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APG 24 / Kamilla Galiza Objetivos Identificar etiologia e fatores de risco da DPOC e da Asma. Descrever a fisiopatologia da DPOC e da asma, relacionando a seus sinais, sintomas e complicações. Discorrer o diagnostico da DPOC e da asma (exames e seus achados) Relatar as formas de prevenção e tratamento da DPOC e da asma. Diferenciar DPOC de Asma. Definição É uma doença crônica que provoca obstrução e inflamação das vias respiratórias, além de hipersecreção de muco em resposta a estímulos variados. A inflamação crônica está associada à hiperresponsividade brônquica (bronco constrição), que leva a episódios de sibilos, dispneia e tosse, principalmente à noite ou no inicio da manha. Classificação Pode ser dividida em duas grandes categorias: Atópica: quando há evidencias de sensibilização e resposta imunitária a certos antígenos, geralmente em indivíduos que tem historia familiar da doença e apresentam também eczema e renite alérgica. Não tópica: quando não se identifica um alérgeno predisponente. Além dessas formas clássicas, há também: Asma induzida por medicamentos, como a aspirina e outros anti- inflamatórios não esteroides. De forma que ele auxilia na produção de leucotrienos (mediadores pró- inflamatórios). Asma ocupacional, que se manifesta em indivíduos que se expõem no ambiente de trabalho a certas substancias (plásticos, madeira, algodão, tolueno, entre outras). Etiologia Herança genética favorável. Disfunções alérgicas como rinite e eczema. Exposição a substancias infecciosas. Alimentos em lactentes. Infecções por vírus, bactérias e parasitos. Mudanças climáticas abruptas. Exercício físico. Fator emocional. Medicamentos como AAS, dipirona e AINEs. Fatores de risco O principal fator de risco para o desenvolvimento da asma é uma predisposição genética para a produção de uma resposta mediada pela IgE a alérgenos. O IgE é o anticorpo envolvido nas Asma x Dpoc Asma x Dpoc “A FAMÍLÍA QUE CHÍA“ Asma APG 24 / Kamilla Galiza manifestações de reações alérgicas e inflamatórias. Outros fatores incluem o histórico familiar de asma, alergias e exposição pré-natal a fumaça de cigarro e poluição. A gravidade dos casos é afetada por vários fatores, incluindo a genética, idade de manifestação, exposição à poluição, atopia, grau de exposição aos gatilhos, deflagradores ambientais – como fumo e ácaros de poeira – e refluxo gastresofágico ou infecções respiratórias. Fisiopatologia A primeira etapa é a sensibilização. Os alérgenos inalados entram em contato com a mucosa do trato respiratório de forma que são capturados pelas células dendríticas presentes no epitélio brônquico. Essas células tem a capacidade de reconhecer, processar e apresentar os fragmentos alérgenos aos linfócitos T que irão produzir citocinas e fator estimulante de colônia granulócitos-macrófago, caracterizando uma resposta humoral, resultando na proliferação de linfócitos do tipo Th2. Quando ocorre uma nova exposição ao antígeno, ele se liga ao IgE nos mastócitos que liberara mediadores pré-formados. Esses mediadores induzem broncoespasmo, aumento da permeabilidade vascular e produção de muco. Essa reação é denominada de fase imediata e é caracterizada principalmente por obstrução das vias aéreas, mas também pode ocorrer a formação de edema e hipersecreção de muco. A fase tardia ocorre horas após a exposição ao antígeno e tem inicio com a chegada dos leucócitos que induzem a liberação de mediadores produzidos pelos leucócitos, pelo endotélio e por células epiteliais. O eosinófilo também induz essa liberação, o que também causa danos epiteliais. Em indivíduos sensíveis, a reação pulmonar a antígenos pode ser caracterizada por uma resposta imediata isolada, tardia isolada ou a associação de ambas. Os asmáticos atópicos apresentam broncoconstrição, geralmente após duas horas da exposição ao alérgeno (resposta imediata). Cerca de 60% apresentam a resposta tardia (7 horas após exposição) que está associada a HRB e inflamação eosinofílica, e a obstrução das vias aéreas nessa fase é mais prolongada e geralmente mais grave do que a que ocorre na resposta imediata. A inflamação promove a redução do calibre das vias aéreas por edemas da mucosa e presença de secreção, além de HRB com contração exagerada da musculatura brônquica. Esse processo é resultado da interação entre fatores genéticos, ambientais e adquiridos (obesidade, ansiedade, etc.) que estimulam e mantem a inflamação brônquica. Quando ocorrem alterações morfológicas permanentes (remodelamento), além