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Transtorno Depressivo E Bipolor
O transtorno bipolar (TBP) é uma condição psiquiátrica relativamente freqüente, com prevalência na população entre 1% e 2%. É caracterizado por episódios de alteração do humor de difícil controle - depressão ou mania (bipolar I) ou depressão e hipomania (bipolar II). Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. Freqüentemente associa-se à sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado. Alguns autores4,5 enfatizam a importância das alterações psicomotoras, em particular referindo-se à lentificação ou retardo psicomotor. Este tópico será abordado mais detidamente no item referente à conceituação da "melancolia".
No diagnóstico da depressão levam-se em conta: sintomas psíquicos; fisiológicos; e evidências comportamentais.
A diferenciação entre a depressão unipolar, especialmente a depressão recorrente, e a depressão bipolar pode ser difícil. Eventuais sintomas clínicos sugestivos de que o portador integre o denominado "espectro bipolar" são de difícil detecção, além de sua especificidade ser questionável. O diagnóstico diferencial pode ser particularmente difícil em situações como, por exemplo, episódios depressivos em indivíduos hipertímicos e episódios mistos com predomínio de sintomas depressivos (Koukopoulos e Koukopoulos, 1999; Akiskal e Pinto, 1999; Akiskal et al., 2000). Com base em artigos originais e de revisão, os dados disponíveis indicam que, entre os estabilizadores do humor clássicos, o lítio apresenta a maior eficácia antidepressiva e é a primeira opção para o tratamento de episódios depressivos leves e moderados em portadores de TB. A carbamazepina e o valproato não apresentam efeitos antidepressivos robustos, de acordo com os resultados até agora relatados (Sachs et al., 2000a; Goodwin, 2003).
• Humor depressivo:
 sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa.
Os pacientes costumam aludir ao sentimento de que tudo lhes parece fútil, ou sem real importância. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. Tudo lhes parece vazio e sem graça, o mundo é visto "sem cores", sem matizes de alegria. Em crianças e adolescentes, sobretudo, o humor pode ser irritável, ou "rabugento", ao invés de triste. Certos pacientes mostram-se antes "apáticos" do que tristes, referindo-se muitas vezes ao "sentimento da falta de sentimentos". Constatam, por exemplo, já não se emocionarem com a chegada dos netos, ou com o sofrimento de um ente querido, e assim por diante.
• Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes consideradas como agradáveis. As pessoas deprimidas podem relatar que já não se interessam pelos seus passatempos prediletos. As atividades sociais são freqüentemente negligenciadas, e tudo lhes parece agora ter o peso de terríveis "obrigações".
• Fadiga ou sensação de perda de energia. A pessoa pode relatar fadiga persistente, mesmo sem esforço físico, e as tarefas mais leves parecem exigir esforço substancial. Lentifica-se o tempo para a execução das tarefas.
• Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. Decisões antes quase automáticas parecem agora custar esforços intransponíveis. Um paciente pode se demorar infindavelmente para terminar um simples relatório, pela incapacidade em escolher as palavras adequadas. O curso do pensamento pode estar notavelmente lentificado. Professores experientes queixam-se de não conseguir preparar as aulas mais rotineiras; programadores de computadores pedem para ser substituídos pela atual "incompetência"; crianças e adolescentes têm queda em seus rendimentos escolares, geralmente em função da fatigabilidade e déficit de atenção, além do desinteresse generalizado.
Sintomas fisiológicos
• alterações do sono (mais freqüentemente insônia, podendo ocorrer também hipersonolência). A insônia é, mais tipicamente, intermediária (acordar no meio da noite, com dificuldades para voltar a conciliar o sono), ou terminal (acordar mais precocemente pela manhã). Pode também ocorrer insônia inicial. Com menor freqüência, mas não raramente, os indivíduos podem se queixar de sonolência excessiva, mesmo durante as horas do dia.
• alterações do apetite (mais comumente perda do apetite, podendo ocorrer também aumento do apetite). Muitas vezes a pessoa precisa esforçar-se para comer, ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. As crianças podem, pela inapetência, não ter o esperado ganho de peso no tempo correspondente. Algumas formas específicas de depressão são acompanhadas de aumento do apetite, que se mostra caracteristicamente aguçado por carboidratos e doces.
• redução do interesse sexual
• retraimento social
• crises de choro
• comportamentos suicidas
• Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora.
Kaplan, Sadock e Grebb (1997) entendem o humor como o estado emocional interno mais constante do indivíduo e o afeto como a expressão externa do conteúdo emocional atual. Nessa linha, para os autores, a depressão estaria enquadrada como um transtorno de humor. Os principais transtornos de humor são o transtorno distímico, o transtorno depressivo maior, o transtorno ciclotímico e o transtorno bipolar I. No Compêndio de Psiquiatria (1997), obra elaborada pelos autores, encontra-se o posicionamento da quarta edição do Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) sobre outras categorias de transtornos de humor que ainda podem ser diagnosticadas, tais como depressivo menor, depressivo breve recorrente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno de humor devido a uma condição médica geral e transtorno de humor induzido por substância.
O transtorno depressivo menor pode ser detectado pelos mesmos critérios diagnósticos do transtorno depressivo maior, mantendo-se a duração da sintomatologia, porém com graus de severidade acentuadamente menores. Já no transtorno depressivo breve recorrente ocorre ao contrário, ou seja, os sintomas depressivos satisfazem o critério para transtorno depressivo maior em termos de severidade, mas não em duração. O transtorno depressivo menor e o transtorno depressivo breve recorrente diferem-se do transtorno distímico na medida em que este é um transtorno depressivo crônico e não caracterizado por episódios distintos, enquanto aqueles apresentam episódios delimitados. O transtorno disfórico pré-menstrual envolve sintomas do humor, comportamentais e físicos em determinado período do ciclo menstrual (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997). (a) presença de cinco (ou mais) dos seguintes sintomas: humor deprimido; interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades; perda ou ganho significativo de peso quando não está realizando dieta ou diminuição ou aumento no apetite; insônia ou hipersonia; agitação ou retardo psicomotor; fadiga ou perda de energia; sensação de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada; capacidade diminuída para pensar ou concentrar-se, ou indecisão;
(a) presença de cinco (ou mais) dos seguintes sintomas:
 (b) pensamentos recorrentes sobre morte, ideação ou tentativas de suicídio; (c) os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo; (d) os sintomas não são devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou uma condição médica geral; (e) os sintomas não são melhor explicados por Luto. Os autores destacam que o transtorno depressivo maior, trazido no DSM-IV, veio substituir a depressão maior, descrita no DSM-III-R (terceira edição revisada do Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais) em função do acréscimo de critérios ligados ao comprometimento no funcionamento social e ocupacional.Os critérios diagnósticos para o transtorno depressivo maior, de acordo com o DSM-VI e extraídos do Compêndio de Psiquiatria (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997) são:
Rev. psiquiatr. Clín. vol.32 suppl.1 São Paulo 2005
Rev. Bras. Psiquiatr. Vol.21 s.1 São Paulo May 1999
Rev. bras. saúde ocup. Vol.34 no.119 São Paulo Jan./June 2009
Transtorno Depressivo E Bipolor
 
