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LYOTARD The Postmodern condition A linguagem computacional é a vanguarda da linguagem ocidental atual, e ela é dominante. Cada vez mais, produtores de conhecimento te que dominar essa linguagem para produzir conhecimento considerado “relevante”. Relevância essa que obedece a uma lógica própria da linguagem computacional, que na verdade é a ocidental. O conhecimento vira uma commodity: como na era atual o conhecimento é a grande fonte de renda, ele é mercadologizado e deixa de ser um "fim em mesmo", ou um conhecimento de subsistência. A ciência vira então uma arma no arsenal das potências e a tendência é uma disparidade cada vez maior entre países ricos e pobres em grande parte por causa do abismo da produção de conhecimento. Na esteira desse crescimento na importância da ciência e do mercado do conhecimento, até o estado passa a ser visto como um obstáculo ao fluxo do conhecimento. A nova cara do liberalismo não estará na economia livre, mas na transparência e liberdade de comunicação. Da mesma forma, a questão da legitimação do conhecimento ganha importância extrema, pois passa a fazer parte de um jogo de poder político e econômico. E assim a linguagem científica se interrelaciona cada vez mais (influenciando) a linguagem da ética e da política: todas vindas de uma perspectiva ocidental. A teoria tradicional tende a cair nessa armadilha e servir os interesses da visão de mundo ocidental cegamente; “a teoria crítica tem as armas para evitar esse destino”. Mas a teoria crítica tem sua própria armadilha: a tendência a se tornar uma utopia, uma teoria de protesto de algum grupo social interessado, mas cuja crítica tende a ser vazia, tendenciosa e panfletária. Acesso à informação é e será a grande carta na manga das elites. Quem tiver o acesso à informação – não necessariamente só estados ou grandes empresas – tem o poder. As classes dominantes serão mais e mais a classe dos decision-makers. O antagonismo social será cada vez mais entre redes sociais atomizadas e paralisia burocrática.