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Ana Luiza Bittencourt DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS Capítulo I – Dos Direitos e deveres individuais e coletivos Garantias Jurisdicionais - Art. 5° CRFB/1988 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional ou da proteção judiciária - XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça a direito; - Significa que a CF assegura a todos a possibilidade de acesso ao Judiciário toda vez que o cidadão não consiga obter, espontaneamente, a satisfação de um interesse > impede (e proíbe) a justiça pelas próprias mãos > consequência desse inciso é o art. 345 CP (Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite) só pode se for legítima defesa ou desforço de imediato (direito de autoproteção da posse no caso de esbulho; de perda da posse). - O direito constitucional implica ainda, como corolário lógico, o direito ao devido processo constitucional > não teria sentido a ampla garantia de acesso aos tribunais sem que fosse garantida, conjuntamente, a possibilidade de utilização do instrumento de atuação da atividade jurisdicional: o processo. - Aquele que busca acesso ao judiciário pretende, na realidade, a obtenção da prestação jurisdicional, a qual atua por meio do processo > para garantir o direito à Justiça é preciso garantir o direito ao processo (realizado de forma adequada). Princípio do devido processo legal - LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; - O devido processo legal pode ser analisado em seu sentido formal e material. - Formal (de acordo com Didier): a função do devido processo legal é a de balizar a decisão judicial para que ela “seja substancialmente razoável e correta” - Material (de acordo com Didier): “é basicamente o direito a ser processado e a processar de acordo com as normas previamente estabelecidas para tanto”. - É um princípio norteador das práticas processuais civis > os demais princípios constitucionais são corolários, ou seja, são produtos do devido processo legal, mesmo que não tivessem sido incluídos de forma expressa na norma constitucional. - Assim como outros princípios descritos neste artigo, possui como um dos objetivos restringir o poder coercitivo estatal e possíveis deslizes, com o intuito de que o mesmo respeite garantias e cumpra exigências inerentes à manutenção do Estado Democrático de Direito. - Assegura às partes o exercício de suas faculdades e interesses (direito público subjetivo) e perpetua o correto exercício de jurisdição. - Nery Junior comenta a importância do devido processo legal: “o princípio do due processo of Law caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade propriedade, tem-se o direito de tutela àqueles bens da vida em seu sentido mais amplo e genérico. Tudo o que disser respeito à tutela da vida, liberdade ou propriedade está sob a proteção da due processo of clause. - Para Theodoro, o due processo of law realiza, entre outros, a função de um superprincípio, coordenado e delimitando todos os demais princípios que informam tanto o processo quanto o procedimento. - O devido processo legal precisa ser conceituado sob dois aspectos: ● Substancial: o processo legal é uma forma de garantir o acesso à justiça a todos aqueles que sejam titulares de uma posição jurídica num processo judicial ou administrativo + é uma forma de proteger os direitos fundamentais do cidadão. Nenhum princípio ou garantia é absoluto, nem insuscetível de releituras e interpretações coerentes com as mutantes exigências do tempo > há a possibilidade de que em situações excepcionais e que não atinjam negativamente nenhuma das partes, o devido processo legal seja relativizado em nome da facilitação ao acesso à justiça. ● Processual: nesse âmbito significa a garantia da plenitude dos meios jurídicos existentes e seu conteúdo é identificado com a exigência de “paridade total de condições com o Estado” > o devido processo legal é uma norma de procedimento que deve ser obedecida as formalidades cuja qual determina. Tem uma destinação jurídica de tutela dos direitos dos individuais e coletivos, contra atos ilícitos que se mostrem opressivos ou destrutíveis do equilíbrio social. Lei n° 9.009. Princípio do Juiz (ou juízo) natural - LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; - Juiz natural é aquele com competência fixada em lei para processar e julgar a controvérsia levada ao Poder Judiciário > apenas o juiz tem o poder