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Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 1 SÍFILIS Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ÀS ISTs ➢ As infeções que estão incluídas no grupo das ISTs são aqueles em que a relação sexual representa uma das maneiras de transmissão ➢ É um problema de saúde pública ➢ A sífilis era a enfermidade de transmissão sexual mais importante, porém, atualmente, a AIDS a superou ➢ O conceito de IST, por relacionamento hetero ou homoafetivo, não se aplica apenas à cópula genital, mas também à demais práticas, como: • Felação • Sexo anal • Contato orogenital • Contato anolingual... ➢ Essas práticas sexuais viabilizam a transmissão de infecções por vírus, bactérias, leveduras, protozoários e artrópodes ➢ Doenças que, frequentemente, tem transmissão sexual: • Sífilis • Cancroide ou Cancro Mole • Linfogranuloma Venéreo • Donovanose ou Granuloma Inguinal • Gonorreia • Uretrites não Gonocócicas • Herpes Simples Genital • Verruga Genital ou Condiloma Acuminado • Molusco Contagioso • Hepatite B • Candidose Genital • Tricomoníase • Gardnerelose • Ftiríase Pubiana • Escabiose • Infecções Bacterianas do Sistema Digestório → Shigelose, Salmonelose, Amebíase, Giardíase • Dermatites Irritativas ou Traumáticas na Genitália • Aids ➢ Porém, as ISTs de maior interesse na dermatologia são: • Sífilis • Cancroide ou Cancro Mole • Linfogranuloma Venéreo • Donovanose • Herpes Simples Genital • Verruga Genital • Molusco Contagioso • Candidíase Genital • Ftiríase Pubiana • Escabiose SÍFILIS INTRODUÇÃO ➢ Siônimo: Lues ➢ Agente causador → Treponema pallidum ➢ Caracteriza-se por lesões cutâneas polimorfas, podendo comprometer também outros tecidos, principalmente os sistemas cardiovascular e o nervoso ➢ SÍFILIS ADQUIRIDA: • Sua transmissão é, em quase todos os casos, sexual ou pela área genitoanal • O contágio extragenital é raro, podendo ser encontrado principalmente nos lábios, caracterizando-se por lesões contagiantes na mucosa bucal • Os treponemas transmitidos pelo contato multiplicam-se localmente e penetram na corrente sanguínea e linfática, atingindo outros tecidos ➢ SÍFILIS CONGÊNITA: • Infecção por via hematogênica transplacentária a partir das primeiras semanas de gravidez ➢ Outras formas de transmissão relatadas: • Transmissão não sexual (é rara) • Transfusão sanguínea e por inoculação acidental • Uso de drogas intravenosas → ocorre principalmente em doentes coinfectados pelo T. pallidum e pelo HIV ➢ Multiplicação do Treponema pallidum: • Inicialmente → multiplicação intensa, devido à ausência de anticorpos e da imunidade celular • Com o desenvolvimento da imunidade humoral e celular → os treponemas são gradualmente destruídos, sobrevivendo apenas em alguns tecidos, constituindo um estado de latência • Estado de latência → pode ocorrer por tempo indeterminado ▪ Os treponemas que permaneceram em alguns tecidos podem ficar inativos ou ser eliminados com a cura biológica da infecção e, quando reativados, determinar quadros da sífilis tardia • Sífilis tardia, latente ou assintomática → ocorre diminuição da imunidade humoral e celular, fazendo com que o indivíduo seja reinfectado ➢ Sífilis adquirida → infecção pelo T. pallidum após o nascimento ➢ Sífilis congênita → infecção pelo T. pallidum in útero (transplacentária) ➢ No início da infecção, há a disseminação dos treponemas, geralmente com manifestações cutâneas e sistêmicas. Com a evolução imunológica, os treponemas são gradualmente inativados e sobrevivem somente em