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PROPULSÃO E MISTURA DE ALIMENTOS DO TGI Pra você ter um tempo não relativamente rápido pra você fazer a mistura e a propulsão desses alimentos, não pode ser nem um tempo rápido demasiado nem muito lento, tem que ser um tempo ideal pra juntar as enzimas digestivas e promover a absorção correta dos alimentos. Então sempre vai ocorrer, juntamente, vai ocorrer a mistura dos alimentos e também a propulsão. Diferença entre fome e apetite: Fome: vontade de comer em grande quantidade; relativa a quantidade de alimento; Apetite: vontade de alimento específico; tem desejo por alimento escolhido por você; Mastigação: Quando você coloca o alimento na cavidade bocal, inicia-se então a mastigação. E é importante que a mastigação seja correta, pra tentar triturar e cortar os alimentos em pequenas partículas, que quanto maior o tamanho desses alimentos, maior vai ser a atuação dessas enzimas nesses alimentos para realizar de forma correta a digestão e a absorção. Todos os músculos da mastigação são inervados pelo quinto par craniano que é o nervo trigêmeo, quando o alimento chega na cavidade bucal, ele vai relaxar todos os músculos da mastigação, ocasionando uma queda da mandíbula e, depois, uma contração de rebote. Então, pra receber os alimentos a mandíbula abaixa e depois ela se eleva, tentando cortar e triturar esses alimentos, junto, principalmente, com dois tipos de dentes que vão cortar, que são os incisivos e os que vão triturar que são os molares. Esses são os dois principais que vão tentar, praticamente, deixar os alimentos em pequenas partículas para facilitar depois a deglutição, que é o chamado reflexo mastigatório, na hora do recebimento do alimento e a contração de rebote, na hora de você contrair os músculos da mastigação e promover o corte e a trituração desses alimentos, isso aumentando a área de atuação de todas as enzimas que vão ser, principalmente, atuantes no intestino delgado. A partir do momento que você faz essa mastigação correta desses alimentos, você vai promover a deglutição. Deglutição: É dividida em: Fase voluntária: voluntariamente você passa esses alimentos para a cavidade faríngea; Fase faríngea: alimentos passam para a faringe; Há na verdade uma forma de selecionar os alimentos. Eles saem da cavidade bucal e vão para a faringe; isso vai ocasionar como se fosse um túnel para selecionar os alimentos, através da limitação do seu tamaho, que é a chamada fenda sagital -uma aproximação das pregas palatofaríngeas- e isso, quando esse alimento passa por esse túnel/fenda sagital e chega na faringe, vai ocorrer a elevação do palato mole, fechando as vias nasais, evitando que o alimento chegue nessas vias. Além disso, como é o local em que também ocorre a respiração, você vai ter que fechar de alguma forma a traquéia para evitar a chamada broncoaspiração, ou seja, que o alimento invés de chegar ao esôfago, vá para a árvore respiratória. Então vão ocorrer também o fechamento da traquéia e o relaxamento do esfíncter esofagiano superior, que é o músculo que fica entre a faringe e o esôfago superior, fazendo esse relaxamento, vai abrindo o espaço para o alimento passar da faringe para o corpo esofagiano. E essa contração que começa da faringe, continua no esôfago chamado onda peristáltica, tudo isso controlado, principalmente, pelo centro de deglutição (bulbo e ponte). Então é importantíssimo isso, essa fase de mastigação e deglutição dos alimentos dura cerca de 6 segundos apenas, é muito rápido porque você inibe a respiração nesse momento e você nem percebe isso quando você ta se alimentando, vai fechar realmente a traqueia pra evitar que esses alimentos entrem dentro da árvore respiratória. Então é muito rápido isso e se você às vezes não faz uma mastigação de forma correta, não seleciona esse tamanho desses alimentos, pode não dar tempo para você deglutir esses alimentos e eles chegarem de forma correta no seu esôfago. Com isso vão ocorrer os chamados engasgos. Então só visualizando aqui pra vocês, quando você chega com o alimento aqui na cavidade bucal, você realiza a mastigação, tritura e corta os alimentos de forma correta, aqui vai formar uma fenda sagital pra tentar selecionar e impedir que alimentos e partículas maiores passem pra faringe e esse alimento