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1. Definir (diferenciar caquexia de anorexia), compreender o mecanismo, causas, epidemiologia, diagnóstico, diagnósticos diferenciais (citar o DSM5) e tratamento da caquexia/anorexia; 2. Definir, compreender o mecanismo, epidemiologia, diagnóstico (critérios de fragilidade, exames solicitados), diagnósticos diferenciais e tratamento da Síndrome do Idoso Frágil (entender a importância da atuação multidisciplinar em doenças consumptivas em idosos); 3. Definir e entender a funcionalidade do protocolo “nove D’s”. 1. O emagrecimento do paciente pode ser justificado pela síndrome consumptiva (emagrecimento extremo) atrelado a função tireoidiana. Dessa forma, a médica solicitou alguns exames complementares (radiografia de tórax, ultrassonografia abdominal, avaliação laboratorial da função tireoidiana) para que o diagnóstico fosse estabelecido. 2. A ingestão calórica do paciente pode não está sendo adequada, visto que é por livre demanda e não há um plano de dieta adequado. Isso pode levar a um quadro de caquexia e levar a um quadro de desorientação espacial; 3. O paciente apresenta elevado nível de PA (150/80 mmHg) o que justifica a necessidade de mudar o plano terapêutico. Lembrando que ele já faz uso de captopril. 4. Há uma necessidade de investigar a parte psíquica e neurológica, e saber se ele tem percebido alterações no humor, memória, atenção devido a mudanças ocorridas na vida dele ultimamente. Além disso, o paciente mora sozinho e a filha se mudou recentemente de cidade o que corrobora para o surgimento de um quadro de depressão. 5. O uso do protocolo dos “nove D’s” pela médica para a melhor avaliação do idoso pode ter justificado a solicitação dos exames complementares para confirmação do quadro do paciente e para melhor formulação do plano de cuidado. Larissa Barreto Dourado Moitinho – 6ª ETAPA B FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA Objetivos de Aprendizagem - SP 1.1 OBJETIVOS DA SP HIPÓTESES DA SP CAQUEXIA Definição É uma síndrome metabólica complexa associada a doenças subjacentes e caracterizada por perda de músculo com ou sem perda de massa gorda. Quadro clínico A característica clínica proeminente de caquexia é perda de peso em adultos (corrigido para fluido retenção) ou falha de crescimento em crianças (excluindo doenças endócrinas). • Anorexia, inflamação, resistência à insulina e aumento da degradação da proteína muscular estão frequentemente associados à doença debilitante. • A doença debilitante é distinta da fome, perda de massa muscular relacionada à idade, depressão primária, má absorção e hipertireoidismo e está associada ao aumento da morbidade. Fisiopatologia Perda de peso A perda de peso é uma variável independente poderosa que prediz a mortalidade em pacientes com câncer. Anker demonstrou que a caquexia cardíaca está associada a um mau prognóstico, independentemente da gravidade funcional, idade e capacidade de exercício e função cardíaca. • A perda de peso está associada ao aumento da mortalidade entre os idosos que recebem alta de um hospital; em pacientes idosos em lares de idosos, uma perda de peso de 5% ou mais em um mês está associada a um aumento de 10 vezes no risco de morte. • Em pacientes com infecção por HIV, uma perda de peso de apenas 3% foi relacionada ao aumento da morbidade e mortalidade, e o risco de morte aumenta com o aumento da magnitude da perda de peso ou diminuição do IMC. Terapias que retardam ou previnem a perda de peso per se presume-se que exerçam efeitos benéficos sobre a mortalidade, mas essa conclusão ainda não foi estabelecida em estudos de intervenção. As terapias que retardam a progressão da doença (como os inibidores da ECA na insuficiência cardíaca ou a terapia antirretroviral eficaz na infecção pelo HIV) podem prevenir a perda de peso e as respostas adversas subsequentes. NOVA SÍNTESE Objetivo 1 - Definir (diferenciar caquexia de anorexia), compreender o mecanismo, causas, epidemiologia, diagnóstico, diagnósticos diferenciais (citar o DSM5) e tratamento da caquexia/anorexia; Larissa Sticky Note • Por essas razões, a