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1 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI HIPERTENSÃO PORTAL ANATOMIA DO SISTEMA PORTA O fígado é a maior glândula do corpo, dividido em lobos direito, esquerdo, quadrado e caudado. Os hepatócitos são organizados em lóbulos clássicos ou ácinos hepáticos. Na organização lobular, os lóbulos são hexagonais, compostos por cordões de hepatócitos, com uma veia hepática centrolobular e espaços portas nos vértices, os quais são compostos por um ramo da veia porta, ramo da artéria hepática e um ducto biliar, formando a tríade portal. Há hepatócitos centrolobulares e hepatócitos perilobulares (são os mais comuns de serem afetados). A veia porta é a principal responsável pela irrigação do fígado, tendo origem através da união da meia mesentérica superior com a veia esplênica, que se une à veia mesentérica inferior (drena para a veia esplênica) antes de formar a veia porta. A rede colateral constituída pela veia coronária (diretamente da veia porta) e pelas veias gástricas curtas (pela veia esplênica), que drenam, através das veias esofagianas e paraesofagianas, para a veia ázigos (no tórax), é a mais importante clinicamente, pois determina a formação das “temidas” varizes esofagogástrica. Dentro do fígado, a veia porta se ramifica em vênulas portais que, por sua vez, se dividem em vênulas distribuidoras, que seguem ao redor da periferia do lóbulo hepático e desembocam nos capilares sinudoides. Os sinusoides são os espaços entre os lóbulos, onde se localizam os capilares sinusoides, separados dos capilares endoteliais pelo espaço de Disse, onde ficam as células de Ito (células estreladas) e onde ocorrem as trocas entre os hepatócitos e sinusoides. Nos sinusoides, há entrada da substâncias presentes no sangue que precisam ser excretadas e saída das proteínas produzidas pelo fígado para a circulação sistêmica. O encontro de dois hepatócitos forma um canalículo biliar, que termina no espaço porta e constitui a primeira porção dos ductos biliares, por onde a bile é transportada até a vesícula biliar para ser excretada nas fezes. Os sinusoides formam as veias centrolobulares, que se fundem às veias sublobulares, as quais convergem formando as veias hepáticas. As veias hepáticas desembocam na veia cava inferior. HIPERTENSÃO PORTAL CONCEITO É um distúrbio hemodinâmico, na maioria das vezes decorrente de hepatopatia crônica, esquistossomose ou cirrose hepática. Tecnicamente, é definida por uma pressão na veia porta > 7 mmHg (normal = 5 a 10 mmHg). O surgimento de varizes ocorre quando PP > 10 mmHg e o surgimento de HDA quando PP > 12. A interrupção do fluxo portal desencadeia desvio de aporte sanguíneo nas vias anastomóticas naturais, em direção à circulação sistêmica. 1 Veias umbilical recanalizada ➔ vasos da parede abdominal; 2 plexos hemorroidários ➔ veias ilíacas internas e pudendas; 3 veias esofagocardiotuberositárias ➔ vasos murais gástricos e esofágicos ➔ sistemas ázigos e hemiázigos ➔ VARIZES DE ESÔFAGO! EPIDEMIOLOGIA A interação entre o fluxo sanguíneo e a resistência vascular pode alterar o sistema porta. Assim, a pressão portal pode aumentar, se houver aumento do fluxo sanguíneo portal ou aumento da resistência vascular ou ambos. A resistência aumentada do fluxo pode ser pré- hepática, pós-hepática ou intra-hepática, sendo esta última responsável por mais de 95% dos casos de hipertensão portal, representadas pelas principais formas de cirrose. Cirrose é a décima segunda causa principal de mortalidade nos Estados Unidos e foi responsável por 30.000 óbitos no ano de 2010. 2 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI As doenças hepáticas crônicas são responsáveis por 4 a 5% de mortes em pessoas na faixa etária entre 45 e 54 anos nos Estados Unidos, onde a incidência anual de novos diagnósticos de doenças hepáticas crônicas é de 72,3 casos por 100.000 pessoas. A esquistossomose mansonica encontra-se distribuída em várias regiões tropicais do globo. O Ministério da Saúde estima em 2,5 milhões o número de pacientes com EM no Brasil. O período do ano de maior índice de transmissão é o verão. Em geral, a faixa etária com maiores taxas de infecção está compreendida entre 15 e 20 anos, período em que também há maior eliminação de ovos nas fezes. FISIOPATOLOGIA A hipertensão portal se baseia no aumento