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Gestão de Suprimentos Gestão da Cadeia de Suprimentos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Washington Luís Reis Revisão Textual: Profa. Ms. Magnólia Gonçalves Mangolini 5 • Atendendo o Cliente: produtos, serviços, pedidos e sistemas de informações. O objetivo desta unidade é fazermos uma abordagem sobre os principais elementos que compõe uma cadeia de suprimentos. Para facilitar o seu aprendizado, desenvolveremos as seguintes atividades: • “Mapa Mental”: você terá uma visão geral da disciplina através de uma figura, que mostrará o encadeamento dos conteúdos a serem abordados, tais como, gestão dos estoques e transporte; • “Contextualizando”: você conhecerá, através de alguns vídeos, aspectos das funções estoques, transportes, instalações e informações; • “Texto Teórico”: aqui você se aprofundará nos conceitos propostos nesta unidade, através da leitura de textos, gráficos, tabelas, figuras que contribuirão para o seu aprendizado; • “Apresentação Narrada”: depois da leitura anterior você poderá consolidar os conhecimentos, ouvindo uma narração dos principais conceitos apresentados; • “Sistematização”: nesta atividade você colocará em prática os conhecimentos adquiridos; • “Aprofundamento”: faremos uma discussão mais aprofundada dos conceitos aprendidos na unidade; • “Avaliação”, nesta atividade você demonstrará os conhecimentos adquiridos por meio da realização de exercícios; • “Material Complementar”: aqui você encontrará fontes de materiais em que poderá se aprofundar nos conhecimentos da disciplina. · O objetivo desta unidade será apresentar como o sistema logístico pode atender os clientes por meio da disponibilização dos produtos, do oferecimento de serviços e da emissão de pedidos. · Sobre produtos veremos sua conceituação, classificação, ciclo de vida, principais características, tipos de embalagem e conceitos de precificação. Já quanto a serviços veremos sua importância, principalmente no impacto que pode causar nas vendas. E finalmente veremos todas as etapas e características da emissão de um pedido, finalizando com uma visão geral sobre o sistema de informações logístico. · Conto com a sua participação para alcançarmos o sucesso no processo de aprendizagem. · Inicialmente, organize sua forma de estudar lendo Orientação de Estudos e o Mapa mental ou Esquema Gráfico. Em seguida vamos adquirir os conhecimentos na Contextualização, Texto Teórico, e Apresentação Narrada. E finalmente vamos consolidar os conhecimentos nas atividades de Sistematização, Aprofundamento, Avaliação e Material Complementar. Gestão da Cadeia de Suprimentos 6 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos O objetivo de toda empresa é lucrar com sua operação e assim poder atender às necessidades de seus acionistas e colaboradores. Mas, para que o sucesso seja alcançado e se obtenha resultados mais facilmente, as organizações devem buscar a excelência no atendimento aos seus clientes. Isso parece óbvio, já que são os clientes que compram os produtos e serviços das empresas e se não forem bem atendidos em um local acabam procurando outro. As empresas gastam verdadeiras fortunas para atrair os clientes através de propagandas e promoções. Mas o que elas devem fazer para que o cliente, depois de atraídos pela propaganda, compre e se mantenha fiel? Nesta unidade veremos que o atendimento aos clientes começa pelos produtos e serviços a serem oferecidos, e que as empresas precisam conhecer suas características e elementos para poder conquistar os seus clientes. Ter o produto e o serviço adequado é um primeiro passo para que a empresa possa emitir um pedido, que é o elo entre a empresa e o cliente. É através dele que se atendem as necessidades do cliente e que se combinam as condições em que este atendimento vai acontecer. Os modernos sistemas informáticos existentes atualmente tem permitido que as empresas ofereçam seus serviços aos clientes com mais rapidez e confiabilidade, mas sem o calor humano e com funcionários bem treinados de nada adianta muita tecnologia. No vídeo disponibilizado logo abaixo você poderá ver como uma empresa que dispõe de produtos e serviços de ponta, de sistemas informáticos modernos que emitem pedidos e controlam estoques com muita eficiência, não deixa de investir em seu maior capital, o humano, na sua equipe, para que possa alcançar a excelência no atendimento. Contextualização Explore Bob´s “Excelência no Atendimento” http://www.youtube.com/watch?v=BOjvPtIxNOI Bom vídeo e bons estudos! 