lentamente ele vai passando aqui pra região da faringe e aqui, de forma rápida, é que ocorre a deglutição, com a contração peristáltica, fazendo o fechamento da traquéia, esse fechamento vai, automaticamente, fazer um relaxamento pro esfíncter esofagiano superior e aí esse alimento desce para o esôfago. Aqui pra vocês verem como é que vai fechar a árvore respiratória, as cordas vocais vão se aproximares, aqui a epiglote vai abaixar e a laringe vai se elevar, abrindo a parte superior do esôfago, facilitando a entrada do alimento para o esôfago superior. Então, isso daqui vai ser fechado em torno de 6 segundos. Fase esofágica: continua com a onda peristáltica que veio da faringe, chamada peristaltismo primário -propagação que essa onda peristáltica que vem da faringe-, ajudando o alimento a descer, principalmente se você está sentado ou deitado. Quando o peristaltismo primário não é capaz de levar esse alimento até o estômago - basicamente, a função do esôfago é fazer a conexão da faringe com o estômago, levar o alimento que vem da faringe até o estômago-, você vai ter que lançar mão do peristaltismo secundário, que é a presença do alimento no corpo esofagiano, ocasionando uma distensão do esôfago, que promove uma contração secundária, até que o esôfago seja completamente esvaziado, chegando o alimento até o estômago. Isso controlado, principalmente, pelo plexo mioentérico e pelo nervo vago. Isso daqui é uma coisa simples, mas é muito difícil de ser lembrada quando estamos formados. Cai muito em prova de residência médica. Muitas questões abordam a divisão da musculatura esofagiana. Musculatura esofagiana: 1/3 superior: Musculatura estriada esquelética 2/3 inferiores, principalmente controlada pelo plexo mioentéico: Musculatura lisa. O que é o que nós chamamos de sinais de alarme, quando o paciente tem, são sinais de alarme promovidos pela deglutição e a passagem de alimento no esôfago? Disfagia e Odinofagia. Odinofagia: é a dor ao se alimentar; na hora de você deglutir o alimento, o alimento passar pela faringe, chegando no esôfago ou até mesmo no corpo esofagiano, que promove uma dor nessa região. Disfagia: dificuldade na deglutição e na propagação desse alimento no corpo esofagiano; essa disfagia pode ser para líquido, pastoso e sólido; às vezes começa com alimento sólido e depois evolui para uma fase mais avançada, como por exemplo uma neoplasia de esôfago, uma fase de disfagia líquida; Essas são alterações de alarme, em que esse paciente tem que ser submetido a endoscopia digestiva, para analisar se há alguma alteração mecânica, inflamatória ou algo que possa estar desenvolvendo nesse paciente. Quando essa contração, esse peristaltismo seja ela primária, fortalecido pelo peristaltismo secundário, chega no finalzinho do corpo esofagiano, vai ocorrer um relaxamento receptivo do esfíncter esofagiano inferior. Então vocês perceberam que o esôfago, ele tem na parte superior o chamado esfíncter esofagiano superior, que é aquele músculo que fica geralmente contraído, ligando a faringe ao corpo esofagiano superior. Já o esfíncter esofagiano inferior, ele promove a ligação do esôfago com o estômago, geralmente ele está também contraído, evitando o refluxo gastroesofagiano, ou seja, evitando o alimento do estômago voltar para o esôfago. Mas durante essa deglutição, na fase esofágica, essa contração peristáltica, esse alimento, chegando no esôfago distal, vai ocorrer esse relaxamento para receber esses alimentos e ter essa passagem livre para o estômago. Aqui pra vocêsverem os dois esfincters, principalmente, o esfíncter esofagiano superior e o esfíncter esofagiano inferior, que ta aqui próximo ao diafragma, evitando esse quimo -que é produzido no estômago, tendo o pH relativamente muito ácido- volte para o esôfago, podendo promover queimação. A gente chama isso de queimação retroesternal ou regurgitações. Então isso são sintomas da doença do refluxo e alguns alimentos podem promover o relaxamento desse esfíncter esofagiano inferior ou até mesmo aquele paciente que faz a alimentação de forma incorreta -come em menos quantidades, ingere líquido durante as refeições, se alimenta e logo depois vai deitar-. Então isso facilita muito, principalmente a gravidade, pra esse alimento voltar pro esôfago. É claro que tem alguns alimentos que podem