Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças Infecciosas dos Suínos PESTE SUÍNA – Doenças de notificação compulsória – OIE: Lista 1: Doenças erradicadas ou nunca registradas no País, que requerem notificação imediata de caso suspeito ou diagnóstico laboratorial: • Encefalomielite por vírus Nipah • Doença vesicular suína • Gastroenterite transmissível • Peste suína africana • Síndrome reprodutiva e respiratória suína (PRRS) • Triquinelose Lista 2: Doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso suspeito: • Peste suína clássica • Antraz (carbúnculo hemático) • Doença de Aujeszky • Estomatite vesicular • Febre aftosa • Raiva Lista 3: Doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso confirmado: • Brucelose (Brucella suis) • Paratuberculose PESTE SUÍNA CLÁSSICA – Introdução – • Enfermidade infectocontagiosa do sistema linfático e circulatório de suídeos com altas morbidade e letalidade, manifestando-se sob a forma de hemorragias e problemas reprodutivos • Acomete suínos de todas as idades; • Forma aguda - quadro de hemorragia generalizada com alta morbidade e mortalidade; • Outras formas clínicas – de difícil reconhecimento. Histórico da PSC no Brasil: ➜Década de 90 – Vários estados declarados “livres de PSC” ➜Ampliação da área de Zona Livre IN no. 6 09/03/2004 ➜Plano de Contingência de PSC - IN no. 27 20/04/2004 ➜IN no. 47 18/06/2004 – PNSS ➜Normas para erradicação da PSC ➜Notificação obrigatória Etiologia – → Família - Flaviviridae; → Gênero – Pestivirus → RNA vírus → Resiste processamentos de carne (cura e defumação); → Sobrevive em instalações por mais de 15 dias; → Em carcaças refrigeradas sobrevive mais de um mês. → Resiste em pH de 3 a 10. → Sensível a solventes orgânicos, e desinfetantes (NaOH 2%, Cresol, Formalina 1% e detergentes) Epidemiologia – • Hospedeiros: suínos e javalis são reservatórios naturais; • Eliminação: todas as secreções e excreções; • Porta de entrada: via oral mais frequente. • Período de incubação: 2 – 14 dias Transmissão: • Infecção transplacentária • Aerógena, secreções, excretas, sêmen, sangue, fômites etc. • Lavagem sem tratamento térmico. Manifestações clínicas – Vão depender da virulência da amostra e do estado imunitário dos animais: 1 – Forma hiperaguda: evolução em 2 a 3 dias com mortes súbitas; Ocasionalmente: - Hipertermia; - Prostração; - Taquipneia; - Sede; - Animais amontoados; - Anorexia; - Conjuntivite; - Hemorragias cutâneas. 2 – Forma aguda – mortalidade até 100% em animais jovens ✓ Febre; ✓ Anorexia, ✓ Letargia; ✓ Hipertermia; ✓ Lesões hemorrágicas na pele, ✓ Conjuntivite; ✓ Cianose da pele, especialmente extremidades (orelhas, membros, focinho, cauda); ✓ Paralisia; ✓ Tosse em animais debilitados – “batedeira dos porcos” ✓ Convulsões principalmente em animais jovens ✓ Constipação intestinal, seguida de diarreia e vômito; ✓ Morte em 5 a 14 dias depois do início da doença; 3 – Forma crônica • Prostração; • Apetite irregular, • Febre, • Diarreia; • Recuperação aparente, com recaída posterior e morte. 4 – Forma congênita • Tremor congênito e debilidade; • Retardo no crescimento e morte; • Leitões clinicamente normais, porém com viremia persistente, sem resposta imunitária. 5 – Forma suave (fêmeas) • Febre e inapetência; • Morte e reabsorção fetal ou mumificação; natimortalidade; • Nascimento de leitões congenitamente infectados; • Abortamento (pouco frequente). Diagnóstico – Observação de febre alta, associada com conjuntivite e presença de coloração vermelho-azulada na superfície cutânea das orelhas, focinho, abdômen e face interna dos membros associado a um quadro geral de apatia, anorexia e “empilhamento” dos animais são sugestivos de PSC. Amostras para identificação do agente: Conservadas em refrigeração. − Tonsilas − Gânglios linfáticos − Baço − Rins − Íleo distal − Sangue em EDTA (animais vivos) Amostras