7 Veremos a seguir como o atendimento aos clientes é feito através dos produtos e serviços disponibilizados pelas empresas, e como estes produtos e serviços são disponibilizados através de pedidos e de sistemas de informação. 1.1. O produto Todo o projeto de uma cadeia de suprimentos deve estar voltado e baseado nas características do produto que esta cadeia irá escoar entre o processo produtivo e o mercado consumidor. Além de ser o foco da cadeia logística, o produto é o gerador das receitas das empresas e, portanto, seu principal componente econômico. Podemos conceituar produto como sendo um conjunto de atributos tangíveis e intangíveis , como mostra a “Figura 1” a seguir, que é resultado de uma atividade ou processo industrial, e que tem como objetivo atender às necessidades de um conjunto de clientes e, para tanto, possui um valor que pode ser negociado. Figura 1 Fonte: adaptado pelo autor de Ballou 1. Atendendo o Cliente: produtos, serviços, pedidos e sistemas de informações Glossário Tangível: A parte tangível ou física do produto é composta por características como peso, volume, forma, cor, modelo, embalagem, além de aspectos relacionados a desempenho e a durabilidade. Intangíveis: A parte intangível do produto é composta por característica como qualidade, marca, reputação, garantias, além do suporte oferecido no processo de pré e pós venda, tais como informações sobre o produto e o processo de entrega, correção de erros e facilidades no processo de devolução. 8 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos 1.1.1. Classificação dos Produtos Os produtos podem ser classificados em “de consumo” e “industriais” , como mostra a “Figura 2” a seguir. Os produtos são considerados de consumo quando são dirigidos aos consumidores finais e são considerados industriais quando são consumidos para a elaboração de outros bens. Figura 2 Fonte: adaptado pelo autor de Ballou 1.1.2. Ciclo de Vida dos Produtos Outro conceito importante para a gestão da cadeia de suprimentos é o de “Ciclo de Vida dos Produtos”, que nada mais é do que a trajetória deste produto em quatro fases, desde o seu lançamento para o mercado, passando pela fase de crescimento e maturidade nos volumes de vendas, e encerrando com o seu declínio junto ao mercado consumidor. Fica claro perceber que o ciclo de vida de um produto está atrelado ao volume de vendas do mesmo, como mostra o “Gráfico1” a seguir. Glossário De Consumo: Exemplos de produtos de consumo são: refrigerantes, eletrodomésticos, automóveis de passeio. Industriais: Exemplos de produtos industriais são: matérias primas como aço e plásticos, componentes como processadores e circuitos eletrônicos, e peças como motores. 9 Gráfico 1 O volume de vendas na fase de lançamento é pequeno e, portanto, nesta etapa o gestor logístico deve se preocupar em não formar grandes estoques. Já na etapa de crescimento, as vendas crescem a uma velocidade nem sempre conhecida. Nesta etapa, o gestor logístico deve focar a disponibilidade dos produtos, ou seja, não podem faltar estoques já que nesta fase a imagem do produto não pode ser comprometida. Já na etapa de maturidade o gestor logístico consegue prever a demanda, ou seja, os volumes de vendas sãoidentificados com mais facilidade e desta forma os estoques ficam mais estáveis. Na fase de declínio o gestor logístico deve estar atento à queda das vendas que podem acarretar estoques obsoletos. Alguns produtos tem seu ciclo de vida alongado, e permanece um longo tempo na fase de maturidade, como a Coca Cola, por exemplo, que se tornou um produto consumido mundialmente. Outros produtos conhecidos e muito utilizados recentemente, como as máquinas de escrever e as máquinas fotográficas com filmes, já encerraram a fase de declínio e atualmente são encontradas nas mãos de colecionadores. Alguns produtos não passam da fase de lançamento, ou seja, não são aceitos pelo mercado e não chegam a ter um crescimento efetivo nas vendas - podemos citar vários exemplos de aparelhos celulares recentemente lançados e que já foram retirados do mercado. Finalmente podemos mencionar produtos que estão em plena fase de crescimento, tais como os tabletes, que possuem um grande potencial de vendas. 