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● Prioridades do Sistema: Manter a pressão arterial sistólica para garantir a perfusão adequa- da de sangue, sendo definida pelo débito cardíaco multiplicado pela resistência vascular periférica. Em seguida, o débito cardíaco, definido pela fre- quência cardíaca multiplicada pelo volume sis- tólico. Por fim, a manutenção da pressão venosa e capilar. ● Insuficiência Cardíaca: Condição deriva- da de uma doença cardíaca em que há redução da manutenção das funções orgânicas responsáveis pela regulação do débito cardíaco. É uma síndro- me cardíaca. ➤ Mecanismos de Desenvolvimento: ☞ Sobrecarga de Volume: Um volume diastólico final aumentado promove retenção sanguínea e consequente dilatação da câmara cardíaca, que aumenta a tensão na parede e consumo de oxigê- nio pelo miocárdio. Está correlacionado com a insuficiência das valvas atrioventriculares e co- municações anormais. ☞ Sobrecarga de Pressão: O aumento da resis- tência vascular induz a hipertrofia da miofibrila que aumenta a tensão na parede e consumo de o- xigênio pelo miocárdio. Aqui, a hipertrofia é con- cêntrica. É uma condição associada a, quando no ventrículo esquerdo, estenose sub-aórtica e hiper- tensão arterial sistêmica; e no ventrículo direito, estenose pulmonar e dirofilariose. ☞ Insuficiência Miocárdica: O coração, por al- guma alteração, possui diminuição da sua contra- tilidade, induzindo dilatação da câmara cardíaca e aumento de tensão na parede e consumo de oxi- gênio pelo miocárdio. Está relacionada a doenças cardíacas idiopáticas ou insuficiência secundária por sepse ou doxorrubicina. ☞ Disfunção Diastólica: Ocorre restrição ao en- chimento ventricular por meio da diminuição da distensibilidade e relaxamento, causando aumen- to da pressão intracavitária e vascular. Relaxamento: Condição onde há ausência de contração e está conectado com a primeira etapa da diástole, sendo um processo ativo. Distensibilidade: Condição onde não há pro- cesso ativo envolvido, compreendendo a segunda fase da diástole. ● Mecanismos Compensatórios: São ati- vados a partir da diminuição do débito cardíaco, sendo um controle neuro-hormonal simpático desejável quando em situações normais. ➤ Sistema Simpático: Aumentado, promoven- do liberação de noradrenalina para compensar o baixo débito cardíaco e pressão arterial por meio da indução de taquicardia, vasoconstrição e au- mento da pós-carga. ➤ Sistema Renina Angiotensina Aldostero- na: A redução do volume plasmática e pressão ar- terial sinalizam para o rim a necessidade de pro- duzir renina, que atua na conversão do angioten- sinogênio para angiotensina I, que será posterior- mente convertida para II por meio da ECA, sendo um potente vasoconstritor e modulador das adre- nais para produção de aldosterona para reter só- dio e água. ☞ Efeitos: Vasoconstrição muscular arteriolar para aumento da pressão de filtração glomerular, atuação no sistema nervoso central com indução de sede. A vasopressina liberada é antidiurética. Sendo assim, há aumento da volemia, aumento da pós-carga e remodelamento. Doença Cardíaca: Uma anormalidade estrutural ou funcional do coração que pode promover o desenvolvimento de sinais clínicos ● Insuficiência Cardíaca Congestiva: U- ma síndrome clínica complexa derivada do agrava- mento de um quadro de insuficiência cardíaca de maneira a apresentar sinais clínicos de congestão, como menor perfusão e pressão circulatória. ➤ Edema e Efusão: A redução do débito cardía- co induz a resposta compensatória, e quando crô- nico, há retenção de água e aumento da pressão venosa potencializada por insuficiência ventricular e ocorre o extravasamento de líquido para o in- terstício e alvéolos. ➤ ICC Esquerda: O aumento de pressão da câ- mara ocorre no ventrículo e átrio esquerdo, indu- zindo aumento da pressão capilar e venosa pulmo- nar. O animal apresenta dipneia e taquipneia com piora durante exercícios, podendo evoluir para cianose, edema pulmonar e efusão. ➤ ICC Direita: O aumento de pressão da câmara ocorre no ventrículo ou átrio direito, induzindo au- mento da pressão capilar e venosa sistêmica. O animal pode apresentar ascite, hepatopatias, es- plenopatias e enteropatias, evoluindo para edema periférico e efusões. ● Classificação da Insuficiência: ➤ Ia: Presença de sopros ou arritmias, radio- grafia e ecocardiografia estão normais. O animal é assintomático e não é exigido tratamento nesse