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Educação Alimentar 
e Nutricional 
Responsável pelo Conteúdo:
 Prof.ª M.ª Fernanda Trigo Costa
Prof.ª M.ª Amanda José Pereira do Nascimento
Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira 
Educação Alimentar e Nutricional na Formação do Nutricionista
Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
• Compreender que a EAN está sempre presente no trabalho do nutricionista e que ser educa-
dor transcende à formação técnica;
• Identificar a influência das práticas passadas na dinâmica atual e como as políticas públicas 
estão integradas na elaboração de programas de EAN.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• O Nutricionista como Educador;
• Histórico da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) no Brasil;
• Marco de Referência de EAN para Políticas Públicas;
• Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA);
• Segurança Alimentar e Nutricional.
UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
Introdução
A atuação do nutricionista como educador é de extrema importância para o desen-
volvimento de práticas alimentares saudáveis, consequentemente, a aplicação de políti-
cas ligadas à promoção, prevenção, manutenção da saúde e principalmente ao Direito 
Humano à Alimentação Adequada.
Iniciaremos os estudos nesta unidade abordando o conceito de educação e seus pilares, 
compreendendo as competências essenciais que um educador deve ter e, por fim, enten-
der o perfil de educador que o nutricionista deve exercer em todas as áreas da nutrição.
É importante destacar que para a formação do Nutricionista como educador é preci-
so conhecer a história da Educação Alimentar e Nutricional no Brasil, incluindo o Marco 
de Referência de EAN para Políticas Públicas.
Desejamos a todos e todas bons estudos!!!!
O Nutricionista como Educador
Educação
A Educação é o processo que visa capacitar o indivíduo a agir conscientemente diante 
de situações novas de vida, com aproveitamento da experiência anterior, tendo em vista 
a integração, a continuidade e o progresso social, segundo a realidade de cada um, para 
serem atendidas as necessidades individuais e coletivas. (JOAQUIM, 2009, p.36).
Segundo Costa (2015), a definição de educação específica de Paulo Freire é: educa-
ção é o processo constante de criação do conhecimento e de busca da transformação-
-reinvenção da realidade pela ação-reflexão humana.
A educação ao longo da vida baseia se em quatro pilares (Quadro 1): aprender a co-
nhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Quadro 1 – Os quatro pilares da educação
Aprender a conhecer
Combinando uma cultura geral, suficientemente ampla, com a 
possibilidade de estudar, em profundidade, um número reduzido 
de assuntos, ou seja: aprender a aprender, para beneficiar-se das 
oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida.
Aprender a fazer
Adquirir não só uma qualificação profissional, mas, de uma ma-
neira mais abrangente, a competência que torna a pessoa apta a 
enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Aprender 
a fazer no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho, 
oferecidas aos jovens e adolescentes, seja espontaneamente, na 
sequência do contexto local ou nacional, seja formalmente, gra-
ças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
8
9
Aprender a conviver
Desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das in-
terdependências – realizar projetos comuns e preparar se para 
gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da 
compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser
Para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em 
condições de agir com uma capacidade cada vez maior de auto-
nomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Com essa fina-
lidade, a educação deve levar em consideração todas as potencia-
lidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, 
capacidades físicas, aptidão para comunicar -se.
Fonte: Adaptado de DELORS et al., 1996
Educador e Educando
Existem dois principais atores para que o processo de educação aconteça: o educador
e o educando.
Educador é aquele que educa, e educando é aquele que está sendo educado.
O educar não é caracterizado apenas na transmissão de informações, mas, princi-
palmente, em transformar o conteúdo em mudança de comportamento. Esse processo 
 envolve não só o educador, mas a troca entre ele e o educando (SANTOS; GOMES, 2014).