provocar mais, como o café, esse é um alimento danado, que, se usado de forma exagerada, pode provocar sintomas de refluxo. Além do refluxo, tem outras doenças também que podem promover alterações motoras apológicas no corpo esofagiano desse paciente. Acalásia: Aqui pra vocês terem uma ideia, isso aqui é uma radiografia e aqui ó é o corpo esofagiano, essa região, vocês estão percebendo que tem como se fosse um sinal de bico de pássaro aqui nessa região? Que ta muito fino, passando isso aqui que é esse branco, que é o alimento em fase líquido/pastosa tentando chegar no estômago, mas tendo dificuldade, ou seja, esse alimento não ta tendo relaxamento receptivo aqui do esfíncter esofagiano inferior. E isso aqui eu chamo de acalásia, ou seja, você tem uma hipertonia, um aumento do tônus muscular permanente no esfíncter esofagiano inferior. Essa acalásia é principalmente ocasionada pela doença de chagas, isso pode promover essa hipertonia, esse aumento da pressão no esfíncter esofagiano inferior. Ocorre secundariamente a chamada aperistalse no corpo esofagiano, ou seja, você tem alterações motoras do peristaltismo primário e secundário, ocasionado pela própria doença, que promove alterações neuronais, principalmente no plexo mioentérico do corpo esofagiano. E aí as contrações, os peristaltismos são inadequados, além da hipertonia excessiva. Esofagite erosiva: Aqui algumas alterações endoscopias, que lá na endoscopia digestiva alta vocês vão conseguir visualizar, é muito comum em pacientes que tem doença do refluxo gastroesofagiano, que são, principalmente, as inflamações no esôfago distal. Aqui ó, essas linhas aqui, essas erosões, são todas do esfíncter esofagiano inferior. Aqui é o finalzinho do esôfago, já começando a mucosa gástrica, isso que chamamos de junção esofagogástrico, por isso que tem essa mudança de cor. E aqui ó, quando promove o relaxamento, às vezes o esfíncter esofagiano inferior, esse líquido com pH ácido retorna ao esôfago e é capaz de provocar essas alterações. Essas inflamações podem evoluir para metaplasia intestinal, que é uma alteração na mucosa, displasia e neoplasia. Então a doença do refluxo gastroesofagiano, se não tratada corretamente, pode sim evoluir para câncer de esôfago, é claro que numa fase avançada, em um paciente que nunca tratou na sua vida. Esôfago em quebra-nozes/Espasmo esofagiano difuso: Outra alteração esofagiana que pode acontecer são contrações terciárias, ou seja, peristaltismo terciário. O peristaltismo fisiológico é o primário e o secundário, o terciário é quando você tem contrações permanentes em todo o corpo esofagiano, você não é capaz de relaxar esse corpo, o que promove essas contrações terciárias. A gente chama de esôfago de quebra-nozes ou espasmo esofagiano difuso. Isso é uma radiografia, você ingere contraste e percebe esse chamado esôfago quebra-nozes, essas contrações permanentes do esôfago. Isso promove uma dor significativa, que pode confundir uma dor de infarto agudo do miocárdio. Mas certamente, além da dor ele vai ter outros sintomas, como disfagia e otinofagia. Quando esse alimento chega no estômago, isso vai promover o que no estômago? Qual a função principal quando você recebe esse alimento dentro do estômago? Basicamente, é armazenar esses alimentos e transformar esses alimentos em um alimento em fase líquida ou semi-líquida, que só nessa fase você vai conseguir esvaziar o estômago, eliminar aos pouquinhos esses alimentos para o duodeno, para facilitar sua digestão. Então, essa mistura com as secreções gástricas é muito importante e essa mistura é chamada de quimo. Esse quimo, como eu falei -principalmente porque a secreção ácida, a secreção do estômago tem uma grande quantidade de ácido- esse quimo vai ter relativamente um pH ácido e esse alimento tem que continuar com o duodeno, e não retornar ao esôfago se não pode provocar os sintomas como eu comentei com vocês. Esse esvaziamento vai ser em torno de 2 a 4 horas, esse é o tempo do esvaziamento correto do estômago, vai depender da quantidade de alimentos que você ingeriu, o tipo de alimento que você ingeriu, isso vai ocasionar um esvaziamento mais precoce ou um esvaziamento mais tardio. E é claro que tem umas doenças que podem provocar uma lentidão no esvaziamento do estômago, a gente chama isso de gastroparesia