alguns locais, com sintomatologia de acordo com a localização. Isso acontece principalmente no primeiro ano da infecção e, por esse motivo, considera-se: • Sífilis recente → até 1 ano de infecção • Sífilis tardia → após 1 ano de infecção SÍFILIS ADQUIRIDA ➢ SÍFILIS ADQUIRIDA RECENTE: Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 2 SÍFILIS Gizelle Felinto • Compreende a Sífilis primária e a secundária que, se não tratadas, com o desenvolvimento da imunidade na infecção, evoluem para sífilis latente • Tanto as lesões da sífilis primária quanto as da sífilis secundária contem treponemas, sendo, assim, contagiantes • Sífilis Primária: ▪ Período de incubação → pode durar até 40 dias ▪ Lesão elementar: ✓ Lesão inicial (surge, em média, de 1 a 2 semanas após a infecção) → CANCRO DURO ou PROTOSSIFILOMA o Geralmente, a lesão é → única, erosiva ou ulcerativa, de base infiltrada o Localiza-se quase sempre em → genitais externos o O cancro duro pode regredir espontaneamente por mecanismo imunitária, geralmente sem deixar cicatriz, em um período de aproximadamente 4 semanas ✓ Após 1 ou 2 semanas o cancro duro é acompanhado por → ADENITE SATÉLITE o Com gânglios duros, não inflamatórios e pouco dolorosos ▪ Diagnóstico: ✓ Anamnese é fundamental para o diagnóstico ✓ Também possibilitam o diagnóstico: o Pesquisa em campo escuro do T. pallidum o Exame bacterioscópico para H. ducreyi ✓ Reações Sorológicas para Sífilis (RSS): o Tornam-se reagentes entre a 2ª a 4ª semanas do aparecimento do cancro (primeiro as treponêmicas e depois as não treponêmicas) o Em doentes coinfectados pelo HIV → essas reações podem permanecer não reagentes ▪ Diagnóstico diferencial → faz-se com outras lesões ulceradas da genitália, como: ✓ Cancro mole → é ulcerativo e múltiplo por autoinoculação o Cancro duro → é único, erosivo e com infiltração na base o Pode ocorrer a associação do cancro duro com o mole, constituindo o cancro misto ✓ Herpes genital → aparecimento de vesículas sobre base eritematosa que se ulceram • Sífilis Secundária: ▪ Caracteriza-se pela disseminação de treponemas pelo organismo ▪ Suas manifestações ocorrem de 4 a 8 semanas após o aparecimento do cancro duro da sífilis primária ▪ Lesões elementares: ✓ Lesão mais precoce → ROSÉOLA o É um exantema morbiliforme não pruriginoso o Muitas vezes, pode vir acompanhada de: ❖ Mal-estar ❖ Dores osteoarticulares ❖ Cefaleia ❖ Polimicroadenopatia → principalmente dos linfonodos cervicais, epitrocleanos e inguinais o Essas manifestações podem regredir, mesmo sem o tratamento, em virtude do aparecimento de anticorpos que propiciam imunidade relativa ✓ Posteriormente podem surgir → CONDILOMAS PLANOS o Lesões papulosas palmoplantares o Placas mucosas o Adenopatia generalizada o Alopecia em clareira o Pápulas vegetantes perianais ▪ Diagnóstico: ✓ Anamnese é de suma importância ✓ Testes Sorológicos (RSS) → confirma ou exclui o diagnóstico o Em imunodeprimidos ou coinfectados pelo HIV → os testes sorológicos podem ser negativos ▪ Diagnóstico Diferencial: ✓ Da Roséola: o Erupções por drogas o Viroses → como Sarampo e Rubéola o Pitiriase rósea ✓ Das lesões mucosas: o Candidíase/Candidose o Líquen plano o Leucoplasias ✓ Dos condilomas planos das regiões genital e perianal: Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 3 SÍFILIS Gizelle Felinto o Condilomas Acuminados ▪ Imagens das lesões da Sífilis Secundária: • Sífilis Recente Latente: ▪ Nessa fase não há manifestações visíveis, mas há treponemas localizados em determinados tecidos ▪ Diagnóstico: ✓ A Anamnese dá possibilidade diagnóstica → pode ser, eventualmente, apoiada pela presença de cefaleia discreta, polimicroadenopatia e alopecia ✓ Testes sorológicos lipídicos e treponêmicos reagentes → estabelecem o diagnóstico ➢ SÍFILIS ADQUIRIDA TARDIA: • Ocorre após o 1º ano de evolução • Acontece em doentes não tratados ou que receberam terapêutica inadequada • Manifestações clínicas → podem surgir depois de um período variável de latência e compreendem formas: ▪ Cutânea ▪ Óssea ▪ Cardiovascular▪ Nervosa ▪ Outras... • As reações sorológicas são reagentes • Sífilis Latente Tardia: ▪ Ausência de sinais clínicos em um tempo de duração superior a 1 ano ▪ Diagnóstico → Anamnese + Sorologia Reagente ▪ Pode permanecer latente por toda a vida ou tornar-se assintomática em qualquer época • Sífilis Cutânea Tardia: ▪ Antigamente chamada de Sífilis Terciária ▪ Lesões elementares: ✓ NÓDULOS que, por necrose central, formam Gomas ✓ Essas gomas podem evoluir para Ulcerações ✓ São lesões circunscritas de caráter destrutivo, em que raramente são encontrados treponemas ✓ Também podem se apresentar sob forma de Lesões infiltrada, arciformes, policíclicas ✓ Raramente ocorrem lesões verrucosas Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 4 SÍFILIS Gizelle Felinto ✓ Cancro Redoux → ocorre quando a lesão surge em uma cicatriz do cancro duro ▪ Diagnóstico diferencial → com outras infecções granulomatosas, como: ✓ Tuberculose ✓ Paracoccidioidomicose ✓ Leishmaniose ✓ Hanseníase ✓ Neoplasias SÍFILIS ÓSSEA ➢ Na sífilis recente → põem ocorrer: • Periostíte dos ossos longos • Osteoalgias • Artralgias ➢ Na sífilis tardia → podem surgir: • Osteíte gomosa • Periostite • Osteíte esclerosante • Artralgias • Artrites • Nódulos Justa-articulares • Lesões das vértebras (Espondilite Sifilítica) ➢ As lesões ósseas podem ser proliferativas e/ou destrutivas SÍFILIS CARDIOVASCULAR ➢ Na sífilis recente podem ocorrer alterações eletrocardiográficas transitórias ➢ Em geral, o comprometimento cardiovascular ocorre 10 a 30 anos após o início da infecção, raramente antes de 5 anos ➢ Portadores de HIV → o comprometimento cardiológico pode ocorrer alguns meses após o desenvolvimento da sífilis secundária ➢ É mais comum em homens e em negros ➢ Quadro clínico mais frequente → AORTITE, que pode, com a sua evolução, causar: • Insuficiência aórtica • Aneurisma • Estenose orificial das coronárias ➢ Outros vasos, inclusive periféricos, podem ser comprometidos, causando um processo de aneurisma ou endarterite obliterante SÍFILIS NEURAL ➢ SÍFILIS RECENTE → comprometimento transitório do Sistema Nervoso • Caracteriza-se por: ▪ Cefaleia ▪ Rigidez na nuca → raramente ▪ Paralisia de nervos cranianos → raramente • Essas alterações ocorrem por lesões nas meninges e são acompanhadas de alterações liquóricas transitórias ➢ SÍFILIS TARDIA: • O envolvimento do sistema nervoso ocorre após 5 a 35 anos • Mais comum em brancos do que em negros • Neurossífilis → ocorre em doentes coinfectados pelo HIV ➢ A sífilis do sistema nervoso é assintomática ou sintomática, com as seguintes formas clínicas: • Meningovascular • Meningite aguda • Paralisia espástica de Erb • Goma do cérebro ou da medula • Crise epileptiforme • Atrofia do nervo óptico • Lesão do sétimo par • Paralisia geral → é uma meningoencefalite crônica, que se caracteriza por quadro de demência e paralisia • Tabes Dorsalis → decorre de lesões das raízes posteriores e funículo posterior da medula e do tronco encefálico, apresentando sintomatologia variável ▪ Sinais