de julgar um caso e não pode ser qualquer um > se o fato ocorreu em uma comarca, são os juízes desta mesma comarca que poderão julgar (se tiver mais de uma vara, então depende da “área” dos juízes > trabalhista, criminal, cível etc) - Ex.: a comarca de Ouro Branco possui apenas 1 juiz (e uma vara) > qualquer pessoa que cometer um ato ilícito em OB só poderá ser julgado pelo juiz de OB. A comarca de Congonhas possui 2 juízes (duas varas) > os processos que derem entrada em Congonhas serão distribuídos de forma equânime entre o juiz da primeira e da segunda vara, recebendo aproximadamente o mesmo número de processos. A comarca de Lafaiete engloba 9 municípios, então qualquer pessoa que praticar um ato em qualquer desses municípios, será julgado por um juiz de Lafaiete (a divisão de processos em comarcas maiores vai de acordo com a competência de cada juiz). - Quando o juiz é apto a julgar casos de determinados lugares, fala-se que ele possui jurisdição. - Esse princípio evita parcialidades. - De acordo com Luís Roberto Barroso, esse princípio é uma forma de garantir uma ordem constitucional, em que se limitam os poderes estatais, os quais ficam impossibilitados de instituir juízos ad hoc (com finalidade específica) ou de criar tribunais de exceção, garantindo ao acusado o direito ao processo perante autoridade competente Princípio da proibição de juízo ou tribunal de exceção - XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; - Um tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado temporariamente para julgar um caso (ou alguns casos) específico após o delito ter sido cometido. - Dessa forma, NÃO PODEM ser criados tribunais para o julgamento de um fato específico (um certo e determinado fato após sua ocorrência. - A prática desse princípio evita parcialidades. Obs.: justiça militar e tribunal do júri não são criados temporariamente para um caso específico e por isso não são vedados. Princípio do contraditório e da ampla defesa - LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; - Contraditório = possibilidade das partes se manifestarem sobre TODAS as provas no processo > se isso não for assegurado, o processo será nulo. - Maria Sylvia Zanella Di Pietro diz: “O princípio do contraditório, que é inerente ao direito de defesa, é decorrente da BILATERALIDADE DO PROCESSO: quando uma das partes alega alguma coisa, há de ser ouvida também a outra, dando-lhe oportunidade de resposta. Ele supõe conhecimento dos atos processuais do acusado e o seu direito de resposta ou de reação. Exige: • Notificação dos atos processuais à parte interessada; • Possibilidade de exame das provas constantes do processo; • Direito de assistir à inquirição de testemunhas; • Direito de apresentar defesa escrita.” - Este princípio concede o direito de defesa e ação e está ligado ao princípio da isonomia, já que pode ser utilizado tanto por pessoa física quanto jurídica para almejar não somente a igualdade processual, mas também direitos fundamentais de cidadania, religião, liberdade sexual e outros. - O princípio é absoluto. - Esse princípio possibilita a ação reacional das partes através do contraditório recíproco, da paridade de tratamento e da liberdade de discussão da causa > garante-se às partes apossibilidade de contestarem atos que lhe sejam desfavoráveis, além de apresentar aos seus conhecimentos todos os atos componentes do processo. - O contraditório também pode ser visto com enfoque político, em que a ciência jurídica necessita lidar com a realidade concreta dos fatos ocorridos na sociedade, já que o próprio Direito não se resume apenas em uma ciência interpretativa e/ou normativa. - Sob enfoque jurídico, o princípio concretiza a relação bilateral de atos e termos processuais e as consequentes manifestações sobre os mesmos. - Ampla defesa = não há processo sem que haja citação > a pessoa precisa saber que está sendo processada para que ela possa se defender > sem isso, o processo é NULO. Obs.: quando o réu é citado e mesmo assim não comparece, há a REVELIA > presume-se que o que foi dito contra ele é verdade. Mas, no criminal, o promotor precisa provar a culpa do réu (a revelia existe, mas não produz seus efeitos). Princípio da razoável duração do processo - LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” - Esse inciso ainda não foi regulamentado > por isso não se sabe quanto tempo deve durar um processo.
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