1.1.3. Curva ABC Geralmente uma mesma empresa possui produtos em diversos estágios dos seus ciclos de vida. Desse fato decorre a necessidade de a empresa conhecer a curva de venda de seus produtos. A melhor forma de conhecer e interpretar a importância dos diversos produtos em uma empresa é por meio da curva de Pareto , também conhecida como curva ABC ou 80-20. Glossário Pareto: A curva ABC ou 80-20 foi observada pela primeira vez por Vilfredo Pareto em 1897 durante um estudo da distribuição da renda e da riqueza na Itália. Ele chegou à conclusão de que uma grande percentagem da renda total estava concentrada nas mãos de uma pequena percentagem da população, na proporção de quase 80% a 20%, ou seja, 80% da riqueza do país estava concentrada em apenas 20% da população. O conceito encontrou generalizada aplicação nos negócios. 10 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos A “Tabela 1” abaixo representa um exemplo de curva ABC. Nela podemos observar um grupo de 15 produtos vendidos por uma determinada empresa. Para cada produto associa- se a venda total anual e preço unitário de venda. Com estas duas informações, calcula-se a venda total anual de cada produto. Perceba que a venda total esta na ordem do maior volume de vendas (formulário contínuo) para o menor volume de vendas (CD). Em seguida temos a venda total acumulada, em R$ e em %, e finalmente o percentual acumulado em número de itens. Podemos perceber que apenas três produtos (itens 1, 2 e 3), que representam 20% dos produtos comercializados, são responsáveis por 81,91% das vendas. Estes são os chamados produtos “A”. Já os produtos “B”, em número de 5 e que representam 33,33% dos produtos, são responsáveis por 14,62% das vendas. E finalmente os produtos “C”, em número de 7 e que representam 47,67% dos produtos, são responsáveis por apenas 3,46% das vendas. Tabela 1 Fonte: elaborado pelo autor No “Gráfico 2” a seguir você pode visualizar a curva ABC, ou seja, logo nos primeiros 3 itens a mesma já alcança um alto valor acumulado em venda. Gráfico 2 Fonte: elaborado pelo autor 11 1.1.4. Características dos Produtos Uma boa gestão logística deve levar em consideração os chamados atributos físicos dos produtos, que estão relacionados ao peso, volume, valor, validade, riscos (roubo, incêndio) etc. Estes atributos podem orientar uma boa estratégia de armazenagem, movimentação e transporte dos produtos e, como mostra a “Figura 3”, podem ser assim divididos: Figura 3 Fonte: elaborado pelo autor Quociente Peso Volume: a relação peso/volume, também conhecida como densidade, é muito importante para a gestão logística, pois interfere diretamente nos custos de armazenagem e transporte. Produtos mais densos (aço, produtos enlatados etc.) tem um aproveitamento maior das instalações de transporte e armazenagem, tornando os custos mais baixos. O contrário ocorre com os produtos menos densos (brinquedos, móveis etc.). Para exemplificar esta situação, podemos imaginar que um caminhão que comporta um peso de 15 toneladas, terá um melhor aproveitamento de seu espaço ao transportar barras de aço. Por outro lado esse mesmo caminhão ao ser carregado por móveis de madeira não terá o mesmo aproveitamento. Isto porque ao estar com todo o seu espaço carregado com os móveis de madeira iremos perceber que a capacidade de peso do caminhão, de 15 toneladas, não foi atingida. Dizemos então que é uma carga leve, que ocupa o espaço da carroceria, mas não atinge o limite de peso do veículo. Isto torna o frete mais caro. Quociente Valor Peso: esta relação pode ser traduzida como uma densidade econômica. Produtos com baixo valor econômico e alto peso (minérios, areia etc.) e, portanto, com um baixo quociente Valor/Peso, tem custos de transporte maiores e, portanto devem ser