e o diabético descontrolado, pode promover uma lentificação no esvaziamento desse estômago. Então a média do esvaziamento é de 2 a 4 horas. Podemos dividir anatomicamente o estômago em corpo proximal, corpo distal e antrogástrico – presente na fase distal do estômago-. Em outros termos, a gente pode dividir também em fundo, corpo, antrogástrico, incisuras angulares -incisuras com pequenas curvaturas- ou também grande curvatura e pequena curvatura, esse é basicamente o estômago do paciente. Corpo: localizado no primeiro e segundo terços do estômago; é onde estão as glândulas que vão produzir o ácido, o bicarbonato, o muco; Antrogástrico: onde vai ter uma contração mais exacerbada para o esvaziamento do estômago; aqui você vai ter uma mistura maior com a produção de certas substâncias gástricas; onde vai ter uma contração maior para promover o esvaziamento lento do estômago para que possa efetivamente, o duodeno conseguir absorver esses alimentos; Além desse armazenamento do alimento, que é uma capacidade que chega até 1,5L. Então aquele paciente que ingere uma quantidade maior de alimento, principalmente, juntamente com líquido, você vai ter aquela sensação de empachamento maior no período pós-prandial. É uma coisa muito comum em alguns pacientes que se alimentam, mastigam muito rápido os alimentos e ingerem líquido durante as refeições. Isso vai promover realmente uma distensão maior e o paciente vai ficar mais sintomático. Então chegou aqueles alimentos ali no estômago, ele vai promover um reflexo vagovagal, que vai relaxar o estômago para tentar receber esses alimentos, principalmente com a redução do tônus da parede, ocasionado pelo sinal do tronco encefálico. Então o ideal é que quando o alimento chega, você vai promover esse reflexo para tentar comandar de forma correta esses alimentos. Entrada de alimentos → Reflexo vagovagal → Tronco encefálico → Redução do tônus da parede → Distensão e Acomodação E no estômago, ele já começa a promover tanto a mistura desses alimentos, como a propulsão, ou seja, levar esse alimento mais a frente. É claro que a mistura e a propulsão vão estar ocorrendo concomitantes em todo o trato gastrointestinal, seja ele estômago, no duodeno, no jejuno, no íleo e no colo. Essa propulsão, essa mistura que ocorre inicialmente antes da propulsão, é iniciada chamada das ondas lentas. Essas ondas lentas irão fazer uma pequena contração, somente para realizar essa mistura desses alimentos, sempre no sentido do corpo para o antro, que é onde vai promover a saída para o duodeno. E aí, quanto mais vai chegando próximo ao antrogástrico, ele vai promovendo um potencial de ação maior, ou seja, ele vai promovendo uma contração mais exacerbada,mais aumentada. E aí vai chegando ali no antro e você vai ter contato com o também chamado esfíncter, que fica entre o estômago e o duodeno, que é o chamado piloro. Esse piloro vai estar, geralmente, contraído com um esfíncter esofagiano superior e o inferior, ele não permite que passe todo esse alimento, que tenha essa contração levando até o antro, ele vai permitindo aos pouquinhos, ele vai ter uma pequena abertura, e aí, em torno de 20 a 30ml, a cada contração vai esvaziando para o duodeno. E o restante desse alimento que não saiu para o duodeno, volta para o corpo e o fundo gástrico, promovendo novamente uma mistura depois provocando a propulsão novamente, chamada retropulsão. (slide) No livro de fisiologia, ele comenta que existe essas contrações da fome, sinceramente, isso pode estar no livro de fisiologia, mas no nosso dia-a-dia a gente sabe que raramente acontece. O paciente pra ter uma contração, uma dor, na região do estômago, associada a questão da fome, ele tem que ter um jejum MUITO longo, mais, geralmente, do que 24 horas, ele vai intensificando depois de 24 horas, chega a uma intensificação de 3 a 4 dias de jejum e depois começa a diminuir a dor novamente. Então, hoje em dia é muito difícil você encontrar uma pessoa que fica 3, 4 dias sem se alimentar até provocar um tipo de dor como essa. O que vai promover, efetivamente, o esvaziamento gástrico é a contração, esse potencial de ação maior, que vai ocorrer no estômago distal. No estômago distal, é onde ta, principalmente, o antro. Esse antro vai ter uma contração forte que a gente chama de bomba pilórica e