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Amanda Karen - @mundo_fashiion Psicofármacos FARMACOCINÉTICA O que o organismo faz com a droga Envolve os mecanismos de absorção, distribuição, metabolização e excreção do fármaco no organismo. Absorção Os psicofármacos chegam ao SNC através da corrente sanguínea, tendo sua absorção influenciada por diversos fatores, tais como: a) Via de administração Oral; mais utilizada, mais segura, porém mais lenta, pode ser influenciada pela motilidade e pela acidez estomacal, sofre efeito de primeira passagem. Endovenosa; efeito rápido, 100% do fármaco é absorvido, maior risco de efeitos adversos. Sublingual; absorção mais rápida que a oral, evita o efeito de primeira passagem. Intramuscular; permite manter a liberação gradativa do fármaco. b) Circulação sanguínea no local da administração; c) Dose do fármaco; d) Apresentação do fármaco; e) Propriedades físicoquímicas do fármaco (ácidas ou básicas); f) Tipo de transporte; g) Grau de ligação a proteínas transportadoras. Distribuição Influenciada pelo fluxo sanguíneo encefálico e pela BHE. Quanto maior o fluxo sanguíneo encefálico ou maior a lipossolubilidade mais rápido será o efeito do fármaco. Os principais fatores que interferem na passagem das drogas pela BHE são: • A lipossolubilidade (quanto maior, mas fácil a passagem); • O grau de ionização (quanto maior, pior); e • A ligação às proteínas plasmáticas (quanto maior a ligação, menor a disponibilidade de fármaco disponível para a execução do seu efeito). Como a maioria dos psicofármacos são lipossolúveis, estes não encontram dificuldade em atravessar a BHE até o seu sítio de ação no encéfalo. Metabolização Tem como objetivo a conversão dos fármacos, através de reações mediadas por enzimas. As principais vias metabólicas são: a oxidação, a redução, a hidrólise e a conjugação. O principal local de metabolização é o fígado. O sistema de enzimas do citocromo P450 (CYP) é responsável pela inativação e produção de metabólitos da maioria dos psicofármacos. Seis destas enzimas são responsáveis por cerca de 90% de toda a atividade metabólica. São elas: 1A2, 3A4, 2C9, 2C19, 2D6 e 2E1. Há dois processos principais envolvendo sistemas enzimáticos hepáticos: a indução e a inibição. A indução enzimática resulta na aceleração da metabolização do fármaco, reduzindo seus efeitos (ex.: álcool, barbitúricos, anticonvulsivantes e tabaco). A inibição enzimática causa redução da metabolização, aumentando os efeitos e a toxicidade do fármaco (exemplo de drogas inibidoras de enzimas hepáticas: cimetidina, dissulfiram, grapefruit e inibidores seletivos da receptação de serotonina- ISRS). Dessa forma, ocorrem reações de tolerância ou sensibilidade, por meio de reação cruzada, ou seja, o efeito de um fármaco repercutirá no metabolismo de os outros fármacos ou substâncias que se utilizam da mesma via metabólica. Excreção A bile, as fezes e a urina são as principais vias de excreção dos fármacos. Diversos fatores podem influenciar na excreção dos fármacos tais como: a) Alterações na taxa de filtração; b) Inibição da secreção tubular; c) Diminuição na reabsorção; d) Alterações no fluxo urinário, e e) Alterações no pH urinário. Exemplos destas interações são os efeitos da concentração de sódio ou de diuréticos sobre a retenção do lítio pelos rins. Além disso, os psicofármacos também Amanda Karen - @mundo_fashiion podem ser excretados no suor, na saliva, lágrimas e leite materno. FARMACODINÂMICA Refere-se ao que a droga faz ao organismo As principais considerações farmacodinâmicas incluem os mecanismos de ação dos receptores, a curva dose- resposta, o índice terapêutico e o desenvolvimento de tolerância, dependência e abstinência. O receptor pode ser definido como o componente celular ao qual o composto químico do medicamento se liga e a partir do qual se iniciam os efeitos sobre o organismo. Os psicofármacos podem atuar sobre vários sítios moleculares das células encefálicas, muitas vezes mimetizando as ações de neurotransmissores, bloqueando-as, produzindo efeitos opostos ou modulando-as. A