transportados por meio de modais mais baratos (ferroviário e marítimo). Estes produtos possuem baixo valor agregado e, portanto, tem custos de armazenagem menores, isto porque este custo é calculado como um percentual do valor do produto. O contrário ocorre com produtos cujo quociente Valor/Peso é alto. São os chamados produtos com alto valor agregado (computadores, produtos químicos etc.). Neste caso os custos com transporte são menores, pois estes produtos ocupam menos capacidade volumétrica e de peso dos veículos e, portanto, podem ser transportados por modais de transporte mais caros (aeroviário e rodoviário). Por outro lado, os custos com armazenagem são maiores, pois são calculados como um percentual do valor dos produtos. 12 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos Substituibilidade: esta é uma característica dos produtos que possuem vários fornecedores para o mercado. Neste caso o cliente tem várias opções de compra, ou seja, pode substituir uma determinada marca por outra sem perder em qualidade ou pagar mais por isso. O gestor logístico terá que atuar para se diferenciar dos concorrentes através de um sistema de entrega (transporte) mais rápido e eficiente. Além disso, deverá ter uma gestão dos estoques voltada para oferecer o produto sempre que o cliente assim desejar. Desta forma, o setor de logística garantirá um menor volume de perda de vendas. São exemplos destes produtos os refrigerantes e bebidas em geral. Risco: produtos perecíveis (alimentos), inflamáveis (combustíveis), de alto valor (celulares), têm um grande risco de perda no processo de armazenagem e transporte. Isto leva o setor de logística a ter preocupações extras e, portanto, maiores custos na gestão destes produtos. Câmaras frigoríficas em depósitos e veículos (para os produtos perecíveis), seguros e equipamentos/medidas de segurança (para produtos inflamáveis e de alto valor) acarretam maiores custos nos processos de armazenagem e distribuição. Embalagem: para facilitar o processo de armazenagem e transporte dos produtos, aumentar a sua proteção e também para incrementar os apelos de vendas (marketing) dos mesmos, utiliza-se o recurso da embalagem. Poucos produtos atualmente não são “embalados”. Os custos advindos das embalagens muitas vezes são compensados com a redução dos custos de armazenagem, movimentação e transporte, pois os produtos embalados ocupam melhor os espaços de equipamentos e veículos de transporte. Além disso, as embalagens diminuem os volumes de produtos danificados reduzindo desta forma as reclamações dos clientes. 1.2. O Serviço Entre o momento da compra e do efetivo recebimento do produto, as empresas precisam efetuar um conjunto de atividades, denominadas serviços aos clientes, com o intuito de satisfazer as mais diversas necessidades do mercado consumidor, tais como: Qualidade, tipos e disponibilidade dos produtos; Rapidez e exatidão na entrega; Preços, promoções e formas de pagamento; Embalagem; Assistência técnica; Facilidades detroca e devolução. A “Figura 4” a seguir apresenta as necessidades de atendimento. 13 Figura 4 Fonte: elaborado pelo autor 1.2.1. Definição de Serviço ao Cliente Segundo Doctker podemos definir o serviço ao cliente como: O gestor logístico deve definir o nível de serviço a ser oferecido aos clientes pela cadeia de suprimentos. Fica claro observar que o volume de vendas pode ser impactado por um melhor ou pior nível de serviço. Se uma empresa possui um sistema de entregas rápido e livre de erros, pode atrair mais clientes e assim aumentar o volume de vendas. Por outro lado se essa mesma empresa não possui estoques disponíveis para pronta entrega, pode também perder vendas para seus concorrentes. O nível de serviço impacta fortemente também os custos logísticos. Ao oferecer serviços de entrega rápidos e disponibilidade de estoques para pronta entrega, as empresas incorrem em custos que, se não forem adequadamente mensurados e acompanhados, podem acarretar em perdas de rentabilidade, ou seja, redução dos lucros. 