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AULA 2 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Bruna Cescatto Costa 2 CONVERSA INICIAL Como vimos anteriormente, na era digital o poder dos consumidores na relação de troca vem se equiparando ao das empresas. Ter conhecimento sobre o mercado e o comportamento dos clientes é essencial para adotar uma estratégia de marketing que favoreça o atingimento de objetivos organizacionais. Portanto, o objetivo da aula de hoje é que você saiba sobre algumas tendências da pesquisa de mercado na Era Digital. TEMA 1 – FONTES DE INFORMAÇÃO Quando falamos de fontes de informação em pesquisas de marketing, partimos do pressuposto que foi estipulado um problema de pesquisa claro e que seja de conhecimento de todos os envolvidos na pesquisa (Malhotra, 2010). Por exemplo, determinar público-alvo ou como determinado aspecto regulatório influencia o mercado em que se atua. Saiba mais No trecho indicado, você explorou sobre a objetividade que deve guiá-lo em toda a pesquisa de marketing, principalmente na coleta de dados e informações. Além disso, você também verificou mais aplicações do problema de pesquisa de mercado. A partir do problema de pesquisa, existem dois grandes grupos de dados que podem ser consultados e organizados para serem fontes de informações: os dados primários e os dados secundários. 1.1 Dados primários Dados primários são aqueles que têm origem direta da pesquisa, com o objetivo de solucionar o problema de pesquisa (Izidoro, 2015; Malhotra, 2010). Eles podem ter características qualitativas ou quantitativas. A pesquisa para coleta de dados qualitativos tem aspecto exploratório e baseado em amostras pequenas. Algumas técnicas de pesquisa qualitativa são os grupos de foco, associação de palavras e entrevistas em profundidade Acesse o livro, digitando a palavra-chave “Análise e Pesquisa de Mercado”, de Cleyton Izidoro (2015) na Biblioteca Virtual Pearson, e leia os itens “Objetividade e Classificação da pesquisa de marketing”. Lucas Destacar Lucas Destacar 3 (Malhotra, 2010). Esse tipo de dado busca responder perguntas como: “Como eventos acontecem?”, “Por que acontecem?”, “Quem são os envolvidos?”, “Qual o significado?”, entre outras (Creswell, 2007). Já a pesquisa quantitativa é utilizada quando o objetivo é mensurar algum evento ou estabelecer relações entre eventos. Esses dados devem ser coletados com uma ampla amostra e submetidos a testes estatísticos (Izidoro, 2015). Perguntas como: “Qual é o tamanho de determinado evento?”; “O evento x impacta com que força no evento y?”; “Qual é a característica predominante de grupos de respondentes?”, entre outras podem ser respondidas por pesquisas quantitativas (Creswell, 2007). Ambos os tipos de abordagem de coleta de dados primários (qualitativa e quantitativa) podem ser combinados e terem fontes diversas como clientes, concorrentes, fornecedores, agentes públicos, entre outros. Quando a coleta desses dados é realizada de forma digital, sem contato direto com os interessados, é necessário que o pesquisador/gestor se certifique de que a pesquisa está sendo aplicada devidamente ao público alvo (Malhotra, 2010). 1.2 Dados secundários Os dados oriundos de fontes alheias à pesquisa, mas que podem auxiliar com informações sobre o problema de pesquisa, são chamados de dados secundários (Izirodo, 2015; Malhotra, 2010). São considerados dados secundários aqueles fornecidos por instituições governamentais, por pesquisas realizadas por empresas de consultoria e pesquisa de mercado e por base de dados (Kotler; Keller, 2012). Os dados secundários são recursos de pesquisa rápidos, pois já estão disponíveis, e devem ser consultados na fase de determinação do problema de pesquisa (Malhotra, 2010). O gestor deve, portanto, mapear que dados estão disponíveis para consulta e se será necessário dispor de recursos financeiros para adquirir esses dados de terceiros. Na Era Digital, os dados secundários são abundantes e fundamentais. A tecnologia facilitou a coleta de dados, bem como o armazenamento e o acesso a um grande volume de informações (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2017). O volume de informações é tanto que gestores precisam avaliar a confiabilidade desses dados. Uma triagem inicial adequada é analisar a fonte desses dados, ou seja, que órgão, empresa