empresas dependem cada vez mais de informações adequadas e que permitam a tomada de decisão efi caz. Por isso, compreender o que é um sistema de informação é fundamental, pois possibilita o controle do planejamento estabelecido com a respectiva medição e avaliação dos resultados alcançados, propiciando o rápido ajuste para a melhoria das ações da empresa. O sistema de informação de controladoria tem a função de compilar as informações geradas pela contabilidade e traduzi-las, de forma que possa atender às necessidades de gestão dos administradores. No próximo capítulo, você estudará a controladoria no apoio ao planejamento operacional da empresa. REFERÊNCIAS CRUZ, Tadeu. Sistemas de informações gerenciais: tecnologia de informação e a empresa do século XXI. São Paulo: Atlas, 1998. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. OLIVEIRA, Luis Martins de. Controladoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Futura, 1998. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 62 Controladoria 62 ______. Controladoria avançada. São Paulo: Thomson, 2005. STICKNEY, Clyde P.; WEIL, Roman L. Contabilidade fi nanceira: uma introdução aos conceitos, métodos e usos. São Paulo: Atlas, 2001. ZANLUCA, Júlio César. Como elaborar um plano de contas. Manual de contabilidade empresarial. Disponível em: <http://www. portaldecontabilidade.com.br/guia/planodecontas.htm>. Acesso em: 3 fev. 2010.