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INSPEÇÃO No início da inspeção o abdome deve ser dividido em quatro quadrantes ou nove regiões. QUADRANTES – traça-se uma linha vertical e horizontal imaginárias que se cruzem perpendicularmente na cicatriz umbilical. Os quadrantes formados são denominados: quadrante superior direito, quadrante superior esquerdo, quadrante inferior direito e quadrante inferior esquerdo. REGIÕES – traçam-se duas linhas verticais a partir das linhas hemiclaviculares e duas linhas horizontais, uma a partir do final do rebordo costal e das cristas ilíacas. As regiões são: hipocôndrio direito, flanco direito, fossa ilíaca direita, epigástrio, mesogástrio, hipogástrio, hipocôndrio esquerdo, flanco esquerdo e fossa ilíaca esquerda. Depois da divisão em quadrantes ou regiões, deve-se investigar a presença de lesões elementares da pele, circulação venosa colateral superficial, coloração da pele, presença de estrias, manchas hemorrágicas, distribuição de pelos, diástase dos músculos retos anteriores, herniações, movimentos peristálticos visíveis e pulsações. Além disso os seguintes parâmetros devem ser inspecionados: Forma e volume do abdome; Cicatriz umbilical; Abaulamentos ou retrações localizadas; Veias superficiais; Cicatrizes da parede abdominal e movimentos; 1I. FORMA E VOLUME DO ABDOME Variam de acordo com idade, sexo e estado de nutrição. Em decorrência de alterações intra- abdominais ou na própria parede abdominal, os seguintes tipos podem ser encontrados: ATÍPICO – abdômen normal, simétrico e levemente abaulado. Também pode ser plano. GLOBOSO – ou protuso, globalmente aumentado, com predomínio nítido do diâmetro anteroposterior sobre o transversal. EX: gravidez avançada, ascite volumosa, distensão gasosa, obesidade, visceromegalias, grandes massas abdominais. BATRÁQUIO – quando há predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior em pacientes em decúbito dorsal (“abdome de sapo”). Pode ser observado na ascite em fase de regressão e é consequência da pressão exercida pelo líquido sobre as paredes laterais do abdômen. EM AVENTAL – pessoas com obesidade de grau elevado, sendo consequência do acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal. A parede pende “como um avental” sobre as coxas do paciente. ESCAVADO – parede abdominal retraída. Pessoas muito emagrecidas, geralmente portadoras de doenças consuntivas (neoplasias malignas do sistema digestivo). II. HERNIAÇÕES ABDOMINAIS Uma hérnia da parede abdominal consiste em uma abertura ou região de fragilidade na parede abdominal através da qual ocorre uma protusão do conteúdo abdominal. A maior parte da parede abdominal é espessa e dura, assim, as hérnias normalmente ocorrem em áreas de fraqueza. Os locais mais comuns para hérnias são: Umbilical; Epigástrica; Incisional; Inguinal e femoral; HÉRNIA UMBILICAL – ocorre ao redor do umbigo. Pode acontecer em muitos bebês pois a abertura para o cordão umbilical não foi fechada completamente e em adultos devido à obesidade, gravidez ou excesso de líquido no abdome. HÉRNIA EPIGÁSTRICA – se formam através de pequenos defeitos naturais na linha média da parede abdominal superior. HÉRNIA INCISIONAL – ocorre por uma incisão cirúrgica na parede abdominal. Desenvolve- se até depois de muitos anos da cirurgia. O diagnóstico de uma hérnia pode ser realizado através de uma manobra simples para que essa hérnia se pronuncie de forma mais adequada. Nessa manobra, é pedido que o paciente sopre o ar com a boca tampada pela mão – expiração forçada presa, manobra de Valsalva. III. SINAL DE CULLEN E DE GREY-TURNER SINAL DE CULLEN – equimose periumbilical, resultante de hemorragia retroperitoneal. Pode surgir na pancreatite aguda e na ruptura de gravidez ectópica. SINAL DE GREY-TURNER – equimose dos flancos. Pode ocorrer na pancreatite necro- hemorrágica e indica grave comprometimento da víscera. IV. CICATRIZES DA PAREDE ABDOMINAL A localização, extensão e forma de uma cicatriz na parede abdominal