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PSICOLOGIA SOCIAL Eliane Dalla Coletta Revisão técnica: Caroline Bastos Capaverde Graduada em Psicologia Especialista em Psicoterapia Psicanalítica Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 P974 Psicologia social [recurso eletrônico] / Daiane Duarte Lopes... [et al.] ; [revisão técnica: Caroline Bastos Capaverde]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-524-0 1. Psicologia social. I. Lopes, Daiane Duarte. CDU 316.6 Psicologia Social_BOOK.indb 2 15/08/2018 15:32:36 Fenômenos atribucionais de causalidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir atribuição de causalidade e locus de controle. Relacionar atribuição de causalidade e motivação. Reconhecer atribuição de causalidade em acidentes e nas relações conjugais. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a teoria da atribuição de causalidade, postulada por Fritz Heider, em 1958. Essa teoria busca entender e expli- car como o ser humano compreende a origem de um evento, ou seja, como esclarece as coisas que ocorrem consigo mesmo e com os outros. Essa busca de compreensão demonstra que o ser humano deseja o controle das situações, bem como o domínio sobre as ações futuras. Assim, foi elaborado um constructo para explicar tal comportamento, o locus de controle. As causas de um evento podem ser atribuídas ao ser humano ou a fatores externos. No primeiro caso, é possível verificar o grau de esforço que alguém despendeu para realizar o evento. Já no segundo caso, é pos- sível indicar uma tarefa ou uma atividade como causa, ou entender que o evento aconteceu devido ao acaso ou a alguma entidade sobrenatural. O modelo atribucional para a motivação de realização, baseado na teoria de Heider, de 1958, afirma que as pessoas recorreriam a quatro elementos causais distintos para avaliar, predizer e explicar um evento: capacidade, esforço, dificuldade da tarefa e acaso. A seguir, além de estudar a atribuição de causalidade, você vai ver alguns estudos que analisam as causas dos acidentes de trabalho e dos sucessos e fracassos das relações conjugais. Atribuição de causalidade e locus de controle As teorias de cognição social estudam como as pessoas formam impressões umas sobre as outras, o que costuma ocorrer com muita rapidez. Considere, por exemplo, as pessoas com as quais você convive mais. Você as observa em várias circunstâncias, não é? Assim, pode confi rmar ou não as primeiras impressões que teve, tornando-as mais complexas. Porém, as impressões nem sempre são totalizadoras, pois apresentam vários hiatos. Usualmente, as pessoas compreendem umas às outras a partir de certos traços de per- sonalidade. Assim, uma pessoa pode ser considerada educada, simpática e afetuosa ou competitiva, invasiva e agressiva, por exemplo. Basta uma impressão formada a partir de um ou dois traços e já é possível atribuir um tipo de personalidade a alguém. No entanto, essas impressões também são frutos de processos internos. Por exemplo: se você for uma pessoa proativa e assertiva, vai formar impressões mais positivas das pessoas do que se tiver características depressivas (FELDMAN, 2015). Para Torres e Neiva (2011, p. 87): [...] as pessoas são percebidas como agentes causais e é importante saber como elas atribuem causas aos comportamentos dos outros e a seus comportamentos. Não só atribuímos causas, como essas atribuições têm profundas influências sobre nossas reações afetivas e comportamentos futuros. Esta é a razão pela qual as atribuições são parte fundamental de nossos pensamentos a respeito dos outros e de nós mesmos. Quando atribuímos disposições ou traços como causas de comportamentos observados, fornecemos toda informação neces- sária para ficar armazenada no schema relativo aos traços, comportamentos e reações afetivas em questão. Para esses autores, os schemas são preconcepões ou impressões que as pesssoas têm umas sobre as outras e também sobre si mesmas. São os enqua- dramentos a respeito de determinada pessoa, caracterizando-a como confiável, amiga, assertiva, emotiva ou agressiva, irritante, etc. Isso demonstra o quanto as pessoas não somente observam e formam impressões, mas possuem a necessi- dade de conectar os acontecimentos, procurando uma relação de causa e efeito. Para a teoria da atribuição da causalidade, as pessoas utilizam os objetos/ situações existentes no seu mundo psicológico para formar padrões causais, indutivos