isso vai promover o esvaziamento lentificado de pequenas porções desse quimo, aos pouquinhos para o duodeno. Essa bomba, então, vai ser o que efetivamente vai provocar esse esvaziamento. E o esfíncter, o músculo que fica entre o estômago e o duodeno, ele que vai controlar esse esvaziamento, ele que vai determinar qual a quantidade de quimo que vai passar para o duodeno. Ele geralmente fica em contração quase o tempo todo, tendo uma pequena abertura para a passagem de 20 a 30ml a cada contração intensa do antro. Aqui pra vocês perceberem, o líquido do alimento chegou aqui no estômago e ele se armazena, principalmente, no corpo e no fundo; ele promove aquela mistura com as substâncias gástricas e isso determina o líquido ou semi-líquido, que aí sim ele vai ter condições de passar para o duodeno. E aí ele vai começar uma contração, essa contração com ondas lentas que começa lá no corpo, ela vai ter uma contração mais acentuada quando vai chegando na parte distal do estômago e aí quando chega nessa parte distal do estômago, que é a chamada bomba pilórica, você tem uma pequena abertura ali do piloro. E aí você elimina em torno de 20 a 30ml a cada contração e o restante é promovida a chamada retropulsão, volta o alimento até o corpo e depois promove de novo a contração até o antro, isso ocorre várias vezes após se alimentar. Interessante que na endoscopia, mesmo o paciente estando de estômago vazio, a gente faz uma insuflação com gás pra gente conseguir ver o estômago todo, aí o estômago entende que tem alguma coisa, que ele precisa esvaziar e aí você vê realmente essa contração mais acentuada ali no antro. Durante a endoscopia vocês vão perceber que essas contrações, esses anéis constritivos, vão tentar eliminar esse gás para o duodeno, como se fosse essa contração. Principalmente em pacientes jovens, a gente consegue visualizar muito bem isso. E para estimular ou até mesmo inibir esse esvaziamento gástrico, tem algumas coisas que são importantes pra vocês, não tanto os fatores gástricos, talvez os fatores duodenais como inibitórios sejam mais importantes. Os fatores gástricos que estimulam o esvaziamento: - Quanto maior o volume, maior o esvaziamento gástrico; - Gastrina: substância produzida pelas células G, no antrogástrico; ela, além de estimular as glândulas gástricas, a produção do ácido HCl, ela também vai estimular a contração/peristaltismo do estômago para o esvaziamento gástrico; além de estimular a secreção, aumenta também a atividade da bomba pilórica; Aqui pra vocês entenderem uma alteração patológica ali no final do estômago. Na esquerda uma imagem normal, da pra perceber ali que tem uma pequena elevação? Esse daqui é o esfíncter entre o estômago e o duodeno, aqui ó, ele permanece geralmente contraído, então ele vai ter uma pequena abertura quando esse alimento chega lá no finalzinho do estômago para eliminar aos pouquinhos esse quimo. Só que algumas vezes pode ter alguma alteração anatômica desse piloro, principalmente quando você tem uma úlcera gástrica, essa úlcera pode, aqui vocês vão perceber, se você tiver uma úlcera nessa região, você pode perfurar para dentro do duodeno e às vezes como na foto da direita, ficar como se fosse duas aberturas para o duodeno, a gente chama isso de duplo piloro, ou seja, o paciente tem o real piloro, mas teve uma úlcera que perfurou para dentro do duodeno, que ficou prejudicado esse esvaziamento pelo estômago. É uma alteração anatômica que vai permanecer nesse paciente pelo resto da vida. Outra coisa que pode acontecer, é, principalmente, em alguns recém-nascidos que nascem com o piloro fechado, ele permanentemente não abre, que é o chamado estenose hiperlórica do piloro. Esse paciente começa a ter vômitos direto, um bebê que não ganha peso. Com uma endoscopia digestiva alta nesse paciente, você percebe que no piloro não tem relaxamento e aí você pode fazer uma cirurgia, quando criança e no adulto pode-se fazer cirurgia ou passar pelo endoscópio o fio guia, com o balão desinsuflado, esse fio guia tem uma balão desinsuflado, chegando no piloro você faz uma insuflação desse balão, você faz como se fosse uma abertura desse piloro. Isso é um tratamento endoscópico dessa hipertrofia. Então além da regulação positiva que promove o esvaziamento gástrico do estômago, os principais na verdade