A profissão do educador atua de forma direta na vida dos educandos, ou seja, indi-
víduos que se encontram ainda em fase de formação. Assim, a ética destaca -se como 
matriz singular e pode nortear as exigências específicas para os profissionais dessa área, 
são elas (COSTA, 2001): 
• Coerência, enquanto simetria entre o dizer e o fazer, recordado que o fazer é sem-
pre mais importante que o dizer;
• Compromisso com o interesse superior do destinatário de suas ações, que é o 
educando. Sem isto, o papel do educador simplesmente se esvazia;
• Afeto Pedagógico, como aceitação de nossos educandos como são, mas sem per-
der de vista o que podem vir a ser, ou seja, o potencial de cada um;
• Responsabilidade, que, para o educador, implica também em fundamentar seus 
atos nos fins sociais da educação, nas exigências do bem-comum e no respeito à 
condição peculiar de pessoas em desenvolvimento de seus educandos;
• Bom Senso, enquanto capacidade de discernimento prático na interpretação do 
conjunto de acontecimentos reais que, no cotidiano da ação educativa, transcorrem 
ante seus olhos;
• Atitude Crítica Permanente, a começar pela avaliação de seus próprios atos e do 
modo como eles se articulam na concatenação dos acontecimentos, principalmente 
no que diz respeito às repercussões de seu agir sobre o desenvolvimento pessoal e 
social de seus educandos;
• Equilíbrio frente ao desafio de atuar junto dos educandos, dos seus familiares e 
das autoridades escolares em situações-limite, situações de ruptura com a normalidade.
9
UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
Teorias da Educação
A teoria da educação estuda a educação como instrumento de equalização social e 
superação da marginalidade. A sociedade é concebida como harmoniosa. A marginali-
dade é um fenômeno acidental que afeta individualmente um número maior ou menor 
de membros da sociedade (CAMILLO; MEDEIROS, 2018).
As teorias da educação podem ser divididas em dois grupos: teorias não-críticas 
(Pedagogia Tradicional; Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista) e teorias críticas (Liber-
tadora e Libertária).
• Pedagogia tradicional: Nessa tendência pedagógica, as ações de ensino estão 
centradas na exposição dos conhecimentos pelo professor [...]. É visto como a auto-
ridade máxima, um organizador dos conteúdos e estratégias de ensino e, portanto, 
o único responsável e condutor do processo educativo (PEREIRA, 2003);
• Pedagogia nova: uma educação focada no estudante, em que o professor se trans-
forma em mediador do conhecimento, facilitador da aprendizagem, fazendo com 
que o aluno encontre nas propostas didáticas temas que venham ao encontro de 
suas experiências de vida (MIZUKAMI, 2007);
• Pedagogia tecnicista: se utiliza dos princípios de racionalidade, eficiência e pro-
dutividade, sendo um ensino comportamentalista e social sofisticado para moldar 
os comportamentos sociais, tendo em vista que o homem é considerado um pro-
duto do meio e, portanto, é passível de ser manipulado e controlado.” (KIRSCH; 
MIZUKAMI, 2014). A comunicação entre docente e discente era técnica, com o 
objetivo de garantir a eficácia da transmissão dos conteúdos (LUCKESI, 1994); 
• Pedagogia libertadora: sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar 
os indivíduos para o desempenho de papeis sociais, de acordo com as aptidões 
individuais. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas 
vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. 
Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferençasentre as classes sociais não 
são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a ideia de igualdade de 
oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições (LIBÂNEO, 1990);
• Pedagogia libertária: Procura a transformação da personalidade num sentido liber-
tário e auto gestionário. Vivência grupal na forma de auto-gestão Os conteúdos, 
apesar de disponibilizados, não são exigidos pelos alunos (livres) e o professor é tido 
como um conselheiro à disposição do aluno, ou seja, um orientador (QUEIROZ; 
MOITA, 2007).
O Nutricionista sendo um Educador em Saúde
É importante destacar que o nutricionista é um profissional da área da saúde, formado 
com perfil generalista, humanista e crítico e tem como campo de atuação a educação 
nutricional (CFN, 1996; BRASIL, 2001).
Em 2018, O Conselho Federal de Nutricionistas publicou a resolução CFN nº 600, 
que considerou para definir as áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições o 
Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas 
10
11
(será abordado posteriormente nesta unidade) [...] trata da execução da prática de ações 
de Educação Alimentar e Nutricional e contempla a responsabilidade do nutricionista 
na aplicação destas ações enquanto recurso terapêutico em indivíduos ou grupos sadios 
ou com algum agravo ou doença.