da tabes dorsalis: ✓ Perturbações na marcha ✓ Alterações dos reflexos ✓ Sinal de Romberg ✓ Sinal da pupila de Argyll-Robertson ✓ Junta de Charcot ✓ Mal perfurante plantar OUTRAS LOCALIZAÇÕES DA SÍFILIS ➢ No Fígado e no Baço: • Sífilis recente → raramente ocorre Hepatite ou Hepatoesplenomegalia • Sífilis tardia → goma no fígado ou no aparelho gastrointestinal, com sintomatologia de acordo com a localização e dimensão da lesão ➢ Nos Olhos: • Irite • Coriorretinite • Queratite intersticial • Atrofia do nervo óptico ➢ No Testículo: • Goma • Orquite intersticial fibrosante não dolorosa SÍFILIS CONGÊNITA ➢ É raro o aborto causado pela sífilis antes do 4º mês de gestação ➢ “A sífilis não mata embriões, mas sim fetos” ➢ A contaminação do feto pode provocar, segundo a gravidade e extensão da infecção, aborto ou natimorto ➢ CARACTERISTICAS: • Surge a partir do 4º mês de gestação, pois antes desse período a membrana do córion não permite a passagem do treponema (nesse período ainda não se tem a placenta formada). Assim, é por isso que quando se deseja fazer a prevenção da sífilis congênita, tem-se que fazer o VDRL da gestante logo no primeiro trimestre da gestação, para que ela seja tratada e não se tenha a transmissão para o bebê Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 5 SÍFILIS Gizelle Felinto • A contaminação da mulher a partir do 4º mês de gestação significa que há 80 – 100% de chance de o feto adquirir sífilis congênita ➢ Penetração tardia e/ou em pequeno número dos treponemas → criança pode nascer com sinais clínicos que constituem a sífilis congênita ➢ Infecção fetal pouco intensa em vista do estado imunitário materno em que se desenvolve → a criança pode nascer aparentemente normal • Porém, no seu desenvolvimento, surgirão manifestações que compõem o quadro clínico da sífilis congênita tardia ➢ A sífilis congênita compreende 2 formas: • Sífilis congênita recente → até 1 ano após o nascimento com sinais clínicos • Sífilis congênita tardia → sífilis com manifestações ou sem sinais clínicos (sífilis congênita tardia latente) ➢ SÍFILIS CONGÊNITA RECENTE: • Caracteriza-se por Lesões Cutâneo-mucosas como: ▪ Placas mucosas ▪ Lesões palmoplantares ▪ Fissuras radiadas periorificiais ▪ Condilomas planos anogenitais ▪ Rinite hemorrágica ▪ Hepatoesplenomegalia ▪ Hepatomegalia → mais frequente que a hepatoesplenomegalia • Também podem ocorrer: ▪ Osteocondrite → especialmente nos ossos longos, o que leva a criança a imobilizar o membro afetado, constituindo a Pseudoparalisia de Parrot ▪ No primeiro ano de vida pode ocorrer Periostite • Nos exames microscópicos, foram encontradas lesões: ▪ Nos pulmões ▪ Nos rins ▪ Nas meninges ▪ Nos testículos ▪ No miocárdio ➢ SÍFILIS CONGÊNITA ADQUIRIDA: • Forma distrófica → é sugerida, especialmente, pela Tríade de Hutchinson: ▪ Queratite parenquimatosa ▪ Surdez labiríntica ▪ Dentes de Hutchinson → Dentes mostrando entalhes semilunares na borda cortante dos incisivos centrais superiores • Também pode-se observar: ▪ Dentes molares deformados (Molar de Mulberry) e palato em ogiva ▪ Ranhuras de Parrot → fissuras ou ragádias em torno das comissuras labiais e/ou ânus ▪ Osteíte e periostite → responsáveis pelo aparecimento de tíbia em lâmina de sabre, nariz em sela e fronte olímpica • Pode haver também comprometimento de estruturas nervosos, levando à: ▪ Tabes Dorsalis ▪ Paralisia Geral ➢ DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO DA SÍFILIS CONGÊNITA: • Para prevenir sífilis congênita: ▪ Deve-se fazer a triagem do VDRL