que vão regular o esvaziamento do estômago são os que vão inibir, que são os fatores duodenais, e quais são eles? Fatores propriamente direto do duodeno do estômago, através do plexo nervoso entérico, através também dos nervos extrínsecos quando você tem um estímulo das fibras do gânglio simpático pré-vertebral e depois você manda o estímulo para as fibras simpáticas inibitórias para o estômago. Além disso, controlada pelo nervo vago. E esses fatores seriam qual? Inibem a contração propulsiva do antro e aumenta o tônus do esfíncter pilórico, então você vai inibir na verdade o esvaziamento gástrico com esses fatores duodenais. E quais são os principais fatores? Quando eu falei com vocês que ali no estômago, o quimo era muito ácido, esse quimo quando chega ao duodeno, ele tem que ser neutralizado, ou seja, você tem que produzir substâncias, como o bicarbonato, para tentar neutralizar esse pH, esse pH tem que ficar menos ácido ou até mesmo básico para facilitar a atuação das enzimas e as enzimas produzidas, principalmente, pelo pâncreas, elas não vão ser atuantes em pH ácido, ela precisa de um pH básico. Então, todas as vezes que você tem um grau de acidez maior nesse quimo, isso vai provocar uma certa irritação da mucosa duodenal, que são os dois principais estímulos pra inibir o esvaziamento gástrico, ele fala assim “olha, estômago, espera aí, não esvazia nesse momento que eu to tentando neutralizar o quimo que está aqui pra tentar atuar a minha enzima que vai sendo produzida pelo pâncreas. Então, ele inibe esse esvaziamento até que eu consiga neutralizar esse pH ácido, neutralizar esse quimo irritativo no duodeno. Além disso, quando você tem um esvaziamento maior, uma certa distensão maior do duoeno; quando você tem uma certa quantidade maior, principalmente de proteína, que aumenta muito a osmolaridade do quimo e aqueles outros produtos de degradação de proteína que vão inibiro esvaziamento. Uma das coisas importantes, quando você ingere gordura e essa gordura ultrapassa o estômago e chega ao duodeno, ela estimula a produção de um hormônio, chamado colecistocinina, a secretina e o peptídeo inibidor gástrico. Todos esses hormônios também vão inibir, de uma certa forma, o esvaziamento gástrico. (slide) Chegando esse alimento então no intestino delgado, esse alimento precisa continuar essa contração pra tentar levar esse alimento, pra absorver ali -onde vai ocorrer a maior parte da absorção- e chegar até o colo, onde vão se formar as fezes. No intestino delgado, vai acontecer a mistura e a propulsão quase simultaneamente. Esses movimentos de mistura, chamado de segmentação do intestino, você vai promover movimentos circulares no intestino delgado, tentando misturar esses alimentos e ao mesmo tempo, vai promovendo a peristalse intestinal, chamados de movimentos propulsivos pra tentar ir levando esse alimento ao longo do delgado, até o intestino grosso. Geralmente, sempre no sentido anal, mas rápida proximalmente no intestino delgado e mais lenta na parte distal do intestino delgado. Geralmente desaparece em torno de 3 a 5cm, se você faz uma contração, 3 a 5cm a frente você faz a outra contração. Essa velocidade de movimentação do quimo é de 1cm/min. E aí vem alguns controles neuro-hormonais para estimular ou inibir essas contrações, essa mistura e essa propulsão desse alimento. Alguns sinais são importantes, principalmente o controle hormonal, alguns hormônios aumentam o peristaltismo e alguns outros inibem o peristaltismo. Olha como a gastrina sempre vai aumentar essa motilidade, então a gastrina além de conseguir fazer um estímulo para o esvaziamento gástrico, ela também vai promover o esvaziamento duodenal, ela vai estimular a peristalse duodenal. E outros, como a secretina, é um hormônio que inibe, tanto a motilidade do estômago, como a motilidade duodenal. Aqui como eles colocam no livro de fisiologia, é o chamado surto peristáltico, acho que todo mundo já teve um surto peristáltico na vida. O que que é? É nada mais nada menos que uma infecção intestinal, quando você tem, seja ela por qualquer causa, principalmente, por bactérias, você tem uma irritação da mucosa, com essa irritação o organismo, principalmente o intestino delgado, entende que tem alguma coisa ali irritando a mucosa, ele precisa aumentar a peristalse