O 
transtorno bipolar 
(TBP) é uma condição psiquiátrica relativamente freqüente, com 
prevalência na população entre 1% e 2%. É caracterizado por episódios de alteração do 
humor de difícil controle 
-
 
depressão ou mania (
bipolar 
I) ou depressão e hipomania 
(
bipolar 
II).
 
Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a 
proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a 
sensação subjetiva de tristeza. Mui
tos referem, sobretudo, a perda da capacidade de 
experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. 
Freqüentemente associa
-
se à sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela 
queixa de cansaço exagerado. Alguns 
autores
4,5 
enfatizam a importância das alterações 
psicomotoras, em particular referindo
-
se à lentificação ou retardo psicomotor. Este tópico 
será abordado mais detidamente no item referente à conceituação da "melancolia".
 
No diagnóstico da depressão levam
-
se em conta: sintomas psíquicos; fisiológicos; e 
evidências comportamentais.
 
 
A diferenciação entre a depressão unipolar, especialmente a depressão recorrente, e a 
depressão bipolar pode ser difícil. Eventuais sintomas clínicos sugestivos de que o 
portador
 
integre o denominado "espectro bipolar" são de difícil detecção, além de sua 
especificidade ser questionável. O diagnóstico diferencial pode ser particularmente difícil 
em situações como, por exemplo, episódios depressivos em indivíduos hipertímicos e 
epi
sódios mistos com predomínio de sintomas depressivos (Koukopoulos e Koukopoulos, 
1999; Akiskal e Pinto, 1999; Akiskal 
et al.
, 2000).
 
Com base em artigos originais e de 
revisão, os dados disponíveis indicam que, entre os estabilizadores do humor 
clássicos, o 
lítio apresenta a maior eficácia antidepressiva e é a primeira opção para o tratamento de 
episódios depressivos leves e moderados em portadores de TB. A carbamazepina e o 
valproato não apresentam efeitos antidepressivos robustos, de acordo com
 
os resultados 
até agora relatados (Sachs 
et al.
, 2000a; Goodwin, 2003).
 
• 
Humor depressivo
:
 
 
sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa.
 