perda de peso sozinha tem sido usada como a principal manifestação clínica da caquexia porque a composição corporal é difícil de medir com precisão em um ambiente clínico. Fouladiun et al. examinaram mudanças na composição corporal, dieta e marcadores inflamatórios em pacientes caquéticos com câncer. • Eles descobriram que a anorexia e a perda de gordura corporal eram um poderoso preditor de mortalidade. Por outro lado, Fearon et al. afirmaram que '' a perda de peso por si só não identifica o efeito total da caquexia na função física e não é uma variável de prognóstico ''. Essa falta de acordo pode ser reflexo da dificuldade em medir as mudanças na composição corporal com precisão em muitos pacientes com caquexia. • Claramente, as alterações do peso corporal podem ser avaliadas com precisão e a preponderância das evidências é que ela é altamente preditiva de morbidade e mortalidade em pacientes caquéticos. Músculo esquelético Como observado, a perda muscular é importante na fisiopatologia da caquexia e uma das principais causas de fadiga em pacientes. • A perda acelerada ou exagerada de massa muscular esquelética distingue a caquexia da perda de peso devido apenas à redução da ingestão de energia. Diagnóstico A caquexia é raramente identificada ou diagnosticada e raramente tratada. Como não existe uma definição universalmente aceita de caquexia, sua identificação tem sido problemática e os mecanismos causais são mal compreendidos. • Excreção aumentada de nitrogênio resultante do aumento a degradação da proteína muscular foi descrita como um componente da caquexia. • Paradoxalmente, nessas condições, as taxas medidas de síntese de proteína muscular podem ser elevadas porque há maior disponibilidade de aminoácidos resultante da degradação acelerada da proteína muscular. • A perda de tecido adiposo não está tão bem estabelecida, parece estar regularmente presente em pacientes com perda de peso associada a doenças malignas, falha crônica do coração, infecção por HIV ou doença renal crônica. • A caquexia geralmente está associada à perda de apetite, portanto, as perdas de peso corporal e músculos são aceleradas. Nesses casos, o processo de caquexia pode ser mal interpretado como causado por desnutrição. O painel de consenso desenvolveu um conjunto de critérios diagnósticos para permitir que médicos e pesquisadores façam um diagnóstico definitivo de caquexia. • O principal componente foi uma perda de pelo menos 5% do peso corporal livre de edema durante os 12 meses anteriores ou menos. o O período de tempo pode ser específico da doença e provavelmente será mais curto no câncer (3e6 meses) e mais no rim crônico ou insuficiência cardíaca ou DPOC (12 meses). • Outros critérios diagnósticos para caquexia, além da perda de massa muscular ou evidência de degradação acelerada de proteína no músculo, são diminuição da força muscular, fadiga, anorexia, massa muscular baixa (sem gordura) e anormalidades bioquímicas características de inflamação, anemia ou hipoalbuminemia. Diagnósticos diferenciais É importante distinguir a caquexia da fome, má absorção, hipertireoidismo, desidratação ou sarcopenia (embora essas condições possam representar um estado pré-caquético) e da perda de gordura subcutânea (lipoatrofia), que pode ocorrer como um efeito colateral de algumas terapias anti-retrovirais no HIV. • A sarcopenia é definida como a diminuição da massa muscular esquelética associada à idade resultante de uma variedade de causas, incluindo diminuição da atividade física e / ou diminuição da produção de hormônios anabólicos. o A sarcopenia não está associada à perda de peso, portanto, se a perda de peso se tornar significativa, a caquexia pode ser diagnosticada.