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▪ Atualmente, a humanidade vem buscando práticas éticas e de bem-estar animal para todas as espécies; ▪ Ecotização de recintos: adaptação dos animais a ambientes artificiais que visam diminuir o estresse e o vazio ocupacional dos animais selvagens cativos; PROBLEMAS AMBIENTAIS ▪ Associados a pressão antrópica; ▪ Destruição de habitats, degradação, poluição, superexploração, introdução de espécies exóticas e introdução e dispersão de doenças, construção de usinas hidrelétricas (alteram as características naturais de rios e comunidades biológicas); ▪ As principais atividades humanas que alteram o meio ambiente são as econômicas, sendo mineração e agricultura as principais; ▪ O ser humano faz parte da natureza e sofre as consequências maléficas junto dela; ▪ Boa parte das doenças infecciosas em humanos é decorrente de alterações ecológicas nas interações entre patógenos e hospedeiros, podendo ser naturais ou de origem antropogênica -> seleção natural; ▪ Medicina de conservação -> surgiu da necessidade de unir disciplinas de diversos cursos de formação que considera a saúde do planeta como única; ▪ O Brasil possui cinco biomas principais, áreas marinhas e costeiras, maior sistema fluvial do mundo e a maior biota continental da terra; ▪ Dentro de um bioma, algumas espécies são importantes para o controle populacional, normalmente, os grandes carnívoros são prioridades em conservação pois sua perda pode envolver uma importante alteração nas populações de níveis tróficos anteriores. CONSERVAÇÃO EX SITU ▪ Atividades de conservação de fauna ou flora fora do habitat natural ▪ In situ -> atividades no habitat natural dos animais e vegetais; ▪ Visa o desenvolvimento de técnicas de reprodução e manejo em cativeiro, treinamento de pessoal técnico-científico, ampliação dos comitês de manejo das espécies silvestres, estabelecimento e incentivo aos programas de educação ambiental. Estas ações permitem a conservação da fauna a longo prazo; ▪ Contribui para monitoramento de espécies, diversidade genética; ▪ Foram criadas algumas figuras jurídicas no Brasil para atender a demanda de animais selvagens vítimas de ações antrópicas como atropelamentos, desalojamentos, traumas e etc: ✓ CETAS – Centro de triagem de animais selvagens (recepciona, faz triagem e trata os animais selvagens resgatados ou apreendidos pela fiscalização, o destino dos animais é para zoológicos, criadouros registrados no IBAMA e centros de pesquisa desde que não estejam na lista de oficial de espécies ameaçadas de extinção) ✓ CRAS – Centro de reabilitação de animais silvestres (recebe, identifica, faz triagem, avalia, recupera, cria, recria, reproduz, mantém e reabilita espécimes de fauna silvestre nativa para fins de programas de reintrodução no ambiente natural) ▪ A mortalidade de animais reintroduzidos na natureza normalmente é alta; ▪ Animais reintroduzidos fora de sua área natural poderão se tornar pragas e os efeitos de invasão de espécies diferentes podem ser considerados grandes causas de perda da biodiversidade -> aumento das populações; ▪ Esses animais podem ameaçar a vida de outros, pois podem ter sido expostos a doenças e parasitas em cativeiro que podem causar efeitos devastadores nos animais de vida livre; ▪ Risco de competição ou hibridizações -> alguns animais de procedência incerta soltos em regiões diferentes; ▪ Distúrbios no ecossistema; ▪ Reintrodução -> termo utilizado quando nos referimos à devolução animal empregada no restabelecimento de uma população em seu habitat natural onde foi extinto, as reintroduções só podem ser feitas quando as causas da extinção da espécie forem erradicadas ou controladas; ▪ Revigoramento populacional (restocking) -> soltura de uma espécie com a intenção de aumentar o número de indivíduos de uma população em seu habitat e distribuição geográfica original. Deve ser realizada somente após estudos sistemáticos; ▪ Reabilitação -> processo de treinamento prévio do animal, visando sua sobrevivência no ambiente natural; ▪ Translocação -> captura e transferência de animais em