Resolução CFN nº 600, de 25 de Fevereiro de 2018, disponível em: https://bit.ly/3fgDst0
A educação nutricional se insere na educação em saúde, que tem por 
finalidade a formação de atitudes e práticas conducentes à saúde: não 
fumar, praticar esportes, apreciar a vida ao ar livre, andar a pé – são 
comportamentos incentivados pela educação em saúde. Estes exemplos 
de comportamentos bastam para mostrar que não são as condições 
econômicas favoráveis que vão, por si sós, determinar comportamentos 
saudáveis. A educação nutricional, por sua vez, incentiva o consumo de 
alimentos naturais, frutas, hortaliças e recomenda evitar as guloseimas, 
as gorduras saturadas e os alimentos artificiais. (MANÇO; COSTA , 2008 
apud MOTTA; BOOG, 1984)
Educação em saúde, fem. 1 – Processo educativo de construção de conhecimentos em 
saúde que visa à apropriação temática pela população e não à profissionalização ou à car-
reira na saúde. 2 – Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia 
das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar 
uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. Notas: i) A educação em saúde 
potencializa o exercício do controle social sobre as políticas e os serviços de saúde para que 
esses respondam às necessidades da população. ii) A educação em saúde deve contribuir 
para o incentivo à gestão social da saúde (BRASIL, 2009). 
Não se esqueça de que o Nutricionista, onde quer que atue, deverá sempre colocar 
em prática o seu perfil de educador.
Histórico da Educação Alimentar
e Nutricional (EAN) no Brasil
A história da Educação Alimentar e Nutricional no Brasil e o seu estreito vínculo com 
as políticas de alimentação e nutrição em vigência têm sido abordados por diferentes 
autores (SANTOS, 2005). Abaixo destacamos os principais períodos e acontecimentos 
que compõem a história da Educação Alimentar e Nutricional no Brasil (BOOG, 1997; 
SANTOS, 2005; BRASIL, 2012).
11
UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
• 1930: São instituídas as leis trabalhistas, definida a cesta básica de referência e os 
estudos de Josué de Castro descortinam a situação de desigualdade e fome no país. 
Estratégias de Educação Alimentar e Nutricional que pretendia ensinar trabalhadores 
e suas famílias a se alimentarem corretamente, segundo um parâmetro descontextua-
lizado e estritamente biológico, que atualmente teria uma conotação preconceituosa;
• 1940: Período privilegiado para Educação Nutricional, no qual era vista como um 
dos pilares dos programas governamentais de proteção ao trabalhador. Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 1948, o direito humano à alimentação adequa-
da está contemplado no artigo 25;
• 1950: A soja, à época, era um produto de exportação e as campanhas de Educa-
ção Nutricional objetivam à introdução desse alimento na alimentação, privilegiava-
-se o interesse econômico, em detrimento ao feijão, preferência nacional;
• 1960: As publicações no Brasil sobre o assunto ficaram restritas a materiais de 
divulgação como folhetos ou livretos destinados ao público. Em 1964, o interesse 
da indústria de alimentos era nas pesquisas de tecnologia e produção de “novos ali-
mentos”, com o objetivo de adquiri-los para distribuir nos programas de suplemen-
tação alimentar. Nesse contexto, a Educação Nutricional começava a ser relegada 
a segundo plano;
• 1970: A realização do Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), no ano de 
1974, mostrou que o principal obstáculo à alimentação adequada era a renda, o 
binômio alimentação-educação cedeu espaço para o binômio alimentação-renda, 
considerando a renda como fundamental empecilho para alimentação adequada. 