• A perda de peso induzida pela anorexia é devida à diminuição da ingestão de energia e deve ser tratada com uma intervenção nutricional. o Por exemplo, a perda de apetite (sem doença subjacente) em idosos não é incomum e, se não tratada, resulta em perda involuntária de peso e aumento da mortalidade. • O termo desnutrição é frequentemente usado no contexto da pesquisa de caquexia, mas deve ser evitado porque sugere que a doença está associada principalmente a problemas nutricionais (ou deficiência nutricional) e implica que o problema pode ser resolvido por nutrição adequada e / ou por superar problemas de absorção ou utilização de nutrientes. Tratamento As opções de tratamento para caquexia são limitadas. Infelizmente, realimentar um paciente com caquexia não corrige o problema subjacente. Mesmo com nutrição parenteral total, a estabilização do peso não impede a perda contínua da massa muscular esquelética nem corrige a anormalidade subjacente no estado metabólico. As estratégias potenciais para tratar a caquexia têm como alvo a perda de músculo esquelético na presença de nutrição adequada. • Alguns agentes farmacológicos potenciais incluem andrógenos, moduladores seletivos do receptor de andrógeno, drogas antimiostatina, hormônio do crescimento e fator de crescimento semelhante à insulina e potenciais agentes orexígenos, como antagonistas da melanocortina e secreta gogo do hormônio do crescimento, grelina, no entanto, os dados que demonstram a eficácia desses agentes são inconclusivos. As causas da caquexia são complexas e, atualmente, não completamente conhecidas. Conseqüentemente, não há critérios específicos para sua identificação ou opções de tratamento. À medida que o tratamento de doenças como câncer, insuficiência cardíaca, DPOC, infecção por HIV e doenças renais torna-se cada vez mais eficazes, o diagnóstico e o tratamento da caquexia associada a essas doenças se tornarão metas importantes para melhorar a morbimortalidade e, principalmente, a qualidade de vida. • Isso foi demonstrado em pacientes com AIDS, onde tratamentos eficazes reduziram a incidência de caquexia, mas não a preveniram totalmente. • A perda de peso continua sendo um poderoso preditor de mortalidade nessa condição, apesar dos tratamentos modernos. CAQUEXIA X ANOREXIA A caquexia é uma síndrome metabólica complexa associada a doenças subjacentes e caracterizada por perda de músculo com ou sem perda de massa gorda. Já a anorexia é a perda de peso devida à diminuição da ingestão de energia e deve ser tratada com uma intervenção nutricional. • A anorexia ocorre em outras condições que não estão associadas à caquexia, como o uso de certos medicamentos, depressão, diminuição associada à idade na regulação do apetite ou problemas gastrointestinais (por exemplo, prisão de ventre ou esvaziamento gástrico retardado). Uma dificuldade em identificar a caquexia é que ela costuma estar associada à perda de apetite. • Por este motivo, a caquexia só deve ser diagnosticada na presença de perda de peso se pelo menos três das cinco condições. Referência: Evans WJ, Morley JE, Argilés J, Bales C, Baracos V, Guttridge D, Jatoi A, Kalantar-Zadeh K, Lochs H, Mantovani G, Marks D, Mitch WE, Muscaritoli M, Najand A, Ponikowski P, Rossi Fanelli F, Schambelan M, Schols A, Schuster M, Thomas D, Wolfe R, Anker SD. Cachexia: a new definition. Clin Nutr. 2008 Dec;27(6):793-9. doi: 10.1016/j.clnu.2008.06.013. Epub 2008 Aug 21. PMID: 18718696. DSM5 - Na anorexia nervosa, perseguir a perda de peso leva os pacientes a desenvolver restrições graves e seletivas à ingestão de alimentos, evitando aqueles que consideram que engordam. Em geral, não existe uma verdadeira “anorexia” (perda de apetite) como tal. Obs: tal como foi citado no texto, a anorexia e posteriormente a caquexia propriamente dita pode ser causada por doenças como depressão. SÍNDROME DO IDOSO FRÁGIL Epidemiologia Segundo o Tratado de Geriatria e Gerontologia de Freitas, a incidência e a prevalência da síndrome da fragilidade variam, em diferentes estudos, em função da definição adotada para a síndrome. Segundo os critérios diagnósticos propostos por Fried e Walston, a prevalência, reproduzida por vários autores de localidades diferentes, varia de 2,5%, entre os idosos com idade entre 65 e 70 anos, a mais de 30% entre os idosos com 90 anos ou mais (Fried e Walston, 2003). → No Brasil, em uma amostra de 5.638 idosos participantes do estudo FIBRA, projeto multicêntrico de avaliação da fragilidade entre idosos brasileiros (Rede de Pesquisa