para provas sorológicas: − Soro de animais. Diagnóstico laboratorial – Identificação do agente: • Prova de imunofluorescência direta • Isolamento viral em cultivo celular • PCR Provas sorológicas: • Neutralização viral revelada por peroxidase ou por anticorpos fluorescentes • ELISA Diagnóstico diferencial – • Peste suína africana • Diarreia viral bovina • Salmonelose • Outras encefalomielites virais • Estreptococose • Intoxicação por cumarina • Circovirose Prevenção – ➤Brasília (08/04/2020) – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou na quarta a Instrução Normativa nº 10/2020, que autoriza o uso da vacina contra a Peste Suína Clássica (PSC) nos 11 estados da Zona Não Livre da doença. ➤De acordo com a norma, que começa a valer a partir do dia 4 de maio, para o início da vacinação nos estados, o Departamento de Saúde Animal realizará avaliação específica da implantação do Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica. Situação epidemiológica: • Doença ausente na zona livre de PSC (última ocorrência: 1998, em SP). • Doença presente na zona não livre de PSC (detecção clínica nos estados do Ceará, Piauí e Alagoas em 2018 e 2019). • Documentos de referência: Instrução Normativa MAPA nº 06/2004 / Instrução Normativa MAPA nº 27/2004 → Comunicação efetiva entre autoridades, veterinários e produtores; → Sistema eficiente de notificação de enfermidades; → Sacrifício sanitário no local doentes, positivos e comunicantes – cremação ou enterro; → Vigilância sorológica sistemática de suínos destinados à reprodução; → Controle eficiente de abatedouros de suínos; → Medidas de biosseguridade. Quanto à biosseguridade na granja: • Não alimentar suínos com restos de alimentos; • Restringir o acesso de visitantes aos Sistemas de Produção; • Adotar restrito Programa de Limpeza e Desinfecção (veículos, equipamentos, botas, roupas); • Utilizar de quarentena para introdução de novos animais; • Fazer a manutenção das cercas nas propriedades rurais. Vacinação – ➜Não pode ser usada em áreas livres. ➜Uso em situações de risco de existência de foco e disseminação de PSC. ➜Vacina de vírus atenuado. No início de 2019 foi constituído grupo de trabalho (GT) por meio da Portaria SDA nº 40, de 19 de março de 2019, que revisou as principais estratégias propostas e debateu as alternativas de intervenção na ZnL de PSC. O trabalho contribuiu para elaboração do presente Plano Estratégico para erradicação da PSC no Brasil. PESTE SUÍNA AFRICANA (PSA) – • Virose altamente contagiosa e letal. • Afeta suínos de todas as idades. • Quadro clínico muito semelhante à PSC. • Grave ameaça ao rebanho suíno mundial. Etiologia – ✓ Arbovirose – doença transmitida por artrópodes ✓ DNA vírus ✓ Fam. Asfarviridae ✓ Gênero Asfivirus ✓ Transmissão – Ornithodoros ✓ Brasil – exótica Resistente a: → Dessecação por mais de dois meses → pH – 3-9 → Em fezes – cinco meses → Cadáveres enterrados – dois meses → Pocilgas contaminadas – várias semanas. Sensível a: → Luz solar; → Hipoclorito de sódio; → Éter; → Clorofórmio; → Soda cáustica por 24 horas; → Formoldeído 1% - seis dias Epidemiologia – Ciclos: ➤Selvático – ocorre na África e envolve principalmente infecções subclínicas em suínos selvagens - carrapatos Ornithodoros moubata; → Porcos selvagens – importantes reservatórios ➤Doméstico – onde carrapatos Ornithodoros erraticus têm participação. → Infecção ocorre através de ingestão de carnes ou subprodutos contaminados ou através da picada de carrapato. Vírus eliminado em excreções ou secreções; P.I. – muito variável (4 a 19 dias). Manifestações clínicas – 1. Forma hiperaguda: -Apatia; -Dispneia; -Anorexia; -Hipertermia; -Áreas de coloração vermelho azuladana pele; -Mortalidade pode chegar a 100% 2. Forma aguda: -Redução de apetite -Apatia; -Hipertermia; -Agrupamento; -Andar vacilante; -Conjuntitive; -Secreção