ou dedutivos, relacionando causas e efeitos. Essa atribuição pode ter uma causa interna (traços de personalidade, inteligência, motivação, etc.) ou uma causa externa (sorte, situação, ações de terceiros, etc.). A teoria da contribuição da causalidade foi postulada por Fritz Heider, em 1958, e surgiu Fenômenos atribucionais de causalidade2 da identificação do processo de análise de causa dos eventos ou dos comporta- mentos manifestados. Nesse sentido, o ser humano busca compreender o mundo que o cerca e procura respostas sobre como prever e controlar as situações relacionadas a ele e aos outros. Ao atribuírem causas aos eventos, as pessoas são influenciadas pelas suas necessidades, intuições, anseios e motivações pessoais, bem como por suas características psicológicas. Assim, geralmente partem de uma lógica pessoal, não tendo vinculação e comprometimento com as impressões da realidade (TORRES; NEIVA, 2011). Os schemas e as atribuições são elementos básicos da cognição humana. O modo como você percebe o outro e o modo como percebe a si mesmo en- volvem não somente a atribuição de causas, mas também as reações afetivas e os comportamentos futuros. Segundo Feldman (2015, p. 536): [...] dependendo do tempo disponível, dos recursos cognitivos disponíveis (como a atenção que podemos dispensar ao assunto) e da nossa motivação (determinada em parte pela importância do evento), podemos escolher aceitar a nossa explicação inicial ou procurar modificá-la [...]. Essa necessidade de compreender como o comportamento humano é de- terminado ou influenciado por eventos externos constituiu um amplo campo de investigação da psicologia social. Suas descobertas chegam às áreas de educação, esportes, psicologia clínica e aconselhamento, relações interpessoais, preconceito e estereótipo, psicologia ambiental, psicologia social do trabalho e até metodologia da pesquisa, conforme Torres e Neiva (2011). A percepção das pessoas sobre quem ou o que possui o controle de suas vidas tem a ver com uma expectativa pessoal de atingir resultados almejados no futuro. Assim, foi criado um constructo para explicar tal percepção, o locus de controle. Inicialmente, as pesquisas sobre o locus de controle buscaram elaborar medidas representativas para os aspectos pessoais da vida do sujeito, como a escola, o trabalho, a saúde e o casamento. No entanto, hoje em dia se aceita que o sujeito tem respostas internas a respeito de um tema e externas a respeito de outro, por exemplo. Segundo Torres e Neiva (2011, p. 137): [...] o locus de controle decorreria do processo de aprendizagem social, no qual as experiências de sucesso e de fracasso e as causas atribuídas pelo indivíduo para esses acontecimentos fariam com que ele adquirisse uma percepção rela- tivamente estável a respeito da fonte de controle dos eventos de sua vida [...]. Ou seja, o locus de controle define como as pessoas percebem que as situações são controladas: se internamente (por elas mesmas) ou externamente 3Fenômenos atribucionais de causalidade (por outras pessoas, entidades, destino, sorte, etc.). Se uma pessoa possui um locus de controle preponderantemente interno, sente que tem o controle de sua própria vida e de seu sucesso. Em função disso, exige mais de si e se concentra no seu esforço pessoal para enfrentar seus problemas e desafios. Se o locus de controle é preponderantemente externo, a pessoa sente que fatores externos possuem controle maior sobre sua vida. Por isso, se sente dependenteemocional e funcionalmente de outras pessoas, das entidades, do destino e da sorte, sendo mais afetada por críticas e elogios. Segundo Rodriguez- -Rosero, Ferriani e Dela Coleta (2002, p. 2), “Essa tendência manifesta-se nas expectativas individuais de alcançar resultados desejados no futuro e está relacionada ao comportamento na medida em que esses resultados são percebidos como relevantes para o sujeito e como prováveis de ocorrer [...]”