da resistência ao fluxo sanguíneo, que pode ter origem pré-hepática, hepática ou pós-hepática, que levam à congestão no sistema porta, o que provoca a dilatação do sistema venoso como um todo. Por isso, os pacientes com hipertensão portal são classificados como hemodinamicamente compensados, mas não estáveis, pois há uma situação hiperdinâmica do fluxo sanguíneo. Circulação hiperdinâmica: aumento da redução vascular periférica (tecidos com vasos dilatados ➔ vasodilatação esplâncnica, ou seja, vasodilatação das vísceras) ➔ grande quantidade de sangue na veia porta ➔ não consegue distribui-lo ➔ congestão. A pressão (∆P) no sistema portal como em qualquer outro sistema vascular, é o resultado da interação entre o fluxo sanguíneo (Q) e a resistência vascular (R) que se opõe a esse fluxo; é representada pela a lei de Ohm como ∆P= Q x R. Assim, a pressão portal pode aumentar, se houver aumento do fluxo sanguíneo portal ou aumento da resistência vascular ou de ambos. AUMENTO DA RESISTÊNCIA: Na pré-hepática, o aumento da resistência ocorre na veia porta ou tributárias antes de alcançar o fígado. Na intra-hepática, o aumento da resistência pode ser sinusoidal, pré- sinusoidal e pós-sinunoidal. Na pós-hepática, o aumento da resistência ocorre em veias ou compartimentos vasculares que recebem o fluxo sanguíneo portal ao sair do fígado. AUMENTO DO FLUXO SANGUÍNEO: consequente à vasodilatação em órgãos esplâncnicos, que drenam o sangue para a veia porta. Três mecanismos podem contribuir para a vasodilatação periférica, como aumento dos vasodilatadores circulantes, aumento da produção endotelial de vasodilatadores locais e diminuição da resposta a vasocontrictores endógeno. É importante ressaltar, ainda, que o sistema se autoalimenta pela retenção de vasodilatadores esplâncnicos, como o NO que redistribui a volemia de forma a reduzir a perfusão orgânica e a ativar o SRAA, catecolaminas e ADH. A ativação neurohormonal então aumenta o fluxo de sangue na veia porta, aumentando ainda mais a pressão no sistema. ETIOLOGIA HIPERTENSÃO PORTA PRÉ-HEPÁTICA São todas as causas de aumento e pressão na veia porta não associadas a desordens de estruturas localizadas no interior do parênquima hepático. Trombose de veia porta: é a principal causa de hipertensão portal pré-hepática. + comum em crianças e tem origem a partir de uma infecção na veia umbilical. Na população adulta encontramos como causa importante a cirrose hepática e as desordens trombofílicas (estado de hipercoagulabilidade). O diagnóstico geralmente é feito por US-doppler da porta, sendo a RM ou a TC reservadas para caso duvidoso. O tratamento na fase agua é com a anticoagulação. Trombose de veia esplênica: causa a chamada hipertensão porta segmentar. A chave para suspeitar de trombose de veia esplênica é o aparecimento de varizes hemorrágicas de fundo gástrico isoladas, em pacientes com função hepática normal. A presença desse tipo de varizes ocorre pelo fato das veias gástricas curtas, responsáveis pela drenagem do fundo gástrico, serem tributárias da veia esplênica. Tem como sinais clínicos: hipertensão portal, hemorragia por varizes gástricas. A principal causa desta condição é representada pelas doenças do pâncreas. Esplenectomia corrige o distúrbio. Fístula arteriovenosa esplâncnica: as fístulas arteriovenosasno baço e leito vascular esplâncnico podem se manifestar como HP, ascite e HDA por VE. Além de dor abdominal no quadrante superior direito e sopro abdominal. É uma condição rara 3 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI que pode ser congênita, representada pela telangiectasia hemorrágica hereditária (síndrome de rendu-osler-weber), ou adquirida (traumatimos, procedimentos hepáticos, aneurisma de artéria hepática e carcinoma). Se não corrigida cedo causa esclerose dos espaços porta ao logo do tempo e desordem intra-hepática pré- sinusoidal. Esplenomegalia de grande monta: evento raro que ocorre em uma pequena porção de pacientes com esplenomegalia. Causado devido a LMC, linfomas, doença de Gaucher, policitemia severa e metaplasia mieloide. A HP é decorrente do fluxo hiperdinâmico proveniente da veia esplênica a partir do baço absurdamente aumentado. HIPERTENSÃO PORTA INTRA-HEPÁTICA Classificadas de acordo com a zona anatômica de obstrução do fluxo sanguíneo porta dentro do fígado. A HP sinusoidal