estado selvagem de uma área de distribuição natural para outra com tempo de contenção curto; ▪ O processo de reabilitação de espécies sociais deve ser feito com a formação de grupos para facilitar a reprodução após a soltura, isso aumenta as chances de sucesso; ▪ A maioria dos animais que chegam ao CRAS não tem condições de ser solta e precisam de encaminhamento para outros cativeiros; ADAPTAÇÃO DOS ANIMAIS SELVAGENS AO CATIVEIRO ▪ Importante ferramenta para conservação das espécies; ▪ Este ambiente pode comprometer o bem-estar animal por ser diferente do ambiente natural; ▪ Deve-se garantir que o espaço destinado ao animal (recinto) proporcione uma qualidade de vida semelhante ao seu habitat natural; ▪ Fornecimento de uma dieta balanceada; ▪ Ecotização do recinto -> atendendo às características do habitat natural da espécie como iluminação, substrato, umidade, temperatura, equipamentos, ausência de barulho, analisar a relação presa\predador, arquitetura espacial, relação de espaço social, superpopulação, isolamento, presença de ninhos, presença de jardins e áreas de vegetação (as plantas possibilitam ambiente de fuga proporcionando um ambiente mais agradável para o animal). ESTRESSE ▪ Animais selvagens não adaptados ao cativeiro podem apresentar problemas de saúde relacionados com a síndrome do estresse que reflete em seu comportamento; ▪ O longo período em cativeiro pode ocasionar alterações funcionais que enfraquecem os animais em suas habilidades físicas e psicológicas necessárias à sobrevivência; ▪ Médicos Veterinários, biólogos e tratadores devem sempre verificar estas alterações para proporcionar práticas de bem-estar; ▪ Síndrome geral da adaptação (SGA) -> resposta desencadeadas frente a um agente estressante. Pode ser dividido em três estágios que se diferenciam conforme o tempo: ✓ Primeiro estágio (reação de alarme) -> ocorre quando o animal se defronta com o estressor, ocorre uma mobilização geral do organismo na tentativa de adaptação às novas condições com a participação do sistema nervoso autônomo simpático na estimulação da medula adrenal para a liberação de catecolaminas; ✓ Segundo estágio (adaptação ou resistência) -> ocorre em decorrência do primeiro, quando o estímulo de estresse é mantido. Nesta fase, o sistema nervoso autônomo simpático entra em hiperatividade e há estimulação intensa do sistema neuroendócrino para a liberação de glicocorticóides pelo córtex adrenal. ✓ Terceiro estágio (exaustão) -> o estressor é mantido até que o animal não tenha mais capacidade de se adaptar, não há descanso nem retorno à hemostasia. Ocorre esgotamento de reservas energéticas podendo evoluir para morte por falência orgânica múltipla. Essa fase não é necessariamente irreversível, vai depender da importância do órgão que foi afetado. Além disso, o animal pode vir a óbito na fase de alarme. ▪ O animal responde a um estímulo estressor por meio de três vias principais: ✓ Sistema motor voluntário; ✓ Sistema nervoso autônomo; ✓ Sistema neuroendócrino. ▪ A informação é recebida via SN, quando é processada e transmitida até as áreas motoras que repassam a informação aos nervos periféricos para provocar uma resposta por parte do animal: ✓ Esquivando-se; ✓ Escondendo-se; ✓ Vocalização; ✓ Tentativa de fuga; ✓ Ataque. ▪ A estimulação nervosa autônoma envolve um aumento no tônus simpático que por meio da estimulação da medula das adrenais, provoca a liberação de catecolaminas no sangue, assim, o animal fica preparado para fugir ou brigar apresentando alguns sinais clínicos: ✓ Aumento da frequencia; ✓ Inotropia cardíaca; ✓ Desvio do sangue das regiões periféricas do corpo; ✓ Contraçãoesplênica; ✓ Aumento da glicemia (liberação da glicose pelo fígado); ✓ Midríase (aumentando o campo de visão); ✓ Aumento da FR; ✓ Aumento do número de linfócitos circulantes (previnem futuros danos); ✓ Diminuição de limiar de percepção de dor; ✓ Etc. ▪ Eustresse -> estresse adaptativo e positivo, desde que após este episódio o sistema parassimpático seja reativado e o animal retorne à normalidade; ▪ Distresse -> Caso os fatores estressores permaneçam