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1 Clínica Cirúrgica 5ºP Heloísa Paraíso Aula 06 1. Conceituar diérese, hemostasia e síntese Tempos Cirúrgicos São procedimentos ou manobras consecutivas realizadas pelo cirurgião, desde o início até o término da cirurgia. De um modo geral as intervenções cirúrgicas são realizadas em quatro (4) tempos básicos. 1) Diérese 2) Hemostasia 3) Cirurgia propriamente dita/Exérese 4) Síntese Obs: Algumas vezes apenas um tempo cirúrgico pode estar presente, como por exemplo, na abertura de um abscesso ou na sutura de um corte ocasionado acidentalmente. DIÉRESE (Dividir, cortar, separar) Separação dos planos anatômicos ou tecidos para possibilitar a abordagem de um órgão ou região (cavitária ou superfície), é o rompimento da continuidade dos tecidos. Classificada em: Incruenta (com laser, criobisturi, bisturi eletro-cirúrgico) e Cruenta (Arranamento, Curetagem Debridamento, Divulsão ou deslocamento). Incruenta/Física Com recursos especiais. Laser: realiza-se por meio de um feixe de radiação, ondas luminosas de raios infravermelhos concentrados e de alta potência. Há vários sistemas laser, mas, o mais utilizado na cirurgia é o laser de CO2, que pode ser facilmente absorvido pela água existente no tecido humano. Crioterapia: Resfriamento brusco e intenso da área a ser realizada a cirurgia (nitrogênio líquido). bisturi elétrico: Realizada com uso do calor, cuja fonte é a energia elétrica. Cruenta/Mecânica Com instrumentos cortantes. Arranamento: indicado para feixes vásculo-nervosos ou pedículos. Cria superfícies irregulares, causa fixação do coágulo Curetagem: raspagem da superfície do órgão (cureta) Debridamento: para remover bridas Divulsão ou deslocamento: Afastamento dos tecidos nos planos anatômicos sem cortá-los (afastadores, tesouras com ponta romba). Escarificação: raspagem superficial, utilizada para coletar material para biópsia Punção: Drenar coleções de líquidos ou coletar fragmentos de tecidos, (agulhas, trocaters) Secção: Dividir ou cortar tecidos com uso de material cortante (bisturi, tesouras, lâminas) = Segmentação de tecidos. 2 Clínica Cirúrgica 5ºP Heloísa Paraíso HEMOSTASIA (hemo=sangue; stasis=deter) Processo pelo qual se previne, detém ou impede o sangramento. Pode ser feito por meio de: Pinçamento de vasos Ligadura de vasos Eletrocoagulação Compressão Hemostasia prévia, preventiva ou pré-operatória Medicamentosa: baseada nos exames laboratoriais Cirúrgica: interromper em caráter provisório o fluxo de sangue para a ferida cirúrgica para prevenir ou diminuir a perda sanguínea (garrote pneumático, faixa de smarch) Hemostasia temporária Feita durante a intervenção cirúrgica para deter ou impedir temporariamente o fluxo de sangue no local da cirurgia (compressão por instrumentais – pinças, aplicação de medicações, uso de hemostáticos). Hemostasia definitiva Obliteração do vaso sanguíneo em caráter permanente (sutura, bisturi – eletrocoagulação, laqueadura, uso de hemostáticos) CIRURGIA PROPRIAMENTE DITA ou EXÉRESE Tempo cirúrgico fundamental, onde efetivamente é realizado o tratamento cirúrgico - momento em que o cirurgião realiza a intervenção cirúrgica no órgão ou tecido desejado, visando o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência, reconstituindo a área, procurando deixá-la da forma mais fisiológica possível. SÍNTESE CIRURGICA (junção, união) Aproximar ou coaptar bordas de uma lesão, com a finalidade de estabelecer a contiguidade do processo de cicatrização, é a união dos tecidos. O resultado da síntese será mais fisiológico quanto mais anatômica for a dierese (separação). Pode ser classificada em: Cruenta: Coaptação, aproximação, união dos tecidos realizada por meio de sutura permanente ou removível. São utilizados instrumentos apropriados : agulhas de sutura, fios de sutura etc... Incruenta: Aproximação dos tecidos, a união das bordas, é feita por meio de gesso, adesivo ou atadura. Imediata: Coaptação ou união das bordas da incisão é feita imediatamente após o término da cirurgia. Mediata: Aproximação dos tecidos, das bordas é feita após algum tempo de incisão ( algum tempo depois da lesão). Completa: Coaptação, aproximação, união dos tecidos é feita em toda a dimensão/extensão da incisão cirúrgica. Incompleta: Aproximação dos tecidos não ocorre em toda a extensão da lesão, mantem-se uma pequena abertura para a colocação de um dreno. 