curva dose-resposta descreve a resposta ao fármaco em função da dose administrada. A potência clínica do fármaco refere-se à dose necessária para se atingir determinado efeito ao se comparar dosagens distintas entre diferentes fármacos. O índice terapêutico ou janela terapêutica é a medida relativa da toxicidade ou segurança de um fármaco, e é definida como a razão da dose tóxica mediana pela a dose efetiva mediana. Os indivíduos podem ser hiporreativos, normorreativos, ou hiperreativos a um fármaco. alguns pacientes podem apresentar um efeito incomum e inesperado a determinado fármaco. Os indivíduos podem tornar-se menos responsivos a um fármaco com o passar do tempo, processo este denominado de tolerância, adaptação ou dessensi- bilização. Surgimento de dependência física, que nada mais é do que a necessidade de se continuar admi- nistrando o fármaco para evitar o aparecimento de sintomas de abstinência. Antidepressivos A maioria age aumentando a eficiência da neurotrans- missão monoaminérgica (neurônios noradrenérgicos e/ou serotonérgicos e/ou dopaminérgicos), produzindo aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica, consequente à inibição do metabolismo ou ao bloqueio de recaptura neuronal pelos auto- receptores pré-sinápticos. Os efeitos sobre a disponibilidade de monoaminas (catecolaminas – dopamina, norepinefrina, epinefrina...) são imediatos, porém a resposta clínica apresenta um retardo de 3 a 4 semanas. TIPOS Todos os tipos de antidepressivos levam pelo menos duas semanas para produzir efeitos benéficos, embora seus efeitos farmacológicos ocorram imediatamente, indican- do que as alterações adaptativas secundárias são importantes. Inibidores de captura de monoaminas Atuam para inibir a captura de norepinefrina e/ou 5-TH pelas terminações nervosas monoaminérgicas. • Inibidores seletivos da captura da serotonina (5- HT) (ISCSs) Ex., fluoxetina e fluvoxamina. Os ISCSs são mais frequentemente prescritos. Além de demonstrar seletividade em relação à captação de 5-HT, especialmente à norepinefrina, eles são menos propensos, do que os ADTs, em causar efeitos adversos anticolinérgicos, sendo menos perigosos na superdose- gem. Também utilizados para tratar distúrbios da ansiedade e ejaculação precoce. Essa classe de fármacos é bem absorvida quando administrados por via oral, e a maioria possui meia-vida plasmática de 18-24 horas (a fluoxetina atua por mais tempo: 24-96 h). Efeitos adversos a) Náusea; b) Anorexia; c) Insônia; d) Perda de libido; e e) Frigidez. Alguns desses efeitos adversos são resultantes do aumento da estimulação dos receptores 5-HT pós- sinápticos, como resultado de os fármacos aumentarem os níveis extracelulares de 5-HT. Isso pode ser tanto estimulação do tipo de receptor errado de 5- HT, quanto estimulação do mesmo receptor que fornece o benefício terapêutico, porém na região cerebral errada. Amanda Karen - @mundo_fashiion Em combinação com IMAOs podem causar a “síndrome da serotonina”, caracterizada por tremores, hipertermia e colapso cardiovascular, que podem levar à morte. Existem relatos de aumento de agressão e, ocasionalmente, violência, em pacientes tratados com fluoxetina • Antidepressivos tricíclicos (ADTs) clássicos Ex., imipramina e amitriptilina. São quimicamente relacionados com os fenotiazínicos, e alguns têm ações não seletivas de bloqueio de receptores. A maioria tem ação longa, e eles costumam ser convertidos em metabólitos ativos. Usados também para tratar dor neuropática Efeitos adversos a) Sedação (bloqueio de H1);b) Hipotensão postural (bloqueio dos receptores α- adrenérgicos); c) Boca seca, visão embaçada, constipação (bloqueio muscarínico); d) Ocasionalmente, mania e convulsões. e) Risco de arritmias ventriculares. Perigosos em superdosagem aguda: confusão e mania, arritmias cardíacas Passíveis de interagir com outros fármacos (p. ex., álcool, anestésicos, hipotensores e anti-inflamatórios não esteroidais; não devem ser administrados com inibidores da monoamino-oxidase). • Inibidores de captação de serotonina e norepinefrina (ICSNs) Ex., venlafaxina e