. Para Torres e Neiva (2011, p. 139): [...] a percepção do locus de controle pelo sujeito pode vir a ser o mediador na realização pessoal do indivíduo (achievement), uma vez que as pes- soas precisam necessariamente perceber que seus atos são relevantes à determinação dos eventos para que venham a se engajar nessas atividades. Nesse sentido, o sacrifício, o empenho do sujeito em realizar algo superior ao que já dispõe no momento seria função direta da percepção de que é capaz de determinar as ocorrências, sendo muito duvidosa a participação das pessoas em empreendimentos que elas mesmas não acreditam que possam controlar. Atribuição de causalidade e motivação Os estudos sobre a motivação ocorrem desde o início do século XX. Até hoje, ainda são pesquisadas as razões que levam o ser humano a escolher esta ou aquela ação específi ca. Além disso, há estudos que buscam compreender por que as pessoas iniciam e sustentam determinadas ações em detrimento de outras, bem com qual é o impulso interno que age e por que age de deter- minada maneira. O que leva o ser humano a dar início a uma ação é o tema de diversos estudos científi cos. Sigmund Freud (1856–1939), precursor da psicanálise, apresentou entre 1920 e 1930 a segunda teoria da personalidade, com os conceitos de id, ego e superego. Ele afi rma que no id encontram-se as duas pulsões básicas: pulsão de vida (autoconservação) e pulsão de morte (autodestrutiva, dirigida para fora e manifestada como pulsão agressiva ou Fenômenos atribucionais de causalidade4 destrutiva). As pulsões como desejo e sonho seriam impulsos ou pulsões secundárias, originárias das pulsões básicas. No início de 1930, Skinner (1904–1990) comparou o organismo a uma caixa preta na qual é possível apenas o estabelecimento de relações entre os inputs e outputs. Assim, não se pode saber nada do seu interior, que não é observável. Ou seja, o comportamento é determinado por sua história de reforço positivo e negativo e pelas circunstâncias do ambiente externo. Nesse contexto, os fatores não observáveis, como escolhas, crenças, expectativas e emoções, não são importantes. Os motivos para a ação são controlados por eventos externos, como recompensas, incentivos, punições, etc. No período de 1960 a 1970, os estudos da motivação passaram a privilegiar a cognição humana e a definir a motivação em situações de desempenho. As teorias de Atkinson (1964) e MacClelland (1960 a 1970) conceberam a motivação como traço constante e inconsciente da personalidade, resultante das experiências anteriores (infantis) de aprendizagem. As teorias de Maslow (1971) e Rogers (1963) consideraram que a motivação surge das necessidades básicas do ser humano, que busca um crescimento até a autorrealização. Assim, os eventos/situações que a pessoa enfrenta facilitam ou dificultam o alcance da autorrealização (MARTINI, 1999). Nos anos 1970, as cognições humanas passaram a ter importância maior no estudo da motivação. A ansiedade, a percepção de controle, as atribuições de causalidade, o sucesso e o fracasso, o esforço, o desempenho, a autoestima e a influência do ambiente foram amplamente investigados. Segundo Martini (1999, p. 27): O processo motivacional dá início, dirige e integra o comportamento, sendo um dos principais determinantes do modo como uma pessoa se comporta [...] o uso que uma pessoa faz de suas capacidades depende em grande parte de sua motivação, pois ela afeta a percepção, atenção, memória, pensamento, comportamento social e emocional, além da aprendizagem e desempenho do indivíduo. Nas teorias cognitivas, os estudos demonstraram a presença de dois proces- sos motivacionais: intrínseco e extrínseco. No processo extrínseco, a pessoa está motivada quando a sua meta ao fazer uma atividade é conseguir recom- pensas externas, materiais ou sociais, buscando ser reconhecida, manifestando competência em relação a outras pessoas. No processo intrínseco, a pessoa tem uma motivação interna, de modo que a realização da atividade em si provoca satisfação por ser desafiadora, fascinante e enriquecedora. 5Fenômenos atribucionais de causalidade Uma das causas de eventos estudadas por Weiner (1985 apud TORRES; NEIVA, 2011), um dos representantes da teoria da atribuição de causalidade, foram as crenças pessoais. As crenças individuais exercem importante influên- cia sobre as causas do sucesso e do fracasso no comportamento de realização. Segundo Weiner et al. (1972 apud TORRES; NEIVA, 2011), estabelecer um novo modelo atribucional para a motivação de realização. Tal modelo é baseado na teoria de Heider, de 1958, de que as pessoas recorreriam a quatro elemen- tos causais distintos para avaliar, predizer e explicar um evento envolvendo realização: capacidade, esforço, dificuldade da tarefa e acaso. Posteriormente, outras causas também foram apontadas, como: cansaço, disposição, doenças e influência de outras pessoas. Quanto à relação entre atribuição de causalidade e reações