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Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 1 Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária Este curso tem 30 horas ©2017. FATECNA - Faculdade CNA a Distância Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.610). Informações e Contato SBN – Quadra 1, Bloco FEdifício Palácio da Agricultura – 1º e 2º andar Asa Norte - Brasília – CEP 70.040-908 Telefone: 061 - 3878 - 9500 Site: www.faculdadecna.com.br/ead/ Presidente do Conselho Deliberativo João Martins da Silva Júnior Entidades integrantes do Conselho Deliberativo Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Ministério do Trabalho e Emprego - MTE Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA Ministério da Educação - MEC Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI Diretor Geral Daniel Klüppel Carrara Coordenação de Assistência Técnica e Gerencial Matheus Ferreira Pinto da Silva Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Curso da Faculdade de Tecnologia CNA Sumário Ponto de Partida! .............................................................................................................. 5 Introdução do módulo ..................................................................................................... 10 Tema 1 | Cálculo de custo de produção I .......................................................................... 13 Encerramento do tema .................................................................................... 65 Atividade de aprendizagem ............................................................................. 66 Tema 2 | Cálculo de custo de produção II.......................................................................... 68 Encerramento do tema .................................................................................. 126 Atividade de aprendizagem ........................................................................... 127 Tema 3 | Cálculo de Indicadores ..................................................................................... 130 Encerramento do tema .................................................................................. 169 Atividade de aprendizagem ........................................................................... 170 Linha de Chegada .......................................................................................................... 172 Gabarito ..................................................................................................................... 174 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 5 Fonte: Banco de imagens do SENAR Ponto de Partida! Olá! Bem-vindo(a) ao terceiro módulo do curso Assistência Técnica e Gerencial – Pecuária, da Faculdade CNA a distância. Esse curso tem como objetivo principal abordar a dinâmica no campo e o dia a dia de um Técnico de Campo, capacitando-o para as diferentes situações que envolvem a Assistência Técnica e Gerencial da propriedade rural. Vamos relembrar os objetivos de cada um dos módulos que compõem o curso? Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 6 M1 - Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial Dispor conhecimentos metodológicos para o desem- penho necessário de ações de Assistência Técnica e Gerencial, destacando as competências requeridas ao exercício da atividade. M2 - Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial Compreender de forma ampla os conceitos geren- ciais que envolvem a Assistência Técnica e Gerencial. M3 - Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodolo- gia de Assistência Técnica e Gerencial. M4 - Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodolo- gia de Assistência Técnica e Gerencial. M5 – Planejamento de propriedade rural Definir em que consiste o planejamento estratégico da propriedade rural assistida pela metodologia de ATeG, facilitando sua compreensão e aplicabilidade. Perceba que os conteúdos a serem trabalhados em cada módulo são interligados e complementares entre si. Ao final do curso, sua formação na Assistência Técnica e Gerencial será completa. Fonte: Banco de imagens do SENAR Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 7 Para ter um melhor aproveitamento do curso e utilizar com qualidade todos os re- cursos disponíveis, confira se as configurações do computador atendem as especi- ficações mínimas para acesso: • computador com acesso à internet (é recomendado o uso de banda larga); • navegador Internet Explorer 9, Firefox versão 45 ou Chrome versão 50 (ou superiores); • cookies liberados no navegador; • plug-in do Flash 10 (ou superior) instalado; • JavaScript liberado no navegador; • caixa de som (para ouvir os vídeos ao longo do conteúdo); • configuração mínima necessária do monitor: 1024 x 768. Atividades A navegação pelo conteúdo de cada módulo será linear, ou seja, você deverá aces- sar o primeiro tema, conferir todos os tópicos e realizar a atividade de passagem para, depois, acessar o tema seguinte. Veja os tipos de atividades que teremos ao longo dos módulos: Atividade de passagem A atividade de passagem será composta por uma questão com o ob- jetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento em relação ao conteúdo do tema correspondente. É importante responder à ativida- de para poder acessar o tema seguinte. Fórum O fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre você e o tutor. Haverá um fórum por módulo, que ficará aberto durante todo o seu período de estudos nesse módulo, permitindo que você faça a postagem de novas percepções, enquanto trilha seu processo de aprendizagem. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 8 Simulado Ao finalizar o conteúdo, isto é, quando você tiver passado por todos os temas do módulo e respondido à última atividade, deverá se pre- parar para responder ao simulado, que será composto por 17 ques- tões de múltipla escolha. Você pode respondê-lo de uma a três vezes, para se preparar adequadamente para a avaliação. Avaliação A Avaliação é obrigatória e tem caráter avaliativo, tendo como objeti- vo verificar o seu desempenho em cada módulo. Ela é composta por 17 questões objetivas, assim como o simulado. Você poderá respon- dê-la apenas uma vez, depois da conclusão dos 3 temas de estudo e após realizar o simulado. Estudo de caso É obrigatório, com caráter avaliativo. O estudo de caso consiste em uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados. No primei- ro módulo, como resposta para a questão, você deverá gravar um ví- deo respondendo oralmente à pergunta lançada no estudo de caso. A partir do segundo módulo ela será discursiva. Outra atividade importante para realizar no Ambiente de Estudos é a pesquisa de satisfação. Com essa pesquisa, poderemos analisar a qualidade do curso por meio das suas respostas e, assim, melhorá-lo cada vez mais. Composição da nota de cada módulo A nota do módulo é composta por uma média simples entre a nota da Avaliação e o Estudo de caso. A nota pode variar de 0 a 10, sendo que na Avaliação a correção é automática e no Estudo de caso você receberá a nota junto com o feedback do tutor. Para ser considerado aprovado no curso, você precisa alcançar a média final igual ou su- perior a 6. Ela é obtida por meio de uma média simples de suas notas em cada módulo. Certificado Ao final do percurso, com o desempenho esperado, você terá seu certificado de con- clusão do curso. Para obtê-lo, você deverá: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 9 • percorrer o conteúdo dos módulos e seus temas; • realizar a atividade de passagem de cada tema; • realizar o simulado de cada módulo; • realizar a avaliação de cada módulo; • responderao estudo de caso em cada módulo; • alcançar um desempenho de 60% na média final do curso. Agora que você está bem informado, poderá dar início ao seu curso e realizar o acesso ao conteúdo. Conte sempre com a ajuda da tutoria e da monitoria caso tenha alguma dúvida quanto ao curso ou Ambiente de Estudos. Aproveite a oportunidade para participar das atividades propostas, como os fóruns e enquetes. Lembre-se de que você terá sucesso garantido na busca por crescimento pessoal e profissional se mantiver a organização e a dedicação durante esse processo. Siga em frente e bons estudos! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 10 Neste módulo, iniciaremos o estudo de cálculo de custo de produção e também algumas análises econômicas da empresa rural. O primeiro, por ser um assunto bastante extenso, está dividido entre os temas 1 e 2 deste módulo. Os principais conceitos que serão explanados nesses temas foram previamente introduzidos no Módulo 2, ao tratarmos da “Teoria Geral de Custos”. Iremos nos aprofundar em cada uma daquelas estruturas de custos previamente citadas com vários exemplos prá- ticos e em diversas cadeias produtivas. Fique atento! Objetivos O objetivo geral deste terceiro módulo é proporcionar uma ampla apresentação e discussão das diversas peculiaridades que envolvem a identificação dos custos na agropecuária, permitindo que o aluno desenvolva uma visão mais crítica para o momento da aplicação em seu trabalho prático, devidamente embasado em critérios técnicos, de acordo a Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial. Dese- ja-se que, ao final, este estudo proporcione uma análise econômica mais fidedigna da empresa rural. Introdução do módulo Fonte: Banco de imagens do SENAR 11Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária Adentrando os custos, o primeiro contato do aluno será com o Custo Operacional Efetivo (COE), pois esse é o mais facilmente enxergado pelos empresários rurais de- vido à necessidade de desembolsos financeiros, conforme será visto. Ao final desse tópico, o aluno deverá compreender a correta alocação dessas despesas, dedican- do-se a investigar o que foi gasto de insumos para a produção de determinado item, assim como diferenciar uma simples manutenção de equipamento, maquinário ou benfeitoria de uma reforma. Em seguida, serão abordados itens considerados como custos fixos em nossa me- todologia. Espera-se que, ao final das duas primeiras etapas deste módulo, o alu- no seja capaz de estratificar custos operacionais e custo total, alocando apropria- damente cada elemento de custo, tendo como foco desse trabalho a identificação dos fatores de maior impacto e também aqueles limitantes de desenvolvimento da atividade, para que possa ser elaborado um planejamento adequado ao final do processo. Na última etapa deste módulo, espera-se que o aluno defina os conceitos de mar- gem bruta e lucro, que se fazem muito importantes devido ao fácil entendimento de que, via de regra, os produtores têm a margem bruta como sendo o “lucro líquido da atividade”. Nesse entremeio, também será vista a conceituação de margem líquida, que fornecerá dados essenciais para que o aluno aplique e compreenda a taxa de retorno de um investimento. Para atingir esses objetivos, o módulo está estruturado em três temas: • Tema 1: Cálculo de custos de produção I • Tema 2: Cálculo de custos de produção II • Tema 3: Cálculo de indicadores Mantenha-se focado no estudo deste módulo, que é o cerne da metodologia de cál- culo de custos de produção, aproveitando ao máximo as explanações. Não deixe de realizar e conferir os exercícios propostos. Boa aula! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 12 Vídeos Antes de avançar, lembre-se do Marcelo, Técnico de Campo, e do Sr. Ariovaldo. Nós os acompanhamos desde o início, construindo jun- to deles nosso aprendizado. O Marcelo vem trabalhando na Fazenda Santa Felicidade, que também já apresentamos a você. O Sr. Ario- valdo procura aprender ainda mais com a ajuda do Marcelo, fazendo diversos questionamentos a ele. Ultimamente, o produtor tem se interessado mais em aprofundar seus conhecimentos em gestão e gerenciamento rural. E, claro, sem- pre surgem novas questões, como: “Cálculo de Custos de produção? Como fazer? O que é?”; “E esses tais de indicadores?”; Será que Mar- celo conseguirá responder e auxiliar o Sr. Ariovaldo a ter ainda mais sucesso na Fazenda?” Saiba mais vendo o vídeo na íntegra, no ambiente de estudos. Mas antes de prosseguir, pare e reflita por um instante. Tome nota Você chegou ao terceiro módulo do curso de Assistência Técnica e Gerencial. Até aqui, aprendeu muitas coisas novas e garantimos que irá continuar se aprimorando ainda mais. Porém, também gostaría- mos de saber sua opinião sobre o curso e quais assuntos você acre- dita que deverá aprender para auxiliá-lo em seu trabalho. Escreva aqui: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 13 Conforme visto no módulo 2, quando foi trabalhado o tópico “Teoria Geral de Cus- tos”, os custos são divididos em dois grandes grupos, de acordo com sua natureza: Não apresentam desembolso de capital finan- ceiro, ou seja, são custos indiretos.Fixos Tema 1 Cálculo de custo de produção I Fonte: Banco de imagens do SENAR Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 14 Apresentam desembolso de capital financeiro, ou seja, são custos diretos. Variáveis Estudando com dedicação, você compreenderá todas as possibilidades de aplica- ção dos custos variáveis, sua dinâmica e a correta apropriação de acordo com os diversos cenários e exemplos. Também serão vistos dois, dos três, componentes dos custos fixos: a mão de obra familiar e a depreciação. Ao final deste tema, você será capaz de aplicar corretamente os conceitos que com- põem o Custo Operacional Efetivo (COE) e o Custo Operacional Total (COT), assim como estratificar cada elemento de composição deles, com o objetivo de realizar propostas de intervenções tecnológicas ou administrativas. Para atingir o objetivo, este tema está estruturado em cinco tópicos: Tópico 1: Custo operacional efetivo Neste tópico, você compreenderá melhor o conceito de “centro de custos” da metododologia de Assistência Técnica e Gerencial, com a devida alocação dos custos variáveis sob diversos aspectos e com as peculiarida- des de diversas cadeias produtivas exemplificadas. Tópico 2: Mão de obra familiar Neste tópico, você estudará os conceitos que funda- mentam a determinação dos valores deste que é um dos mais subjetivos e controversos componentes dos custos de produção. Tópico 3: Depreciação Neste tópico, você poderá ampliar seus conhecimentos acerca da conceituação, da aplicação e da importância de se calcular a depreciação como parte relevante dos custos de produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 15 Tópico 4: Custo operacional total Neste tópico, você estudará a composição do custo operacional total, negligenciado em algumas análises por não ter grande aplicação em campo, mas que é de grande importância na avaliação técnico-econômica da propriedade rural. Tópico 5: Aplicação dos conceitos Neste tópico, que encerra o tema, você verá a aplicação prática dos conceitos estudados, de forma detalhada. Pronto para começar? Então, siga em frente para adquirir todo esse conhecimento. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 16 Tópico 1: Custo operacional efetivo O Custo Operacional Efetivo (COE) diz respeito a todas as despesas diretas, ou seja, desembolsos financeiros, realizadas pelo produtor rural (ou seu administrador) para que se possa iniciar, conduzir e concluir o ciclo de produção animal e/ou vegetal. Fonte: Banco de imagens do SENAR Objetivos Neste tópico, você compreenderá melhor o conceito de “centro de custos” com a devida alocação dos custos variáveis, sob diversos aspectos e com as peculiaridades de diversas cadeias produtivas exemplificadas. Assim, o que basicamente determina um item de custo como COE é a geração de um desembolsoefetivo (que pode ou não ser financeiro). A duração do COE será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo. De acordo com sua definição conceitual, a fórmula matemática para a obtenção do COE é a seguinte: COE = somatório de todas as despesas diretas Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 17 Dessa forma, tem-se os seguintes exemplos: o imposto sobre o valor da terra (ITR) pode não ser variável, pois é cobrado todo ano, mas gera desembolso, então é COE; o aleita- mento artificial não gera desembolso financeiro, mas é efetivamente um gasto realizado na amamentação dos bezerros, de um produto que poderia ser vendido, então é COE. Como exemplos de despesas diretas, é possível citar: • Aquisição de sementes, fertilizantes e corretivos • Medicamentos • Aluguel e/ou manutenção de máquinas e equipamentos • Materiais de ordenha • Rações • Pagamento de mão de obra avulsa (diaristas) • Pagamento de mão de obra contratada (CLT) • Pagamento de impostos e taxas • Arrendamento de terras • Pagamento de energia elétrica CLT A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma norma legislativa de regulamentação das leis referentes ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual do Trabalho no Brasil, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Constitui o principal instrumento de regula- mentação das relações individuais e coletivas do trabalho. Desde a sua criação, sofreu várias alterações no sentido de criar uma legislação. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 18 Gastos pessoais (dentista, médico, escola etc.) não são itens de despesa da ativi- dade, portanto não compõem o COE. Quando a energia elétrica, ou qualquer outro insumo, for compartilhada entre uso para atividade e pessoal, seu custo deverá ser computado separadamente, na proporção das aplicações realizadas. Em comum, todos esses elementos listados como exemplos de despesa geram um pagamento sistematizado, que irá variar de acordo com o volume e a tecnologia de produção que o administrador adotar, estando, portanto, sob o domínio da autono- mia decisória do produtor, que pode variar suas quantidades usadas. Essa afirmação é possível pela seguinte lógica: caso o produtor rural deseje aumen- tar a área de cultivo, terá de preparar um espaço maior de solo, seja para a implanta- ção de lavoura, fruticultura, olericultura, ou mesmo de pastagens para seus animais. Consequentemente, acarretará necessidade de aquisição de corretivos, sementes, fertilizantes, água, defensivos, trabalhadores etc. Isso também é válido para o caso de incremento de tecnologias, melhorando a produtividade sem aumentar a área destinada à atividade, em um processo chamado de intensificação do cultivo. Por outro lado, caso o produtor decida que não irá produzir, ele sequer terá a neces- sidade de adquirir insumos. Logo, pode-se observar que o COE está diretamente li- gado à produção desejada, na qual cada acréscimo almejado implicará, geralmente, aumentos desse custo ou até poderá ser nulo, caso não haja produção. Projeção do COE Note que o gráfico possui dois eixos: o de produção e o de custos, sendo uma função direta do outro, cuja resposta é traduzida pela linha que representa o COE. Observa-se que o COE parte da in- terseção dos eixos, cujo valor é zero, ou seja, caso não haja produção, não ha- verá despesas diretas, chamadas COE. Por outro lado, conforme se aumenta a produção, aumenta-se também o custo. Anteriormente, foi dito que “geralmente” há uma relação direta entre aumento da produção e incremento de custo. Contudo, pode ser que haja ampliação da quanti- dade produzida sem que haja, necessariamente, um aumento do COE. Tal possibi- lidade se apoiará no diagnóstico realizado pelo Técnico de Campo na propriedade, que poderá identificar algum desperdício de recursos ou má aplicação destes, sendo que sua correção/racionalização poderá elevar o patamar produtivo sem alterar as estruturas de custos, ou mesmo poderá resultar até mesmo em sua redução. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 19 Ao se analisar a elevação de custos variáveis em função do aumento da produção, é fundamental relembrar os conceitos estabelecidos anteriormente no tópico “econo- mia de escala”. Essa análise é importante para que não se tenha a ideia equivocada de que o COE apenas sofrerá aumentos, transmitindo a impressão de que a amplia- ção do volume produzido - e portanto, do COE - é sinônimo de maiores despesas e menores lucros. Essa elevação de custos é observada somente no COE Total da atividade. Quando se analisa o COE por unidade produzida, consegue-se observar sua redução paulatina. Isto é possível por meio da obtenção de descontos nos insumos adquiridos devido ao volume (compra programada ou coletiva), ou até mesmo à forma de pagamento/ faturamento (faturamento direto na fábrica do insumo em questão) e à diluição dos valores de serviços contratados em um maior volume produzido. Acompanhe: Fonte: Banco de imagens do SENAR Um produtor que comprar ração ou adubo terá preços diferenciados ao adquirir apenas uma unidade do produto comparativamente à aquisição de um volume maior. Suponha que o custo para uma unidade seja de R$ 70,00/saca, mas que poderá ser reduzido para R$ 60,00/saca quando se adquirir maior quantidade. Assim, o custo total estará sempre se elevando, pois estarão sendo incrementados mais insumos ao sistema. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 20 Porém, ao se analisarem o valor unitário dos produtos adquiridos e seu reflexo nos custos uni- tários dos itens produzidos a partir deles, será observada uma redução gradual. Este tópico ainda não se refere à redução de custos totais por meio da diluição dos custos fixos, obtidos com o aumento da escala de produção. Esse assunto será tra- tado mais adiante. É comum o Técnico de Campo observar que nem sempre quem possui a maior renda bruta é quem possui o maior lucro proporcional, da mesma forma que não é válido dizer que um COE elevado é sinônimo de prejuízo. Em relação ao pagamento de impostos e taxas, ao arrendamento de terras e ao gas- to com energia elétrica, citados anteriormente como exemplos de despesas diretas, consideramos que tais itens estão estreitamente ligados ao ciclo produtivo e que, portanto, sua duração será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo. Mesmo que essas despesas sejam esperadas em intervalos, e até mesmo em valores regulares, elas não se configuram como um elemento de custo fixo, mas sim como parte do COE. Veja o exemplo: Em determinada proprie- dade rural arrendada, o produtor possui um fun- cionário contratado e um diarista eventual, ambos exclusivos para a pro- dução. Então, ele resolve iniciar um projeto de ir- rigação com a finalidade de melhorar sua produ- tividade. Isso acarretará maior gasto de energia elétrica e água, ou seja, os custos serão elevados. Por outro lado, caso o produtor deseje encerrar por completo a ativida- de, não haverá motivação para despesas elétricas, com água e com pessoal, podendo dispensá-los no momento de sua tomada de decisão. Já no caso do arrenda- mento, mesmo que este seja regido por um con- trato com prazos estabe- lecidos, o administrador também realiza um de- sembolso físico de recur- sos financeiros e detém controle absoluto e ime- diato sobre essa despe- sa, podendo extingui-la a qualquer tempo, mesmo que para isso suporte o pagamento de eventuais multas rescisórias, algo também observado na si- tuação laboral legalmen- te estabelecida. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 21 Planejado versus realizado É fundamental para os Técnicos de Campo e administradores rurais o entendimento da conceituação exata do COE, conforme foi tratado. O COE é tão somente um cus- to de produção. Logo, apenas podem-se considerar como custo de produção itens que foram efetivamente utilizados para a confecção de determinado produto em um ciclo produtivo específico, independentemente do volume de insumos queforam adquiridos inicialmente. É o que se chama de relação “planejado versus realizado”. Veja na tabela a seguir a exemplificação disso: Item Unidade Quantidade adquirida Valor unitário Valor Total Quantidade utilizada no ciclo COE da atividade Fertilizante ureia agrícola Saco 50 kg 20 R$ 120,00 R$ 2.400,00 16 R$ 1.920,00 Em culturas de produção permanente, como as de leite e de leguminosas, essa de- finição de ciclo de produção por período determinado geralmente não é aplicável. Nesse caso, adota-se um período de referência igual a um ano para poder realizar a análise dos indicadores dessas atividades e ter seus comparativos em relação a seus próprios exercícios anteriores, ano a ano, assim como compará-las a outras propriedades que utilizam a mesma metodologia de cálculo de custos de produção. No caso descrito na tabela, é possível observar que o produtor, de fato, desembolsou a quantia de R$ 2.400,00 para a aquisição do insumo. Porém, esse desembolso é anotado em nossa meto- dologia como fluxo de caixa, e não como custo de produção — afinal, nem todo insumo adquirido foi utilizado. Outra separação importante para se fazer em relação aos desembolsos e ao COE é se ater ao conceito de que os itens inseridos no COE possuem duração menor ou igual ao ciclo produtivo da cultura. Caso o produtor adquira um item que irá perdurar mais do que um ciclo produtivo, esse desembolso será classificado como investi- mento, pois seu uso se dará por tanto tempo quanto sua vida útil permitir. Exemplos de investimentos: Aquisição de um macacão para apicultura, um balde para bovinocultura de leite ou um regador para olericultura. Esses itens possuem um custo relativamente barato, o que leva alguns administradores à tendência de o classificarem como COE. No entanto, se durarem mais de um ciclo produtivo, devem ser classificados como investimento. Veja mais uma diferença entre COE e investimento: arraste o cursor sobre a imagem para a esquerda e para a direita para descobrir essas diferenças. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 22 COE Investimento Deve ser reembolsado ao pagador (produtor rural) ao final de cada ciclo, para que ele volte a ter capacidade de comprar novamente os insumos. Deve-se iniciar a cada ciclo. Não deve ser reembolsado logo no primeiro ciclo de sua utilização. O retorno será dado com a utilização do bem adquirido ao longo do tempo. Para o caso de investimento, a metodologia utilizada pela ATeG dá outro tratamento, conforme será visto mais adiante. Manutenção versus investimento A manutenção de máquinas, equipamentos, ferramentas e benfeitorias que são utili- zadas para a atividade que analisada, seja ela preventiva ou corretiva, é considerada COE. É caracterizada como uma despesa que gera desembolso direto e tem sua existência atrelada ao ciclo produtivo. Entretanto, com o passar do tempo, esses itens tendem a se aproximar do suca- teamento, necessitando de manutenções mais complexas (caso o proprietário de- seje permanecer com o bem em pleno estado de utilização), que são chamadas de “reforma”. Na metodologia de ATeG, manutenções serão classificadas como investimento sempre que atingirem a representatividade de 30% do valor de mercado atualizado do bem que está sendo reformado. Veja o exemplo a seguir: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 23 Quando novo, um trator custou R$ 180 mil ao produtor, mas atualmente está com 12 anos de uso, e seu valor atual de mercado é de R$ 70 mil. Infortunadamente, o trator quebrou. Se o produtor resolver realizar uma manutenção, que custa R$ 23 mil, ela deverá ser classifica- da como reforma, portanto um investimento, já que R$ 23 mil representa 32,88% do valor de mercado do trator. Fonte: Shutterstock Aplicando o cálculo para entender se é uma manutenção ou reforma, tem-se o seguinte: Representatividade do valor da manutenção = (valor da manutenção ÷ valor de mercado) x 100% = (R$ 23.000,00 ÷ R$70.000,00) x 100% = 32,86% Assim, pode-se concluir que houve um investimento, pois o valor da reforma (R$ 23 mil) superou o percentual de 30% do valor de mercado atualizado do bem em ques- tão (R$ 70 mil), devendo a despesa ser alocada no fluxo de caixa e integrar o total de capital imobilizado (empatado) para a atividade, não no COE. Observe que o exemplo apresenta uma decisão puramente administrativa, pois o proprietário optou por reformar um bem já existente em detrimento de adquirir um novo. Com um investimento tão vultoso quanto esse, é justo reavaliar esse bem sob dois pontos de vista: Financeiro Seu valor é atualizado. Para isso, basta somar o valor inves- tido na reforma àquele pelo qual o bem foi previamente avaliado para se obter sua nova cotação. É realizada a soma porque o administrador já tem a oportu- nidade de capital imobilizado ou empatado no equipamento antes da reforma e, mesmo assim, decide empatar mais essa quantia financeira. Mesmo que a máquina ou equipamento não valha esse mesmo valor atualizado no mercado, o admi- nistrador possui esse montante imobilizado no bem. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 24 Vida útil Devido a esse investimento, o bem avaliado poderá ser utilizado por mais tempo. Re- comenda-se bastante critério no momento de realizar essa avaliação, pois irá influen- ciar diretamente nos custos de produção. Como exemplo, pode-se supor que o trator do caso terá um adicional de 5 anos de trabalho, ou seja, a vida útil residual será alterada de 3 para 8 anos (5 + 3), distribuindo ou diluindo o custo fixo do bem (depreciação) por um período mais prolongado. Este é o final do primeiro tópico. No seguinte, você verá o custo de oportunidade e a mão de obra familiar. Até lá! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 25 Tópico 2: Mão de obra familiar O custo da mão de obra familiar é fixo e indireto, diferentemente de quando ocorre o pagamento de funcionários contratados, que representam um custo direto. Confor- me visto anteriormente, o custo com a mão de obra familiar nada mais é do que a análise de custo de oportunidade. Fonte: Banco de imagens do Senar Objetivos O objetivo deste tópico é compreender os conceitos que fundamen- tam a determinação dos valores de custo com mão de obra familiar. É importante que o Técnico de Campo faça uma avaliação muito cuidadosa desse item, uma vez que é um elemento de custo fixo e bastante subjetivo, ou seja, não irá se alterar no curto prazo. Além disso, a mão de obra familiar tem participação importante no custo de produção das atividades agropecuárias, especialmente em pequenas propriedades rurais. O procedimento usual para valorar essa mão de obra é considerar o salário de mer- cado como referência de custo de oportunidade. Sendo assim, é preciso avaliar a ati- vidade exercida pelos membros da família na propriedade, assim como a disponibili- dade e as especialidades. Diante disso, as perguntas que devem ser realizadas são: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 26 Quanto receberiam em outra propriedade para exercer as mesmas atividades? Quanto pagariam para que alguém exercesse as atividades em seu lugar? Ambos os questionamentos são importantes para chegar a um balizamento mais justo de valores, pois sempre haverá uma tendência de supervalorização de sua própria mão de obra. Em geral, isso não é correto e superestima o custo da atividade, que indica o uso alternativo do fator de produção — ele poderia ganhar mais ven- dendo sua capacidade de trabalho para terceiros do que produzindo para si mesmo. Às vezes, o produtor só sabe fazer o que está fazendo; nesse caso, seu custo de oportunidade é muito baixo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 27 Veja o exemplo: Fonte: Banco de imagens do Senar Em uma propriedade que desenvolve as atividades de fruticultura e piscicultura, o produtor rural possui formação superior com doutorado, mas trabalha em sua propriedade com ativida- des básicas, que não necessitam de suaformação acadêmica. Assim, sua mão de obra deverá ser valorada pelo trabalho que realiza, e não por sua formação ou capacidade intelectual. O que deve ser avaliado é a atividade exercida. Na contabilização do impacto que a mão de obra familiar tem no custo de produção, o técnico deverá sempre ter em mente que o produtor rural é um empresário, um empreendedor, e não um funcionário. Nessa condição de empreendedor, seus recebimentos não englobam custos labo- rais legais, como contribuições compulsórias, pagamento de férias e 13º salário. Dessa forma, deve-se calcular apenas a estimativa de renda pelo período analisado, sem acréscimos, ou seja, os 12 meses do ano, ciclo produtivo, ou ainda com base no valor da diária paga na região para a atividade exercida. Caso o produtor conte com a colaboração de mais algum membro da família, o técnico deverá contabilizar como mão de obra familiar apenas os que não pos- suírem retirada de valores sistemáticos da atividade, seja em capital financeiro ou em produtos. Caso contrário, deverá ser contabilizado como um funcionário. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 28 Na prática O Sr. Manoel, produtor de leite, paga a seu filho, Zezinho, a quantia de R$ 100,00 por semana para que ele vá à cidade se divertir aos domin- gos, pois ele o ajuda diariamente na atividade e merece uma folga. Nesse caso, há uma grande tendência de elencarmos “Zezinho” como mão de obra familiar, pois ele é filho do proprietário, além de também anotarmos na saída de fluxo de caixa e nos custos de produção o pagamento semanal de R$ 100,00. Na verdade, o correto é contabilizar Zezinho apenas com o custo se- manal igual a R$ 100,00 e retirá-lo da caracterização de mão de obra familiar, pois ele recebe pagamentos financeiros por seus serviços, ou seja, Zezinho possui características de um funcionário comum, contratado e pago por semana, mesmo que sua mão de obra esteja sendo avaliada de forma modesta pelo Sr. Manoel. Caso não haja essa observância no momento de lançamento de dados, Zezinho poderá ser contabilizado de forma duplicada nos custos de produção: uma como pagamento a terceiros (R$ 400,00/mês) e outra como familiar (considerando um salário-mínimo de R$ 880,00/mês). Assim, o custo no sistema será praticamente triplicado em relação ao custo real que deveria ser contabilizado, passando de R$ 400,00 para um superestimado de R$ 1.280,00 (400 + 880). Esse tipo de avalia- ção errônea pode comprometer a viabilidade do negócio analisado. Fica nítido, a partir de agora, que o termo “mão de obra familiar” não deve ser atre- lado exclusivamente ao fator parentesco, mas assimilado juntamente ao contex- to de desembolsos, pois também é conhecido como pró-labore do administrador (pagamento realizado aos sócios pelos serviços prestados à empresa). Assim, é necessário ser um administrador da empresa rural para justificar o recebimento de pró-labore, apresentando grau de parentesco ou não, desde que não seja sistemati- camente remunerado, causando desembolso físico de capital ou produtos. Sempre que houver essa situação de pagamentos regulares de familiares ou administra- dores, eles deverão ser desqualificados dos custos fixos e alocados no COE, pois passaram a ser uma despesa direta. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 29 Tome nota É muito importante destacar que a mão de obra familiar, em alguns casos, dedica um esforço maior que a mão de obra contratada, além de trabalhar por um período superior à jornada legal de um funcio- nário. Logo, para dimensionar o valor do trabalho da mão de obra familiar, não se deve apenas contar o número de pessoas envolvidas, mas sim qual seria o custo para substituí-las, dadas as atividades executadas por elas. Para complementar esse raciocínio, veja mais dois exemplos: Pai e filho Um pai e seu filho trabalham sozinhos na propriedade rural. Acordam diariamente às 5 h da manhã e encer- ram sua jornada de trabalho às 19 h, perfazendo 11 horas de trabalho, descontando-se 3 horas de almo- ço e descanso. Muito dedicados e concentrados nas atividades, são eficientes nas operações que exercem. Certa vez, resolveram tirar uma semana de férias com toda a família e, para isso, contrataram duas pessoas para substituí-los. Porém, já no primeiro dia, notaram que os dois contratados, em suas 8 horas de trabalho diário, não executaram sequer 50% das tarefas que pai e filho realizavam. Dessa forma, tiveram de contratar mais duas pessoas para executar o serviço, perfazen- do quatro contratados. Assim, qual seria a atribuição correta de custo dessa mão de obra familiar: o salário de mercado de duas ou quatro pessoas? A resposta, nesse caso, é a alocação de quatro salários para pai e filho como custo fixo de mão de obra familiar, pois eles realizam atividades que somente a contratação dessa quantidade de funcionários atenderia à demanda. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 30 Caso de família Um pai, a esposa e seus cinco filhos trabalham na propriedade rural. De todos os filhos, o mais velho já encerrou os estudos e os restantes fazem cursos técnicos no período da manhã. Ao chegarem dos cursos, o pai fala sobre a importância da lida do sítio, porém a cada dia eles estão menos interessados nas atividades rurais, pois acreditam que pequenas pro- priedades não apresentam perspectivas de melhoria, fato corroborado por seus pais ao não deixarem seus filhos participarem da administração da propriedade, ocultando os resultados alcançados pela família. Dessa forma, a participação desses filhos no traba- lho da propriedade existe, mas está cada vez menor. Assim, qual o custo da mão de obra familiar nesse caso? Um salário de mercado para cada filho, esposa e marido, ou seja, sete pessoas? Não. Nesse caso, o custo da mão de obra familiar deveria ser dimensio- nado com o mesmo critério do exemplo anterior: para substituir o trabalho dessa família, quantas pessoas seriam necessárias no salário de mercado? Ao avaliar o trabalho, concluiu-se que as atividades realiza- das por essa família seriam substituídas por quatro pessoas, por exemplo. Logo, o custo da mão de obra familiar seria o valor de quatro salários de mercado para essa função, e não de sete. Remuneração do empreendedor Caso se tenha em mente que a única fonte de renda para a mão de obra familiar, ou administrador/empreendedor, seja seus custos de oportunidade, ou seja, o produtor tem acesso somente aos valores discutidos no tópico acima, realiza-se uma análise errada e pouquíssimo atrativa ao produtor. Deve-se ter em mente que a remuneração do empreendedor acontece em três momentos: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 31 Custo de mão de obra familiar Conforme visto no tópico anterior, relembre o conteú- do do tópico “Custo Operacional”, caso haja dúvidas. Custo de oportunidade do capital O custo de oportunidade será tratado de manei- ra mais aprofundada quando forem discutidos os custos totais, no Tópico 1 do Tema 2. De uma forma geral, esse item é um componente dos custos fixos, pois não há desembolso, e representa também um custo de oportunidade de investimento. Nesse caso, será avaliado, por exemplo, se compensaria mais o empreendedor ter investido R$ 1 milhão de capital médio na infraestrutura da atividade ou se teria uma melhor remuneração investindo esse mesmo capi- tal na poupança, um investimento tradicional e com rendimento histórico médio de 6% ao ano, e que é adotado na Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial como parâmetro de comparação. Assim, esse R$ 1 milhão renderia, na poupança a 6%a.a., a quantia de R$ 60 mil/ano. Obrigatoriamente, para ser minimamente atrativa, a atividade deveria render a partir desse valor. Lucro que a atividade proporciona ao empreendedor Será tratado de maneira mais aprofundada no Tópico 1 do Tema 2. De forma conceitual, para entender sua alocação nessa etapa de cálculos, basta compre- ender que o lucro, na verdade, não é diretamentedo empreendedor, mas sim do negócio — os custos com seu trabalho já foram remunerados. Em muitas em- presas, o lucro é destinado a diversas finalidades, de acordo com o planejamento estratégico da empresa. Por exemplo: 10% do lucro destinado para ações de marketing; 2% para doações; 20% para investimentos em pesquisa; 50% para aquisição de novos negó- cios e 18% para distribuição de dividendos entre os sócios do negócio. Assim, caso não haja destinação para investimentos em novas áreas ou destinação de recursos para outros setores, o lucro deverá ser destinado do negócio ao empreendedor. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 32 Assim, a fórmula para cálculo dessa remuneração do produtor rural/empreendedor será: CO custo de oportunidade Veja o exemplo: Fonte: Banco de imagens do Senar Ao final da apuração anual dos resultados obtidos por uma propriedade rural, o Técnico de Campo do empreendimento encontrou os seguintes valores: - remuneração mensal do empreendedor igual a R$ 1 mil; - custos de oportunidade do capital iguais a R$ 60 mil; - lucro anual igual a R$ 20 mil. Dessa maneira, qual foi a remuneração total do empreendedor no ano analisado pela consultoria? Aplicando a fórmula, tem-se: REMUNERAÇÃO = MDOF + CO + LUCRO REMUNERAÇÃO = (R$ 1.000,00/mês x 12 meses) + R$ 60.000,00 + R$ 20.000,00 REMUNERAÇÃO = R$ 92.000,00 Portanto, a remuneração total do empreendedor será igual a R$ 92 mil ao ano. Avance para o próximo tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 33 Tópico 3: Depreciação A depreciação é uma reserva monetária destinada a gerar fundos necessários para a substituição de bens ao final de sua vida útil — com o intuito de o produtor rual/ empreendedor se preparar para o momento da troca de bens de produção - equi- pamentos, máquinas, benfeitorias, forrageiras não anuais (capineira, canavial etc.), reprodutores e animais de serviço — quando necessário para manter a capacidade produtiva da empresa. A depreciação é um custo fixo que não representa desembol- so, sendo, portanto, um custo indireto. Fonte: Banco de imagens do Senar Objetivos O objetivo a ser alcançado neste tópico será reconhecer a importância de calcular a depreciação como parte relevante dos custos de produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 34 Na metodologia de cálculo de custo de depreciação de ATeG, consideram-se o mé- todo linear e o valor de sucata dos bens sempre iguais a zero. Esse método tem por finalidade minimizar a subjetividade do cálculo de custo da agropecuária. Ao optar pelo método linear, também ocorre uma estabilização da depreciação ao longo de toda a vida útil do bem, necessitando que se realize seu cálculo apenas uma única vez, até que ela se encerre. Assim, depreciação é igual a: Será necessário que o Técnico de Campo resgate o valor de novo do bem (mesmo valor da nota fiscal de compra), independentemente de quantos anos de uso possua ou seu estado de conservação, desde que esteja dentro de seu prazo de vida útil. Na prática Veja o exemplo: Para um trator no valor de novo de R$ 150 mil, com vida útil de 15 anos, qual será sua depreciação? d = VN – S VU R$ 150.000,00 – 0 = R$ 10.000,00/ano 15 anos Nesse caso, o custo anual de depreciação do trator é igual a R$ 10 mil/ano. Sempre que o bem for adquirido novo e estiver dentro de seu prazo de vida útil, a fórmula para calcular a depreciação será igual à do exemplo. Para os casos em que o produtor não for o primeiro dono do bem, será visto adiante como deve ser realizado o cálculo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 35 A vida útil se refere ao tempo que o bem pode ser usado para desempenhar sua função tendo utilidade econômica na empresa rural. Na metodologia utilizada pela ATeG, ela é contabilizada em anos, podendo ser subdividida pelo intervalo de tempo que o administrador desejar para suas análises pessoais, até mesmo em horas. Devido ao Brasil ser um país de dimensões continentais, apresentando um grande mix de produtos agropecuários, com características edafoclimáticas diversas, e os bens sofrerem intensidades de uso e desgaste diferentes, não é possível tabelar essa informação de modo que seja aplicável em todo o território nacional. Porém, os valores de vida útil podem ser encontrados em tabelas disponíveis em obras espe- cializadas para agropecuária, que servem de base para o Técnico de Campo realizar sua avaliação, de acordo com a realidade local (exemplos: zona litorânea; trabalho em solos arenosos em oposição ao trabalho em solos argilosos; regime de chuvas na região etc.). É preciso ter muito critério ao realizar tal avaliação, pois os custos com depreciação geralmente são “mascarados” ou não “enxergados” pelo produtor rural, uma vez que não se realizam desembolsos para seu pagamento. Itens que sofrem depreciação: Benfeitorias (casas do proprietário e dos funcioná- rios, aprisco, galpão, depósito, caixa de abelha, cer- cas etc.) Máquinas e equipamentos (veículos, tratores, balan- ça, roçadeira, misturador de ração, ferramentas etc.) edafoclimáticas Edafoclimáticas são características definidas por fatores do meio, tais como o clima, o relevo, a litologia, a temperatu- ra, a humidade do ar, a radiação, o tipo de solo, o vento, a composição atmosférica e a precipi- tação pluvial. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 36 Semoventes (animais de serviço, rebanhos não es- tabilizados etc.) Forrageiras não anuais Quando o produtor não realiza cálculo de custos de produção, há a tendência de se considerar a depreciação como parte de seus lucros, uma vez que a “reserva” finan- ceira é algo raro no hábito dos brasileiros. Uma opção viável é realizá-la em investi- mentos de longo prazo, chamados no mercado financeiro de “renda fixa”. Sempre que a vida útil do bem for esgotada, o cálculo da depreciação não será mais neces- sário, pois ela será sempre igual a zero, uma vez que toda a depreciação já foi paga. Casos especiais A) Bens adquiridos usados Na aquisição de bens já utilizados, porém dentro do prazo de vida útil, o Técnico de Campo deverá utilizar como base de cálculo o valor desembolsado pelo produtor para adquiri-lo, independentemente de seu valor de mercado. O que está sendo ava- liado é o custo real, e não a oportunidade, conforme a fórmula a seguir: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 37 A vida útil residual é obtida a partir da subtração da vida útil total estipulada para o bem pelo tempo efetivo de seu uso. Na prática Veja o exemplo: Uma bomba d’água elétrica, com valor de nova igual a R$ 18 mil e 15 anos de vida útil. O produtor a comprou por R$ 8 mil e com 11 anos de uso. Qual será a depreciação desse bem? d = VC – S VR d = R$ 8.000,00 - 0 (15 - 11) anos d = R$ 8.000,00 = R$ 2.000,00 4 anos Nesse caso, o custo anual de depreciação é igual a R$ 2 mil/ano. B) Animais de rebanho e animais de serviço Animais de rebanho e animais de serviço também podem sofrer depreciação. Quan- do, no cálculo do custo, considera-se todo o rebanho e ele está estabilizado, não é feita a depreciação das matrizes, uma vez que as fêmeas mais jovens substituem as mais velhas, mantendo-se a mesma idade média da categoria matrizes. O custo dessa recria corresponde à depreciação dessas matrizes. Essa situação de estabilidade é bem comum em rebanhos de corte de qualquer espécie. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 38 Conheça muito mais Em um rebanho estável, não há mais modificações numéricas nas diversas categorias animais do sistema de produção, embora esse rebanho não esteja estático, e sim passando por uma renovação anual — reposição. Entretanto, existem propriedades de produção leiteira que não realizam recria de fê- meas para reposição, logo serão obrigadas a adquirir novas matrizes. Nesses casos, considerando os animais de produção como um bem, o produtor deverá reservar a depreciação para que possa substituí-los, de acordo com os índices de descarte adotados peloprodutor. A mesma analogia deverá ser feita para a depreciação de animais de serviço (equinos, muares, asininos, cães de pastoreio, rufiões, reprodutores ou do- adoras e fêmeas receptoras). Quando não houver um semovente de igual ca- tegoria apreciado para substituí-lo, será preciso realizar a reserva monetá- ria para tal. Em rebanhos de caprinos e ovinos, é bastante comum que o produtor possua em seu inventário os reprodutores mais jovens, justamente para realizar essa substitui- ção dos reprodutores adultos, seja por questões de idade (depreciação física), seja por questões de consanguinidade genética. Nesses casos, o técnico deverá realizar a estabilização da categoria sob a mesma justificativa da realizada na estabilização de matrizes. Depreciação da lavoura Toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Com o de- correr dos anos, a lavoura vai perdendo seu potencial produtivo, sofrendo então de- preciação, sendo preciso receber, em determinados momentos, intervenções, como a poda drástica ou, até mesmo, o novo plantio. A metodologia utilizada para a formação dos custos de depreciação de lavouras consiste em dividir o investimento realizado para sua formação pelo número de anos de vida útil média de produção, com algumas particularidades a serem descri- tas a seguir. Conheça a fórmula: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 39 A fórmula é aplicável devido à expectativa de vida útil produtiva que o produtor esti- ma para sua lavoura, cuja duração deverá ser avaliada caso a caso pelo Técnico de Campo, fornecendo a ele a quantificação exata da reserva contábil que deverá reali- zar em sua propriedade, por hectare, por talhão e até mesmo por planta, para que se proceda às intervenções naturalmente necessárias. Também é possível encontrar casos em que as intervenções irão ocorrer antes mes- mo do encerramento da vida útil produtiva esperada para a lavoura em questão. Estes serão tratados pela metodologia da seguinte maneira: A depreciação incide sobre a cultura formada, ou seja, as lavouras em formação e em renovação são consideradas investimentos, e, portanto, a depreciação será zero durante esse período de análise. Fonte: Banco de imagens do Senar Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 40 Na prática Um talhão de 1 ha foi implantado e apresentou gastos com o plantio de R$ 5 mil/ha no primeiro ano e R$ 6 mil/ha no segundo ano de for- mação, com expectativa de 10 anos de vida útil produtiva. Porém, o produtor optou por realizar uma intervenção/reforma em sua lavoura na oitava safra, com um custo de renovação de R$ 6 mil. Com a inter- venção/reforma, qual será a depreciação dessa lavoura ao longo do período analisado? Para chegar à resposta, é necessário dividir essa análise em dois mo- mentos — antes e após a poda. Análise até o momento da reforma: d = VI VU d = R$ 5.000,00 + R$ 6.000,00 = R$ 1.375,00 8 Análise após a reforma: d = VR VU d = R$ 6.000,00 = R$ 600,00/ano 10 Do primeiro ao oitavo ano produtivo, o valor de depreciação que de- verá ser reservado será de R$ 1.375,00 por ano. No entanto, a partir da retomada da produção após a reforma, e considerando que não mais sofrerá intervenções antecipadas pelo período de 10 anos, a nova reserva de depreciação deverá ser de R$ 600,00 por ano. Observe que, no exemplo, o fato de a intervenção/reforma ter sido realizada antes do período previamente programado não alivia os custos com a depreciação; pelo contrário, os pressiona, causando uma elevação em sua análise anual. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 41 D) Exaustão da floresta O conceito de depreciação é aceitável contabilmente para a análise de flores- tas plantadas. Porém, gramaticalmen- te, na língua portuguesa, utilizar tal ter- minologia para essa cadeia produtiva não faz o menor sentido, uma vez que um bem depreciado é aquele que foi perdendo sua capacidade produtiva (tornou-se obsoleto) ao longo dos anos. Nas florestas, o que ocorre é jus- tamente o contrário. Fonte: Banco de imagens do Senar. Com o passar dos anos, a floresta vai se tornando cada vez mais valiosa, ganhando mais e mais metros cúbicos para extração. A essa extração dá-se o nome de exaus- tão da floresta, que é como deve-se chamar a depreciação nesse caso. A exaustão é o custo de cada período do valor referente à parcela consumida da floresta, ou seja, representa a porcentagem que foi remo- vida da floresta para que se possa calcular proporcionalmente o investimento realizado na implantação e na condução da floresta. Para isso, primeiramente aplica-se esta fórmula: % de árvores extraídas: (árvores extraídas ÷ total de árvores) x 100% Após encontrar essa porcentagem representativa, aplica-se esta outra fórmula para realizar a proporcionalização da exaustão: Exaustão: investimentos x % de árvores extraídas Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 42 Veja o exemplo a seguir: Na prática Em um florestamento que envolve 10 mil pés de eucaliptos, cujo cus- to de formação foi de R$ 56.300,00, foram cortadas 4.800 árvores. Calcule sua exaustão. Para o cálculo do valor da exaustão, será observado o seguinte cri- tério: descobrir o percentual de árvores exauridas e aplicá-lo sobre o valor investido na formação. Cálculo percentual das árvores extraídas: Assim, o custo com a exaustão da floresta será 48% de R$ 56.300,00 investidos, ou seja, R$ 27.024,00. Isso significa que, do valor da venda das árvores extraídas, R$ 27.024,00 deve ser direcionado para cobrir o investimento realizado na formação da floresta. A depreciação é um fator que precisa ser levado em consideração na administração do negócio rural, e as únicas formas de amenizar os impactos desse custo são o uso adequado e a conservação pelo devido tempo de qualquer bem ou infraestrutura. Chegou ao final mais um tópico deste módulo. Siga em frente! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 43 Tópico 4: Custo operacional total O Custo Operacional Total (COT) é uma forma de avaliar se uma atividade é susten- tável no médio prazo. Fonte: Banco de imagens do Senar. Objetivos Ao final deste tópico você será capaz de entender a composição do custo operacional total, que é de grande importância na avaliação técnico-econômica da propriedade rural. O COT inclui o Custo Operacional Efetivo (COE), o pagamento da mão de obra fami- liar (pró-labore) e, também, as depreciações de benfeitorias, máquinas, animais de serviço e forrageiras perenes. Dessa forma, o COT é calculado da seguinte maneira: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 44 No caso de análise de florestas plantadas, o fator depreciação deve ser trocado pela exaustão da floresta, de maneira que a fórmula aplicada fica um pouco diferente, como você pode ver a seguir: exaustão da floresta No cálculo do COT, também se deve considerar apenas a atividade analisada, e, por- tanto, todos os demais custos envolvidos em seu cálculo deverão ser rateados pro- porcionalmente caso haja necessidade. Tome nota Esse conceito de rateio dos custos também se aplica à mão de obra familiar e à depreciação, porém estas devem ser rateadas proporcionalmente, de acordo com a relação de uso, ou o tempo empregado para a atividade, ou ainda com a relação de composi- ção da renda quando couber. Veja o exemplo a seguir: Fonte: Banco de imagens do Senar Um produtor divide seu tempo entre a apicultura (30%) e a criação de caprinos (70%), sendo justo que o técnico atribua o pagamento do de custo da mão de obra familiar proporcionalmen- te à cada cadeia produtiva analisada. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 45 Portanto, não é tão simples quanto parece identificar corretamente o COT, pois se devem consi- derar diversas variáveis dentro de cada item de sua composição. Devido à grande diversidade de cadeias produtivas atendidas pela metodologia de ATeG, à flexibilidade de sistemas de produção e às especificidades de cada uma de- las, é natural que se tenha que ajustar algunsconceitos para que se possa atender de forma satisfatória a todas elas e, assim, se aproximar do custo real das ativida- des agropecuárias. Tome nota Essa tentativa de “aproximação” com o custo real se dá pela impos- sibilidade de se controlar totalmente, fora do ambiente experimental e laboratorial, as transformações e as inter-relações biológicas ocor- ridas no campo, que por si sós comprometem a análise econômica fidedigna, diferentemente do que acontece em um ambiente indus- trial, por exemplo. Como visto, além do COE existem dois outros custos da propriedade rural que são importantes para a identificação do custo operacional total de produção: a mão de obra familiar e a depreciação. Avance em seus estudos e conheça cada um deles com mais detalhes. Para iniciar essa discussão, além das características já elencadas sobre o COE, veja agora alguns casos especiais para esse item que impactam diretamente o COT. Particularidades do cálculo do COE para ativida- des pecuárias A complexidade do cálculo do custo de produção da atividade pecuária recomen- da forte interação do técnico, que está de- terminando o custo, e o produtor, na bus- ca de uma interpretação dos resultados que mais se aproximem da realidade. Muitas das atividades pecuárias pos- suem produção conjunta, gerando um produto principal e outros que podem, ou não, ser considerados como subprodutos ou atividades secundárias, conforme es- tudado no tema “composição da renda”. Fonte: Banco de imagens do Senar. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 46 Saber operacionalizar corretamente as ferramentas de controle é muito importante, porém ainda esbarra-se em subjetividades. Por isso, o mais importante em um diagnóstico é ter um critério de jul- gamento justo com as atividades analisadas. Vamos ver um exemplo onde a propriedade tem como foco a bovinocultura leiteira, e é somente essa a atividade a ser analisada nessa propriedade: Na prática Se, por exemplo, o técnico resgatar a nota fiscal de rações que o pro- dutor adquiriu e observar apenas o valor total do documento, sem verificar que no meio do faturamento estavam elencadas rações para seu cão doméstico e também para os porcos cevados, a análise es- tará errada, pois estariam sendo elencadas despesas que não são de competência da atividade leiteira. O critério é simples: utilizo cães e suínos para produção de leite? Em geral, não, a não ser que seja um cão treinado para o pastoreio do gado, que então irá compor o rebanho da propriedade na categoria “animais de serviço”. Salvo essa exceção, esses animais não têm ab- solutamente nada a ver com a atividade estudada. Portanto, as des- pesas relativas a eles não devem ser consideradas no custo do leite. Agora que o conceito está mais claro, transporte-o para a prática da atividade leitei- ra, que é uma operação complexa. Dentro da atividade leiteira, há um subproduto intrínseco e inevitável, que é a produ- ção de bezerros e bezerras. Considerando que o rebanho estudado está estabiliza- do, esse produtor terá de fazer retenções para a reposição de matrizes, ou mesmo aumento do rebanho, mas apenas uma parte desses animais nascidos na proprie- dade de fato permanecerão para compor o estoque de rebanho, e todo o restante será comercializado. Essa peculiaridade de venda de animais já foi explicada no tópico “variação do inventário animal”. Você sabia? A reposição de matrizes consiste na substituição de fêmeas em final de fase reprodutiva ou que apresentaram problemas, como infertili- dade, más-formações congênitas, danos sanitários — a exemplo da mastite —, ou mesmo que vieram a óbito. Essa seleção de animais que irão repor o estoque de fêmeas é baseada em genótipo, fenóti- po, idade e condição corporal. Geralmente, ocorre de forma anual em uma taxa entre 5% a 20%, a depender dos objetivos da empresa rural. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 47 A venda de animais descartados muitas vezes representa um volume considerável de entrada de recursos na propriedade, mas é considerada uma subatividade da produção leiteira. Assim, é justo que ela também seja onerada com os custos de sua produção. Então, é necessário fazer o rateio proporcional do COE no que compete exclusivamente à atividade leiteira, assim como de todos os demais custos de uso em comum, seguindo a mesma proporção encontrada na relação renda do leite/ renda da atividade. A análise a ser realizada é: a atividade necessita da cria para que seja iniciada a produção do leite, porém, após o parto, este animal é totalmente desnecessário para a produção desse mesmo leite. Portanto, o item “aleitamento artificial” é um custo totalmente referente à criação desses animais, e não um custo para a atividade lei- teira arcar sozinha. Da mesma forma que, para produzir animais para venda, não é necessário que esta atividade seja onerada com materiais para ordenha, hormônios ou transporte do leite. A aplicação de uma fórmula matemática específica nos permite descobrir o COE do leite de forma bem detalhada, diferen- temente de outras metodologias que não trabalham com centro de custos, nas quais o custo é total e a atividade leiteira tem de arcar com todas as despesas. Fonte: Banco de imagens do Senar Inicialmente, removem-se os elementos que não são de uso comum para ambas as atividades (material de ordenha, hormônios, transporte do leite e aleitamento arti- ficial), pois as três primeiras são exclusivas do leite, e a última, da venda das crias. Então, todo o resto de despesas comuns é rateado proporcionalmente de acordo com a relação entre a renda da atividade e a renda total. Ao final, serão integralmen- te somados os valores que pertencem ao leite, pois o que se pretende descobrir é apenas o COE do leite. Assim, tem-se a seguinte fórmula para balizar esses custos: Clique nos itens para ver o significado das siglas. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 48 Onde: COE do leite: custo operacional efetivo do leite COE da atividade: custo operacional efetivo da atividade leiteira MTO: material de ordenha HORM: hormônios (somente aqueles ligados diretamente à produção de leite. Exemplo: ocitocina e BST) TRANSP: transporte do leite (quando houver) AL: aleitamento artificial RL renda do leite/renda da atividade: proporção da renda bruta do leite sobre a renda bruta da ativi- dade leiteira Em outras cadeias da pecuária, geralmente o raciocínio é menos complexo. Nas cadeias produtivas de aquicultura, avicultura, ovinocaprinocultura, suinocultura e bovinocultura de corte para confinamento (ou terminação), encontra-se a seme- lhança de que todos os animais pertencem ao COE, uma vez que são tratados como insumos. Eles são assim considerados pois se faz necessária sua aquisição sempre que um ciclo se encerra e para que se possa iniciar o subsequente. Tome nota Nesses casos, os animais criados serão ao mesmo tempo itens que necessitam ser adquiridos no início da criação, como também o pró- prio produto a ser comercializado. Como geram desembolso direto e se encerram ao final do ciclo produtivo, compõem o COE. O critério é válido mesmo para aqueles animais que apresentam ciclos com duração maior que um ano, como a compra de bezerros de desmama para engorda ou a criação de pirarucu (Arapaima gigas) em cativeiro, uma vez que o termo “ciclo” não é específico ao tempo fixo de um ano, mas sim ao período para o desenvolvimento da criação. Em todos os exemplos de cadeias citadas neste tópico, não será raro o Técnico de Campo encontrar situações em que os insumos sejam produzidos no próprio local. A metodologia de ATeG considera sempre o centro de custos, ou seja, a separação total dos itens para cada seguimento da criação. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 49 No caso de a propriedade ter mais de uma atividade, será sempre como se o produtor estivesse vendendo o insumo para ele mesmo pelo preço de mercado. Isso se chama “custo de oportunidade”, que representa o que o produtorreceberia caso decidisse vender seu produto no mercado, ao invés de usá-lo em outra atividade na propriedade. Tal balizamento serve para o administrador avaliar qual decisão será financeiramente mais vantajosa para sua empresa. Já os rebanhos de matrizes, reprodutores e animais de serviço utilizados para a obtenção desses insumos continuarão alocados em outro centro de custo, sempre rateando proporcionalmente os custos que eventual- mente sejam de uso comum a ambas as atividades. Este é o final do tópico 4. Siga em frente para aplicar os conceitos aprendidos até aqui. Avance! Tópico 5: Aplicando os conceitos Chegou a hora de conhecer a aplicação prática dos conceitos estudados de for- ma detalhada! Fonte: Banco de Imagens do Senar Objetivos Neste tópico, serão aplicados os conceitos aprendidos, a fim de melhorar o entendimento sobre os indicadores de custos e a forma como podem ser calculados. Para começar, pense no custo operacional efetivo.Nele, contabilizam-se apenas as Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 50 despesas de custeio, que envolvem desembolsos inerentes à atividade. Ele está re- lacionado aos desembolsos do produtor, tais como mão de obra contratada, con- centrados, fertilizantes, sementes, medicamentos, sais minerais, reparos de benfei- torias, consertos de máquinas, impostos e taxas, energia elétrica, combustível, inseminação artificial e outros dessa natureza. No estudo de caso, será analisada a atividade leiteira. Veja, a seguir, a planilha de despesas apresentada pelo produtor. Despesas de custeio Valor anual Mão de obra temporária R$ 3.000,00 Manutenção de pastagens R$ 5.750,00 Manutenção de canavial R$ 2.000,00 Manutenção de capineira R$ 200,00 Silagem R$ 14.000,00 Concentrado R$ 42.705,00 Gastos com alimentação da família R$ 11.543,00 Aleitamento artificial R$ 6.086,90 Minerais R$ 3.950,00 Despesas com vestuário da família R$ 500,00 Medicamentos R$ 6.000,00 Hormônios (ocitocina + BST) R$ 800,00 Aquisição de conjunto de ordenha R$ 27.000,00 Material de ordenha R$ 2.300,00 Energia e combustível R$ 2.400,00 Inseminação artificial R$ 2.115,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 51 INSS + Impostos + Contribuição Sindical R$ 4.350,00 Reparos de benfeitorias R$ 1.870,00 Reparos de máquinas e equipamentos R$ 2.350,00 Outros gastos de custeio R$ 1.535,00 Total R$ 139.654,90 Tome nota O item Aquisição de conjunto de ordenha nada mais é que um con- junto de equipamentos destinados a realizar a ordenha mecanizada, cada vez mais comum na bovinocultura leiteira. Essa aquisição é tra- tada como um investimento e, portanto, não é um item a ser incluído na somatória do COE, assim como o item Despesas com vestuário da família. Apenas os gastos com atividades inerentes à atividade serão utilizados para uma avaliação econômica. COE de um produto da atividade O COE permite ao administrador avaliar, em separado, cada um dos produtos de uma atividade e, com isso, tomar as decisões adequadas na gestão de cada produto ou subproduto. Nas atividades agropecuárias, alguns itens de custo são difíceis de ratear para cada produto da atividade. Por exemplo: quanto do mineral utilizado na atividade foi para as vacas gerarem um novo bezerro e quanto foi para produzir leite? Ao mesmo tempo, alguns itens de custos são específicos de um produto. Por exem- plo: para produzir animais para venda, não é necessário material para ordenha. Com essas informações, veja como vamos calcular o COE do leite no estudo de caso. O primeiro passo é definir quais itens não serão rateados. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 52 Itens que são COE apenas do leite • Material de ordenha: • pré e pós-dipping; • produtos de limpeza; • papel toalha; • outros itens vinculados à ordenha. • Transporte do leite. • Hormônios (ocitocina + BST). Itens que não participam do COE do leite • Aleitamento das crias. Os demais itens são rateados em proporção da renda obtida pelo produto do qual se deseja separar o custo, ou seja, assume-se que o custo do produto dividido pelo custo da atividade é igual à renda do produto dividida pela renda da atividade. Considera-se a correspondência a seguir: L A = Logo, para se definir o COE do leite, parte-se do princípio de que: Para corrigir essa conta, é necessário subtrair do COE da atividade aqueles itens que não são proporcionais e adicionar ao final apenas os que são 100% do leite. Veja como fica a conta considerando os seguintes valores: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 53 Na prática Material de ordenha = MO = R$ 2.300,00 Aleitamento = A = R$ 6.086,90 Transporte do leite = TL = 0 Hormônios (ocitocina + BST) = H = 800,00 Renda do leite: R$ 148.807,23 Renda da atividade: R$ 170.807,23 COE da atividade: R$ 101.411,90 (COEA) Assim, tem-se: Renda do leite = R$ 148.807,23 = 87,11% Renda da atividade R$ 170.807,23 COEL = { ( COEA – MO – AA – TL- H x ) RL } + MO + TL + HRA COEL =((R$ 101.411,90 - R$ 2.300,00 - R$ 6.086,90 - 800,000) x 87,11%) + R$ 2.300,00 + 0 + R$ 800,00 COEL = R$ 80.337,20 Com base nos resultados, observe a grande diferença encontrada (R$ 21.074,70) entre o COE total da atividade e o COE específico do leite. Viu como não é justo que uma atividade arque sozinha com as despesas de outras? Tal erro poderá compro- meter a análise de viabilidade da atividade. O mesmo raciocínio pode ser adotado em qualquer atividade. Por exemplo: a emba- lagem do mel é custo só do mel, logo não deve ser rateado com o do própolis. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 54 COEL / litro Para obter esse indicador, basta dividir o COEL pela produção obtida nos últimos 12 meses. Veja: COE do leite (COEL) = R$ 80.337,20 Produção = 114.545 litros Logo: COEL / litro = R$ 80.337,20 = 0,70 reais 114.545 litros Assim, para a produção total de leite, foi dispendido R$ 0,70 para cada litro de leite. COEL / preço médio A renda do leite representa a receita obtida com a venda de leite ao longo do período analisado. Sabendo que a ati- vidade leiteira, quando executada de forma racional, é ininterrupta e também que, ao longo do ano, devido a diferen- tes fatores mercadológicos (disponibi- lidade do produto, demanda, região analisada, época do ano etc.), os pre- ços sofrem diversas alterações, é ne- cessário investigar o valor médio rece- bido ao longo do período analisado, que será chamado de preço médio. A forma correta de encontrar esse indicador será demonstrada a seguir, na qual se divide o valor total obtido com a venda de leite (exclusivamente) pelo volume to- tal produzido durante o período compreendido pela análise, independentemente de quantas alterações o preço tenha sofrido. Veja: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 55 Preço médio = Renda do leite Produção Preço médio = R$ 148.807,23 = R$ 1,30/litro 114.545 litros Assim, pode-se assumir que o produtor, ao longo do período analisado, recebeu em média o valor de R$ 1,30 por cada um dos 114.545 litros que comercializou. Note que o destacado é o valor e as quantidades comercializadas, não o produzido (outra parte pode ter sido destinada para consumo interno da propriedade ou mesmo ou- tras atividades, como produção de queijos, iogurtes etc.). Tendo o COE do leite por litro, é interessante descobrir, também, quanto representa o COE em relação à renda (pode-se assumir que a renda bruta unitária é igual ao preço unitário) obtida na comercialização. COEL/Preço médio = 0,70/1,30 = 53,85% De acordo com o resultado obtido, sabe-se que 53,85% do que o produtor recebe (R$ 1,30) já está comprometido com o pagamento do COE (R$ 0,70/litro). Depreciações Conforme visto, a depreciação consiste em uma reserva monetária contábil, anual, para a substituição de um bem ao final de sua vida útil. Ela é calculada de forma linear dividindo o valor de novo pela vida útil, conforme a fórmula a seguir: Sendo que o valor de sucata recomendado pela metodologia de ATeG é igual a R$ 0,00. Issovisa minimizar subjetividades. Ao final da vida útil do bem, ele é considerado sucata, logo não serão mais contabi- lizadas depreciações, mesmo que ele ainda possua utilidade. Você se lembra do inventário de recursos do estudo de caso da Fazenda Santa Fe- licidade, visto no Módulo 2? Agora é a hora de estudá-lo para compreender melhor os conceitos. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 56 As tabelas a seguir mostram uma série de inventários: Inventário de benfeitorias Conforme já visto no módulo anterior, a tabela a seguir mostra o inventário das benfeitorias: Item Quant. utilização no leite Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade Pista de alimentação 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 10 Curral de manejo 1 50% R$ 8.000,00 R$ 4.000,00 40 15 Sala de ordenha 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 43 Cercas perimetrais 1.000 50% R$ 12,00 R$ 6.000,00 15 20 Cercas internas 1.000 100% R$ 0,00 R$ 10.000,00 10 8 Bebedouros 4 100% R$ 500,00 R$ 2.000,00 20 5 Bezerreiro 1 100% R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 20 21 Depósito de ração 1 80% R$ 80.000,00 R$ 64.000,00 40 15 Cochos de sal mineral 12 100% R$ 500,00 R$ 6.000,00 15 10 TOTAL R$ 154.000,00 Inventário de máquinas e equipamentos Item Quant. Utilização no Leite Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade Ordenhadeira mecânica 1 100% R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 15 5 Irrigação 1 100% R$ 23.000,00 R$ 23.000,00 15 3 Aparelho de cerca elétrica 1 100% R$ 200,00 R$ 200,00 5 4 Carroça 1 80% R$ 2.300,00 R$ 1.840,00 10 12 Picadeira 1 80% R$ 2.500,00 R$ 2.000,00 15 16 Bomba de água 1 100% R$ 500,00 R$ 500,00 10 11 Roçadeira costal 2 100% R$ 2.000,00 R$ 4.000,00 5 4 Latões 3 100% R$ 200,00 R$ 600,00 15 20 Tanque de resfriamento 1 100% R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 15 8 TOTAL R$ 52.140,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 57 Inventário de forrageiras Especificação Área (ha) Custo de formação (R$/ha) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade Canavial 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 5 6 Pasto intensivo de mumbaca 2,3 R$ 3.000,00 R$ 6.900,00 20 5 Área de milho silagem 4 - Pasto extensivo de braquiária 6 R$ 2.500,00 R$ 15.000,00 15 20 Construções e estradas 1,2 - Reservas e APP 5,5 - TOTAL 20 R$ 26.900,00 Considerando que o rebanho da Fazenda Santa Felicidade se encontra estabilizado, e conforme os conceitos trabalhados anteriormente, não haverá cálculo de depre- ciação para os animais que compõem o rebanho, conforme a tabela a seguir. Inventário de animal Categoria Un. Valor médio Valor total Vida útil (anos) Tempo de serviço Vacas em lactação 20 R$ 3.200,00 R$ 64.000,00 Vacas secas 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00 Bezerras em aleitamento 3 R$ 800,00 R$ 2.400,00 Novilhas em recria 10 R$ 1.500,00 R$ 15.000,00 Novilhas em reprodução 12 R$ 2.500,00 R$ 30.000,00 Reprodutor 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 4 3 Animais de serviço 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 10 15 TOTAL 49 R$ 128.900,00 Agora, identifique nas tabelas anteriores os itens que possuem idade superior à vida útil. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 58 Informação extra Agora, vamos descobrir quais os itens que, nas tabelas anteriores, possuem idade superior à vida útil: • Inventário de Benfeitorias • Sala de ordenha • Cercas perimetrais • Bezerreiro • Inventário de máquinas e equipamentos • Carroça • Bomba de água • Picadeira • Latões • Inventário de forrageiras • Canavial • Pasto extensivo de braquiária • Inventário animal • Animal de serviço Mesmo que bens tenham funcionalidade devido às manutenções realizadas, ao final da vida útil eles são considerados sucata, ou seja, vida útil é igual a zero. Ma- tematicamente, a depreciação passa a não existir, pois qualquer valor atribuído ao bem, dividido por zero, possui resultado matemático zero. Quanto às benfeitorias, é difícil atribuir um valor comercial, logo, para efeito de cálculos, deve-se manter o valor de novo, para calcular a depreciação. Confira: Depreciação da sala de ordenha = 30.000,00 = 0 0 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 59 Calculando a depreciação Antes de partir para os cálculos, veja os valores de depreciação de acordo com os inventários da Fazenda Santa Felicidade: Inventário de benfeitorias Item Un. Utilização no leite Valor unitário novo Valor total Vida útil (anos) Idade Depreciação Pista de alimentação 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 10 R$ 750,00 Curral de manejo 1 50% R$ 8.000,00 R$ 4.000,00 40 15 R$ 100,00 Sala de ordenha 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 43 Não existe Cercas perimetrais 1.000 50% R$ 12,00 R$ 6.000,00 15 20 Não existe Cercas internas 1.000 100% R$ 10,00 R$ 10.000,00 10 8 R$ 1.000,00 Bebedouros 4 100% R$ 500,00 R$ 2.000,00 20 5 R$ 100,00 Bezerreiro 1 100% R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 20 21 Não existe Depósito de ração 1 80% R$ 80.000,00 R$ 64.000,00 40 15 R$ 1.600,00 Cochos de sal mineral 12 100% R$ 500,00 R$ 6.000,00 15 10 R$ 400,00 TOTAL R$ 154.000,00 R$ 3.950,00 Inventário de máquinas e equipamentos Item Un. Utilização no leite Valor unitário novo Valor total Vida útil (anos) Idade Depreciação Ordenhadeira mecânica 1 100% R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 15 5 R$ 533,33 Irrigação 1 100% R$ 23.000,00 R$ 23.000,00 15 3 R$ 1.533,33 Aparelho de cerca elétrica 1 100% R$ 200,00 R$ 200,00 5 4 R$ 40,00 Carroça 1 80% R$ 2.300,00 R$ 1.840,00 10 12 Não existe Picadeira 1 80% R$ 2.500,00 R$ 2.000,00 15 16 Não existe Bomba de água 1 100% R$ 500,00 R$ 500,00 10 11 Não existe Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 60 Roçadeira costal 2 100% R$ 2.000,00 R$ 4.000,00 5 4 R$ 800,00 Latões 3 100% R$ 200,00 R$ 600,00 15 20 Não existe Tanque de resfriamento 1 100% R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 15 8 R$ 800,00 TOTAL R$ 52.140,00 R$ 3.706,67 Inventário de forrageiras Especificação Área (ha) Custo de formação (R$/ ha) Valor total Vida útil (anos) Idade Depreciação Canavial 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 5 6 Não existe Pasto intensivo de mumbaca 2,3 R$ 3.000,00 R$ 6.900,00 20 5 R$ 345,00 Área de milho silagem 4 R$ - Não se aplica Pasto extensivo de braquiária 6 R$ 2.500,00 R$ 15.000,00 15 20 Não existe Construções e estradas 1,2 R$ - Não se aplica Reservas e APP 5,5 R$ - Não se aplica TOTAL 20 R$ 26.900,00 Inventário de animal Categoria Un. Preço médio Valor total Vida útil (anos) Tempo de serviço Depreciação Vacas em lactação 20 R$ 3.200,00 R$ 64.000,00 Não se aplica Vacas secas 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00 Não se aplica Bezerras em aleitamento 3 R$ 800,00 R$ 2.400,00 Não se aplica Novilhas em recria 10 R$ 1.500,00 R$ 15.000,00 Não se aplica Novilhas em reprodução 12 R$ 2.500,00 R$ 30.000,00 Não se aplica Reprodutor 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 4 3 R$ 1.500,00 Animais de serviço 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 10 15 Não existe TOTAL 50 R$ 128.900,00 R$ 1.500,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 61 Tome nota Veja como foram realizados alguns dos cálculos da depreciação: 1) Para começar, aplicamos a fórmula: Depreciação = valor de compra - valor de sucata vida útil 2) Assim, partimos para o cálculo da depreciação do inventário de benfeitorias: Depreciação da pista de alimentação = R$ 30.000,00 - 0 = R$ 750,00 40 Depreciação da pista de alimentação = R$ 8.000,00 - 0 = R$ 533,33 15 3) No inventário de forrageiras, vamos calcular apenas a depreciação do pasto intensivo de mumbaca: Depreciação do mumbaca = $ 6.900,00 - 0 = R$ 345,00 20 4) Quando falamos de inventário animal, é importante lembrar que atividades que fazem a recria do reprodutor também não depreciam. Essa é uma situação pouco comum na bovinocultura de leite mais especializada, visando evitar consanguinidade. Considerando que essa propriedade compra o touro, a deprecia- ção seria: Depreciação do mumbaca = R$ 6.000,00 - 0 = R$ 345,00
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