1.2.2. Elementos do Serviço ao Cliente Um dos maiores desafios das empresas é identificar os motivos que levam um cliente a escolher os seus produtos e serviços. Estudiosos de administração e marketing realizam diversos estudos e pesquisas que buscam desvendar o que faz um cliente definir o que comprar e principalmente onde comprar. A tabela apresentada a seguir resume um trabalho de pesquisa realizado pela Council of Logistics Management, que buscou identificar os elementos que caracterizam os serviços aos clientes no momento em que se concretizam os pedidos entre cliente e empresas. Estes elementos estão divididos em três grupos, como mostra a “Figura 5” a seguir: O processo integral de atendimento do pedido do cliente. Isso inclui a recepção do pedido (por meio físico ou eletrônico), a determinação da forma de pagamento, seleção e embalagem das mercadorias, embarque, entrega, disponibilização dos serviços aos usuários final e acerto de eventuais devoluções de produtos. 14 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos Pré-transação: são elementos que garantem um bom ambiente empresarial para o atendimento ao cliente; Transação: são os elementos que garantem efetivamente a entrega dos produtos aos clientes; Pós-transação: são os elementos que garantem o atendimento ao cliente após a entrega dos produtos. Figura 5 Fonte: adaptado pelo autor de Ballou 1.2.3. Tempo de Ciclo do Pedido Segundo Ballou, podemos definir o tempo de ciclo do pedido como: A “Figura 6” a seguir ilustra o tempo de ciclo do pedido, em que podemos identificar as seguintes etapas: O tempo decorrido entre o momento de pedido do cliente, a ordem de compra ou requisição do serviço, e aquele da entrega do produto ou serviço ao cliente. 15 Transmissão do pedido, que pode acontecer entre o vendedor e o cliente fisicamente em um ambiente de loja, ou também de forma eletrônica (telefone, internet etc.); Processamento e montagem do pedido, que inclui as atividades de recebimento do pedido, liberação de crédito, verificação de estoque, necessidades de produção e aquisição, emissão de faturas e documentos pertinentes, comunicação aos setores envolvidos (produção, armazém, cobrança, entrega, contabilidade etc.); Entrega do pedido, que inclui o embarque dos produtos, a liberação de todos os documentos pertinentes e o efetivo transporte até o cliente. Figura 6 Fonte: adaptado pelo autor de Ballou 1.3. O Pedido Como visto anteriormente, o tempo de ciclo do pedido é um elemento vital para o bom atendimento dos clientes. Veremos agora em detalhes como acontece o processamento do pedido e os sistemas de informação que estão por trás desta etapa. Com o passar dos anos, os processos logísticos têm privilegiado a utilização da informação como um bem importante na melhoria dos serviços prestados. O advento da informática e da internet potencializou este fato a tal ponto que não se concebe atualmente um projeto de uma cadeia de suprimentos que não seja baseado na maciça utilização da tecnologia da informação. 16 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos O tempo de ciclo de um pedido contempla várias etapas em um conjunto de atividades, tais como transmissão, recepção, verificação de crédito e estoques, separação, embarque e entrega. Para cada tipo de pedido o tempo de ciclo é variável. O tipo de cliente (consumidor final ou empresa), o tipo de empresa (indústria ou varejo), o tipo de produto (tamanho, variedade etc.) influem no tempo de ciclo do pedido. A “Figura 7” a seguir apresenta as etapas de um pedido, que serão descritas nos próximos itens. Figura 7 Fonte: elaborado pelo autor 1.3.1. Preparação do Pedido Nesta etapa o pedido é elaborado geralmente entre um cliente e um vendedor. Neste momento são definidos pontos importantes e que serão vitais para o bom atendimento do cliente, tais como: • Dados do cliente (nome, documentos etc.); • Local de entrega; • Local de cobrança; • Tipos e quantidades de produtos; • Valor total do pedido; 17 • Cobrança de serviços (frete, serviços extras etc.); • Forma de pagamento; • Descontos e promoções (planos de milhagem). Muitas vezes é nesta etapa que acontece o único contato entre o cliente e a estrutura da empresa. Portanto as empresas devem investir muito neste momento, pois aqui o cliente pode perceber o que chamamos de um bom atendimento. O