periodicamente, no 1º, 2º e 3º trimestre de gestação ▪ Faz-se o VDRL logo no 1º trimestre justamente devido à membrana do córion, que impede a infecção pelo treponema até o 4º mês, sendo possível, se identificado precocemente, tratar a mãe e o bebê não ter sífilis congênita • Diagnóstico: ▪ VDRL → Para se caracterizar como sífilis congênita, o VDRL do bebê deve ser 2 vezes maior que o VDRL da mãe Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 6 SÍFILIS Gizelle Felinto ▪ FTA abs-IgM → a molécula de IgM não atravessa a barreira placentária. Assim, colhe-se o exame do feto e, se ele tiver esse FTA abs-IgM, significa que o próprio feto produziu esse anticorpo, caracterizando uma sífilis congênita DIAGNÓSTICO ➢ PESQUISA DIRETA EM CAMPO ESCURO → pesquisa de T. pallidum • Diagnóstico de Cancro Duro confirma-se pelo exame de campo escuro, que permite identificar o T. pallidum ➢ TESTE RÁPIDO → utiliza-se quando o paciente chega com uma lesão ulcerativa, por exemplo,e se tem duvidas se essa lesão é de Sífilis ou não ➢ SOROLOGIA → é o exame mais importante para detecção de sífilis • Características: ▪ Só é positiva no final da sífilis primária (2 a 3 semanas após o início da infecção) e na sífilis secundária, que é quando ocorre a formação da treponematose e de anticorpos ▪ É por isso que a sorologia negativa na sífilis primária não exclui o diagnóstico • Testes Antilipídicos → necessitam da realização de testes antitreponêmicos para a confirmação diagnóstica ▪ Detectam anticorpos não treponêmicos (reaginas) antifosfolipídicos que surgem na sífilis e em outras doenças ▪ Utilizam a Cardiolipina como antígeno ▪ Indicações: ✓ Seguimento pós tratamento → 3, 6 e 12 meses após o tratamento ✓ Acompanhamento da evolução sorológica → detecta, pela queda ou elevação do título, melhora, recaída ou reinfecção ▪ Por floculação → de fácil execução e baixo custo ✓ VDRL → é o mais usado ✓ RPR ✓ Hahn ✓ São testes quantitativos e pouco específicos ✓ Títulos muito altos são sugestivos de sífilis ✓ Como não utilizam o treponema, esses testes podem dar muitos resultados falso-negativos e falso-positivos, em algumas situações: o Falso-positivos → são os mais comuns ❖ Gravidez ❖ Hanseníase ❖ Doenças do colágeno ❖ Leishmaniose ❖ Dengue o Falso-negativos → os seguintes indivíduos não fazem floculação: ❖ Efeito Prozona (ocorre em 1% dos doentes imunocompetentes com sífilis secundária) → teste falso não reagente quando o paciente tem excesso de anticorpos antifosfolipídicos e pouco antígeno - Os métodos atuais dos testes antilipídicos permitem eliminar o fenômeno prozona ❖ Pacientes imunodeprimidos (HIV) → indivíduo não tem anticorpo ▪ Esses testes podem positivar, em tírulos mais baixos, em: ✓ De forma permanente: o Síndrome antifosfolipídica o Lúpus Eritematoso Sistêmico o Colagenoses o Hepatite crônica ✓ De forma temporária: o Infecções o Vacinações o Reações por drogas o Transfusões o Gravidez o Idosos • Testes Antitreponêmicos → Confirmam o diagnóstico de sífilis ▪ Utiliza-se o T. pallidum ou parte dele como antígeno ▪ São testes mais específicos ▪ TPI → não é mais usado, pois era de execução extremamente difícil, sendo substituído pelo FTA-Abs ▪ FTA-Abs → ainda é o mais utilizado e é bem mais espcífico ✓ Esse teste positiva pelo restante da vida do paciente, mesmo ele já estando curado e/ou ter tido sífilis há muitos anos ▪ TPHA e Teste Imunoenzimático (ELISA) → estão sendo usados em substituição ao FTA-Abs, pois são de fácil execução, com sensibilidade e especificidade similares ▪ Podem ocorrer