óculo-nasal; -Dispneia; -Tosse; -Cianose; -Vômitos; -Constipação ou diarreia; -Abortamento Diagnóstico – Suspeita – sinais clínicos e lesões ➤Isolamento viral ➤PCR ➤Imunofluorescência direta ➤ELISA ➤Western blotting Prevenção – -Medidas de higiene e política sanitária; -Proibição da entrada de suínos domésticos e carnes procedentes de países contaminados; -Inspeção rigorosa de aviões, navios, caminhões e outros meios de transporte; -Abate de animais infectados e animais contactantes; -Eliminação segura da carcaça; -Saneamento; -Desinfecção; -Controle do trânsito de animais; -Quarentena; -Controle de carrapatos. DOENÇA DE AUJESKY – ➤Sinonímia - peste de coçar, pseudo-raiva, paralisia bulbar infecciosa. ➤Doença infecto-contagiosa do sistema nervoso causada por um herpes vírus que acomete diversas espécies de mamíferos domésticos e selvagens com maior prevalência em suínos com manifestações nervosas, reprodutivas e respiratórias. ➤Notificação imediata ao serviço veterinário oficial (SVO) de qualquer caso suspeito. ➤Última ocorrência: 2018, no Paraná Etiologia e estrutura viral – → Família Herpesviridae → Subfamília Alphaherpesvirinae → Herpesvirus suíno tipo 1 (SHV-1) → Latência em gânglios de nervos sensoriais e nas tonsilas. Hospedeiros – ▪ Suínos - hospedeiros naturais do vírus da DA pois atuam como reservatórios do agente. ▪ Bovinos, ovinos, caprinos, equinos, cães, gatos, coelhos e mamíferos silvestres - hospedeiros terminais. ▪ Primatas não humanos, homem e animais de sangue frio – refratários. ▪ Obs: infecção pode ocorrer em humanos- risco baixo Epidemiologia – ➜Reservatórios: suínos portadores assintomáticos (infecção latente). ➜Vírus - capacidade de estabelecer infecções latentes no hospedeiro que podem ser reativadas por condições estressantes. ➜Período de Incubação: 2 a 6 dias. ➜VE – todas as secreções e excreções do animal infectado ➜Transmissão: - Direta (contato entre animais) - Indireta (água, aerossóis, alimentos, fômites, etc), ➜Transmissão transplacentária (vertical) e via inseminação artificial (sêmen contaminado) são previstas. Manifestações clínicas – X idade Dependem da faixa etária dos suínos acometidos, estado imune do rebanho, via de infecção e cepa viral. Leitões de maternidade: Febre (42ºC), apatia, anorexia, hipersalivação, predomínio de sinais nervosos como tremores, convulsões, incoordenação de membros posteriores (posição de cão sentado), andar em círculos, movimentos de pedalagem, decúbito, opistótono, pelos eriçados, inapetência e morte de 1 a 5 dias. Mortalidade pode chegar a 100%. Leitões em crescimento e terminação: Febre (42ºC), apatia, anorexia, atraso no crescimento, predomínio de sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga nasal, dispneia. Sinais nervosos podem ser observados. Recuperação em 5 a 10 dias. Mortalidade de 1 a 2% ou maior se houver infecções secundárias. Suínos reprodutores: Febre (42ºC), anorexia, constipação, hipersalivação, falsa mastigação, agalaxia, infertilidade e sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga nasal, dispneia. Incoordenação leve e paralisia de posterior são raros. Mortalidade de 1 a 2%. Matrizes infectadas durante a gestação: retorno ao cio, abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos. *abortamento Sinais clínicos em outros mamíferos: → Sintomatologia nervosa associada a prurido intenso e automutilação, motivo pelo o qual a doença também é conhecida como “peste de coçar”. → É letal, com óbito de 2 a 3 dias após o aparecimento dos sinais clínicos. Diagnóstico – Tonsilas, secreção nasofaríngea SNC, pulmões e fetos abortados. o Identificação viral por IFD ou Imunoperoxidase o PCR Soroneutralização ELISA - detecção de anticorpos contra as glicoproteínas gE, gC ou gG - diferencia imunidade vacinal de infecção natural. Prevenção – ➜Notificação da suspeita ➜Medidas de biosseguridade – principalmente