A Educação nutricional foi direcionada para aproveitamento de alimentos;
• 1980: Educação nutricional crítica – concepção que identificava uma incapacidade 
da educação alimentar e nutricional em, de forma isolada, promover alterações em 
práticas alimentares. Em 1986, aconteceu a I Conferência Nacional de Alimentação 
e Nutrição e a 1ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde Carta Otawa: 
Campos. Nos Congressos Nacionais de Nutrição de 1987 e de 1989 predominou a 
discussão política parecendo ter se esvaziado a discussão da educação nutricional, 
que não apareceu nos temários desses congressos;
• 1990: Discussões sobre segurança alimentar integraram o cenário internacional e 
nacional concebendo a alimentação como um direito humano. Somente em 1996, 
as discussões sobre a educação nutricional retornam, enfatizando a questão do 
sujeito, a democratização do saber, a cultura, a ética e a cidadania. Instituída em 
1999, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, importante expressão política 
do conceito de segurança alimentar produzido a partir da I Conferência Nacional 
de Alimentação e Nutrição, em 1986, e consolidado na I Conferência Nacional de 
Segurança Alimentar, em 1994. A partir do final dos anos 1990, o termo “promo-
ção de práticas alimentares saudáveis” começa a marcar presença nos documentos 
oficiais brasileiros;
• 2000: Programa Fome Zero – na proposta original do Instituto Cidadania, publica-
da em 2001, o PFZ contemplava a EAN sob duas frentes de atuação: campanhas 
publicitárias e palestras sobre educação alimentar e educação para o consumo e a 
criação de uma Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos Industrializados, 
similar à existente para alimentos para lactentes. Em 2004, o relatório produzido pela 
12
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II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional apontou como central 
na construção da política de segurança alimentar e nutricional para o país. Em 2006, 
valorização de alimento através do Guia Alimentar para a População Brasileira;
• 2010: Em 2014, nova versão do Guia Alimentar para a População Brasileira, con-
siderado como um instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutri-
cional. Em 2019, também foi publicado uma nova versão: Guia Alimentar para 
Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. 
Marco de Referência de
EAN para Políticas Públicas
Fundamentado no Direito Humano à Alimentação Adequada e de Segurança Ali-
mentar e Nutricional, o Marco de Referência de EAN para as Políticas Públicas,
lançado em 2012, em relação às Políticas Públicas, apresenta um conceito de Educação 
Alimentar e Nutricional baseado na promoção e proteção da alimentação adequada e 
saudável (BRASIL, 2018).
Marco de Referência de EAN, disponível em: https://bit.ly/2QLBo2h
O Marco tem como objetivo promover um campo comum de reflexão e orientação 
da prática, no conjunto de iniciativas de EAN que tenham origem, principalmente, na 
ação pública, contemplandoos diversos setores vinculados ao processo de: produção, 
distribuição, abastecimento e consumo de alimentos (BRASIL, 2012; BRASIL, 2018).
Desde o lançamento do Marco, em todo o Brasil, encontram-se iniciativas alinhadas aos 
seus princípios, para o fomento e fortalecimento da EAN nas redes de assistência social, 
saúde e educação, bem como em outros diversos cenários de práticas (BRASIL, 2018).