sobre Estudos da Fragilidade em Idosos Brasileiros, Rede FIBRA), 8% foram classificados como frágeis pelos critérios de Fried et al., e 52,7% como pré-frágeis (dados submetidos para publicação). → Em diversos estudos, idosos classificados como frágeis apresentam maior taxa de hospitalização, sofrem mais quedas, apresentaram piora nas atividades de vida diária e maior mortalidade, ou seja, estudos epidemiológicos confirmam que a presença da fragilidade, conforme sua definição mais aceita atualmente, implica desfechos negativos – o que é elemento essencial para sua classificação como síndrome. Diversos estudos, incluindo o estudo FIBRA, associam a prevalência da fragilidade ao nível educacional, idade mais avançada, baixa renda, comorbidades, dependência funcional e a presença de quedas (Vieira et al., 2013). Fisiologia e fatores predisponentes Ainda segundo o Freitas, o estudo da fisiopatologia da fragilidade é dificultado pela complexidade dos sistemas envolvidos e pela coexistência frequente de doenças agudas, crônicas e incapacidades. → Segundo a teoria proposta por Fried et al. (2001), a síndrome seria embasada na redução da atividade de eixos hormonais anabólicos, na instalação da sarcopenia e na presença de um estado inflamatório crônico subliminar. → Estas três alterações, quando intensas o suficiente, interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e promovendo mais inflamação e alterações hormonais), precipitando a ocorrência de um ciclo autossustentado de redução de energia, perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e sarcopenia. Diversos fatores, como doenças agudas e crônicas, alterações próprias do envelhecimento, efeito de medicamentos, quedas e outras condições mórbidas, contribuiriam para que uma pessoa idosa entrasse no ciclo de fragilidade. Objetivo 2 - Definir, compreender o mecanismo, epidemiologia, diagnóstico (critérios de fragilidade, exames solicitados), diagnósticos diferenciais e tratamento da Síndrome do Idoso Frágil (entender a importância da atuação multidisciplinar em doenças consumptivas em idosos); Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Como afirmado anteriormente, esta teoria tem recebido boa aceitação na comunidade científica, porém diversos autores têm proposto o envolvimento de outros fatores na gênese da fragilidade. → Como exemplos, Bortz propôs a importância de carga genética, estilo de vida e doenças ou lesões (Bortz, 2002); → Morley propôs como fatores etiológicos da síndrome idade, genética e nível educacional prévio, além de prejuízo cognitivo (Morley, 2009). → São ainda citados como envolvidos na patogênese da fragilidade carga alostática* ao longo da vida, acúmulo de lesões oxidativas do DNA, declínio na capacidade de reparo, anormalidades na transcrição, deleções e mutações no DNA mitocondrial, encurtamento telomérico e alterações proteicas como glicação e oxidação (Cohen, 2000; Bergman et al., 2007). *Alostase = ajuste orgânico aos eventos previsíveis e imprevisíveis Características clínicas e diagnóstico diferencial As manifestações da síndrome da fragilidade propostas por Fried et al. São: → Perda de peso não intencional; → Fraqueza muscular; →Fadiga; → Redução da velocidade da marcha e redução do nível de atividade física. Ainda que não determinantes da fragilidade, são frequentes entre os seus portadores: → Anormalidades da marcha e balanço; → Ocorrência de quedas; → Sintomas depressivos; → Redução da massa óssea; Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note → Alterações cognitivas e déficits sensoriais. → Também a vulnerabilidade a processos infecciosos ou traumáticos e a má resposta às terapêuticas instituídas são características frequentes desta população (Cesari et al., 2006; Evans et al., 201). A incapacidade e a fragilidade apresentam similaridades óbvias, o que promove algum grau de confusão entre seus conceitos. → No entanto, enquanto a fragilidade é um quadro necessariamente multissistêmico de instalação lenta e que promove vulnerabilidade da regulação homeostática; → A incapacidade pode se instalar de maneira aguda e comprometer um