emocionais, os estudos revelaram: [...] que a consequência afetiva decorrente da obtenção de sucesso ou fracasso na realização de uma tarefa variava de intensidade de acordo com a importância do evento, da expectativa do sujeito para tal resultado e da atribuição causal que ele faz à ocorrência [...] (TORRES; NEIVA, 2011, p. 140). Essas reações emocionais diante do fracasso e do sucesso na realização de uma tarefa são provocadas pela experiência anterior da pessoa e pelas causas a que ela atribui o resultado. Consequentemente, essas reações induzem expectativas, motivações e comportamentos futuros. Posteriormente, com mais estudos, chegou-se a outra dimensão, que é a controlabilidade da causa, que diz respeito ao controle volitivo das causas ou não (causas incontroláveis). Causas como habilidade, sorte ou influência de terceiros são vistas como incontroláveis, e o esforço, como controlável. Considerando todas as dimensões do locus, a estabilidade e a controlabilidade de uma atribuição de causalidade dependem em grande parte do significado individual que essa atribuição tem para a pessoa. Isso significa que uma mesma atribuição pode ser vista de formas diferentes por várias pessoas. O esforço, por exemplo, pode representar um traço estável de personalidade (“sou esforçada”) para alguém, mas para outra pessoa pode assumir uma característica situacional (“não me esforcei naquele exame”). Para Martini (1999, p. 38–39), “[...] os teóricos de causalidade estudam como os indivíduos interpretam uma determinada causa numa determinada dimensão [...]”. Nesse sentido, apesar de diferenças, existem impressões consensuais: “[...] apesar das diferenças individuais, há um consenso geral quando se distinguem causas internas ou externas e instáveis ou estáveis e Fenômenos atribucionais de causalidade6 controláveis e incontroláveis [...]”. E as causas, como são explicadas pelos autores? As causas são entendidas a partir de “[...] três dimensões: localização (locus), controlabilidade e estabilidade [...]”. Na esteira dessa compreensão, você ainda pode avaliar se as causas são internas ou externas. Diante disso, considere: “[...] a inteligência/capacidade é vista como uma causa interna, isto é, pertencente ao indivíduo, estável (imutável) e fora do controle do mesmo [...]”. Adicionalmente, é possível analisar o esforço, a dificuldade para uma tarefa e a sorte: “[...] o esforço é concebido como uma causa interna, instável (pode ser alterado) e controlável (monitorado) pelo sujeito [...]”. Além disso, “[...] tanto a dificuldadepara uma tarefa como a sorte são vistas como externas, instáveis e fora do controle do indivíduo [...]” (MARTINI, 1999, p. 38–39). A influência das experiências anteriores sobre a formação das atribuições de causalidade engloba a perspectiva que a pessoa tem das causas de sua autorrealização. Isso também ocorre no caso do desempenho: resultados consolidados num desempenho anterior levam à compreensão de que a causa é estável, e os resultados não consolidados levam à noção de que a causa é instável. As crenças também devem ser consideradas, pois crenças sobre a competência, por exemplo, levam a pessoa a possuir atribuições compatíveis com essas crenças. Como exemplo, você pode considerar as pessoas que se julgam incapazes de algo: elas são propensas a atribuir o fracasso à própria incapacidade, e o sucesso, à sorte (fator externo). As atribuições e o desem- penho anteriores são fundamentais e exercem influência nas expectativas de sucesso e fracasso (MARTINI, 1999). Weiner (2000, 2005 apud TORRES; NEIVA, 2011) propõe duas teorias para explicar as causas a que o indivíduo atribui os próprios comportamentos (teoria da atribuição intrapessoal) e os comportamentos dos outros (teoria da atribuição interpessoal) (Figuras 1 e 2). Para a teoria da atribuição intrapes- soal, o gatilho é o alcance ou não de algum objetivo, que gera reações afetivas positivas ou negativas. Porém, somente um evento negativo, inesperado ou muito importante inicia o processo de atribuição. Os tipos das causas atribuídas apresentam diferentes consequências motivacionais, que são evidenciadas nas expectativas e emoções, determinantes básicos das ações motivacionais. Para a teoria da atribuição interpessoal, a atribuição parte da percepção relacio- nada aos outros. O evento é um comportamento de outra pessoa que desperta a atenção, provocando uma busca pelo que causou tal ação. Os gatilhos são