caso. ➤ Ib: Presença de sopros ou arritmias e já há al- terações de câmaras na radiografia e ecocardio- grafia. Ainda, o animal é assintomático e o trata- mento pode ser iniciado ou não. ➤ II: Presença de sopros ou arritmia e alterações evidentes de câmaras. O animal apresenta sinais clínicos como: tosse, dispneia moderada, apatia, fraqueza, efusão pleural e ascite. O tratamento in- dicado é domiciliar. ➤ IIIa: Presença de sinais clínicos mais intensos, podendo apresentar também intolerância ao exer- cício, ortopneia, taquipneia, caquexia e hipoperfu- são em repouso. O tratamento é ambulatorial e segue para domiciliar. ➤ IIIb: Aqui o animal está agonizando em possí- vel choque cardiogênico, edema pulmonar, efusão pleural e ascite refratárias. O tratamento é por te- rapia intensiva e internação. ● Tratamento: ➤ Redução da Pré-Carga: Diuréticos e vasodi- latadores arteriais e venosos para diminuição da resistência vascular periférica e alívio do rim. Im- plementar dietas hipossódicas para redução de volume e líquidos. ☞ Diuréticos: Furosemida 1-4mg/kg SID-TID pa- ra domiciliar, e 2-6mg/kg a cada 4-6h em caso emergencial para cães; enquanto 0,5mg/kg a cada 48-72h para gatos. Espironolactona 1-4mg/kg BID. Hidroclorotiazida 2-4mg/kg cão, 1-2mg/kg gato, BID. ➤ Redução da Pós-Carga: Vasodilatadores e restrição de exercícios. ☞ Vasodilatadores: Enalapril 0,25-0,5mg/kg SID -BID; Benazepril 0,25-0,5mg/kg SID; Hidralazina 0,5-2mg/kg BID; Amlodipina 0,05-02mg/kg SID- BID. ➤ Aumento do Inotropismo: Aumenta a con- tratilidade. Pimobendan 0,2-0,5mg/kg SID, digo- Perfil Hemodinâmico Avaliação clínica de sinais de congestão e má perfusão em animais que apresentam indicações de baixo débito cardíaco, como: fraqueza, cansaço, intolerância ao exercício, aumento do tempo de preenchimento capilar, extremidades frias, mucosas pálidas e anorexia Congestão em Repouso (ortopneia, distensão jugular, edema, estertores pulmonares) Má Perfusão em Repouso (hipotensão, pulso fino, sonolência, extremidades frias) NÃO SIM NÃO Quente Seco Quente Úmido SIM Frio Seco Frio Úmido xina 0,003-0,005mg/kg BID, dobutamina 2,5-20 mcg/lg/min diluído em glicose 5% para emergên- cias. ● Cardiomiopatias em Felinos: Costumam ser de etiologia desconhecida, com heterogenei- dade dentro de cada fenótipo e sobreposição de categorias, progredindo ao remodelamento. ➤ Fenótipo Hipertrófico: Há aumento con- cêntrico da espessura das pa- redes do ventrículo esquerdo na ausência das causas de base capazes de causar tais alterações. Quando primária é idiopática, e pode ser secun- dária a estenose aórtica, hi- pertensão arterial, hiperti- reoidismo e acromegalia. ☞ Características: A hipertrofia gera fibrose e aumenta a rigidez e diminuição da distensibi- lidade, elevando a pressão diastólica no ventrículo esquerdo e diminuindo o enchimento ventricular durante a diástole. É importante notar que o ta- manho externo do coração não é alterado. ☞ Fisiopatogenia: Há espessamento com fibro- se simétrico ou assimétrico da parede e septo ven- tricular, principalmente ao lado esquerdo. Pode haver redução do lúmen interno em fases mais a- vançadas, havendo aumento da pressão diastólica decorrente do menor volume comportado na câ- mara; repercutindo no átrio para acomodar a quantidade, induzindo dilatação e aumento da pressão pulmonar com estase sanguínea e risco de formação de trombo. Edema e efusão pleural po- dem se desenvolver,a valva mitral pode se tornar insuficiente devido à alta pressão diastólica. Há obstrução dinâmica na via de saída do ventrículo esquerdo por bloqueio parcial da aorta devido ao septo aumentado e consequente regurgitação da mitral. ☞ Sinais: Insuficiência cardíaca congestiva es- querda por redução de débito cardíaco causado pela hipertrofia do ventrículo; sopro em caso de falha da valva mitral e regurgitação. Pode haver tromboembolismo em 20-40% dos casos. Assintomáticos: A descoberta é por meio de achado acidental por ecocardiografia, ritmo de ga- lope ou arritmia. Taquipneia, dispneia, sopro sis- tólico esternal leve a moderado, hipotermia e cho- que, tromboembolismo, morte súbita. ☞ Diagnóstico: Arritmia e taquicardia ventricu- lar esquerda apontadas no eletrocardiograma; di- latação do átrio esquerdo em radiografia; disfun- ção do ventrículo esquerdo com hipertrofia e a- normalidade de parede com redução do fluxo san- guíneo no ecocardiograma. ➤ Fenótipo Restritivo: É uma disfunção