desvenlafaxina. São relativamente não seletivos para a captação de 5-HT e NE. Efeitos adversos Principalmente devido ao aumento da ativação de receptores adrenérgicos, incluem a) Cefaleia; b) Insônia; c) Disfunção sexual; d) Boca seca; e) Tontura; f) Sudorese; e g) Perda de apetite. No caso de superdosagem, os sintomas mais comuns são depressão do SNC, toxicidade por serotonina, convulsão e anormalidades na condução cardíaca. Foi descrito que a duloxetina é hepatotóxica e, portanto, é contraindicada para pacientes com insuficiência hepática. • Inibidores da captura da norepinefrina Ex., bupropiona, reboxetina e atomoxetina. A bupropiona inibe tanto a captura de norepinefrina quanto a de dopamina (mas não de 5-HT); porém, ao contrário da cocaína e da anfetamina, não induz euforia e, até o momento, não demonstrou nenhum potencial de uso abusivo. É metabolizada em metabólitos ativos. Em doses mais elevadas pode induzir convulsões. A reboxetina e a atomoxetina são inibidores altamente seletivos da captura de norepinefrina, mas sua eficácia na depressão é menor que a dos ADTs. Antagonistas do receptor da monoaminas São não seletivos e inibem uma variedade de receptores, inclusive os receptores α2 -adrenérgicos e 5-HT2. Também apresentam efeito brando sobre a captura de monoaminas. Ex., a mirtazapina e trazodona. Inibidores da monoamino-oxidase (IMAOs) São muito menos usados que outros antidepressivos em razão de seus efeitos adversos e graves interações. Causam um aumento rápido e sustentado do conteúdo de 5-HT, norepinefrina e dopamina, sendo a 5-HT mais afetada e a dopamina menos. O principal efeito dos IMAOs é aumentar a concentração citoplasmática das monoaminas nas terminações nervo- sas, sem afetar grandemente os depósitos vesiculares que são liberados por estimulação nervosa. Efeitos adversos a) Hipotensão postural (bloqueio simpático); b) Efeitos atropínicos (como com os ADTs); c) Ganho de peso; d) Estimulação do SNC, causando agitação, insônia, hepatotoxicidade e neurotoxicidade (rara) A superdosagem aguda causa estimulação do SNC, algumas vezes convulsões. Amanda Karen - @mundo_fashiion E a “reação ao queijo”, ou seja, resposta hipertensiva intensa a alimentos contendo tiramina (p. ex., queijo, cerveja, vinho, carne de gamo, extratos de leveduras ou de soja). Tais reações podem ocorrer até duas semanas após o tratamento ser interrompido. • Inibidores irreversíveis não competitivos Não são seletivos com respeito aos subtipos MAO-A e B Ex., fenelzina, tranilcipromina • Inibidores reversíveis seletivos para MAO-A Ex., moclobemida Agonista do receptor da melatonina • Agomelatina É um agonista dos receptores MT1 e MT2 da melatonina e um antagonista fraco do 5-HT2C. Efeitos adversos Existem relatos a respeito de hepatotoxicidade. MECANISMO DE AÇÃO Alterações adaptativas crônicas Certos receptores de monoaminas, em particular os receptores β1 e α2-adrenérgicos, são consistentemente infrarregulados após o tratamento crônico com antidepressivos. Isso pode ser demonstrado em animais de experimentação pela redução no número de pontos de ligação, bem como pela redução da resposta funcional aos agonistas. Provavelmente, também ocorre infrarregulação no homem, visto que as respostas endócrinas à clonidina, agonista dos receptores α2 - adrenérgicos, são reduzidas pelo tratamento em longo prazo com antidepressivos. A perda de receptores βadrenérgicos, como fator para amenizar a depressão, não se encaixa confortávelmente na teoria, porque os antagonistas dos receptores β- adrenérgicos não são antidepressivos. Em relação à administração aguda, deveríamos esperar a inibição da captura da 5-HT (p. ex., pelo ISCS) para elevar o nível de 5-HT na sinapse, através da inibição da captura deste para o terminal neural. Entretanto, foi observado que o aumento nos níveis de 5-HT sinápticos é menor que o esperado. Isso ocorre em razão da ativação aumentada de 5- HT1A nos receptores da soma e os dendritos dos neurônios da rafe inibem esses neurônios e, assim, reduzem a liberação de 5-HT, anulando, em certa medida, seu efeito inibitório