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INTRODUÇÃO É um importante problema de saúde pública, que contribuem para taxas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. A transmissão é feita através de hábitos alimentares, baixo nível socioeconômico, condições de vida e de moradia e comportamentos culturais e educacionais. São fortes indicadores do desenvolvimento socioeconômico de um país. Medidas preventivas são condicionantes para a disseminação. Os agravos e complicações são proporcionais à carga parasitária. Agravos e complicações: Obstrução intestinal (Ascaris lumbricoides), desnutrição (Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura), anemia ferropriva (ancilostomídeos) e diarreia e má absorção (Entamoeba histolytica e Giardia lamblia). Quadro clínico: Inespecífico: Anorexia, irritabilidade, alteração do hábito intestinal e dor abdominal. Específico: Prurido anal (Enterobíase) e eliminação de vermes (ascaridíase). Manifestações clínicas que compõem SÍNDROMES. SÍNDROME DE LOEFFLER É uma pneumonite eosinofílica transitória por hipersensibilidade imediata. Está relacionada à migração pulmonar das larvas e parasitas, que fazem um ciclo enteropulmonar, que normalmente duram 2 semanas. Tem caráter benigno. Agentes etiológicos: Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Strongyloides e Ascaris lumbricoides. Ciclo de Loss: Ciclo pulmonar causado pelos parasitas do mnemônico NASA. Quadro clínico: Tosse seca é o sintoma mais comum, febre baixa, dispneia, mialgia, anorexia e urticária ou erupções pruriginosas. Na ausculta pulmonar pode estar presente sibilos migratórios. Há presença de hepatomegalia, reações meníngeas ou erupção pruriginosa. Esse ciclo ocorre em cerca de 10-16 dias: migração da larva pelo pulmão. Achados laboratoriais: Hemograma: Eosinofilia; Parasitológico de fezes: Inicialmente é negativo. Pode-se positivar após 8 semanas do início dos sintomas pulmonares. Raio-X de tórax: Evidencia infiltrado alveolar- intersticial não segmentar, transitório, de caráter migratório, localizado preferencialmente na periferia, mas que pode ter qualquer localização e ser uni ou bilateral. Tratamento: Drogas anti-helmínticas (repetido em 2 semanas) e corticoide (Prednisona) pode ser efetivo na diminuição da inflamação celular e eosinofilia. Tríade de Síndrome de Loeffler: Tosse seca, sibilos e mudança de padrão no raio-x de tórax. ANCILOSTOMÍASE Necator americanus e Ancylostoma duodenale A fase de invasão de larvas promove lesões cutâneas irritativas leves até lesões eritematopapulares. Na migração pulmonar podem ocorrer pequenas parasitoses na infância hemorragias por ruptura de capilares pulmonares. A principal manifestação clínica é a anemia. Tratamento: Albendazol. ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides Quadro agudo: Tosse, irritação traqueal, bronquite, diarreia, hiporexia e dores abdominais. Quadro crônico: Sem sintomas. Diagnóstico: Larvas nas fezes em 21-28 dias após a infecção. Tratamento: Albendazol ou Tiabendazol. ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides (mais prevalente) É a parasitose mais prevalente. Ocasiona lesão tecidual direta e fenômenos obstrutivos. Obstrução intestinal: Obstrução em miolo de pão (peritonite). É a principal complicação dessa parasitose. Verificar história de eliminação do parasita, acúmulo intestinal do parasita, excreção de neurotoxinas que provocam contração do intestino delgado (espasticidade). USG e radiografia são os exames complementares recomendados. Realizar palpação abdominal. Tratamento inicial em caso de obstrução: Jejum, sonda nasogástrica (SNG) de alívio, hidratação parenteral e antiespasmótico. Fazer via SNG: Piperazina (75 a 100mg/kg), óleo mineral (15 a 30mL) e indicar cirurgia se não houver melhora ou se complicações. Tratamento: Albendazol. Áscaris errático: O parasita pode se alojar