e pós-sinusoidal deve-se a uma doença do parênquima hepático. A HP pré- sinusoidal resulta de obstrução de pequenos ramos intra-hepáticos da veia porta. SINUSOIDAL: Cirrose Hepática: é a causa mais comum de HP no Brasil e no mundo. As lesões decorrentes de álcool, vírus ou outras causas ativam as células estreladas hepáticas (células de Ito), as quais tem como principal função armazenar vitamina A (retinoides). Devido à perda de seus depósitos de vitamina A, proliferam, desenvolvendo um retículo endoplasmático granular proeminente e secretando matriz extracelular (colágeno) Essa deposição de colágeno no espaço de Disse (onde ficam as células de Ito) leva à perda das fenestrações presentes nas células endoteliais sinusoidais, as quais permitem a passagem das grandes moléculas entre os hepatócitos e circulação sistêmica. Ou seja, esse processo de fibrose causa alteração nas trocas entre o plasma e o fígado, resultando na diminuição do diâmetro do sinusoides. A presença dos nódulos de regeneração comprimindo os sinusoides, a fibrose do espaço de Disse e a contração dos miofibroblastos se encarregam de aumentar a resistência ao fluxo portal hepático. Hepatite Aguda: causa HP transitória. Tem como relação com o grau de colapso dos sinusoides resultante da compressão gerada pela necrose hepática. Hepatite Crônica: ocasiona hepatite lobular, com aumento da deposição de colágeno nos espaços de Disse e comprometimento sinusoidal. PRÉ-SINUSOIDAL: Esquistossomose mansônica: trata-se de doença endêmica no Brasil, causada pelo Schistosoma mansoni. Pode se apresentar de forma aguda (dermatite cercariforme e febre de Katayama) e crônica (formas intestinal e hepatoesplênica). A hipertensão porta está presente nos pacientes cronicamente infestados, em que os ovos do Schistosoma carreados do intestino ao fígado pelo sistema porta, embolizam ainda nas áreas pré-sinusoidais (espaços-porta) devido ao seu tamanho. A deposição destes ovos nas vênulas pré- sinusoidais leva a uma inflamação do tipo granulomatosa. Num segundo momento, desenvolve-se um processo de fibrose periportal, conhecido como fibrose de Symmers, dependente de fatores genéticos e da interação entre linfócitos T e fibroblastos. Outros: síndrome de Banti, sarcoidose, malignidade hepática. PÓS-SINUSOIDAL Doença hepática veno-oclusiva: acomete pequenas veias hepáticas. Observamos deposição de uma matriz rica em fibronectina em torno das veias centrais dos lóbulos (por isso pós-sinusoidal). Manifestações clínicas: icterícia, hepatomegalia congestiva e dolorosa, ascite e varizes esofagianas. HIPERTENSÃO PORTAL PÓS-HEPÁTICA Determinam um aumento da pressão porta como um reflexo de elevações da pressão em sistemas venosos localizados ‘’ acima’’ do fígado, principalmente a veia cava inferior. 4 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI Resulta em hipertensão sinusoidal, fluxo retrógrado na veia porta e acentuação colaterais. Síndrome de Budd-Chiari: Ocorre em consequência à trombose das veias hepáticas, levando a um mecanismo de hipertensão porta pós-sinusoidal, dor no quadrante superior direito com franca ascite, hepatomegalia, icterícia e varizes esofágicas. Está associada com desordens mieloproliferativas (policitemia vera), síndromes trombofílicas (hipercoagulabilidade), gravidez, contraceptivos orais. Obstrução de veia cava inferior: ocasionada geralmente por trombose venosa, tumores, cistos, abscessos e obstrução membranosa por uma ‘’ teia’’. Achados clínicos característicos são: edema de membros inferiores e circulação colateral no dorso. Além disso, evoluem com sintomas de hipertensão portal, associado a hepatomegalia dolorosa. Doenças cardíacas: qualquer aumento de pressão nas cavidades direitas do coração pode ser transmitido sequencialmente para as veias cava inferior, hepática e porta ➔ HP pós-hepática. As causas incluem desde pericardite constrictiva até cardiopatias orovalvares e cardiomiopatias. Possuem evidências de ascite intratável e disfunção hepatocelular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ESPLENOMEGALIA: aumento da pressão no sistema porta é transmitido ao baço pela veia esplênica, levando-o à congestão. Em determinadas situações, o baço aumentado pode protagonizar uma “retenção” de elementos figurados do sangue (conhecida como “sequestro esplênico”) ou mesmo a sua destruição (hiperesplenismo). Em ambos os casos, as consequências serão as mesmas: anemia, leucopenia e trombocitopenia. Normalmente é indolor e não tem correlação com gravidade. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA: disfunção cerebral, normalmente causada por insuficiência hepática, mas no contexto de HP, o mecanismo envolvido são os shunts portossistêmicos. Na cirrose, a amônia se acumula na circulação sistêmica por conta do desvio de sangue gerado pelos vasos colaterais, ou seja, não é metabolizada pelo fígado para ser excretada. A presença de grandes quantidades de amônia no cérebro danifica os astrócitos, células cerebrais de suporte, levando a alterações características da encefalopatia hepática. ASCITE: sua formação se dá pelo extravasamento de linfa hepática para a cavidade abdominal, devido ao aumento excessivo da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica, incapacitando a reabsorção dos fluidos pelos vasos linfáticos e formando a ascite. A ascite é, ainda, agravada com a ativação do sistema RAA, que combinada à vasodilatação e hipertensão portal, gera mais extravasamento de líquido para a cavidade abdominal. O líquido ascítico geralmente é seroso, apresentando menos de 3g/dL de proteína, cuja maior parte é albumina. Quando o líquido apresenta células sanguíneas indica possível câncer intra- abdominal disseminado, enquanto a presença de neutrófilo sugere que há infecção secundária, denominada peritonite bacteriana espontânea (PBE), que é uma das complicações da ascite. A ascite também pode ser complicada pela insuficiência renal funcional, chamada de síndrome hepatorrenal (SHR). → PBE: seu mecanismo envolve a translocação bacteriana, com migração de bactérias do intestino para os linfonodos mesentéricos e outros locais no abdome, o que é propiciado pelo local atingido e as defesas imunes sistêmicas debilitadas pela ascite, além do desvio dos vasos sanguíneos que impede a ação das células de Kupffer. → SHR: é secundária à retenção de sódio, que ocorre devido à ativação do sistema RAA, um reflexo da vasodilatação gerada pela hiperprodução de NO. Com a progressão da hipertensão portal, a vasodilatação se torna mais grave, e com isso há ativação adicional do sistema RAA, resultando em maior retenção de sódio (ascite refratária),retenção de água e vasoconstrição renal, caracterizando a síndrome. SHUNTS PORTOSSISTÊMICOS E CIRCULAÇÃO COLATERAL: são decorrentes da vasodilatação esplâncnica, que possibilita o “desvio” para veias relacionadas anatomicamente. As principais circulações colaterais são: 5 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI A inversão do fluxo pela veia gástrica esquerda em busca do sistema cava preenche, neste percurso, as veias esofagianas e paraesofagianas, formando as “temidas” varizes de esôfago. O aumento da pressão transmitido ao baço pela veia esplênica leva tanto à esplenomegalia congestiva como às varizes do fundo gástrico pelo ingurgitamento das veias gástricas curtas. Também são geradas varizes anorretais graças à anastomose da veia retal superior (tributária da mesentérica inferior) com as veias retais média, inferior e pudenda interna (tributárias do sistema cava). A ligação do ramo esquerdo da veia porta com as periumbilicais (sistema cava), levam à formação da circulação colateral abdominal “tipo portocava” ou cabeça de medusa. A recanalização da veia umbilical (antes colabada e conhecida como ligamento falciforme) pode vir acompanhada de frêmito e sopro, compondo a Síndrome de Cruveillier- Baumgarten. Colaterais no retroperitônio (veias de Retzius) podem ser formadas, principalmente nas mulheres, pela comunicação com vasos ovarianos e veias ilíacas. Outras colaterais podem ser formadas ainda com a veia renal esquerda. DIAGNÓSTICO Baseia-se no exame clínico, exames de imagem e exames laboratoriais, que incluem a análise do líquido ascítico, através da paracentese diagnóstica, e dosagem sérica dos marcadores de doença hepática (TGO, TGP, tempo de protrombina, etc). Há uma elevação mais acentuada de TGO do que de TGP, e ambas geralmente estão abaixo de 300U/L. Elevações em ambas as enzimas acima de 1000U/L indica hepatite aguda viral ou por drogas. ESCORE DE CHILD PUGH ➔ PACIENTES CIRRÓTICOS. Exames Complementares: USG com doppler: é o método de escolha para acessar o sistema porta. EDA: está sempre indicada na suspeita ou após o diagnóstico de HP. A presença de varizes esofagogástricas (esofagiana e/ou gástricas) sela o diagnóstico de HP. Outros exames incluem a USG endoscópica (avalia aspectos das varizes), angio-TC (são capazes de delinear o sistema porta) e angiografia (capaz de delinear a anatomia das colaterais do sistema porta, a patência dos vasos, a presença de aneurismas, fístulas e lesões vasculares intra-hepáticas). TRATAMENTO Reposição de cristalóides ou sangue ➔ Vasoconstritores esplâncnicos (terlipressina, somatostatina ou octreotide) ➔ Antibioticoterapia profilática (norfloxacino) ➔ EDA ➔ ligadura elástica OU escleroterapia OU adesivo tecidual OU tamponamento com balão Sengstaken-Blackmore (eficaz apenas 24h) ➔ TIPS ➔ Propranolol profilático ➔ investigação etiológica. Tratamento profilático com o uso contínuo do propranolol: Objetivo: vasoconstrição esplâncnica ➔ aumenta resistência para diminuir o fluxo que chega ao sistema porta, a fim de diminuir a pressão nesse sistema e consequentemente reduzir risco de sangramento dos vasos colaterais. Limite: redução 25% da FC basal ou efeitos adversos. Hemorragia Digestiva Alta: 6 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI Nos pacientes com sangramento digestivo, é preciso fazer a proteção das vias aéreas com intubação orotraqueal para evitar aspiração nos casos de sangramento maciço ou rebaixamento do nível de consciência. Além disso, deve-se infundir cristaloides e hemoderivados, para evitar anemia e para recuperar o volume perdido, evitando choque hipovolêmico. VASOCONSTRITORES ESPLÂNCNICOS: terlipressina, somatostatina ou octreotide. ANTIBIÓTICO: norfloxacina. ATENÇÃO! Deve-se realizar endoscopia digestiva alta (EDA) NAS PRIMEIRAS 12 HORAS e realizar terapêutica para varizes gastroesofágicas quando esta é a causa, a partir de ligadura elástica, escleroterapia, adesivo tecidual ou tamponamento com balão de Sengstaken-Blackmore (não é terapêutico ➔ é eficaz por apenas 24h). Há, ainda, o TIPS (derivação intra-hepática portossistêmica) que é uma terapêutica endovascular, que faz um desvio do fluxo hepático portal para outro vaso, normalmente veia cava inferior, a fim de diminuir a pressão portal. → Principais indicações do TIPS: hemorragia refratária ou recorrente por varizes esofagogástricas apesar de tratamento clínico endoscópico; ascite refratária. → Principais complicações do TIPS: encefalopatia hepática; estenose do stent (com retorno dos sintomas de HP). Nos casos de doenças hepáticas parenquimatosas crônicas irreversíveis, o tratamento definitivo é o transplante de fígado. Em caso de ascite: restrição de sódio e uso de diuréticos orais. Exemplo: espironolactona, associado ou não a furosemida. Cirúrgico: As principais indicações de tratamento cirúrgico da hipertensão porta incluem: falência do tratamento endoscópico e medicamentoso (na impossibilidade de utilizar o TIPS); sangramento de varizes gástricas ou gastropatia hipertensiva portal; cirurgia de urgência: falência do tratamento endoscópico e farmacológico na fase aguda (na impossibilidade de utilizar o TIPS). São dividias em: derivações portossistêmicas não seletivas (ou totais), que descomprimem a hipertensão presente em todos os territórios do sistema porta; derivações portossistêmicas parciais, que reduzem a pressão porta para níveis próximos a 12 mmHg; derivações portossistêmicas seletivas (compartimentalizados), que descomprimem as varizes na região esofagogástrica, mas mantêm a hipertensão portal nas demais regiões. COMPLICAÇÕES: Peritonite Bacteriana: ocorre na ausência de perfuração de um órgão oco ou foco inflamatório abdominal, como pancreatite aguda ou colecistite. Há translocação bacteriana, com migração de bactérias do intestino para os linfonodos mesentéricos e outros locais do abdome, se propiciando do sistema imune debilitado. Síndrome Hepatorrenal: é secundária a retenção de sódio, que ocorre devido à ativação do SRAA, um reflexo da vasodilatação gerada pela hiperprodução de NO. Com a progressão da HP, a vasodilatação se torna mais grave, e com isso há ativação adicional SRAA, resultando em uma maior retenção de sódio, retenção de água e vasoconstrição renal, caracterizando a síndrome. REFERÊNCIAS: Goldman Cecil Medicina. Bleibel, Wissam et al. Hipertensão portal em adultos. Site do Uptodate.