sobre a captação de 5- HT para o interior dos terminais nervosos. Em um tratamento prolongado com esses fármacos, a elevação dos níveis de 5- HT na região somatodendrítica dessensibiliza os receptores 5-HT1A, reduzindo seu efeito inibitório sobre a liberação de 5-HT pelos terminais nervosos. A necessidade de dessensibilizar os receptores 5-HT1A somatodendríticos poderia assim explicar, em parte, o início lento da ação antidepressiva dos inibidores da captação de 5-HT. [A] A liberação de 5-HT é controlada pela ação inibitória de 5-HT sobre os receptores somato-dendríticos 5-HT1A. A inibição aguda da captação de 5-HT resulta no aumento nos níveis extracelulares de 5-HT, porém isso aumenta a inibição somatodendrítica mediada pelos receptores 5-HT1A e, portanto, os níveis sinápticos de 5- HT não aumentam tanto quanto o esperado. Os receptores 5-HT1A eventualmente dessensibilizam-se, resultando na redução da inibição e consequente aumento da liberação de 5-HT. Amanda Karen - @mundo_fashiion [B] A liberação de 5-HT é controlada tanto pela ação excitatória da norepinefrina (NE) nos receptores somato- dendríticos α1-drenérgicos quanto pela ação inibitória sobre os receptores α2-adrenérgicos nas terminações nervosas serotonérgicas. O bloqueio dos receptores α2- adrenérgicos nos neurônios noradrenérgicos (não mostrado) aumenta a liberação de norepinefrina, resul- tando em posterior excitação dos neurônios serotonér- gicos, enquanto o bloqueio dos receptores α2-adrenér- gicos nos neurônios serotonérgicos remove a inibição pré-sináptica, resultando, portanto, no aumento da liberação de 5-HT. Controle noradrenérgico da liberação de 5-HT O bloqueio dos autorreceptores pré-sinápticos α2 nas terminações nervosas noradrenérgicas, ao longo do sistema nervoso central (SNC), reduzirá o mecanismo de retroalimentação negativa da liberação de norepinefrina e, portanto, aumentará a liberação futura de norepinefrina. Além disso, os antagonistas dos receptores α2-adrenérgicos podem, indiretamente, aumentar a liberação de 5-HT. O efeito de um antagonista de receptor α2 -adrenérgico sobre a norepinefrina sináptica e sobre os níveis de 5-HT seria rápido no início e, portanto, essas mudanças, de alguma forma, devem induzir outras respostas adaptativas mais lentas que dariam origem ao demorado desenvolvimento do efeito dos antidepressivos. Expressão gênica e neurogênese O principal interesse encontra-se nas vias de sinalização intracelular, alterações na expressão gênica e sobre a neurogênese. Tem sido dada muita atenção sobre como os antidepressivos poderiam ativar o fator de transcrição CREB, uma proteína de ligação ao elemento de resposta relacionado com o AMPc. Muitos fármacos antidepressivos parecem promover a neurogênese no hipocampo, um mecanismo que poderia ser responsável pelo lento desenvolvimento do efeito terapêutico. INDICAÇÕES E USO CLÍNICO Principalmente para o tratamento de transtornos depressivos; também apresentam eficáciapara o tratamento de: • Transtorno de pânico; • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); • Fobia social; • Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC); • Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Antipsicóticos MECANISMO DE AÇÃO O principal mecanismo de ação terapêutica deve-se ao bloqueio dos receptores de dopamina, tanto das vias mesolímbicas quanto mesocorticais, podendo haver forte bloqueio de todos os subtipos de receptores dopaminérgicos (D1, D2, D3 e D4). TIPOS São classificados em típicos ou de primeira geração, e atípicos ou de segunda geração. Essa divisão está relacionada com o mecanismo de ação. • Típicos Agem predominantemente através do bloqueio dos receptores de dopamina (principalmente D2) ex., clorpromazina, haloperidol • Atípicos Apresentam diversos mecanismos, como o bloqueio dos receptores dopaminérgicos como agonistas parciais e o bloqueio dos receptores de serotonina (principalmente 5- HT2). Ex., clozapina, risperidona INDICAÇÕES E USO CLÍNICO São indicados: Amanda Karen - @mundo_fashiion • Tratamento da Esquizofrenia (episódios agudos, tratamento de