falso-positivos em: ✓ Indivíduos normais ou com doenças com globulinas anormais ✓ LES ✓ Usuários de drogas • Considerações sobre a sorologia: ▪ Sífilis Secundária → todos os testes que detectam anticorpos são reagentes e os testes quantitativos tendem a apresentar títulos altos ▪ Após o tratamento, os testes treponêmicos permanecem reagentes por toda a vida do usuário ▪ Os testes não treponêmicos podem ter comportamento variável. Em alguns indivíduos ficam não reagentes e em outros permanecem indefinidamente reagentes em baixos títulos ▪ Após o contágio, os anticorpos começam a surgir 7 a 10 dias após o cancro duro, na seguinte ordem de exames: Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 7 SÍFILIS Gizelle Felinto ✓ FTA abs IgM + ✓ FTA abs IgG+ ✓ VDRL ➢ EXAME DO LÍQUOR (Líquido Cerebrospinal - LCS)→ importante na suspeita de sífilis congênita ou de neurossífilis • Na sífilis recente, primária e secundária, ocorrem inicialmente pleocitose e alteração das proteínas em cerca de 40% dos doentes e, em 25%, testes lipídicos e treponêmicos tornam-se reagentes. É relatado o achado de T. pallidum no LCS ainda com testes não reagentes. Testes reagentes no LCS são comprobatórios dos sinais clínicos de sífilis nervosa. O FTA-Abs não reagente aparentemente exclui a sífilis. A ELISA- IgG é mais sensível no LCS do que os demais testes ➢ HISTOPATOLÓGICO → É feito para investigação, principalmente na sífilis terciária, na qual encontra-se um infiltrado linfoplasmocitário ➢ SÍFILIS PRIMÁRIA: • Faz-se o diagnóstico com: ▪ Pesquisa em campo escuro para T. pallidum ▪ Exame bacterioscópico para H. ducreyi • Os testes sorológicos para sífilis (TSS) tornam-se reagentes 2 a 3 semanas após o início da infecção ➢ SÍFILIS SECUNDÁRIA E SÍFILIS CUTÂNEA TARDIA (terciária): • Achados clínicos + Exames complementares + Sorologia ➢ SÍFILIS CONGÊNITA: • Com sinais clínicos → o diagnóstico se confirma por: ▪ Sorologia reagente na mãe e na criança ou ▪ Pela pesquisa de Treponema pallidum na lesão ▪ Deve-se fazer o teste antilipídico e o teste antitreponêmico • Sem sinais clínicos (porém com suspeita de sífilis, como em um caso em que a mãe com sífilis fez o tratamento irregular) → 2 formas de confirmar o diagnóstico: ▪ Realizar, mensalmente, o VDRL ou o RPR, que são quantitativos ✓ Criança não portadora → os anticorpos maternos nela presentes irão diminuir com a queda progressiva dos títulos dos testes ▪ Teste de imunofluorescência ou FTA-Abs-IgM → como o IgM não atravessa a barreira placentária, a presença de IgM antitreponêmica no sangue do lactente indica que foi produzida pelo lactente portador de sífilis • Na sífilis congênita recente, são indicados a realização de → exame do líquor (LCS) e a pesquisa de HIV • Na sífilis congênita tardia com mais de 2 anos de duração → necessário o exame do liquido cerebrospinal (LCS) para exclusão de neurossífilis TRATAMENTO ➢ SÍFILIS RECENTE (primária, secundária ou latente, com menos de 1 ano): PENICILINA G BENZATINA 2.400.000 UI → apenas 1 vez e por via Intramuscular PENICILINA G PROCAÍNA 600.000 UI → via intramuscular, 1 vez por dia por 10 dias ➢ SÍFILIR TARDIA (latente, cutânea, cardiovascular e outras): PENICILINA G BENZATINA 2.400.000 UI → via intramuscular, de 7 em 7 dias por 3 semanas ▪ Exceto na neurossífilis, pois a penicilina Benzatina não atravessa a Barreira Hematoencefálica PENICILINA CRISTALINA → atravessa a BHE, podendo ser usada na neurossífilis ➢ DROGAS ALTERNATIVAS: TETRACICLINA → usada quando se tem alergia à penicilina ▪ Em