e a homeostase não retome, o animal passa para a fase do estresse prejudicial; ▪ A terceira via de resposta (neuroendócrina) é mais tardia e está relacionada com a persistência da estimulação estressora nos animais ✓ Ocorre estimulação hipotalâmica pelo estressor para a síntese e liberação do hormônio liberador de corticotropina (HLC) que atua sobre a adreno-hipófise induzindo a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH); ✓ O ACTH tem ação sobre o córtex adrenal que promove a formação e liberação de glicocorticóides (cortiso e corticosterona) no sangue; ✓ Exercem função antinflamatória, diminuindo permeabilidade capilar e migração de leucócitos para a área inflamada; ✓ Reduz a fagocitose das cels lesadas e da febre; ✓ O cortisol suprime o sistema imunológico diminuindo a proliferação linfocitária; ✓ Aumento da diurese, secreção ácida e de pepsina do estômago, ou seja, o estresse contínuo pode formar ulceras pépticas. ▪ Os agentes estressantes podem ser classificados como: ✓ Qualitativos -> agentes físicos (térmico, químico, elétrico) ou situacionais (isolamento social, imobilização). ✓ Quantitativos -> intensidade (grau, decibel, ampere) ou duração (agudo, crônico, crônico intermitente) BEM-ESTAR ANIMAL ▪ Pitágoras – “o ser humano e todo ser vivo estão enraizados em um mondo que, longe de ser o apanágio de alguns, é dado a todos”; ▪ Aristóteles – maltratar animais “não racionais” não faz o menor sentido, não porque os animais sofram ou sejam conscientes da dor, mas por serem propriedade do homem livre; ▪ A definição de bem-estar está diretamente relacionada com a qualidade de vida do animal que envolve saúde, felicidade e longevidade; ▪ O bem estar não diz respeito apenas à ausência de crueldade ou de sofrimento desnecessário, é algo bem mais complexo; ▪ Cinco liberdades dos animais: 1. Livre de sede, fome e má nutrição -> realizar planejamento nutricional com uso de rações balanceadas e dietas para as diferentes espécies sabendo que cada uma tem seu sistema digestório diferente; 2. Livre de dor, ferimentos e doença -> visa não só a cura de doenças, mas também a prevenção e promoção da saúde; 3. Livre de desconforto -> ao planejar um recinto, evitar colocar animais rivais ou presa e predador juntos. Saber a necessidade da espécie trabalhada, ex.: se ela possui hábitos arborícolas, colocar poleiros no recinto, etc; 4. Livre para expressar seu comportamento natural -> 5. Livre de medo e de estresse-> ▪ Algumas liberdades estão comprometidas na natureza por ação antrópica; ▪ Procurar vincular a manutenção dos animais a seus respectivos biomas; ▪ Atividades de enriquecimento ambiental são necessárias para a promoção do bem-estar, pois eles podem manter as habilidades motoras, comportamentos exploratórios e predatórios próximos aos naturais aumentando o bem estar físico e psíquico; ▪ O EA realiza técnicas que inserem estímulos no ambiente para simular situações que ocorreriam na natureza diminuindo a ocorrência de estresse crônico e os efeitos do vazio ocupacional (quando é desnecessário ao animal executar comportamentos relevantes de alerta, busca a presa, etc); ▪ As técnicas de EA são divididas em cinco grupos: 1. Físico -> introdução de objetos nos recintos (vegetações, substratos, estruturas para o animal se pendurar ou balançar como cordas e troncos); 2. Sensorial -> estimula os cinco sentidos ex.: sons de vocalizações, ervas aromáticas, urina e fezes de outros animais (cuidado com a transmissão de doenças infecciosas e parasitárias); 3. Cognitivo -> estimulam a capacidade de raciocínio e aprendizado do animal ex.: quebra cabeças e brinquedos; 4. Social -> interação com outras espécies que na natureza conviveriam ou com indivíduos da mesma espécie; 5. Alimentar -> oferecer alimentos que seriam consumidos em vida livre que normalmente não são oferecidos em cativeiro. Referências: Cubas, Zalmir Silvino, 1963 Tratado de animais selvagens: medicina veterinária / Zalmir Silvino Cubas, Jean Carlos Ramos Silva, José Luiz CatãoDias. 2. ed. São Paulo: Roca, 2014
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