diastólica, onde há restrição ao en- chimento e diminuição de volume diastólico nos ven- trículos, além de espessas- mento da parede. ☞ Formas: Miocárdica com dimensões normais do ventrículo esquerdo, mas aumento do átrio es- querdo ou biatrial. Endomiocárdica com fibrose por cicatriz que pode conectar o septo e o ventri- culo de maneira a obstruir o fluxo e aumentar o átrio esquerdo. ☞ Fisiopatogenia: A presença de cicatriz indica região de fibrose, onde há aumento de rigidez ao ponto de induzir disfunção diastólica com aumen- to do ventrículo esquerdo e posterior dilatação do átrio esquerdo. Pode haver estase e formação de trombos. ☞ Sinais: Insuficiência cardíaca congestiva es- querdo, ritmo de galope, arritmias e dispneia. Não costuma apresentar sopro. ➤ Fenótipo Dilatado: Há anormalidade inerente ao miocárdio que leva diminui- ção da contratilidade, acarre- tando disfunção sistólica e aumento progressivo das câ- maras cardíacas. É de difícil diagnóstico. ☞ Fisiopatogenia: A morte ou fraqueza dos mió- citos induzem a redução da contratilidade e au- mento do volume sistólico final, causando hiper- trofia excêntrica com aumento do átrio esquerdo e do volume diastólico. ☞ Sinais: Primariamente de insuficiência cardí- aca congestiva direita, podendo apresentar sopro, ritmos de galope, arritmias e tromboembolismo. ➤ Fenótipo Arritmogênico: Há infiltração gor- durosa ou fibrogordurosa no miocárdio do ventrí- culo direito, levando a arritmias ventriculares le- ves a malignas. ☞ Fisiopatogenia: Apoptose e inflamação dei- xam o miocárdio irregular, induzindo a infiltração de fibras e gorduras no tecido. ➤ Tratamentos: Considerar a padronização de: A – predisposto; B1 – subclíncico com leve dilata- ção do átrio esquerdo e risco baixo; B2 – subclínico com átrio esquerdo dilatado e risco baixo a alto; C – com apresentação de insuficiência cardíaca con- gestiva; D – caso refratário ao tratamento. ☞ Estágio A: Monitorização da evolução do qua- dro por meio de exames físicos e complementares. ☞ Estágios B: Clopidogrel em caso de dilatação do átrio esquerdo. Pimobendan para disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, podendo ser co- adjuvado por iECA. Atenolol caso haja obstrução dinâmica ou taquiarritmias malignas. ☞ Estágios C/D Agudos: Estabilização do paci- ente com sedação e oxigênio; furosemida intrave- nosso caso edema pulmonar; toracocentese para efusão pleural; pimobendan e dobutamina para sinais de baixo débito cardíaco. ☞ Estágios C/D Crônicos: Furosemida para re- dução da congestão; clopidogrel para redução de trombo; iECA; pimobendan para dilatação e dis- função sistólica; sotalol para arritmia; diltiazen, digoxina e/ou sotalol para fibrilação. ● Doença Mixomatosa da Valva Mitral: Condição adquirida, geralmente, por cães adultos e idosos de pequenos porte; sendo uma degene- ração da valva mitral (62%), tricúspide (1,3%) ou de ambas (32,5%). ➤ Etiologia: É desconhecida, porém hereditária e envolve múltiplos fatores como a degeneração do colágeno e estresse no folheto valvar. ➤ Fisiopatogenia: A valva é degenerada e se desenvolve incapacidade de manter o fluxo san- guíneo por meio da regurgitação do sangue dos ventrículos para os átrios. Sendo assim, com a evo- lução do quadro, há redução do volume sistólico, consequentemente do débito cardíaco e pressão arterial; ativando os mecanismos compensatórios do simpático para aumentar o retorno venoso e dilatação. O ventrículo consegue manter a força e contração em tentativa de aumentar o volume sis- tólico, porém, dessa forma há dilatação por maior carga recebida pelo átrio. Quando não é possível dilatar e os mecanismos são insuficientes, ocorre disfunção diastólica e aumento da pressão dos va- sos pulmonares ou sistêmicas, demonstrando in- suficiência cardíaca esquerda e direita. ➤ Sinais: Fraqueza, síncope e choque cardiogê- nico decorrente da diminuição do débito cardíaco e pressão arterial. Sinais de insuficiência cardíaca congestiva com edema e efusão pela ativação de mecanismos compensatórios. ➤ Diagnóstico: Histórico, anamnese e exame físico com auscultação cardíaca minuciosa. A ra- diografia pode apontar cardiomegalia. O eletro- cardiograma indica taquicardia e arritmias. O diag- nóstico definitivo é por meio da ecocardiografia com e sem doppler. ➤ Tratamentos: Seguem o mesmo padrão das insuficiências cardíacas em estágios A, B1, B2, C e D.
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