manutenção, prevenção de recaídas); • Transtornos delirantes; • Psicoses agudas; • Transtornos esquizoafetivos; • Episódios agudos de mania com sintomas psicóticos ou agitação; • Transtorno bipolar; • Depressão psicótica; • Psicoses induzidas por drogas; • Psicoses cerebrais orgânicas; • Controle da agitação e da agressividade em pacientes com retardo mental ou demência; • Transtorno de Tourette; • Transtorno de personalidade Borderline. A maior diferença entre eles é o perfil de efeito colateral e é com base nisso que, a escolha do antipsicótico costuma ser determinada. Na maioria das circunstâncias, os antipsicóticos atípicos, com exceção da clozapina, são melhores tolerados e causam menos efeitos colaterais. Além disso, os antipsicóticos típicos são relativamente menos efetivos no controle dos sintomas negativos da esquizofrenia, enquanto que os antipsicóticos atípicos agem na melhora dos sintomas positivos. Os antipsicóticos típicos, embora costumem provocar mais efeitos colaterais, podem constituir-se como primeira escolha para o tratamento de quadros psicóticos da fase aguda da esquizofrenia, como coadjuvantes nos episódios maníacos do transtorno bipolar, por serem reconhecidamente eficazes e seguros, e principalmente pelo seu custo mais acessível. EFEITOS ADVERSOS São ocasionados pela ligação e bloqueio dos receptores dopaminérgicos nos núcleos da base e na hipófise. Os efeitos colaterais mais comuns são: a) Distúrbios motores extrapiramidais Sendo os principais acatisia, parkinsonismo, distonias e discinesias tardias b) Distúrbios endócrinos Sendo os principais hiperprolactinemia, galactorréia, amenorreia, ginecomastia e diminuição da libido. Os antipsicóticos podem causar também: • Boca seca; • Visão turva; • Constipação intestinal; • Hipotensão ortostática; • Tontura; • Taquicardia; • Sedação e sonolência; • Diminuição do limiar convulsivo; • Ganho de peso – sendo o principal efeito dos atípicos, ocasionando síndrome plurimetabólica. Estabilizadores do humor MECANISMO DE AÇÃO *Carbonato de lítio – primeiro estabilizador do humor utilizado, considerado padrão-ouro no tratamento dos episódios depressivos e maníacos agudos e na prevenção de recaídas. Estudos sugerem que o lítio aja no controle da oscilação do humor através de efeitos neurotróficos e citoprotetores Os anticonvulsivantes também têm sido utilizados como estabilizadores do humor e apresentam excelentes resultados na abordagem do paciente bipolar. TIPOS 1. Lítio 2. Ácido Valpróico / Valproato 3. Carbamazepina 4. Oxcarbazepina 5. Lamotrigina 6. Topiramato INDICAÇÕES E USO CLÍNICO O Lítio, o ácido valpróico e a carbamazepina são os principais estabilizadores do humor utilizados na prática clínica. O lítio é utilizado como fármaco de primeira linha tanto no tratamento agudo quanto na profilaxia de episódios maníacos e depressivos do transtorno bipolar. O ácido valpróico é tão eficaz quanto o lítio no tratamento da mania e mais eficaz que lítio nos pacientes com ciclagem rápida e com episódios mistos. A carbamazepina é utilizada em pacientes não- responsivos ao lítio, ou que não o toleram bem, no tratamento agudo da mania, na potencialização do efeito do lítio quando a resposta é parcial, e em quadros de agressividade ou de descontrole do impulso. EFEITOS ADVERSOS Amanda Karen - @mundo_fashiion Em todos os 3 principais: a) Ganho de peso; b) Náusea e vômitos; c) Alterações hematológicas Do lítio: • Diarréia; • Disfunções da tireóide; • Alterações cardíacas; • Alterações renais; • Poliúria e polidipsia; • Tremores finos • Reações dermatológicas Do ácido valpróico: • Pirose; • Alopecia; • Tremores finos • Toxicidade hepática • Sonolênica e sedação • Ataxia • Tonturas Da carbamazepina: • Toxicidade hepática • Sonolênica e sedação • Ataxia • Tonturas • Reações dermatológicas O lítio tem uma faixa terapêutica bastante estreita, podendo facilmente atingir níveis tóxicos. Ansiolíticos MECANISMO DE AÇÃO Os benzodiazepínicos (BDZs) agem nos receptores benzodiazepínicos, que são subunidades dos receptores GABAA, facilitando a ação do principal neurotransmissor