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1 Última atualização: 05/08/2021 1. Introdução anemia resultante do desequilíbrio entre ingesta, ab- sorção e situações de demanda aumentada, perda crônica de ferro. Trata-se do estado mais avançado da deficiência desse nu- triente. 2. Epidemiologia A deficiência de ferro é uma das deficiências nutricionais mais prevalentes em seres humanos (aproximadamente 20%), sendo associada à redução da capacidade laborativa em adultos, bem como traz prejuízos ao desenvolvimento em crianças. Esse tipo de anemia é comum em recém-nascidos, crianças, adolescentes, mulheres em idade fértil, gestantes e lactantes. Está bastante ligada ao nível socioeconômico da população. 3. Fisiopatologia Ocorre quando há deficiência de ferro para produção de he- moglobinas, de alguma forma, seja aumento das necessidades, excesso de perda crônica, má absorção gastrointestinal ou dieta deficiente. Quando há balanço negativo do ferro, ocorre o consumo dos estoques do ferro no organismo (ferritina) e na tentativa de com- pensar, o fígado aumenta a produção do transportador (transfer- rina) e da capacidade total de ligação do ferro (TIBC). Por fim, há diminuição do ferro sérico e da saturação de transferrina. Nota-se que a transferrina é a principal proteína associada ao ferro plasmático, enquanto que a ferritina está associada ao ferro armazenado no interior das células. Perda de sangue: perdas menstruais excessivas doenças do trato gastrointestinal (TGI) – varizes, úlceras pépticas, doen- ças inflamatórias; hemoptise; epistaxe; traumas. Má-absorção: doença celíaca; gastrite atrófica; gastrecto- mia; H. pylori. Dieta: vegetarianos; crianças entre 8 meses e 2 anos; idosos. Aumento fisiológico da demanda: crescimento; gravidez; lactação. Indeterminada: 15-20% dos casos. A eritropoese nesses indivíduos resulta em células com con- teúdo reduzido de hemoglobina, tornando-a hipocrômica e micro- cítica (observado no esfregaço sanguíneo) e por redução dos índi- ces hematimétricos (VCM < 80 fL e CHCM < 32 g/dL). 4. Quadro Clínico Dentre as manifestações clínicas destaca-se os sintomas da síndrome anêmica: fadiga, perda da capacidade de desenvolver atividades habituais, irritabilidade, cefaleia e palpitações. O prin- cipal achado são as mucosas descordas. Além disso, pode ocorrer anorexia, glossite atrófica, quelite angular, perversão de apetite (pica), disfagia progressiva (Sín- drome de Plumeer Vinson), coiloníquia (unhas em formato de co- lher), síndrome das pernas inquietas. No hemograma, a anemia é inicialmente normocítica e nor- mocrômica. Com a progressão do quadro, evolui para microcítica e hipocrômica (concentrações de VCM, HCM e CHCM costumam estar reduzidas). O índice anisocitose (RDW) encontra aumen- tado. 5. Diagnóstico Além dos critérios clínicos, há exames laboratoriais que auxi- liam no diagnóstico da anemia ferropriva. → Hemograma: redução da Hb, Ht, VCM e HCM; → Esfregaço: microcitose e hipocromia, podem haver poiquilo- citose e hemácias em alvo; → Ferro sérico: < 70 μg/dL (VR: 60-150 μg/dL); → Transferrina: > 400 mg/dL (VR: 200-400 mg/dL); → Saturação de transferrina: < 15% (VR: 30-40%); → Ferritina sérica: < 10 ng/mL (VR: 20-200 ng/mL); → Reticulócitos: normais ou levemente aumentados; → TIBC: > 360 mg/dL (VR: 250-360 mg/dL) ! A ferritina é o primeiro exame que se altera na anemia ferro- priva, com redução do seu valor, uma vez que representa o estoque de ferro no organismo. A prova terapêutica é feita com a administração oral de ferro com aumento de reticulócitos na primeira semana e aumento da hemoglobina em um mês. O exame padrão ouro para diagnosticar a anemia ferropriva é o mielograma com pesquisa de ferro medular com a coloração do Azul da Prússia. Porém, é pouco utilizado por ser um exame invasivo e pouco disponível, em comparação com os exames la- boratoriais. 6. Tratamento Em crianças, analisar desmame precoce, prematuridade, do- enças parasitárias (ancilostomíase). Em adultos, analisar hiper- menorreia, perda gastrointestinal crônica de sangue, doenças pa- rasitárias, gestação, doenças disabsortivas (p. ex., doença celí- aca), angiodisplasias intestinais. O tratamento é feito principalmente com reposição de ferro por via oral (sulfato ferroso), objetivando normalizar a Hb e repor estoques de ferro. Administração de 120 a 180 mg de ferro elemen- tar/dia, divido em 2 a 3 vezes ao dia, durante as refeições. Ocorre aumento de reticulócitos já no segundo dia de tratamento e com 2-3 meses há normalização. O tratamento dura 6 meses após a normalização da anemia ou após normalização da ferritina (> 50 ng/dL). ! Ocorre melhor absorção com o estômago vazio, bem como a intolerância gastrointestinal é maior. ! A absorção é aumentada na presença de suco de laranja e de carne; em contrapartida é inibida por chá, leita e cereais, as- sim como medicações que inibem o pH gástrico. Quando indicar tratamento parenteral? → Intolerância real ao medicamento por via oral; → Perdas muito intensas, mais rápidas do que a reposição oral; → Doenças do TGI nas quais os sintomas possam se agravar por tratamento oral; → Necessidade de reposição rápida dos estoques; → Tratamento da anemia da insuficiência renal crônica em fase dialítica, e, eventualmente, em fase pré-dialítica.
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