intestinal para expulsar essa substância que está irritando a mucosa duodenal. Então, esse é o chamado surto peristáltico, você tem a diarreia por isso, porque aumenta muito o peristaltismo devido aquela substância infectada que está irritando a mucosa, então quando aumenta o peristaltismo você tem o chamado surto peristáltico, o que provoca a diarreia. Ou seja, aqueles pacientes que se alimentaram de alimentos infectados, geralmente esse alimento não vai ser absorvido de forma correta, porque não vai dar tempo de você misturar de forma correta esses alimentos e absorver no tempo, de forma correta. Aqui a segmentação, que é o processo de mistura, como se fosse em aspecto de salsicha. Chegando no finalzinho do intestino delgado, o peristaltismo leva o alimento até o íleo distal. Então o intestino delgado tem o duodeno, o jejuno e o íleo. Chegando ao íleo terminal, é onde realmente tem a absorção de diversas substâncias importantes pra gente, como por exemplo o sal biliar, a vitamina B12. Então ele precisa de um certo tempo no íleo terminal para absorver esses alimentos. Chegando lá, ele tem também, outro músculo que fica extremamente contraído pra evitar que esse alimento chegue no final do intestino delgado e já ultrapasse essa barreira, passando pro intestino grosso, que é a chamada válvula ileocecal. Essa válvula, além de evitar que o alimento passe direto para o intestino grosso, evita, também, o refluxo do conteúdo fecal que está no intestino colônico para o intestino delgado, essa na verdade é a principal função dela, que é evitar que aquele alimento que ta no intestino grosso, que já ultrapassou essa barreira, voltar para o intestino delgado. É uma estrutura anatômica que tem, principalmente, uma camada muscular, chamado esfíncter ileocecal, geralmente tem uma leve contração, exceto quando você tem o chamado reflexo gastroileal, que seria o relaxamento do esfincer ileocecal após o envio de um sinal neuronal para o íleo terminal -quando você recebe um alimento no estômago- para o esvaziamento do conteúdo que está no íleo, para o intestino grosso. O controle do esfíncter ileocecal geralmente é muito de acordo com o conteúdo que está no íleo terminal ou que está no intestino grosso proximal, então quando você tem as vezes alguma substância ainda no ceco, alguma substância que pode estar o irritando, você pode inibir esse relaxamento do esfíncter ileocecal, isso também conta em qualquer inflamação que pode originar no ceco, as chamadas apendicites. O apêndice quando está inflamado, não permite que o esfíncter ileocecal se relaxe de forma correta, então a tendência do paciente com apendicite, é que ele fique constipado, tenha dificuldade pra evacuar. Na colonoscopia é possível ver, aqui é a bolsa cecal, aqui está a válvula ileocecal, no fundo do ceco é o apêndice, que basicamente não serve pra nada. E quando há irritação, quando há pus dentro do apêndice, isso pode inibir o relaxamento dessa válvula ileocecal e aí esse conteúdo que está no intestino delgado fica impedido de chegar ao intestino grosso. Não só a apendicite, mas qualquer outra substância que esteja irritando o ceco pode reduzir essa chance de esvaziamento do íleo para o intestino grosso. Então esse alimento ultrapassou o intestino delgado e chegou no cólon -basicamente 100% dos alimentos vão ser absorvidos no intestino delgado, nenhum alimento a não ser água e alguns eletrólitos vão ser absorvidos no cólon. Em torno de 10L que você ingere, contando as substâncias digestivas que você produz mais o que você ingere, em torno de 8,5L vai ser absorvido no delgado, apenas 1,5L vai ser absorvido no intestino grosso. - A maior parte então dessa absorção vai ser no intestino delgado e todas as vezes que você tem, principalmente, uma lesão inflamatória, neoplasia, algo que acometa o intestino delgado, você vai ter substâncias mal absorvidas nas fezes, a gente chama isso de esteatorreia, vão ter restos alimentares, principalmente gordura, presente nas fezes, ou seja, você não está tendo absorção de forma correta no intestino delgado. Já o cólon é basicamente dividido em duas partes: Metade proximal: onde há absorção do restante da água e eletrólitos que não foram absorvidos no intestino delgado; Metade distal: onde há armazenamento e preparação das fezes para que elas sejam