inibitório do SNC, o ácido gama-aminobutírico (GABA). A ativação destes receptores facilita a ação do GABA, que resulta na abertura de canais de cloreto e incremento do influxo de cloreto no neurônio, o que leva a uma diminuição da excitabilidade neuronal. Já a buspirona, diferente dos benzodiazepínicos, age como agonista parcial dos receptores de serotonina do tipo 1A (5-HT1A), e sobre os receptores de dopamina tipo 2 (D2), atuando tanto como agonista quanto antagonista destes receptores. TIPOS Destacam-se principalmente os benzodiazepínicos: • Diazepam • Clonazepam • Alprazolam • Bromzapam • Lorazepam • Clobazam • Nitrazepam INDICAÇÕES E USO CLÍNICO São indicados: • Transtorno de ansiedade generalizada (BDZ, buspirona); • Transtorno de pânico; • Fobia social; • Insônia; • Dependência ao álcool; • Delirium tremens; Como coadjuvantes na mania, na agitação, na epilepsia e na acatisia. Quase todos os BDZs têm propriedades farmacológicas semelhantes, todos possuem efeitos ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, além de serem relaxantes musculares e anticonvulsivantes. A escolha dos BDZs baseia-se na: • Meia-vida; Que pode ser curta (menor que 5 horas), intermediária (5-24 horas), ou maior que 24 horas, em função da geração ou não de metabólitos ativos produzidos após a passagem hepática. As vantagens dos BDZs de meia-vida longa incluem a necessidade de doses menos frequentes e de sintomas de abstinência menos intensos. As desvantagens são o maior acúmulo de medicação, maior sedação e risco maior de comprometimento psicomotor • Rapidez do início de ação; • Metabolismo; • Potência do fármaco. O uso prolongado de BDZs, ultrapassando períodos de 4 a 6 semanas, pode levar ao desenvolvimento de tolerância, abstinência e dependência. Dessa forma, Amanda Karen - @mundo_fashiion recomenda-se o seu emprego no menor período possível, com a dose mínima necessária. Entretanto, muitos pacientes necessitarão de um tratamento em longo prazo, nestes casos os benefícios dos BDZs, quando bem empregados, superam seus potenciais prejuízos. EFEITOS ADVERSOS a) Sedação e sonolência; b) Fadiga; c) Perda de memória; d) Incoordenação motora; e) Diminuição da atenção e da concentração; f) Desinibição e descontrole; e g) Piora da apneia do sono. Estes efeitos adversossão potencializados quando outras substâncias sedativas e depressoras do SNC, como o álcool, são ingeridas concomitantemente. Alguns pacientes podem apresentar reações paradoxais, como agitação, inquietude, irritabilidade, agressividade e psicose, associadas ao uso dos BDZs Drogas lícitas e ilícitas Essas substâncias produzem, de modo geral, sensações de prazer ou excitação (respostas de recompensa), cuja correspondência cerebral está vinculada às chamadas áreas e circuitos de recompensa do cérebro. As principais estruturas desses circuitos são o nucleus accumbens (NAc), a área tegmental ventral e a amígdala, e o principal neurotransmissor envolvido é a dopamina. Pessoas com transtornos mentais graves são mais propensas a fazer uso e a desenvolver dependência de substâncias, particularmente de maconha e álcool. TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Tem-se o uso contínuo e recorrente de uma substância mantido apesar de problemas significativos que dele decorrem. Vem substituir o termo “depende química”. O indivíduo apresenta: 1. Dificuldade importante ou baixo controle sobre tal uso; (sensação de fracasso) 2. Prejuízos psicossociais e sociais evidentes; 3. Riscos físicos e psicológicos; 4. Fenômenos farmacológicos como tolerância e abstinência. Algumas drogas, como álcool, opioides e benzodiazepínicos, revelam com frequência o fenômeno da tolerância. A abstinência ocorre com frequência em relação a álcool, opioides, cafeína, tabaco, estimulantes (como cocaína e anfetamínicos) e sedativos (como benzodiazepínicos). TRANSTORNOS INDUZIDOS POR SUBSTÂNCIAS São considerados transtornos induzidos a intoxicação e a síndrome de abstinência da substância, além dos vários quadros psicopatológicos que podem ser induzidos pelo uso, como psicoses, quadros