ou profissional é responsável pela sua coleta. Além disso, Lucas Destacar 4 saber quais foram os procedimentos de coleta desses dados também auxilia o gestor a fazer essa pré-seleção. A seguir, são apresentadas algumas sugestões de fonte de dados secundários confiáveis que podem auxiliar os gestores de marketing a tomarem suas decisões na Era Digital: • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): dados gerais econômicos e da população estão disponíveis de forma organizada e gratuita. • Órgãos governamentais específicos: no Brasil, é comum encontrar órgãos para tratar de assuntos específicos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) provem dados e informações gratuitos sobre recursos naturais e cosméticos e produtos químicos respectivamente. • Organizações privadas: algumas organizações de classe também fornecem relatórios, muitos disponibilizados de maneira gratuita, sobre o mercado em que atuam como é o caso da Federação das Indústrias e o Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Vale ressaltar que apesar do nome “secundário” sugerir que venha após o “primário”, é recomendado que sejam consultados primeiro os dados que já estão disponíveis para estipular um problema de pesquisa (Izidoro, 2015). Dessa forma, não serão coletados dados “primários” que já estão disponíveis e o problema de pesquisa se torna mais eficiente. Por fim, dados e informações isolados não auxiliarão na tomada de decisão. É necessário agrupá-los e analisá-los adequadamente para que sejam utilizados como suporte à decisão. É isso que veremos na próxima seção. TEMA 2 – ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE MARKETING Nessa seção, são apresentadas algumas diretrizes que podem ser adotadas com o objetivo de auxiliar a análise dos dados de pesquisas de mercado. Serão abordados três tipos de dados comuns na prática de marketing na Era Digital: dados quantitativos, Big Data, Data Mining e Data Warehouse, e dados qualitativos. Lucas Destacar Lucas Destacar 5 2.1 Dados quantitativos Dados quantitativos podem ser coletados por meio de pesquisas de satisfação, dados de compras dos clientes, dados secundários, entre outros. As formas de tratá-los estatisticamente são inúmeras (Malhotra, 2010). Uma análise simples e frequentemente realizada pelas empresas é a análise descritiva. Na análise descritiva, são verificadas as características da amostra e a distribuição dos dados. Medidas comuns são média e desvio padrão. Muitas empresas realizam somente essa análise para tomar decisões. Esse tipo de dado é útil quando é necessário mapear características de mercado ou dos clientes, mas análises mais complexas podem auxiliar melhor na tomada de decisão. Saber a frequência de ocorrência de determinado tipo de vendas ou que produto tem maior volume de saída ou quantas reclamações foram abertas são informações que auxiliam em um diagnóstico prévio, mas não explicam acontecimentos complexos da organização. As análises correlacionais (que relacionam dados da base de dados) são outro tipo de análises e podem ser mais adequadas para explicar alguns fenômenos. A análise de regressão é um procedimento que relaciona uma variável dependente a outras variáveis independentes (Hair et al., 2014; Malhotra, 2010). Ela pode ser calculada com o aplicativo Excel e pode auxiliar gestores a verificarque características influenciam determinado evento a acontecer. Por exemplo, se uma alteração em vendas pode ser explicado por determinada ação promocional ou redução no preço. A cautela nesse tipo de análise está no fato de que as relações desse teste estatístico são explicativos e não causais. Isso quer dizer que, utilizando o exemplo anterior, se houver determinada ação promocional ou redução de preço, não necessariamente haverá alteração em vendas. 