não introduzir no rebanho suínos de origem desconhecida. ➜Vacinas – atenuadas, inativadas e com deleções genéticas (controlada pelo MAPA, só utilizadas em programas de erradicação). Ações em surtos – ✓ Interdição da área, ✓ Inquérito epidemiológica, ✓ Depopulação das granjas com animais com sinais clínicos e isolamento viral, ✓ Sorologia, ✓ Depopulação das granjas com animais positivos, ✓ Vazio sanitário – 28 dias, ✓ Desinfecções, ✓ Vistoria final e liberação – após dois resultados negativos consecutivos, com 30 dias de intervalo. RINITE ATRÓFICA – ➤Definição: é uma doença infecto-contagiosa do trato respiratório superior, caracterizada por atrofia das conchas nasais. ➤Etiologia: - Pasteurella multocida sorotipo A e D - Bordetella bronchiseptica Rinite atrófica P. multocida – • Cocobacilos pequenos - Imóveis - Gram negativos - Tipos A, B, C, D e E • Aeróbios facultativos • A maioria é comensal de animais • Atividade catalase positivo Rinite atrófica – B. bronchiseptica – • Bacilos Gram-negativos - Aeróbios - Catalase, urease e oxidase positivos - Móveis (flagelos peritríquios) Classificação – ➤Regressiva (B. bronchiseptica): leve e transitória → não afeta crescimento e desempenho → 1° semana - → imunidade – 3°- 4° semana. ➤Progressiva (P. multocida): grave e permanente → afeta crescimento e desempenho → 3° - 5 ° semana - imunidade – > 5° semana. Associado ou não com a B. bronchiseptica Patogenia – B. bronchiseptica (Regressiva) - atrofia dos cornetos leve - coloniza o epitélio por meio de fatores de aderência - estase ciliar – redução da eficiência do mecanismo muco-ciliar - estimula aumento da secreção condições para colonização da P. multocida (Progressiva) – liberação da toxina dermonecrótica Sinais clínicos – Diagnóstico – ➤Clínico ➤Laboratorial Materiais: → Swab nasal (B. bronchiseptica) → Amídalas (P. multocida) Técnicas → Isolamento bacteriológico → Reação em cadeia pela polimerase (PCR) ➤Anatomopatológico–definitivo Conchas nasais: → Leitões (5 -10 semanas) → Animais de abate → 20 animais ≠ leitegada Prevenção – ➤Vacinação ✓ - Porcas gestantes: 5 a 6 sem. (1 dose) e 2 a 3 sem. (2 dose) antes do parto ✓ - Leitões: 7 e 10 dias (1 dose) e 2 dose duas sem. Depois PNEUMONIA ENZOÓTICA (PE) – ➤Doença onde o epitélio ciliado das vias respiratórias é colonizado pelo Mycoplasma hyopneumoniae. ➤Ocorre praticamente em todas as produções de suínos ao redor do mundo e é de difícil erradicação. ➤Brasil - cerca de 95% das granjas comerciais são positivas excetuando apenas algumas granjas núcleo. ➤Bactéria pode persistir por longos períodos no trato respiratório dos suínos e a prevalência em granjas é alta. Apresentação: - Pneumonia micoplásmica suína - Perdas econômicas – conversão alimentar e ganho de peso - Alta morbidade e baixa mortalidade Definição: é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae. ➜Bactéria desprovida de parede celular → Extracelular → Fastidiosa → Pleomórfica → Coloração: Geimsa e azul de metileno → Membrana trilaminar simples: proteínas, glicoproteínas, glicolipídeos, fosfolipídeos e colesterol. Patogenia – Entrada → trato respiratório → aderência no epitélio das vias aéreas → ciliostase, perda de cílios, morte celular e imunossupressão → brônquios e bronquíolos → agrava quadro clínico. Sinais clínicos – • Tosse seca e crônica; • Corrimento nasal mucoso; • Animais com pouco desenvolvimento; • Pelos arrepiados e sem brilho; • Desuniformidade Diagnóstico– -Clínico -Laboratorial → Material -Exsudato traqueal, aspirados e tecidos -Soro e colostro* → Técnicas -Isolamento -Sorológico e molecular = ELISA / PCR -Anatomopatológico → IPP (Índice para pneumonia) → Porcentagem de pulmões afetados Prevenção – ➤Medidas de biosseguridade, ➤Vacinação: - Leitões: 1dose (7 ou 14 dias) e a 2 dose (21 ou 35 dias) - Marrãs: 2 doses (70 e 90 dias de gestação)
Compartilhar