único sistema, como em um acidente vascular encefálico que evolua para a permanência de sequelas e que, não necessariamente, implica instabilidade homeostática de seu portador. Neste caso, o portador da incapacidade pode não ser portador de fragilidade, exemplo que diferencia as duas condições. Do mesmo modo, a fragilidade deve ser diferenciada da presença de comorbidades. Embora bastante frequentes com o envelhecimento, as comorbidades não necessariamente são associadas a redução de reservas de múltiplos sistemas e inadequação da manutenção da homeostase frente a estímulos agressivos, o que a diferencia da síndrome de fragilidade (Fried et al., 2001). Outros dois conceitos, de emprego cada vez mais frequente e que também devem ser diferenciados de fragilidade, são a sarcopenia e a caquexia. → Recentemente, foi publicado um consenso europeu que define a sarcopenia como a redução da massa muscular, relacionada com o envelhecimento, associada à redução da força e/ou função (Cruz- Jentoft et al., 2010). o Na verdade, este é um conceito em evolução e ainda em disputa: pesquisadores mais “puristas” da sarcopenia insistem que esta seja definida exclusivamente pela redução da massa muscular, sendo que a perda de função ou força seriam mais bem definidas como “dinapenia” (Clark e Manini, 2008). o De qualquer maneira, a sarcopenia pode estar presente sem os outros comemorativos da síndrome de fragilidade, sendo, quando coexistente, apenas um dos componentes de um processo muito mais complexo. → Já a síndrome da caquexia é definida como “uma síndrome metabólica complexa associada à doença e caracterizada pela perda de músculo, com ou sem a perda de massa gorda” (Evans et al., 2008). o A caquexia apresenta várias semelhanças, em sua fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome da fragilidade, como perda de peso, redução da força e fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a síndrome da fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos. o Além disso, aspectos fisiopatológicos da síndrome da fragilidade não estão, necessariamente, envolvidos no desenvolvimento da caquexia. Critérios diagnósticos Critérios clínicos Diversos autores propuseram, nas últimas décadas, critérios próprios para a definição de fragilidade, o que impede a definição de critérios universalmente aceitos ou empregados. → Rockwood et al. (2005) propuseram uma escala de sete itens, classificando o idoso desde “gravemente frágil” (“completamente dependente de outros para as atividades da vida diária, ou terminalmente enfermo”) a “muito apto” (“robusto, ativo, energético, bem motivado e apto). Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note Observa-se, nesta proposição, que reflete o ponto de vista defendido por este grupo, o emprego, como referido no início deste capítulo, de aspectos predominantemente funcionais para o diagnóstico da fragilidade, em oposição às propostas de Fried et al. Resumidamente, esses autores postulam que não existe, ainda, um claro mecanismo fisiopatológico comum para a fragilidade, e que a abordagem funcional torna esta condição mais direta e objetivamente detectável e abordável na prática clínica. Outras propostas para critérios diagnósticos receberam boa aceitação nos últimos anos, algumas por sua simplicidade de aplicação na prática diária, outras por visar aspectos de interesse dos serviços onde são empregadas. As escalas mais empregadas são: → O fenótipo de Fried et al.; → O Índice de Fragilidade de Rockwood et al.; → A escala FRAIL, proposta por Van Kan e Morley (Abellan Van Kan et al., 2008); → A escala VES-13, proposta por Saliba (Maia et al., 2012) e o Groningen Frailty Indicator (Steverink et al., 2001). Comparações entre estas escalas mostram que o nível de concordância para o diagnóstico de fragilidade é moderado, o que indica que estão avaliando aspectos diferentes desta síndrome (Malmstrom et al., 2014). Os critérios mais frequentemente empregados em estudos internacionais são adaptados a partir dos estudos de Fried e Walston, compondo cinco diferentes critérios. Idosos portadores de três ou mais dos critérios da tabela abaixo são classificados como frágeis, e idosos com um ou dois critérios, pré- frágeis, e idosos sem a presença destes critérios, não frágeis. Em relação aos critérios de Fried et al., alguns pontos críticos devem ser citados. 