O Marco Referencial define nove princípios para nortear as práticas de EAN 
 (BRASIL, 2012):
• Sustentabilidade social, ambiental e econômica: A EAN quando promove a ali-
mentação saudável refere-se à satisfação das necessidades alimentares dos indivíduos 
e populações, no curto e no longo prazos, que não implique o sacrifício dos recursos 
naturais renováveis e não renováveis e que envolva relações econômicas e sociais 
estabelecidas a partir dos parâmetros da ética, da justiça, da equidade e da soberania;
• Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade: As ações de EAN preci-
sam abranger temas e estratégias relacionadas a todas estas dimensões de maneira 
a contribuir para que os indivíduos e grupos façam escolhas conscientes, mas tam-
bém que estas escolhas possam, por sua vez, interferir nas etapas anteriores do 
sistema alimentar;
• Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões 
e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes natu-
rezas: Esse princípio trata da diversidade na alimentação e deve contemplar as 
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UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
práticas e os saberes mantidos por povos e comunidades tradicionais, bem como 
diferentes escolhas alimentares, sejam elas voluntárias ou não, como por exemplo, 
as pessoas com necessidades alimentares especiais;
• A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto 
prática emancipatória: Quando a EAN aborda as múltiplas dimensões (valores 
culturais, sociais, afetivos e sensoriais), ela se aproxima da vida real das pessoas e 
permite o estabelecimento de vínculos, entre o processo pedagógico e as diferen-
tes realidades e necessidades locais e familiares. Preparar o próprio alimento gera 
autonomia e permite praticar as informações técnicas, ampliando o conjunto de 
possibilidades dos indivíduos;
• A Promoção do autocuidado e da autonomia: O autocuidado (empoderamento 
pessoal) em relação à sua saúde e o processo de mudança de comportamento cen-
trado na pessoa, na sua disponibilidade e sua necessidade são um dos principais 
caminhos para se garantir o envolvimento do indivíduo nas ações de EAN;
• A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e par-
ticipação ativa e informada dos sujeitos: EAN deve ampliar a sua abordagem 
para além da transmissão de conhecimento e gerar situações de reflexão sobre as 
situações cotidianas, em busca de soluções e prática de alternativas;
• A diversidade nos cenários de prática: O desenvolvimento de ações estratégicas 
adequadas às especificidades dos cenários de práticas é fundamental para alcançar 
os objetivos da EAN, além de contribuir para o resultado sinérgico entre as ações; 
• Intersetorialidade: Cada setor (governamental) poderá ampliar sua capacidade de 
analisar e de transformar seu modo de operar, a partir do convívio com a perspec-
tiva dos outros setores, abrindo caminho para que os esforços de todos sejam mais 
efetivos e eficazes;
• Planejamento, avaliação e monitoramento das ações: O planejamento, compreen-
dido como um processo organizado de diagnóstico, identificação de prioridades, elabo-
ração de objetivos e estratégias, desenvolvimento de instrumentos de ação, previsão de 
custos e recursos necessários, detalhamento de plano de trabalho [...] são imprescindí-
veis para eficácia e a efetividade das iniciativas e a sustentabilidade das ações de EAN;
Você Sabia?
Atendendo a estes princípios, todas as estratégias de EAN têm como referência o Guia 
Alimentar para a População Brasileira.
Direito Humano à Alimentação 
Adequada (DHAA)
Antes de iniciarmos a abordagem sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada, 
é necessário destacarmos alguns conceitos que norteiam esse assunto:
14
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 Direitos Humanos
São normas que reconhecem e protegem a dignidade de todos os seres humanos. 
Os direitos humanos regem o modo como os seres humanos individualmente vivem em 
sociedade e entre si, bem como sua relação com o Estado e as obrigações que o Estado 
tem em relação a eles (UNICEF, s.d.). Os direitos humanos são imperativos para assegu-
rar a todos a existência de uma vida digna (SILVIA, 2017).
 Soberania Alimentar
A soberania alimentar é um conceito de grande importância para a garantia do Direito 
Humano à Alimentação Adequada e da Segurança Alimentar e Nutricional. Relaciona-se 
ao direito dos povos de decidir sobre o que produzir e consumir (LEÃO 2013), definindo 
suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo 
de alimentos que garantam o direito à alimentação para toda a população, com base na 
pequena e média produção, respeitando suas próprias culturas e a diversidade [...].
Segurança Alimentar e Nutricional
Segundo a LEI Nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacio-
nal de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN, com vistas em assegurar o direito 
humano à alimentação adequada, Segurança Alimentar e Nutricional é definida “como 
a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de 
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras neces-
sidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde 
que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica 
e socialmente sustentáveis”. 
Importante!
A evolução do conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), no Brasil e no mundo, 
aproxima-se, cada vez mais, da abordagem de DHAA. Para que uma Política de SAN seja 
coerente com a abordagem de direitos humanos, deve incorporar princípios e ações es-
senciais para a garantia da promoção da realização do DHAA, bem como os mecanismos 
para a exigibilidade deste direito. Nas próximas unidades será estudada, com maior deta-
lhamento, a relação entre SAN e DHAA (LEÃO 2013).