de manter-se o processo todo esse quadro fica ainda mais grave. Nessa fase, a perda de integridade das fibras elásticas também intensifica a broncoconstrição. Manifestações clínicas Dispneia e Sibilância. Tosse seca com expectoração escassa e com desconforto torácico principalmente à noite ou de manhã. Respiração com ajuda da musculatura acessória. Expiração prolongada (indicador de broncoespasmo). Exames diagnósticos Espirometria: obstrução ao fluxo aéreo e Teste com broncodilatador positivo. Teste de broncoprovocação com substancias inespecíficas – poeira APG 24 / Kamilla Galiza domiciliar– ou especificas para pesquisar hiperresponsividade brônquica. Teste de broncoprovocação pelo exercício. Hemograma: eosinofilia na ausência de parasitose intestinal. RX de tórax: diagnóstico diferencial com outras causas de dispneia e tosse. RX e TC dos seios da face: frequente associação da asma com rinite e sinusite. Tratamento A maioria dos pacientes com asma é tratada com dois tipos de medicação: 1. Medicação chamada controladora ou de manutenção que serve para prevenir o aparecimento dos sintomas e evitar as crises de asma. 2. Medicação de alivio ou de resgate que serve para aliviar os sintomas quando houver piora da asma. As medicações controladoras reduzem a inflamação dos brônquios. As principais medicações controladoras são os corticoides inalados isolados ou em associação com uma droga broncodilatador de ação prolongada. As medicações controladoras reduzem o risco de crises de asma e evitam a perda futura da capacidade respiratória. O uso correto da medicação controladora diminui muito ou ate elimina a necessidade da medicação de alivio. Definição É uma doença comum e tratável (não tem cura). Ela é caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo de ar. Etiologia Existem varias causas para DPOC, como tabagismo (e, menos frequente outras exposições inalatórias) e fatores genéticos. Exposição inalatória: de todas as exposições inalatórias, o tabagismo é o principal fator de risco na maioria dos países, embora apenas cerca de 15% dos fumantes desenvolva DPOC clinicamente aparente. O baixo peso corporal, as doenças respiratórias da infância, a exposição passiva à fumaça e a exposição ocupacional a pós ou a substancias químicas inalatórias contribuem para o risco de DPOC, mas tem menor importância quando comparados ao tabagismo. Fatores genéticos: a doença genética causadora mais bem definida é a deficiência de alfa-1 antitripsina, que é uma causa importante e aumenta acentuadamente a suscetibilidade à doença em fumantes. Fatores de risco Tabagismo. Fumaça de lenha. Exposição ocupacional. Infecções respiratórias graves na infância. Irritantes químicos. Fisiologia Envolve bronquite obstrutiva crônica (determinada clinicamente) e enfisema pulmonar (patológica ou radiologicamente) Dpoc APG 24 / Kamilla Galiza Bronquite crônica: agentes nocivos – estimulam macrófagos alveolares– ocorrem recrutamento de neutrófilos – gerando: Inflamação. Hipertrofia e hiperplasia das glândulas produtoras de muco – aumento de secreção. Hipertrofia dos músculos lisos. Destruição parcial da cartilagem brônquica. Fibrose. Enfisema: agentes nocivos – causam uma agressão ao epitélio alveolar – ocorrem recrutamento dos neutrófilos com liberação de elastase leucocitária. A elastase tem capacidade de destruir da parede alveolar - junta um alvéolo no outro e ocasiona uma bolha, assim o alvéolo perde a capacidade de retração elástica – o ar entra e acaba ficando presa na bolha – gera a redução do fluxo expiratório – obstrução do fluxo expiratório de ar. Hipertensão pulmonar: o paciente que tem um bloqueio do fluxo expiratório acaba fazendo hipoxemia crônica – gera vasoconstrição arteriolar – causa aumento da resistência vascular pulmonar. Por causa do processo inflamatório o paciente esta sofrendo, ocorre uma remodelação vascular com aumento da musculatura lisa medial, fibrose da intima e destruição do leito capilar – que também culmina com aumento da RVP. Ocorre um aumento da pressão nas câmaras direitas – pode evoluir com IC – falência do coração direito, quadro conhecido como cor pumonale. Componentes clínicos Bronquite crônica: tosse produtiva por três meses em pelo menos dois anos consecutivos. A tosse é produtiva porque há aumento na produção de muco. Enfisema: termo patológico que descreve algumas mudanças estruturais associadas à DPOC, predomina o quadro de dispneia. Asma: componente de broncoespasmo reversível, comum a vários pacientes com DPOC. Manifestações clínicas Dispneia: é