os mais diversificados eventos, como você pode ver na Figura 2: o sucesso 7Fenômenos atribucionais de causalidade ou o fracasso em tarefas, as doenças, os pedidos de ajuda, etc. A atribuição de causa, no entanto, é somente uma atribuição ao outro como responsável ou não pelo evento, aparecendo posteriormente a reação afetiva de raiva (se o outro for percebido como responsável) ou de simpatia (se o outro não for percebido como responsável). Figura 1. Teoria de atribuição intrapessoal. Fonte: Adaptada de Torres e Neiva (2011, p. 88). Fenômenos atribucionais de causalidade8 Figura 2. Teoria de atribuição interpessoal. Fonte: Adaptada de Torres e Neiva (2011, p. 90). Atribuição de causalidade em relações conjugais Acidentes Os acidentes são eventos imprevisíveis e não desejados que ocasionam danos às pessoas envolvidas e, eventualmente, a terceiros. Tais danos podem ser, por exem- plo, materiais e fi nanceiros. Os acidentes geralmente são explicados e analisados em relação ao controle que as pessoas têm da situação. Assim, se o controle for maior, isso assegura, psicologicamente, que os eventos negativos não se repitam. 9Fenômenos atribucionais de causalidade Considera-se acidente de trabalho aquele que ocorre pelo exercício de atividades a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou tempo- rária, da capacidade para o trabalho. As causas podem ser atos inseguros e/ou condições inseguras, segundo a legislação brasileira. Esses acidentes sempre são analisados para verificação das causas. Porém, mesmo com todo o conhecimento da engenharia de segurança, da ergonomia e da psicologia do trabalho, os acidentes continuam a existir, o que demonstra que a ciência ainda não domina totalmente o problema. Nesse sentido, vários estudos têm analisado a atribuição de causalidade nos acidentes de trabalho. Para isso, são utilizados os conhecimentos e métodos da teoria de atribuição de causalidade. Torres e Neiva (2011) mencionam vários estudos sobre a percepção desses eventos e a atribuição de causalidade aos acidentes de trabalho. Alguns estudos demonstram que, quanto mais perto de um acidente estiver uma pessoa, maior será a probabilidade de ela atribui-lo a causas mecânicas, técnicas e organizacionais. Para aqueles que estão mais alto na hierarquia, ou seja, mais longe do acidente, a probabilidade de atribuir as causas dos acidentes aos motivos pessoais dos trabalhadores operacionais aumenta (FAVERGE, 1967). Outro estudo concluiu que a satisfação no trabalho, a integração e a maior participação na empresa contribuem para que os empregados atribuam as causas a fatores pessoais (VIBERT, 1957). Já os colaboradores insatisfeitos com o trabalho, pouco integradores e pouco participantes atribuem a responsabilidade à empresa (condições inseguras, etc.). Outra pesquisa (DELA COLETA, 1979 apud TORRES; NEIVA, 2011) chegou à conclusão de que 52% dos empregados atribuem as causas dos acidentes à empresa, 22% aos próprios empregados e 26% ao acaso. Os acasos e as crenças foram também as causas encontradas em outro estudo (BARBICHON, 1962). Em um estudo sobre acidentes de trabalho e de trânsito com perdas graves, como amputamento de membros e cegueira (DELA COLETA, 1980 apud TORRES; NEIVA, 2011), 32,5% dos entrevistados atribuíram as causas de seus acidentes a outras pessoas, 30% ao destino, 15% à empresa e à sociedade, 12,5% à falta de recursos e somente 10% às próprias características, como falhas e erros. Esses acidentados também foram solicitados a dar sugestões de prevenção. Em primeiro lugar, ficou a conclusão de que não há nada que possa evitar esse tipo de acidente. Em segundo lugar, ficou a sugestão de que um comportamento diferente das empresas e de outras pessoas poderia evitar o acidente. Fenômenos atribucionais de causalidade10 Outro estudo mostrou que 75% dos profissionais da área de segurança de nível superior acreditam na propensão individual ao acidente de trabalho (DELA COLETA, 1992). As principais causas seriam, portanto, as pessoais, como práticas inadequadas na realização das atividades. Tais práticas deriva- riam da falta de conhecimentos sobre a forma correta de realizar o trabalho, da imprudência e do desrespeito às normas de segurança. Torres e Neiva (2011, p. 144) concluem a análise desses estudos da seguinte forma: [...] pode-se verificar claramente uma divergência atribucional entre distintas classes de sujeitos com vários níveis hierárquicos [...] uma