em habitats anormais, como apêndice cecal (causando apendicite aguda), canal colédoco, boca, narinas, rins, uretra, cérebro e ducto nasolacrimal. OXIURÍASE OU ENTEROBÍASE Enterobius vermiculares O prurido retal, principalmente noturno, é o achado mais clássico. Tende a causar irritabilidade, desconforto e alterações no sono. Pode causar escoriações em região anal e ocasionar infecções secundárias. Outros sintomas: vômitos, dor abdominal, tenesmo e fezes com sangue. Complicações: Salpingite, vulvovaginites e granulomas pélvicos. Diagnóstico: clínico + parasitológico. Swab anal (método de Hall) ou fita gomada (método de Graham). Tratamento: Pamoato de pirvínio, Mebendazol ou Albendazol. GIARDÍASE Giardia lamblia É avaliada como causadora de diarreia tanto aguda como crônica, colaborando para deficiência e má absorção de nutrientes. O paciente apresenta perda de peso, esteatorreia e dor abdominal. Má absorção de gorduras, vitaminas A, D, E, K, B12, ácido fólico, ferro e zinco. A contaminação ocorre por água, legumes, verdura e vegetais contaminados. Diagnóstico: clínico + parasitológico. Tratamento: Metronidazol (7 dias) ou Albendazol (5 dias). AMEBÍASE Entamoeba histolytica Caracterizada pelo quadro de dor abdominal, diarreia, úlceras e colite inflamatória. Diagnóstico: clínico + coprocológico. Tratamento: Etofamida – para doenças não invasivas. Metronidazol – para doenças invasivas. TOXOCARÍASE Toxocara canis É classicamente comum em pacientes muito jovens (2-5 anos) com história de geofagia, ou seja, que gosta de comer terra. Geralmente ocorre por contato com fezes de cães, gatos e outros animais com ovos do parasita. Diagnóstico: clínico + epidemiológico + sorológico. Confirmação: Imunoensaio para antígenos de Toxocara. Larva Migrans Visceral (quadro sistêmico): Febre, anorexia, rash cutâneo, hepatoesplenomegalia e pneumonite. Larva Migrans Ocular (quadro localizado). Tratamento: Larva Migrans Ocular: Albendazol ou Mebendazol + corticoide tópico e fotocoagulação a laser. Demais quadros: Albendazol ou Mebendazol. TRICURÍASE Trichuris trichiura Gera reação inflamatória do ceco e cólon ascendente e pode evoluir com a necrose por liquefação da mucosa intestinal. O pacientes pode ser assintomático e os sintomas são, geralmente, inespecíficos. Sintoma específico: Prolapso retal. Tratamento: Albendazol ou Mebendazol. PREVENÇÃO Educação em saúde: Higiene pessoal e comunitária e cuidados e higiene com alimentos ingeridos. Uso periódico de antiparasitários: divergências na literatura. Albendazol como droga de “amplo” espectro: Indicado de 4 a 6 meses, para casos de ascaridíase, Enterobíase, ancilostomíase, estrongiloidíase e giardíase. Alta prevalência de giardíase: Associar a Metronidazol ou Tinidazol. Prevenção primária: Saneamento básico, manejo adequado do lixo e esgoto, água tratada, higiene pessoal, habitacional e dos alimentos adequada e educação em saúde. Prevenção secundária e terciária: Tratamento dos pacientes acometidos e programa de desparasitação periódica para população vulnerável. Prevenção quaternária: Evitar tratamentos excessivos e solicitar apenas exames necessários. A SBP orienta tratamento preventivo para os pacientes susceptíveis em áreas endêmicas a partir de 1 ano de idade. A cada 6 meses até 5 anos e 1 vez ao ano até os 12 anos de idade. Medicação Dose Mebendazol (a partir de 1 ano) – 100mg/5mL 100mg, via oral, 2x/dia por 3 dias. Repetir após 3 semanas. Albendazol (a partir de 2 anos) – 400mg/10mL 400mg, via oral, dose única. Repetir após 3 semanas. Metronidazol (a partir de 1 ano) 20 a 40 mg/kg/dia, fracionado em 2 ou 3x, por 10 dias. Tiabendazol - 50mg/kg/dia, 2x/dia por 250mg/5mL 2 dias. Repetir após 15 dias. Pamoato de Pirvínio – 400mg/40mL 10mg/kg em dose única, pela manhã, em jejum. Repetir após 15 dias. Dose máxima:800mg.
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