Os pacientes costumam aludir ao sentimento de que tudo lhes parece fútil, ou sem real 
importânc
ia. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir 
alegria ou prazer na vida. Tudo lhes parece vazio e sem graça, o mundo é visto "sem 
cores", sem matizes de alegria. Em crianças e adolescentes, sobretudo, o humor pode ser 
irritável,
 
ou "rabugento", ao invés de triste. Certos pacientes mostram
-
se antes "apáticos" 
do que tristes, referindo
-
se muitas vezes ao "sentimento da falta de sentimentos". 
Constatam, por exemplo, já não se emocionarem com a chegada dos netos, ou com o 
sofrimento 
de um ente querido, e assim por diante.
 
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Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes 
consideradas como agradáveis
. As pessoas deprimidas podem relatar que já não se 
interessam pelos seus passatempos prediletos. As at
ividades sociais são freqüentemente 
negligenciadas, e tudo lhes parece agora ter o peso de terríveis "obrigações".
 
• 
Fadiga ou sensação de perda de energia
. A pessoa pode relatar fadiga persistente, 
mesmo sem esforço físico, e as tarefas mais leves parecem
 
exigir esforço substancial. 
Lentifica
-
se o tempo para a execução das tarefas.
 
• 
Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões
. Decisões 
antes quase automáticas parecem agora custar esforços intransponíveis. Um paciente 
pode se 
demorar infindavelmente para terminar um simples relatório, pela incapacidade 
em escolher as palavras adequadas. O curso do pensamento pode estar notavelmente 
Transtorno Depressivo E Bipolor 
O transtorno bipolar (TBP) é uma condição psiquiátrica relativamente freqüente, com 
prevalência na população entre 1% e 2%. É caracterizado por episódios de alteração do 
humor de difícil controle - depressão ou mania (bipolar I) ou depressão e hipomania 
(bipolar II). Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a 
proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a 
sensação subjetiva de tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de 
experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. 
Freqüentemente associa-se à sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela 
queixa de cansaço exagerado. Alguns autores
4,5 
enfatizam a importância das alterações 
psicomotoras, em particular referindo-se à lentificação ou retardo psicomotor. Este tópico 
será abordado mais detidamente no item referente à conceituação da "melancolia". 
No diagnóstico da depressão levam-se em conta: sintomas psíquicos; fisiológicos; e 
evidências comportamentais. 
 
A diferenciação entre a depressão unipolar, especialmente a depressão recorrente, e a 
depressão bipolar pode ser difícil. Eventuais sintomas clínicos sugestivos de que o 
portador integre o denominado "espectro bipolar" são de difícil detecção, além de sua 
especificidade ser questionável. O diagnóstico diferencial pode ser particularmente difícil 
em situações como, por exemplo, episódios depressivos em indivíduos hipertímicos e 
episódios mistos com predomínio de sintomas depressivos (Koukopoulos e Koukopoulos, 
1999; Akiskal e Pinto, 1999; Akiskal et al., 2000). Com base em artigos originais e de 
revisão, os dados disponíveis indicam que, entre os estabilizadores do humor clássicos, o 
lítio apresenta a maior eficácia antidepressiva e é a primeira opção para o tratamento de 
episódios depressivos leves e moderados em portadores de TB. A carbamazepina e o 
valproato não apresentam efeitos antidepressivos robustos, de acordo com os resultados 
até agora relatados (Sachs et al., 2000a; Goodwin, 2003). 
• Humor depressivo: 
 sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa. 
Os pacientes costumam aludir ao sentimento de que tudo lhes parece fútil, ou sem real 
importância. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir 
alegria ou prazer na vida. Tudo lhes parece vazio e sem graça, o mundo é visto "sem 
cores", sem matizes de alegria. Em crianças e adolescentes, sobretudo, o humor pode ser 
irritável, ou "rabugento", ao invés de triste. Certos pacientes mostram-se antes "apáticos" 
do que tristes, referindo-se muitas vezes ao "sentimento da falta de sentimentos". 
Constatam, por exemplo, já não se emocionarem com a chegada dos netos, ou com o 
sofrimento de um ente querido, e assim por diante. 
• Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes 
consideradas como agradáveis. As pessoas deprimidas podem relatar que já não se 
interessam pelos seus passatempos prediletos. As atividades sociais são freqüentemente 
negligenciadas, e tudo lhes parece agora ter o peso de terríveis "obrigações". 
• Fadiga ou sensação de perda de energia. A pessoa pode relatar fadiga persistente, 
mesmo sem esforço físico, e as tarefas mais leves parecem exigir esforço substancial. 
Lentifica-se o tempo para a execução das tarefas. 
• Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. Decisões 
antes quase automáticas parecem agora custar esforços intransponíveis. Um paciente 
pode se demorar infindavelmente para terminar um simples relatório, pela incapacidade 
em escolher as palavras adequadas. O curso do pensamento pode estar notavelmente

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