de humor (mania ou depressão), quadros ansiosos, delirium e transtorno neurocognitivo. São devido aos efeitos fisiológicos da substância no cérebro. Há uma relação específica entre o uso e a síndroma induzida. Trata-se de quadros geralmente reversíveis que podem durar horas ou dias, mas que não ultrapassam um mês sem o uso da substância. Intoxicação definida como síndrome reversível específica, com alterações comportamentais ou mentais, como prejuízo do nível de consciência (embriaguez, sedação), perturbação da percepção, da atenção, do pensamento, além da agressividade ou humor instável, causados por uma substância recentemente ingerida. Deve-se haver uma diferenciação entre os quadros psicopatológicos graves induzidos por substâncias (ou, menos frequentemente, por síndrome de abstinência) e episódios (de esquizofrenia, mania, depressão) independentes do efeito delas. Usam-se dois parâmetros: 1. Nos quadros induzidos por substâncias (ou pela síndrome de abstinência da substância) Os sintomas devem regredir em, no máximo, até 30 dias após o indivíduo ter cessado o uso. Os quadros induzidos dependem diretamente da ação da substância no cérebro do paciente. Por ex., aquelas que com mais frequência produzem quadros psicóticos induzidos são os alucinógenos (como LSD, cocaína, maconha e anfetaminas) 2. Nos quadros independentes É comum que o episódio já tenha surgido outra vez na vida, independentemente do uso da substância. A duração é superior a 30 dias. Amanda Karen - @mundo_fashiion Com frequência episódios independentes de esquizofrenia, mania ou depressão podem ser desencadeados pelo uso intenso de substâncias ou piorados em sua intensidade. Desencadeado é o transtorno básico, fundamental, ex. a esquizofrenia, e no induzido, o transtorno de base é relacionado à substância. ÁLCOOL Segundo a CID-11, os transtornos devidos ao uso de álcool expressam um padrão de consequências negativas decorrente do uso da substância, inclusive intoxicação alcóolica, uso perigoso, dependência, síndrome de abstinência e transtornos mentais induzidos pelo álcool. Dependência de álcool como a incapacidade de poder regular ou controlar o uso de bebida alcóolica que pode surgir a partir do uso repetido ou contínuo importante. O elemento central é a forte necessidade ou compulsão de usar o álcool, associada à incapacidade de controlar o consumo, com aumento de sua prioridade em relação a outras atividades. Pessoas com dependência geralmente desenvolvem sintomas de tolerância e abstinência. Os transtornos por uso ou devido ao álcool revelam um estado psíquico e físico resultante da ingesta repetitiva durante um período de pelo menos 12 meses. A tolerância está frequentemente presente, mas não é obrigatória. O indivíduo passa a apresentar o comportamento de beber logo pela manhã para aliviar o desconforto de uma abstinência incipiente. A relevância da bebida vai crescendo e é comum que ele negue ou minimize que o álcool é um problema. Síndromes associadas aos transtornos devidos ao álcool: • Delirium tremens • Alucinose alcoolica • Delírio de ciúmes MACONHA A Cannabis (ou substâncias canabinoides) é a droga ilícita mais utilizada no mundo. O princípio ativo mais importante para os transtornos por uso de maconha é o delta-9-tetra-hidrocanabionol (delta-9-THC), que está disponível como dronabinol. Os receptores do THC, denominados receptores CB1, são encontrados em terminais nervosos pré-sinápticos inibidores que fazem sinapse com os neurônios piram- dais. O CB1 está acoplado à proteína G. É interessante que, como ocorreu com os ligantes endógenos dos receptores opioides, foram identificados endocanabi- noides no SNC. Esses compostos, que se ligam ao receptor CB1, são derivados da membrana, sintetizados sob demanda e podem atuar como neuromoduladores locais. Produz efeitos de relaxamento, sensação de prazer, risos espontâneos sem motivos e fome; pode haver distorções da percepção do tempo e espaço, dificuldade na atenção e na concentração, sensação de que os sentidos estão mais aguçados, hiperemia na mucosa conjuntival e boca seca. Nos