lenta, são anos de evolução / pode vir com limitação progressiva a atividades físicas / percebida como “cansaço”. Produção de escarro: tosse / pigarro. Tosse crônica: principalmente pela manhã. Sibilância: sina de obstrução de via aérea. Na doença avançada Respiração com lábios semicerrados. Uso da musculatura acessória. Posição de tripé. Sinais clínicos e radiológicos de síndrome de hiperinsuflação. Sinais de ICC direita. Baqueteamento digital – pode ser na DPOC, mas não é comum – tem que pesquisar o câncer de pulmão (principal complicação da DPOC). Diagnóstico RX de tórax. Testes de função pulmonar. Segure-se diagnostico pela historia clinica, exame físico e achados de exames de imagem do tórax e é confirmado por testes de função pulmonar. APG 24 / Kamilla Galiza Avaliação inicial Pensar em DPOC se o paciente tiver dispneia, tosse crônica e produção de escarro. Declínio gradual e progressivo nas atividades (mesmo que tenha poucos sintomas respiratórios). Fatores de risco. Espirometria, laboratório e imagem. Espirometria: fundamental para o diagnostico, pois determina a obstrução do fluxo expiratório sem resposta à prova broncodilatador. Laboratório: não existe nenhuma alteração diagnostica especifica, porem é importante avaliar possibilidade de anemia e BNP ou pró-BNP. Além disso, glicemia, função renal, eletrólitos, tireoide e gasometria (hipoxemia, hipercarpnia, alcalose metabólica). Imagem – RX de tórax: sensibilidade baixa para DPOC. Tratamento Objetivos do tratamento: aliviar sintomas, melhorar tolerância aos exercícios, prevenir a progressão da doença, prevenir e tratar exacerbações e reduzir mortalidade. Cessar tabagismo. Broncodilatadores inalatórios, corticoides, ou ambos. Tratamento de suporte – oxigênio terapia. Tratamento da DPOC engloba o tratamento da doença crônica estável e prevenção e tratamento de exacerbações. Aliviar os sintomas de maneira rápida, principalmente, com fármacos beta-adrenérgicos de ação rápida e diminuir as exacerbações com corticoides inalatórios, fármacos beta- adrenérgicos de ação prolongada, anticolinérgicos de ação prolongada, ou uma combinação. A reabilitação pulmonar prevê o treinamento com exercícios estruturados e supervisionados, orientação nutricional e instruções sobre como se cuidar. O tratamento das exacerbações assegura oxigenação adequada e PH sanguíneo próximo do normal, reverte à obstrução das vias respiratórias e trata qualquer causa. Diferenciando conceitos Ambas ocorrem por conta de um gatilho. Na asma esse gatilho é um agente sensibilizante que faz recrutamento de células inflamatórias, vai gerar produção de fatores inflamatórios, ocasionando inflamação e vai cursar com broncoespasmo. Na DPOC, o agente é nocivo para todo mundo, desde que tenha uma exposição suficientemente grande a esse agente, pode desenvolver a doença. Não é com um agente sensibilizador, que só sensibiliza quem tem asma. O agente nocivo também vai ativar células inflamatórias, mediadores inflamatórios e faz inflamação crônica. A diferença da asma para DPOC está no tipo de inflamação. Ambos os tipos vão gerar obstrução ao fluxo respiratório e dispneia com sibilos e tosse. A resposta da asma é reversível, faz broncoespasmo, mas a estrutura do brônquio está preservada e na DPOC é irreversível porque ocorre um remodelamento brônquico, destruição do parênquima pulmonar. Referências Bibliográficas APG 24 / Kamilla Galiza MARTINS, Milton de Arruda CARRILHO. Flair José ALVES, Venâncio Avancini Ferreira CASTILHO, Euclides Ayres de; CERRI Giovanni Guido. Clinica Médica: Doenças Cardiovasculares, Doencas Respiratórias, Emergências e Terapia Intensiva V.2 [S1: s.n.]. 2016. GROSSMAN. Sheila, PORTH, ML. Carol Fisiopatologia 10° ed -RJ. Guanabara Koogan, 2021. BRASILEIRO FILHO. Geraldo. Bogliolo patologia geral.6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. ANGÉLICA. M. et al Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas Doença pulmonar obstrutiva crônica METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAÇÃO DA LITERATURA. GUIMARÃES, Hélio Penna; ASSUNÇÃO. Murillo Santucci Cesar de CARVALHO Frederico Bruzzi de JAPIASSU, André Miguel; VERAS, Kelson Eduardo; NACUL, Flávio Eduardo; REIS, Hélder José Lima AZEVEDO, Rodrigo Palácio de Manual de medicina intensiva: AMIB. São Paulo: Editora Atheneu, 2014. SCHETTINO, Guilherme; CARDOSO Luiz Francisco; MATTAR JR, Jorge; GANEM Fernando. Paciente critico: diagnóstico e tratamento. 2 ed. Hospital Sirio-Libanès Barueri, SP: Manole. 2012.
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