2.2 Big Data, Data Mining e Data Warehouse Data Warehouse é o nome atribuído ao armazenamento de um grande volume de dados. Data Mining ou mineração de dados é o processo de busca e seleção de grande volume de dados. Big Data é um conjunto grande de dados resultado do Data Mining e armazenado no Data Warehouse (Munhoz, 2017). Com os avanços da tecnologia, a palavra da moda, quando falamos em dados de mercado, é Big Data. Entretanto, prover grande volume de dados não Lucas Destacar Lucas Destacar Lucas Destacar 6 garante sucesso na tomada de decisões. Duas questões centrais para que o Big Data seja utilizado positivamente pela empresa são: • coletar dados úteis; • organizar os dados para que sejam acessíveis. Dessa forma, o Big Data poderá servir de apoio à tomada de decisão (Munhoz, 2017). Uma vez que você dispõe de um grande volume de dados, os quais são úteis e permanecem armazenados de maneira acessível, passamos para a fase de análise. Com um grande volume de dados nas mãos, podemos cair na tentação de relacionar diversos elementos chegando a correlações espúrias (Malhotra, 2010). Correlações espúrias são correlações que são encontradas estatisticamente, mas que por si só, no mundo real, não fazem sentido. Por exemplo, se eu vendo mais sorvetes, a venda de guarda-chuvas é reduzida. Neste caso, um fator não explica diretamente o outro. Essa variação pode ser explicada pelo aumento da temperatura, a qual aumenta a venda de sorvetes, mas reduz a venda de guarda-chuvas. Como trata-se de um grande volume de dados, é inevitável a utilização de ferramentas específicas de análise e armazenamento. Por exemplo, o software Excel não é adequado a esse tipo de base de dados. Ele não foi desenvolvido para esse fim e não será capaz de processar relações entre variáveis de maneira rápida. Ainda pensando em ferramentas da Microsoft Office, o aplicativo mais adequado à análise de Big Data seria o Access. Ele é um banco de dados e foi desenvolvido para esse fim. 2.3 Dados qualitativos Os dados qualitativos podem ter diversas formas, tais como notícias, depoimentos, observações, imagens, vídeos, entre outros. Essa diversidade de dados é essencial à pesquisa qualitativa, pois é da união desses diversos aspectos que o pesquisador/gestor aumenta as chances de compreender diversos aspectos do evento que está estudando ou do problema que pretende resolver. O maior erro de acadêmicos e profissionais de marketing é analisar dados qualitativos com opiniões e concepções pré-formadas (Izidoro, 2015), também chamados de vieses. Isso porque muitas vezes as pesquisas são realizadas com o intuito de comprovar pontos de vista e opiniões. A interpretação do pesquisador é intrínseca a esse tipo de pesquisa, mas se for realizada sem a identificação de 7 vieses, os resultados poderão gerar decisões equivocadas (Creswell, 2007), prejudicando os negócios. Na Era Digital, esse tipo de pesquisa pode ser útil na análise do conteúdo de comentários e avaliações, bem como de vídeos e imagens. Para tanto, a organização na análise dos dados é essencial. Documentar os elementos de análise e categorizar elementos é uma forma de buscar essa organização. TEMA 3 – USO DE DASHBOARDS COMO APOIO À DECISÃO Para que dados sejam utilizados para apoiar decisões, é necessário que eles estejam organizados de forma que facilitem a interpretação dos tomadores de decisão, bem como estejam atualizados. Para isso, na prática os dashboards são utilizados. 3.1 O que são dashboards? Os dashboards, ou também chamados de painéis de monitoramento, consistem em um conjunto de indicadores internos e externos, dispostos de maneira visual, que são utilizados por gestores em geral para a tomada de decisão (Kotler; Keller, 2012). Isso é possível quando os indicadores escolhidos estão atualizados e contêm informações relevantes na rotina empresarial. Um dos requisitos de sucesso na utilização de dashboards reside na integração de conhecimento na empresa (Krush; Agnihotri; Trainor, 2016). Ou seja, que todas as áreas troquem informações e que os indicadores de diversas origens (dados financeiros, de mercado, de recursos humanos etc.) sejam combinados para fornecer imagem da situação real da organização. O valor estratégico de um dashboard está em prover aos gestores melhor entendimento dos processos da área que são relevantes ao negócio (Krush; Agnihotri; Trainor, 2016). Especificamente sobre os dashboards de marketing — para garantir que sempre estejam atualizados e sejam consultados de modo a apoiar a decisão da área — algumas empresas, principalmente as de grande porte, podem nomear responsáveis pelos dados de dashboards, chamados de controllers de marketing (Kotler; Keller, 2012). Nesse caso, os indicadores da área de marketing precisam demonstrar o quanto a empresa destina de recursos para as atividades de marketing, bem como o quanto essas ações geram de retorno para empresa (Kotler; Keller, 2012; Krush; Agnihotri; Trainor, 2016). O problema está na 8 mensuração dessa segunda parte. Isso porque os resultados do marketing podem vir em longo prazo e, muitas vezes, suas ações são realizadas em conjunto com as ações de outras áreas, dificultando o isolamento de resultados para mensuração de desempenho. Mais detalhes sobre desempenho serão tratados no próximo tema. 3.2 Quais ferramentas podemos utilizar? A questão visual é essencial ao uso de dashboards e que vem sendo cada vez mais aprimorada na Era Digital. Em se falando de mídias sociais e economia compartilhada, essas plataformas já vem equipadas com ferramentas interativas que provem informações quase em tempo real sobre a movimentação de páginas e perfil da audiência. Como são instrumentos gratuitos e com grande disponibilidade, podem ser consultados por gestores da área. Contudo, é necessário que o responsável pelo dashboard procure formas de integrar as ações em mídias sociais e plataformas de economia compartilhada com as demais informações da organização. Alguns softwares de gestão chamados ERP (Enterprise Resource Planning, ou Sistema Integrado de Gestão Empresarial) contêm, em sua configuração original, diversos indicadores que podem ser apresentados no formato de dashboards. Na maioria dos casos, esses painéis podem ser modificados e compreender informações de acordo com a necessidade da empresa. Uma vantagem dessas ferramentas é que o ERP geralmente compreende informações de diversas áreas da empresa, quase em tempo real. Entretanto, quando esse software é pago, a criação e alterações de dashboards podem gerar custos e dificilmente incluem informações sobre a atividade da empresa em mídias sociais e plataformas de economia compartilhada. Outra ferramenta comumente utilizada por organizações na configuração de painéis de monitoramento é o Excel. Ele é capaz de reunir relatórios de diversos formatos e a questão visual de apresentação dos dados é totalmente personalizável. Dentre as vantagens dessa ferramenta, estão o fato de que geralmente as empresas já dispõem dela, além de processar diversos formatos de relatórios e permitir o compartilhamento entre todos os interessados de forma ágil, bem como a proteção por senhas e restrições de acesso. Todavia, é necessário que o responsável pela criação e alteração do relatório tenha 9 conhecimento moderado a avançado em Excel, pois será muito provávela utilização de macros para agilizar a atualização do dashboard. Saiba mais Acesse o livro, digitando a palavra-chave “Administração de marketing” de Kotler e Keller (2012) na Biblioteca Virtual Pearson e leia o item “Painéis de monitoramento de marketing que aumentam a eficácia e a eficiência”. Agora que você viu um exemplo de dashboard e alguns indicadores gerais sugeridos pelo consultor Pat LaPointe (Kotler; Keller, 2012), vamos nos aprofundar um pouco mais no tema indicadores de desempenho. TEMA 4 – INDICADORES DE DESEMPENHO Além de dar apoio à decisão, dados de marketing e dashboards também podem apresentar mensuração do desempenho da área. Mas o que é desempenho? Será que a área de marketing realmente pode contribuir com o desempenho organizacional? Essas e outras perguntas responderemos nesta seção. 4.1 O que são indicadores de desempenho? Primeiramente, o desempenho nada mais é que o resultado atingido por uma empresa. Ele pode corresponder ou não a uma previsão ou meta de desempenho. Os indicadores de desempenho de marketing são utilizados para mensurar, comparar e interpretar o desempenho da área (Kotler; Keller, 2012). Existem diversos indicadores de marketing, os quais variam de acordo com as práticas organizacionais e os problemas que cada empresa enfrenta no seu dia a dia. É comum agrupar os indicadores em: • indicadores de curto prazo; • indicadores que promovem mudança de brand equity (Kotler; Keller, 2012) — veremos sobre brand equity posteriormente. O primeiro grupo de indicadores, de curto prazo, buscam indicar a situação de lucro ou prejuízo como indicadores de vendas ou valor para o acionista. Já o segundo grupo, relacionados a brand equity, compreendem mensurações de consciência da marca, atitudes e comportamento do consumidor, por exemplo (Kotler; Keller, 2012). 