podem fornecer informações úteis sobre cirurgias anteriores. Flanco direito: colecistectomia; Flanco esquerdo: colectomia; Fossa ilíaca direita: apendicectomia, herniorrafia; Fossa ilíaca esquerda: herniorrafia; Hipogástrio: histerectomia; Linha média: laparotomia; Região lombar: nefrectomia; Linha vertebral: laminectomia. AUSCULTA No exame físico do abdome, a ausculta é realizada antes no exame físico com o objetivo de que os ruídos hidroaéreos (peristaltismo) não seja alterado como ocorre após a percussão e palpação. Deve ser realizada nos 4 quadrantes de forma superficial para avaliar o peristaltismo. Nesse momento do exame físico são avaliados: Presença de peristaltismo (aumento ou diminuição) -> até 4+; o Normal é som de estalidos e gorgolejos (sons de água) com frequência normal de 5 a 34 por minuto. Escutar por 1 minuto. o A pesquisa deve ser feita ao redor da região umbilical, em 4 locais, com dois dedos de diferença. Presença de sopros (artéria renal, aorta e ilíacas); I. CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DA PERISTALSE AUMENTO DA PERISTALSE – diarreia e oclusão intestinal. A obstrução intestinal pode causar o conhecido peristaltismo de luta (. DIMINUIÇÃO DA PERISTALSE – íleo paralítico e obstrução em fase final. Silêncio abdominal. OBS: Borborigmo = gorgolejo alto e prolongado, representa aumento da motilidade intestinal. II. SOPROS Os sopros auscultados no abdômen podem ter origem na artéria renal (ARD e ARE), na aorta abdominal ou nas artérias ilíacas (AICD e AICE). Podem ser causados por estreitamento da luz, aneurismas, compressões arteriais ou por fístulas arteriovenosas. A ausculta deve ser realizada de acordo com o trajeto da aorta e seus ramos. PALPAÇÃO Realizada com o paciente em decúbito dorsal, usando-se a técnica da palpação com a mão espalmada. Lembrar de aquecer as mãos e sempre iniciar pela área na região oposta à da queixa do paciente – avaliação das 9 regiões. A palpação vai ser dividida em superficial e profunda. Após essas duas vão ser analisados fígado, vesícula e baço. Porém, em condições normais não se consegue distinguir pela palpação todos os órgãos intra-abdominais. I. PALPAÇÃO SUPERFICIAL Estudo da parede abdominal e das vísceras que podem alcançar a parede. Investiga os seguintes fatores: Sensibilidade – dor; Resistência da parede; Continuidade da parede abdominal; Pulsações; Reflexo cutâneo-abdominal; Herniações; Diástase do músculo reto abdominal (manobra de Valsalva); Manobra de Smith-Bates; Avaliar limites inferiores das vísceras maciças (fígado e baço); Presença de massas, nodulações superficiais e consistência da pele. Existem alguns pontos que podem que costumam se relacionar com dor: SINAL DE MURPHY – ao se comprimir o ponto biliar, pede-se ao paciente que inspire profundamente. Neste momento, o diafragma fará o fígado descer, fazendo com que a vesícula alcance a extremidade do dedo que está comprimindo a área. Na colecistite aguda, tal manobra desperta uma dor inesperada que obrigada o paciente a interromper subitamente a inspiração. SINAL DE ROVSING – compressão progressiva, lenta e contínua do ponto apendicular para averiguar se provoca-se sensação dolorosa. Suspeita de apendicite aguda. SINAL DE BLUMBERG – dor que ocorre à descompressão brusca da parede abdominal. Essa manobra (descompressão rápida) pode ser aplicada em qualquerregião da parede abdominal, e seu significado é sempre peritonite. Ponto de McBurney (união do terço externo com dois terços internos da linha que une a espinha ilíaca anterossuperior à cicatriz umbilical. TESTE DO PSOAS – dor no quadrante inferior direito que ocorre ao fazer flexão ativa ou hiperextensão passiva do membro inferior direito. TESTE DO OBTURADOR – dor no quadrante inferior direito ao se fazer flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve com rotação interna da coxa. II. PALPAÇÃO PROFUNDA A palpação profunda também deve ocorrer em todas as 9 regiões. Algumas estruturas podem ser palpáveis (cólon