1. Em primeiro lugar, embora a perda de peso, a força de preensão palmar e a velocidade de marcha sejam objetivos, os critérios referentes à exaustão e à redução da atividade física não o são. Isso porque exaustão se refere a uma percepção altamente subjetiva, que nem sempre é bem compreendida pelos idosos (é perguntado ao idoso: “na última semana, o(a) senhor(a) sentiu que teve de fazer esforço para dar conta das suas tarefas habituais?” e “na última semana, o(a) senhor(a) não conseguiu levar adiante suas coisas?”); 2. Quanto ao nível de atividade física, hoje é bem determinado que os questionários de atividade física são muito pouco acurados para classificar o nível real de atividade e o gasto energético. Por isso, este critério diagnóstico de fragilidade se embasa em uma variável de mensuração altamente imprecisa. Na prática, apesar de o trabalho original de Fried et al. adotar o Minnesota Leisure Time Activity Questionnaire, versão curta, diferentes autores empregam questionários diferentes, como o Perfil de Atividades Humanas e o International Physical Activity Questionnaire, de acordo com a prática de seus serviços. 3. Outra questão que deve ser considerada é que, uma vez que os critérios baseados em desempenho (velocidade de marcha, força de preensão palmar e nível de atividade física) são considerados Larissa Sticky Note Larissa Sticky Note presentes quando o idoso se encontra abaixo de um determinado percentil da população, este valor irá variar em diferentes populações. → No Brasil, enquanto dados definitivos acerca dos valores de corte para nossa população são estabelecidos (este é um dos objetivos do estudo da Rede FIBRA, do estudo SABE e de outros), são aplicados valores adotados nos estudos internacionais ou valores de populações locais. → Os valores adotados por Fried et al., que são aplicados na maioria das pesquisas nacionais, são apresentados no quadro abaixo. Em que pesem estas considerações, estes critérios vêm sendo ampla e crescentemente empregados e, como afirmado anteriormente, a síndrome da fragilidade, assim definida, é preditiva de eventos adversos e desfechos negativos. Critérios laboratoriais Mesmo que, dada a fisiopatologia da fragilidade, diversos exames laboratoriais possam estar alterados (marcadores de aumentoda atividade inflamatória, redução da creatinina sérica, redução da albumina sérica, anemia, alterações hormonais), nenhum destes testes, empregados isolados ou em conjunto, possibilita o diagnóstico de fragilidade ou para ele contribui de modo definido (Ferrucci et al., 2002). Abordagem terapêutica Diversas modalidades de tratamento vêm sendo propostas para a síndrome da fragilidade, mas ainda não estão disponíveis tratamentos específicos para a síndrome como um todo. → Tratamentos medicamentosos embasados na fisiopatologia desta condição (p. ex., anti-inflamatórios, reposição hormonal, anabolizantes para reduzir a perda de massa muscular), embora ainda em fase de estudos, não se mostraram, isoladamente, eficazes para a terapêutica. As intervenções atualmente propostas se baseiam especificamente em: → Atividade física, para promover o aumento da massa muscular; → Suplementação alimentar, para reduzir a perda de massa magra e promover a melhoria do estado energético; → Suplementações hormonais, buscando quebrar o ciclo da fragilidade em seus componentes relacionados com a desregulação neuroendócrina; → Medicações de diversas naturezas, com atuação em componentes da fisiopatologia da síndrome (antiinflamatórios, miostáticos, anabolizantes etc.). A intervenção mais bem estudada em relação à síndrome da fragilidade é a prática de atividade física. → A literatura evidencia, em seu conjunto, que o treinamento de força isolado pode melhorar este parâmetro, mas, no conjunto, aumenta o risco de lesões e não promove a melhora global do paciente. → A combinação de treinamento