primeiros usos, podem sentir ansiedade mais ou menos intensa e ter crises de pânico, taquicardia, perturbação da coordenação motora fina ou pensamento confusos. Pessoas com transtorno por uso de Cannabis podem usar a substância o dia inteiro, ao longo de um período de meses ou anos, passando muitas horas do dia sob sua influência. Surgem problemas sociais e das funções cognitivas, com comprometimento das funções executivas frontais. Em indivíduos que usam maconha persistentemente, tem sido relatada tolerância farmacológica e comportamental à maioria de seus efeitos. A interrupção abrupta do uso diário ou quase diário da droga resulta em síndrome de abstinência da substância, como ansiedade, inquietação, irritabilidade, humor deprimido, insônia e redução de apetite. Pode produzir sofrimento significativo e dificuldade em cessar o uso. Uma associação clara entre o uso de Cannabis na adolescência e o risco de desenvolver transtorno psicótico, em particular esquizofrenia. Nesse sentido, a associação entre o uso da droga na adolescência e Amanda Karen - @mundo_fashiion desenvolvimento de psicose ao longo da vida apresenta os índices necessários para a atribuição de causalidade. Uma parte, das pessoas com consumo crônico da substância desenvolve um quadro apático-depressivo semelhante a uma distimia, às vezes denominado “síndrome amotivacional da maconha”. COCAÍNA/CRACK Quando aspirada, a cocaína-pó leva de 1 a 2 minutos para iniciar sua ação, que se prolonga por 30 a 45 minutos. Já a cocaína-crack fumada é absorvida muito rapidamente, agindo no cérebro logo após à inalação da fumaça, cujo efeito intenso perdura por volta de 10 minutos (“barato imediato e intenso, mas de curta duração”). Em função disso, a fissura por voltar a usar o crack émuito intensa, e a dependência produzida por ele é uma das mais graves. Os efeitos imediatos mais frequentes da cocaína são: sensação subjetiva de bem-estar ou euforia, de estar mais ativo, mais alerta, autoconfiante, com mais energia e pensamento acelerado. A cocaína pode produzir um transtorno psicótico induzido pela ação da droga que é sintomaticamente parecido com um surto esquizofrênico ou um episódio de mania psicótica. Podem ocorrer desconfiança (noia), ansiedade e crises de pânico. Na periferia, a cocaína potencializa as ações da norepinefrina e produz a resposta "luta ou fuga" característica da estimulação adrenérgica. A cocaína está associada à taquicardia, hipertensão, dilatação pupilar e vasoconstrição periférica. Evidências recentes sugerem que a habilidade dos reflexos barorreceptores de neutralizar os efeitos hipertensivos pode ser bloqueada. A cocaína é a única, entre os fármacos ilícitos, que pode causar morte não só pela dose, mas também devido à propensão de causar hipertermia. Mesmo pequenas doses de cocaína intranasal bloqueiam a sudoração e a vasodilatação periférica. A percepção do desconforto térmico também diminui. Mecanismo de ação O mecanismo de ação primário dos efeitos centrais e periféricos da cocaína é o bloqueio da captação de monoaminas (norepinefrina, serotonina e dopamina) nos terminais pré-sinápticos dos quais esses neurotransmissores são liberados. Esse bloqueio ocorre pela ligação da cocaína aos transportadores da captação monoaminérgica e, assim, potencializa e prolonga as ações periféricas e no SNC dessas monoaminas. Em particular, o prolongamento dos efeitos da dopamina no sistema cerebral de prazer (sistema límbico) produz a intensa euforia que a cocaína causa inicialmente. O consumo crônico de cocaína esgota a dopamina. Essa depleção desencadeia o círculo vicioso pela compulsão por cocaína, o que temporariamente ali via a depressão intensa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAES, C.; JURUENA, M. Psicofarmacoterapia para o clínico geral. Medicina (Ribeirão Preto), v. 50, n. supl.1, p. 22-36, 4 fev. 2017. CLARK, Michelle A. et al. Farmacologia ilustrada. 5. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2013. 611 p. Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
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