sigmoide, ascendente, transverso, globo vesical e aorta abdominal). Deve ocorrer pesquisa de massas abdominais, com a determinação de localização, tamanho, bordas, mobilidade, consistência, sensibilidade, superfície, pulsatilidade e expansividade. FÍGADO – deve ser avaliada a borda hepática (fina ou romba), tamanho, regularidade da superfície, sensibilidade, consistência e presença de nodulações. Hepatimetria, palpação bimanual, palpação em garra. BAÇO – delimitar e percutir o espaço de Traube (borda inferior do pulmão esquerdo, borda anterior do baço, rebordo costal esquerdo e margem inferior do lobo esquerdo do fígado). Palpação bimanual ou em garra. O paciente pode se encontrar na posição de Schuster – decúbito lateral direito com o membro inferior esquerdo fletido a 90° e o joelho serve como ponto de apoio sobre a mesa do exame. Não costuma ser palpável, exceto quando atinge duas ou três vezes seu tamanho normal – esplenomegalia. Pode ser causado por: Hipertensão portal; Infecção; Anemia hemolítica, leucemias; Linfoma de Hodgkin e não Hodgkin; Esquistossomose, doença de Chagas, malária, febre tifoide; Colangenoses: artrite reumatoide, LES disseminado. VESÍCULA – palpada através da compressão do ponto cístico (normalmente não é identificada pela palpação). Pesquisa do sinal de Murphy (compressão do rebordo costal direita, durante a inspiração profunda – colelitíase e na colecistite crônica) e o sinal de Courvoisier-Terrier. Regra de Courvoisier-Terrier: a existência de uma vesícula biliar palpável em paciente ictérico é sugestiva de neoplasia pancreática maligna de cabeça do pâncreas. PERCUSSÃO Deve-se percutir sobre os 4 quadrantes ou 9 regiões e analisar o som – deve ser predominantemente timpânico. A partir dela é possível identificar a presença de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. Som normal: maciço (baço e fígado) e timpânico (vísceras ocas – grande parte. Percussão normal: macicez hepática no hipocôndrio direito, timpanismo no espaço de Traube e nas demais regiões. Massas abdominais sólidas ou líquidas (ascite) são maciços; Timpanismo generalizado pode indicar obstrução. ESPAÇO DE TRAUBE – o espaço de Traube normalmente apresenta som timpânico. Porém, em casos esse som pode aparecer como maciço, sendo um indicativo de esplenomegalia. O baço altera a localização desse espaço. HEPATIMETRIA – a medição do fígado pode também envolver a percussão. Pode-se definir o início / borda do mesmo através da mudança do som da percussão (quando chega no hipocôndrio direito fica maciço). MACICEZ MÓVEL DE DECÚBITO – ocorre em casos de ascite de médio volume. Quando o paciente está em decúbito dorsal o líquido acumula-se na região lateral do abdome, revelando timpanismo na região anterior, quando o paciente posiciona-se em decúbito lateral, o líquido desloca- se para o mesmo lado, onde fica maciço e a região acima fica timpânica. SINAL DE GIORDANO – punho-percussão das lojas renais. Se o paciente sentir dor, é positivo e pode indicar pielonefrite aguda. Bate-se levemente na região posterior, lombar – causa dor. SINAL DE JOBERT – percussão do hipocôndrio direito com detecção de timpanismo. É indicativo de pneumoperitôneo (ar na cavidade abdominal). IRRITAÇÃO PERITONEAL Pontos a serem analisados: Sensibilidade á palpação abdominal superficial; Tensão da parede abdominal; Pesquisa de sinal de Blumberg; Pesquisa do sinal de Jobert. SINAIS DE APENDICITE Pontos a serem analisados: Ponto apendicular – McBurney; Pesquisa do sinal do obturador; Pesquisa do sinal do psoas; Pesquisa do sinal de Rovsing. ASCITE LIVRE Pontos a serem analisados: Inspeção – abdômen globoso; Pesquisa do sinal do piparote; Pesquisa da macicez móvel com decúbito. SINAIS DE INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Icterícia; Ascite; Esplenomegalia e hepatomegalia; Circulação colateral; SINAIS HIPERTENSÃO PORTAL Varizes esofágicas; Hematêmese; Esplenomegalia; Ascite; Circulação colateral;
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