forte tendência à indicação do acaso, do destino, da predeterminação como explicação para a ocorrência desses eventos, e, ainda, a predominância da indicação das variáveis do homem como causas dos acidentes de trabalho [...] para que os processos de prevenção de acidentes alcancem altos níveis de eficiência seria desejável que ações fossem desenvolvidas buscando alterar os processos atribucionais utilizados pelas pessoas envolvidas, visando a garantir as modificações al- mejadas na redução destes. Após as reflexões acerca da atribuição de causalidade em acidentes, você vai ver, a seguir, questões relativas ao fenômeno da atribuição de causalidade em relações conjugais. Relações conjugais Desde o nascimento, o ser humano tem a necessidade de estar com os outros (relação com fi guras parentais), sendo que a sua constituição é estabelecida por esses relacionamentos. De acordo com Scorsolini-Comin e Santos (2010), apesar da valorização dos laços afetivos, das relações íntimas entre as pessoas e da proximidade oportunizada pela comunicação na atualidade, as relações conjugais passam por uma reorganização em função do aumento do indivi- dualismo, que provoca um desequilíbrio nos relacionamentos. Assim, há a necessidade de maior receptividade das diferenças e dissemelhanças, das inconstâncias e da fragilidade das relações nos projetos conjugais. Segundo esses autores: [...] o estudo de Dela Coleta (1992) mensura a relação entre o locus de controle conjugal e a satisfação conjugal atual, passada e estimadapara o futuro, a partir de instrumentos desses constructos. Segundo o modelo, a pessoa com predominância de locus de controle interno deverá se empenhar para resolver seus problemas conjugais e, como consequência, deverá sentir-se mais satisfeita 11Fenômenos atribucionais de causalidade no casamento, [...] com o passar do tempo, as pessoas mais externas tenderiam a se tornar ainda mais externas e os mais internos tornar-se-iam mais internos, pelo fato de suas experiências de sucesso e fracasso serem reforçadas ao longo do relacionamento conjugal. Portanto, o casal, quando ambos são internos, na medida em que percebem sua capacidade de resolução de conflitos na relação conjugal, tenderiam, de modo geral, a estar mais satisfeitos com o casamento (SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2010, p. 529). Para entender as relações conjugais a partir das teorias atribucionais, Torres e Neiva (2011) apresentam vários estudos: sobre o conflito atribucional entre casais jovens (ORVIS; KELLEY; BUTLER, 1976), sobre a investigação das áreas da divergência por parte dos adultos jovens que viviam juntos e experimentavam conflito em seu relacionamento (HARVEY; WELLS apud TORRES; NEIVA, 2011) e sobre as causas do fracasso conjugal (NEWMAN; LANGER, 1981). Quanto a este último estudo, a comparação das causas percebidas para o comportamento do cônjuge junto a 20 casais recrutados na comunidade e mais 22 casais com casamento infeliz demonstram, segundo Torres e Neiva (2011, p. 146) que: [...] os casais não percebem as divergências entre suas atribuições e que cada um acha que o outro deve perceber as coisas como ele as percebe, sendo pos- sível inferir, com alguma segurança, que boa parte dos conflitos conjugais tem suas origens nas divergências atribucionais às diversas ocorrências da vida diária [...]. Outros estudos apontados por Torres e Neiva (2011) investigam a satisfação nos casamentos de longa duração (Norgren et al., 2004). Os componentes importantes nesse tipo de relação são: confiança e respeito mútuos, abertura, honestidade e integridade, afeto mútuo, concordância sobre comportamento sexual, tomada conjunta de decisões, interesses compartilhados a respeito dos filhos, atratividade do cônjuge, humor e alegria compartilhados. A temática sexual no relacionamento foi pesquisada para identificar as causas de sucesso e de fracasso no relacionamento sexual entre pessoas heterossexuais casadas (DELA COLETA, 1992). O fracasso foi atribuído pelas mulheres à falta de interação entre o casal, de prazer, de amor, de comunicação. No entanto, os homens atribuíram os problemas à falta de prazer, de comunicação, de amor, de interação entre o casal, de condições externas desfavoráveis e de falta de liberdade sexual. As principais causas da violência à mulher listadas incluíam ciúmes, problemas psicológicos do parceiro, álcool e drogas, caracterizadas pelas dimensões locus