evacuadas; é por isso que os pacientes que tem constipação, tem na verdade uma pressão maior ou uma dor maior do lado esquerdo do abdomem, é onde vai ter o acúmulo/armazenamento das fezes. O cólon também precisa promover certo movimento de mistura e propulsão, é claro que menor que no intestino delgado -já que lá é onde tem a maior parte da absorção-. Essas contrações são chamadas de haustrações, é a mesma coisa que as segmentações, apenas com pouca diferença pro intestino delgado. Contrações haustrais = contrições circulares + contrações da Tênias Côlicas Já os movimentos propulsivos, que ocorrem quase simultaneamente ao movimento de mistura, são os chamados movimentos de massa, esses levam os restos fecais até a parte distal do colo, onde vai ser armazenado. E isso, algumas vezes, tem alguns estímulos que vão promover o esvaziamento ou não do cólon ou duodeno, os chamados reflexo gastrocólico ou reflexo duodenocólico. Reflexo gastrocólico: o paciente que tem esse reflexo, brinca-se que é o famoso pato; aquele paciente que acaba de se alimentar, enche o estômago, enviaum estímulo neuronal para o final do intestino cólico para o esvaziamento; após o café da manhã, após o almoço, após o jantar; não quer dizer que seja patológico, são apenas reflexos fisiológicos exacerbados; Reflexo duodenocólico: quando há enchimento do duodeno, há envio de estímulo neuronal para que haja a evacuação; Chegou o alimento no final do intestino colônico para tentar promover a chamada defecação. Na maior parte do tempo o reto vai estar vazio, que é o final do intestino colônico. Quando o reto é preenchido com fezes, ocorre o movimento para a defecação. Existe uma certa angulação anatômica entre o colo sigmoide para tentar impedir que quando essas fezes cheguem ao colon sigmoide, já automaticamente ultrapasse essa barreira e chegue ao reto para ocorrer a defecção, dando um tempo maior para o paciente. Essa passagem do material do reto para o ânus se da, principalmente, por dois esfincters, o esfíncter anal interno, que é, principalmente, preenchido por músculo liso, sendo involuntário e o esfíncter anal externo, o mais próximo do canal anal, que é, principalmente, preenchido pelo músculo estriado, tendo controle consciente e voluntário -ainda bem, se não todas as fezes que chegassem ao reto sairiam invonlutariamente-. Aqui há algumas irritações da mucosa em algumas doenças inflamatórias intestinais, principalmente a Doença de Crohn e a colite ulcerativa, que são importantes. Essas inflamações podem aumentar o peristaltismo do paciente, promovendo o principal sintoma dessas doenças, que é a diarreia. Aqui outros acometimentos que a doença intestinal crônica pode acontecer que é a destruição do esfíncter anal interno e externo, que faz com que o paciente elimine as fezes involuntariamente. Essa destruição pode ser por um abcesso anal, aqui você tem fístulas anais, aqui tem 3 trajetos de fístulas anais. Isso vai promovendo a destruição dos esfíncter interno e externo e aí você tem a chamada incontinência fecal Então existem dois principais reflexos de defecação: Reflexo intrínseco: fezes entram no reto → distensão do reto → estímulo plexo mioentérico → estimulo ondas peristálticas do cólon descendente, sigmoide e reto → aproximação do ânus → relaxamento do esfíncter anal interno (sinais inibitórios do plexo mioentérico) Reflexo parassimpático: fezes entram no reto → distensão do reto → estímulo das terminações nervosas → vão até a medula espinal → retorno através da fibras parassimpáticas (nervos pélvicos) → intensificação das ondas peristálticas + relaxamento do esfíncter anal externo → potencialização do reflexo intrínseco. Os dois reflexos JUNTOS promovem a defecação. Então quando você tem alguma lesão na medula espinal, você não tem esse controle voluntário da eliminação das fezes e aí esse paciente passa a ter incontinência fecal, ocorre em pacientes tetraplégicos, paraplégicos, etc. Obs.: Tenesmo é a sensação de evacuação incompleta; paciente está com o reto vazio, mas sente que ainda tem algo pra evacuar; acontece muito quando há lesões inflamatórias no reto; Escala de Bristol: Usada muito para crianças, pra identificar o tipo de fezes do paciente. 1, 2 e 3 são normalmente de pacientes constipados; 4 é o ideal; 5, 6 e 7 são pacientes com diarreia;