3 Clínica Cirúrgica 5ºP Heloísa Paraíso O processo mais comum de síntese é a sutura que pode ser: Temporária: quando há necessidade de remover os fios cirúrgicos da ferida após fechamento ou aderência dos bordos desta. Definitiva ou permanente: quando os fios cirúrgicos não precisam ser removidos, pois, permanecem encapsulados no interior dos tecidos. 2. Conhecer os nós cirúrgicos (suas partes dos nós cirúrgicos, os princípios gerais para a confecção do nó cirúrgico e os tipos de nós cirúrgicos) NÓS CIRÚRGICOS Os nós cirúrgicos têm extrema importância durante o ato cirúrgico para hemostasia e síntese. Eles podem ser feitos manualmente, com o auxílio de um porta-agulhas ou serem usados ambos, com o primeiro seminó realizado com o porta-agulhas e o segundo com as mãos. Em geral, o nó cirúrgico consta de: Um primeiro seminó ou laçada de contenção (que aproxima, aperta) Um segundo seminó fixador (que fixa o entrelaçamento do fio cirúrgico), que impede o afrouxamento do primeiro. Para segurança acrescenta-se um terceiro seminó, ou até mais seminós. Princípios gerais para confecção do nó cirúrgico: 1) Deve ser firme; 2) Menor volume possível (Cuidado com fios de alta memória); 3) A fricção entre as extremidades do fio deve ser evitada; 4) Tensão excessiva quebra do fio, maior dano tecidual; 5) Após o 1º seminó é necessário manter tração numa das extremidades do fio para evitar perda da laçada. 6) Seminós mais que necessários só adicionam volume ao nó, não aumentando a resistência; Qualidades desejáveis: Não se afrouxe Fácil e rápido execução Mínima quantidade de fio Tipos de nós cirúrgicos: O seminó simples é o primeiro tempo de um nó e a partir dele, cinco tipos de nós cirúrgicos serão descritos: 1. Nó “quadrado” ou antideslizante; 2. Nó deslizante ou comum; 3. Nó duplo ou “nó do cirurgião”; 4. Nó em roseta; 5. Nó por torção; 4 Clínica Cirúrgica 5ºP Heloísa Paraíso Nó quadrado ou antideslizante • Tipo básico de nó utilizado, são realizados dois seminós simples em que duas meias voltas são posicionadas em direções opostas; • Pode ser reforçado; • Quando amarrado não pode ser afrouxado; • ↑ resistência, considerado um nó seguro; Nó deslizante, comum ou torto • Um nó simples sobreposto a outro, ambas as laçadas serão feitas na mesma direção; • Não se constitui um nó seguro; • Como segurança este nó exige, obrigatoriamente, ao menos um terceiro seminó; Nó duplo ou “nó do cirurgião” • 2 entrecruzamentos na formação do 1º seminó + 2º seminó na direção oposta (similar ao nó quadrado) • Propriedade auto-estática, ↑ segurança, ↑ Volume; • É utilizado para ligadura de estruturas importantes; • Maior dificuldade para apertar, possibilitando a quebra do fio; Nó em roseta • Especialmente usado para ancorar as extremidades de fios em suturas intradérmicas; • Frequentemente realizado com auxílio de um instrumento cirúrgicos (técnica mista); • Algumas vezes se interpõe um pequeno segmento de tubo para se evitar que o nó penetre na pele (pela tensão exercida na linha de sutura) 5 Clínica Cirúrgica 5ºP Heloísa Paraíso Nó por torção • Utilizado com fios metálicos; • Geralmente realizado com o uso de pinças; • Suas extremidades devem ser cortadas no sentido perpendicular e encurvadas para dentro da alçade seminós; Técnica para execução dos nós cirúrgicos Os nós poder ser manuais, instrumentais ou mistos. As técnicas podem ser: Manuais - Pouchet Empregando o dedo médio Empregando o dedo indicador - Sapateiro Instrumentais Mistos Lei dos nós (levingston): Movimentos iguais de mãos opostas executam um nó perfeito; A ponta do fio que muda de lado após a execução do primeiro seminó deve voltar ao lado inicial para realizar o outro seminó;
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