maiores de 8 anos ▪ Sífilis recente → 500mg a cada 6h por 20 dias, Via Oral ▪ Sífilis tardia → 500mg a cada 6h por 30 dias, Via Oral ERITROMICINA → usada quando se tem alergia à penicilina ▪ Sífilis recente → 500mg a cada 6h por 20 dias, Via Oral ▪ Sífilis tardia → 500mg a cada 6h por 30 dias, Via Oral DOXICICLINA → pode substituir a tetraciclina ▪ 100mg a cada 12h ▪ Em maiores de 8 anos REAÇÕES ADVERSAS ➢ REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER: • É uma exacerbação das lesões cutâneas acompanhada de febre e mal estar geral • Ocorre algumas horas após a primeira dose de penicilina • Prevenção → administrar corticoide oral 3 dias antes do uso da penicilina • Tratamento → ácido acetilsalicílico ➢ REAÇÕES ALÉRGICAS À PENICILINA: • São do tipo anafilactoide → urticária, prurido e dispneia • Devem ser distinguidas de eventual quadro de lipotimia em tratamento anterior • Em caso de dúvida → administrar previamente no doente CORTICOIDE e ANTI-HISTAMÍNICO, já que o teste intradérmico com penicilina pode desencadear a reação anafilactoide TRATAMENTO PREVENTIVO ➢ Indivíduos que tiveram conto com doente comprovadamente com sífilis podem receber, profilaticamente uma injeção de: PENICILINA G BENZATINA 2.400.00 UI ➢ Essa orientação é principalmente importante para casais, fazendo-se a profilaxia da sífilis conjugal, que ocorre quando o cônjuge infecta o outro e, após o tratamento, é reinfectado CONTROLE DE CURA ➢ É feito com o VDRL 3, 6 e 12 meses após o fim do tratamento ➢ Sífilis recente →ocorre negativação sorológica do 6º ao 9º mês após o tratamento, geralmente • Primeiros a negativarem → Reações lipídicas ou não específicas (VDRL) • Ultimas a negativarem → reações treponêmicas Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ªEd (2014) 8 SÍFILIS Gizelle Felinto ➢ Sífilis tardia → há queda do título sorológico, podendo ocorrer negativação no 2º ano após o tratamento • Persistência de anticorpos em títulos baixos → pode durar vários anos e, caso não haja elevação do título, não há necessidade de retratamento • Persistência da positividade das RSS (sorologia para sífilis) → pode ocorrer em virtude somente do sistema imunológico ou da persistência de treponemas em certas áreas, os quais, mesmo não virulentos, mantêm sua capacidade antigênica ▪ É indicado o exame do LCS para exclusão de neurossífilis ➢ Elevação acentuada do título sorológico → indica recidiva ou, mais provavelmente, uma reinfecção, e o doente deve ser retratado ➢ RETRATAMENTO → indicações: • Aumento do VDRL em 4 vezes mais • Persistência ou recorrência clínica • Reinfecção CONSIDERAÇÕES FINAIS ➢ A infecção pelo T. pallidum não confere imunidade permanente ➢ É necessário diferenciar a persistência de exames reagente (cicatriz sorológica) de sífilis latente e de reinfecção por T. pallidum ➢ As análises de pacientes com infecção simultânea por HIV e T. pallidum indicam alterações tanto na resposta imune humoral do paciente quanto na resposta à terapia para sífilis ➢ A sífilis acelera a evolução para Aids e a infecção pelo HIV altera a história natural da sífilis HISTÓRIA NATURAL DA SÍFILIS ➢ Dos indivíduos infectados com sífilis e não tratados: • 60% → não terão nenhuma manifestação tardia da doença, com cura espontânea ou terão a doença ficando em estado de latência por toda a vida • 40%: ▪ 10,8% → irão a óbito por sífilis ▪ 6,6% → terão neurossífilis, ▪ 10,45% → terão sífilis cardiovascular ▪ Os demais → terão outra forma clínica da sífilis
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