10 É uma recomendação que haja combinação desses indicadores. Por exemplo, é recomendado que além da consciência da marca, seja mensurado quantos dos consumidores conscientes efetivamente realizam a compra e quantos indicam a marca para outros consumidores (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2017). Na Era Digital, a mensuração do desempenho da área de marketing é facilitada pela quantidade de ferramentas de pesquisa e coleta de dados. Mas o desafio reside em integrar as diversas fontes de informação que compõem os indicadores. 4.2 Níveis de desempenho Uma das grandes preocupações dos gestores e empresas que trabalham com marketing é demonstrar aos seus superiores e clientes como suas atividades e decisões na área são capazes de trazer resultados positivos para a organização (Katsikeas et al., 2016; Kotler; Keller, 2012). Entretanto, sabe-se que a área de marketing não gera resultado financeiro de maneira direta. As ações de marketing geram resultados no desempenho operacional de marketing e esse, por sua vez, no desempenho organizacional. • Desempenho operacional: diz respeito ao quanto a empresa atingiu seus objetivos em atividades da cadeia de valor em diferentes áreas da organização (por exemplo, atividades primárias como o marketing ou de apoio como vendas), os quais contribuirão com o desempenho organizacional (Katsikeas et al., 2016). • Desempenho organizacional: refere-se ao atingimento de metas e resultados de cunho econômico-financeiro, com origem na interação dos ativos, atributos, ações e ambiente organizacionais (Katsikeas et al., 2016). Esse entendimento sobre níveis de desempenho é essencial para que os gestores de marketing apresentem seus resultados, pois o resultado organizacional apresenta a convergência dos resultados de diversas áreas. Então, se uma ação publicitária de marketing teve um bom desempenho, a área de operações teve problemas de qualidade e o resultado somado de ambas as áreas foi negativo, uma medida única de desempenho organizacional pode induzir os gestores a decisões equivocadas. Na Era Digital, os indicadores de desempenho operacional de marketing podem ser coletados com maior facilidade, uma vez que muitas ferramentas Lucas Destacar Lucas Destacar 11 financeiras conseguem segmentar a receita de acordo com o canal (por exemplo, se veio de um acesso de anúncio em mídias sociais, ou se foi por pesquisa direta no Google). Uma alternativa aos softwares seria uma pesquisa de satisfação de compra ao final de cada transação, questionando por onde o cliente ficou sabendo do produto ou da marca. Mais do que justificar o desempenho da área de marketing para os demais gestores e corpo diretivo da organização, os indicadores de desempenho de marketing também são utilizados como fonte de dados de conhecimento sobre o mercado. Por eles, é possível entender qual o canal de compras mais utilizado pelos clientes, que tipo e linguagem de comunicação são melhor recebidos pelos clientes ou qual sua preferência de método de pagamento, por exemplo. TEMA 5 – CONCORRENTES NA ERA DIGITAL Outra fonte de informação importante para pesquisas de mercado são os concorrentes. Quando o cliente faz uma compra de um bem ou serviço, ele realiza comparações entre os pontos fortes e fracos da empresa escolhida com seus concorrentes (Kotler; Keller, 2012). Com a atividade das empresas no ambiente digital, realizar essas comparações ficou ainda mais ágil. Na Era Digital, assim como houve alteração no comportamento do consumidor, a competição é modificada frequentemente. À medida que a internet foi sendo disseminada, as marcas de massa e produção de larga escala vêm perdendo espaço para marcas que atendem a nichos específicos e de baixo volume. Além disso, a internet também fez com que barreiras logísticas fossem diminuídas, permitindo que empresas menores atuem em diversas localidades (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2017). Com essas alterações, empresas passaram a atuar em setores que antes não teriam possibilidade de estarem inseridas. As oportunidades e a competição aumentaram, bem como as fronteiras entre setores, que ficaram mais dispersas e, portanto, menos definidas. Essa nova dinâmica dificulta a identificação de concorrentes e ameaças ao negócio. No futuro, essa situação de indefinição tende a aumentar. Como forma de ultrapassar essa dificuldade, as empresas precisarão conhecer claramente os objetivos dos consumidores e avaliar que alternativas eles adotariam em busca de atingi-los (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2017). Nesse caso, auxilia conhecer sobre os produtos substitutos ou similares capazes de atingir os mesmos objetivos do consumidor. 