e estabilidade como internas e instáveis (MARQUES; DELA COLETA, 2010). Fenômenos atribucionais de causalidade12 Vieses de atribuição Os estudos sobre acidentes de trabalho apresentados indicam diferentes per- cepções de causalidade entre pessoas de níveis hierárquicos distintos. Além disso, mostram que as causas de acidentes tendem a ser atribuídas ao acaso e a variáveis pessoais. Há também a atribuição a fatores pessoais pelos empregados que estão satisfeitos com a empresa, bem como a responsabilização da empresa pelos empregados insatisfeitos. A maioria dos que sofreram acidentes graves indicam como causas outras pessoas; apenas uma minoria se refere a causas pessoais. As atribuições quanto ao sucesso ou fracasso nas relações conjugais demonstram que os casais não percebem as divergências entre suas atribuições. Cada um acredita que o outro deve perceber as situações diárias da mesma forma como ele as percebe. Além disso, os parceiros divergem sempre quando são consideradas as diferenças de gênero. Quando analisados os confl itos da relação conjugal, também se percebem divergências de atribuição por parte de cada cônjuge; cada um atribui maior responsabilidade ao outro. Essas constatações indicam que as percepções e as causas atribuídas a determinadas pessoas não são perfeitas, o que revela “[...] vieses de atribuição: errar é humano [...]” (FELDMAN, 2015, p. 537). Os vieses de atribuição típicos são o efeito do halo, o viés da semelhança presumida, o viés do interesse próprio e o erro de atribuição fundamental. O efeito do halo significa que uma atribuição positiva foi presumida pela impressão inicial positiva, o que também ocorre com a atribuição negativa. Em ambos os casos, as im- pressões não estão devidamente fundamentadas, o que caracteriza um erro de atribuição. O viés da semelhança presumida é a tendência de as pessoas fazerem uma atribuição por considerarem os outros muito parecidos consigo, ou seja, a atribuição é por identificação, o que pode acarretar muitos erros de avaliação. O viés do interesse próprio é a atribuição de sucesso em função de fatores pessoais (competência); os fracassos, por sua vez, são atribuídos a fatores externos. O erro de atribuição fundamental é a atribuição com ênfase em características pessoais (personalidade), minimizando a influência do ambiente (FELDMAN, 2015). Os vieses no processo de atribuição causal também são referidos por Álvaro e Garrido (2017). Eles demonstram que as pessoas não julgam as situações apenas de modo racional, mas atribuem as causas a certos fatores contraditórios à informação externa que possuem. Esses autores apontam três vieses, como você pode ver a seguir. 13Fenômenos atribucionais de causalidade 1. Erro fundamental de atribuição: predisposição das pessoas a mini- mizar a impressão das causas situacionais (externas, do ambiente) e a maximizar a impressão sobre as causas pessoais (traços internos) — mesmo entendimento de Feldman (2015). 2. Ator diante do observador: ambos possuem diferentes pontos de vista diante da mesma informação. 3. Autocomplacência: há a disposição para atribuir o sucesso a si mesmo e o fracasso a causas externas. É o que Feldman (2015) chamou de viés por interesse próprio, indicando a interferência de alguns fatores ilógicos no processo de atribuição. A explicação desses vieses se deve a três fatores relacionados por esses autores: Um deles é a necessidade da pessoa de oferecer aos outros a melhor imagem possível. A partir deste ponto de vista, a atribuição seria o resultado de um esforço consciente para agradar. Outra explicação que se atribui a este erro é que sua existência é uma manifestação do próprio prazer. A partir deste ponto de vista, segundo o qual o viés de autocomplacência tem uma base motivacional, destaca-se que a atribuição do êxito a fatores internos cum- pre a função de reforçar o ego, enquanto a atribuição do fracasso a causas externas serve para proteger a autoestima. Finalmente há explicações do caráter cognitivo derivado de processos de inferência racionais (ÁLVARO; GARRIDO, 2017, p. 248–249). As pesquisas realizadas desde 1970 demonstram a transição dos estudos do processamento da informação, que ampliou o estudo das atribuições até a análise dos vieses atribucionais. Inicialmente, na década de 1960, os estudos foram centrados na comprovação das teorias sobre a atribuição de causalidade, bem como na análise dos erros cometidos pelas pessoas (estudos dos vieses do processo atribucional). Já em 1980, os estudos passaram a uma nova etapa da psicologia social cognitiva, que começou a considerar a pessoa como: [...] um processador imperfeito de informação [...] os estudos dos vieses no processo de atribuição foram um dos antecedentes dos estudos sobre os pro- cessos de inferência, um dos temas centrais da psicologia do processamento da informação [...] (ÁLVARO; GARRIDO, 2017, p. 249). Fenômenos atribucionais de causalidade14 1. Analise a seguinte situação: Ro- berto afirma que seu fracasso na prova final do semestre foi devido a um engano doprofessor, que não indicou todos os tópicos que seriam avaliados. Roberto ainda diz que teve muito azar de não estudar exatamente um tópico abordado em três questões. Qual é a dimensão que poderia ser relacionada a essa atribuição da causalidade? a) Locus de controle b) Controlabilidade c) Estabilidade d) Esforço e) Estímulo 2. Quando Eunice, nova funcionária de uma agência de publicidade, con- cluiu um projeto importante com duas semanas de antecedência, sua gerente, Bruna, ficou muito satisfeita. Na reunião semanal de equipe, ela manifestou a sua satisfação com o desempenho de Eunice e disse que aquele era um exemplo do tipo de comprometimento que ela estava procurando. Os outros funcionários assistiram ressentidos, tentando imaginar por que Eunice havia trabalhado noite e dia para terminar o projeto não em tempo, mas com duas semanas de antecedência. Eles concluíram que ela deveria ser uma pessoa terrivelmente compulsiva. Marque a opção que dá suporte teórico a essa situação. a) Teoria da inferência b) Dissonância cognitiva c) Teoria da atribuição de causali- dade d) Viés da semelhança presumida e) Erro de atribuição fundamental 3. Escolha a opção que preenche corre- tamente os espaços em branco do seguinte texto: “__________ não é uma característica a ser descoberta dentro dos indivíduos. É um __________, uma __________ de trabalho na teoria de aprendizagem social, que permite a interpretação de observações feitas pelas pessoas em __________ a questões sobre __________ ” (LEFCOURT, 1976). a) A teoria de atribuição — cons- tructo — abordagem — sepa- ração — divórcio b) O constructo — estímulo — abordagem — controle — internalidade c) A percepção — senso — impressão — busca — confiabilidade d) A confiabilidade — estímulo — impressão — controle — divórcio e) O locus de controle — constructo — ferramenta — resposta — causalidade 4. Reflita sobre a seguinte situação: Carlos acaba de ser aprovado num concurso público. Devido à importância do evento, provoca um processo atribucional. Assim, Carlos considera que sua aprovação foi consequência de sua grande 15Fenômenos atribucionais de causalidade competência inata, atribuindo-a à sua aptidão. Nesse caso, ele fez uma atribuição interna, estável e incontrolável. Interna porque a competência seria propriedade dele, estável porque seria permanente e constante e incontrolável porque ele já teria nascido com elevada capacidade cognitiva e intelectual, que seriam características inatas. Marque a opção que expressa por que o processo de atribuição foi desencadeado. a) Reação afetiva positiva (alegria, felicidade) b) Alcance do objetivo c) Motivação d) Evento importante e) Sucesso 5. As atribuições quanto ao sucesso ou fracasso nas relações conjugais demonstram que os casais não percebem as divergências entre suas atribuições. Cada um acredita que o outro deve perceber as situações diárias como ele percebe. Além disso, ambos divergem sempre quando são consideradas as diferenças de gênero. Quando analisados os conflitos da relação conjugal, também ocorrem as divergências de atribuição por parte de cada cônjuge, de modo que cada um atribui maior responsabilidade ao outro. Essas constatações indicam que as percepções e as causas atribuí das a determinadas pessoas não são perfeitas. Esse fenômeno é explicado por qual das alternativas a seguir? a) Efeito de halo b) Ator diante do observador c) Autocomplacência d) Erro fundamental de atribuição e) Viés da semelhança presumida ÁLVARO, J. L.; GARRIDO, A. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. Porto Alegre: AMGH, 2017. BARBICHON, G. La perception des risques chez les mineurs. Bulletin du CERP, v. 1, n. 11, p. 1-12, 1962. DELA COLETA, M. F. Causas de sucesso e de fracasso no relacionamento sexual: aná lise temá tica. 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