O Direito Humano à Alimentação Adequada
A legalização, no Brasil, do Direito Humano à Alimentação Adequada se deu em 
2010, com a aprovação da Emenda Constitucional nº 64, estando assegurado entre os 
direitos sociais da Constituição Federal. Assim, todos têm direito à alimentação adequada 
e a estarem livres da fome (LEÃO, 2013).
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UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
Compreender a alimentação adequada e saudável como um direito humano básico, 
que envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a 
uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo e que 
deve estar em acordo com as necessidades alimentares especiais [...] (BRASIL, 2018).
A promoção da saúde demanda, entre outros aspectos, que o Estado implemente polí-
ticas, programas e ações que possibilitem a realização progressiva do Direito Humano à 
Alimentação Adequada, definindo, para isto, metas, recursos e indicadores de monitora-
mento destas ações (BRASIL, 2012).
Educação Alimentar e Nutricional, no contexto da realização do Direito 
Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar 
e Nutricional, é um campo de conhecimento e de prática contínua e per-
manente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa pro-
mover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. 
A prática da EAN deve fazer uso de abordagens e recursos educacionais 
problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos 
e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso da vida, 
etapas do sistema alimentar e as interações e significados que compõem 
o comportamento alimentar. (BRASIL, 2012)
O acesso a informações confiáveis sobrecaracterísticas e determinantes da alimenta-
ção adequada e saudável contribui para que pessoas, famílias e comunidades ampliem 
a autonomia para fazerem escolhas alimentares e para que exijam o cumprimento do 
direito humano à alimentação adequada e saudável (BRASIL, 2014).
16
17
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Rede GenteSAN
https://bit.ly/2NWuohT
CERESAN 
https://bit.ly/3w1Xq0y
 Vídeos
Teleconferência discute marco conceitual de educação alimentar e nutricional – Parte 1/2
https://youtu.be/xi0KGiiJVL0
 Leitura
Educação Alimentar e Nutricional: Entre o Tradicional e o Dialógico 
https://bit.ly/39dXIrB
A fome e o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) em filmes documentários brasileiros
https://bit.ly/3ddyIBI
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UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional 
na Formação do Nutricionista
Referências
BOOG, M. C. F. Educação nutricional: passado, presente, futuro. Rev. nutr. PUCCAMP, 
p. 5-19, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Câmara da Educa-
ção Básica. Resolução nº 5, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curricu-
lares Nacionais do Curso de Graduação em Nutrição. Diário Oficial da União. Brasília, 
09 nov. 2001; Seção1:38.
________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, 
 Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – 
Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p.
________. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Secretaria de Gestão do Trabalho e 
da Educação na Saúde. Glossário temático: gestão do trabalho e da educação na saúde. 
 Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 56 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de refe-
rência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. MDS, 2012. 
________. Ministério do Desenvolvimento Social – MDS. Secretaria Nacional de Se-
gurança Alimentar e Nutricional – SESAN. Princípios e Práticas para Educação 
Alimentar e Nutricional. Brasília, 2018. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/we-
barquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publicacao/Educacao_Alimentar_Nu-
tricional/21_Principios_Praticas_para_EAN.pdf>. Acesso em: 11/11/2020.
CAMILLO, C. M.; MEDEIROS, L. M. Teorias da educação. Santa Maria, RS: UFSM, 
NTE, 2018.
CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Definição de atribuições principal e 
específicas dos nutricionistas, conforme área de atuação. São Paulo,1996. 21p.
COSTA, A. C. G. da. O professor como educador: um resgate necessário e urgente. 
Salvador: Fundação Luís Eduardo Magalhães, 2001.
DA COSTA, J. J. S. A educação segundo Paulo Freire: uma primeira análise filosó-
fica. 2015.
DELORS, J. et al. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educa-
ção para o século XXI. Educação um tesouro a descobrir, v. 6, 1996.
JOAQUIM, N. Direito educacional brasileiro – história, teoria e prática. Rio de Janeiro: 
Livre Expressão, 2009.
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