12 5.1 Produtos substitutos ou similares A concorrência é toda a oferta concorrente que o consumidor pode considerar comprar (Kotler; Keller, 2012). Isso quer dizer que os concorrentes de uma marca podem ser em maiores quantidades que uma análise superficial sugere. A ameaça de concorrentes indiretos pode aumentar com o avanço da tecnologia, comprometendo vendas e lucro. Dentro dessa categoria de stakeholders, identificar duas categorias de concorrentes pode facilitar a pesquisa de mercado. São elas: • Produtos similares: São produtos análogos que atendem ao mesmo objetivo procurado pelo consumidor. Por exemplo: refrigerante de cola e refrigerante de guaraná ou serviço de informações de shopping presencial e serviço de informações de shopping por telefone. • Produtos substitutos: São produtos diferentes, mas que são capazes de atingir o mesmo objetivo do cliente. Por exemplo: refrigerante de cola e água ou serviço de informações de shopping presencial e pesquisa na internet por informações do shopping. 5.2 Informações sobre concorrentes A análise de desempenho dos concorrentes é informação essencial para a pesquisa de marketing. Um recente estudo demonstrou a oportunidade de saber sobre o comportamento dos clientes em relação aos concorrentes em uma situação específica de disponibilidade de produto (Garvey; Meloy;Shiv, 2017). Por exemplo, um cliente costuma comprar chocolate ao leite da marca Lacta e vai ao supermercado com expectativa de experimentar uma nova marca belga de chocolates. Se esse produto estiver em falta, o cliente tende a comprar um chocolate de outra marca, e não da Lacta, que ele costumava comprar. Esse comportamento é explicado pela frustração da alta expectativa do cliente, que promove a exclusão das possibilidades anteriores, surgindo a oportunidade para outras marcas serem experimentadas (Garvey; Meloy; Shiv, 2017). Com o estudo apresentado, vemos o quanto é importante para a marca Lacta monitorar o comportamento de seus concorrentes e vice-e-versa. Além da disponibilidade de produtos, outra forma de monitorar os competidores é verificar o alcance dos concorrentes nas redes sociais e como é realizada a comunicação em diversas plataformas. Uma terceira forma de analisar informações dos Lucas Destacar Lucas Destacar Lucas Destacar 13 concorrentes é verificar os clientes “perdidos” de sua base, entrando em contato com aqueles que pararam de comprar com a empresa ou trocaram de fornecedor para averiguar a motivação da decisão de mudança (Kotler; Keller, 2012). Se a dúvida residir no processo de venda ou atributos de serviço, também é possível que a empresa contrate “compradores misteriosos”, os quais serão configurados como compradores potenciais do concorrente e relatarão seus pontos fortes e fracos ao experimentarem um processo de compra de produtos (Kotler; Keller, 2012). Após as diversas orientações e exemplos práticos de pesquisas de marketing e como elas podem auxiliar os gestores da área a tomar decisões, posteriormente buscaremos fornecer insights sobre a gestão de marcas. 14 REFERÊNCIAS CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. GARVEY, A. M.; MELOY, M. G.; SHIV, B. The jilting effect: Antecedents, mechanisms, and consequences for preference. Journal of Marketing Research, v. 54, n. 5, p. 785-798, 2017. HAIR, J. F. et al. Multivariate Data Analysis. 7. ed. Harlow: Pearson Education Limited, 2014. IZIDORO, C. Análise e pesquisa de mercado. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. KATSIKEAS, C. S. et al. Assessing Performance Outcomes in Marketing. Journal of Marketing, v. 80, n. 2, p. 1-20, 2016. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. _____.; KELLER, K. L. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. KRUSH, M. T.; AGNIHOTRI, R.; TRAINOR, K. J. A contingency model of marketing dashboards and their influence on marketing strategy implementation speed and market information management capability. European Journal of Marketing, v. 50, n. 12, p. 2077-2102, 2016. MALHOTRA, N. K. Marketing Research: An Applied Approach. 6. ed. Upper Saddle River, NJ: Pearson, 2010.