de força com exercícios para flexibilidade, equilíbrio e capacidade aeróbica mostra mais benefícios nos estudos realizados até o momento que, ressalte-se, ainda são escassos (Arantes et al., 2009; Fairhall et al., 2011). A suplementação alimentar isolada, conquanto importante para a manutenção do estado nutricional e promoção de sua melhoria, não apresenta benefícios bem demonstrados. Sua associação à atividade física, por outro lado, apresenta evidências de benefícios. Recentemente, estudos têm demonstrado que a necessidade de proteínas de idosos, em especial os portadores de doenças crônicas, é superior à preconizada (0,8 a 1,2 g/kg/dia), exceto em condições especiais, como a insuficiência renal. → Desta forma, suplementos proteico-calóricos, especialmente associados temporalmente ao exercício físico, mostram-se benéficos para estimular a síntese proteica em idosos. → Ainda é motivo de estudo a quantidade de proteína e sua distribuição ao longo do dia, bem como em relação à prática de atividade física (Bauer et al., 2013). Suplementações com hormônio de crescimento, DHEA, progestógenos e outros tratamentos hormonais não se mostraram benéficas, os efeitos colaterais suplantando, de uma maneira geral, os benefícios (Hodes, 1994; Fairhall et al., 2011). → A exceção relativa que se apresenta é a suplementação de testosterona, em homens frágeis que apresentam deficiência deste hormônio. → Alguns estudos demonstram que, quando não contraindicada, a suplementação, associada à atividade física, apresenta efeitos benéficos para a fragilidade e a qualidade de vida. No entanto, mais estudos são necessários em uma gama mais ampla de pacientes com fragilidade (Fairhall et al., 2011). Outras medicações para o tratamento da fragilidade ainda se encontram em estudo, não estando indicadas, no momento, para o emprego na prática clínica. Prevenção Uma vez que o tratamento da síndrome da fragilidade, como se pode ver, é ainda consideravelmente limitado, a sua prevenção, quando possível, é primordial. Embora ainda não existam preditores claros de quem evoluirá para a fragilidade com o avançar da idade, estudos recentes mostram que a avaliação funcional, mesmo em idades mais precoces, é o melhor preditor de fragilidade futura, o que não parece se confirmar para a massa muscular em si (Herman et al., 2009). A prevenção da fragilidade inclui mudanças no estilo de vida (quando indicadas), suspensão do tabagismo, da ingestão excessiva de álcool e da ingestão de substâncias psicoativas, além do tratamento rigoroso de doenças crônicas e rápido de doenças agudas. → Acrescentamos a essas medidas as recomendações próprias para a promoção do envelhecimento saudável, como alimentação balanceada e diversificada, manutenção de atividade física adequada e o uso judicioso de medicamentos (Wahlqvist e Saviage, 2000). Para a prevenção secundária devem ser considerados, além dos itens anteriores, a prevenção de quedas, a correção de perdas com órteses e a reposição de vitaminas e minerais quando apropriado, além do tratamento judicioso de condições crônicas, dentro da visão integrada da Geriatria e Gerontologia. Referência: Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2016. Segundo Robbins, podem-se resumir as causas de perda de peso em idosos com o mnemônico dos nove "Ds": → Dentição (próteses dentárias mal-adaptadas, dor ao mastigar, diminuição do paladar, lesões gengivais); → Disgeusia (perda do olfato e do paladar com a idade, efeito de drogas); → Disfagia; → Diarreia; → Doença; → Depressão; → Demência (perda progressiva dos instintos de sede e fome); → Disfunção (perda de ente querido, condições socioeconômicas precárias, dependência); → Drogas. Estão envolvidos, muitas vezes, um ou mais fatores. Referência: DE MACEDO, Antonio Vaz; DA COSTA ROCHA, Manoel Otávio. Avaliação e tratamento da perda de peso involuntária e significativa. Rev Med Minas Gerais, v. 20, n. 1, p. 115-123, 2010. Objetivo 3 - Definir e entender a funcionalidade do protocolo “nove D’s”. https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf
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