preenchimento errado de um pedido pode acarretar transtornos ao longo do ciclo do pedido e com isso a perda de vendas e de clientes. Diversas tecnologias da informação são utilizadas nesta etapa do pedido, tais como: Atendimento via telefone e fax; Atendimento via sites da empresa na internet; Utilização de códigos de barras nos produtos o que facilita a identificação (exemplo de supermercados); Geração de pedidos automáticos via sistemas integrados (EDI), que detectam os volume de vendas e as necessidades de estoque dos clientes. Nesta etapa o pedido também é transmitido para os setores envolvidos da empresa (produção, armazém, contas a receber, expedição etc.). 1.3.2. Recebimento do Pedido Nesta etapa são realizadas algumas atividades que precedem o atendimento do pedido, tais como: Verificação se todos os itens do pedido estão preenchidos corretamente, principalmente quanto a tipo e quantidade dos produtos, locais de entrega e de faturamento; Verificação quanto à disponibilidade de estoques e necessidades de complementação; Verificação se o cliente possui pedidos em carteira que podem ser entregues juntamente com o novo pedido; Verificação quanto às restrições de horário e local de entrega; Verificação quanto ao crédito do cliente; Providências quanto ao faturamento do pedido. Vale ressaltar que com a profusão dos sistemas informatizados, as etapas de preparação e recebimento dos pedidos acabam acontecendo de forma simultânea, evitando assim retrabalhos e perdas de tempo com relação a conferencia dos dados. 18 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos 1.3.3. Atendimento do Pedido Nesta etapa os pedidos são efetivamente preparados fisicamente para a entrega ao cliente, incluindo atividades como: Providenciar os produtos através de compra, retirada do estoque existente ou produção; Providenciar a embalagens e acondicionamento dos produtos; Providenciar a programação das entregas, com a definição das datas e horários; Providenciar a roteirização das entregas, com a definição dos modos de transporte e trajetos a serem seguidos; Providenciar a documentação necessária para a entrega. Estas atividades, graças aos sistemas informatizados, podem ser feitas concomitantemente com as atividades de preparação e recebimento dos pedidos, reduzindo desta forma o tempo totaldespendido. Nesta etapa o gestor logístico deve programar um conjunto de prioridades que facilite o cumprimento dos prazos de entrega. Neste sentido deve-se levar em consideração: Os prazos mais curtos de entrega; As possíveis faltas de estoque que podem levar a reprogramação dos prazos de entrega ou a entregas parciais do pedido; A consolidação de vários pedidos para a formação de cargas que reduzam os custos de transporte. 1.3.4. Rastreamento do Pedido Esta etapa tem como objetivo acompanhar e localizar o pedido ao longo de todo o seu ciclo. Desta forma a empresa pode disponibilizar ao cliente, quando este solicitar, informações quanto às previsões de entrega. Nesta etapa e empresa pode também se antecipar quanto a possíveis atrasos na entrega e desta forma comunicar o cliente. Atrasos em prazos combinados são sempre indesejáveis, mas dentro de certas circunstâncias, o cliente pode se sentir bem atendido apenas com o fato de ser comunicado com antecedência. Através do rastreamento do pedido a empresa também pode identificar os chamados “gargalos” do processo, ou seja, os locais ou momentos em que o fluxo das atividades estão com problemas, tais como demora no atendimento, falta de produtos, falta de recursos (mão de obra ou equipamentos) etc. 1.3.5. Exemplos de Processamento de Pedidos As etapas vistas anteriormente dão uma visão geral de como acontece o processamento de um pedido. Mas para cada tipo de indústria ou serviço, existem particularidades no fluxo de atendimento, como veremos a seguir: 19 Processamento de Pedidos Industriais: neste caso os pedidos podem ser atendidos com produtos existentes em estoque disponibilizados em catálogos e listas de preços. Outra situação são os chamados pedidos por encomendas, em que o cliente especifica as suas necessidades de produtos que são posteriormente fabricados. Tempo de ciclo é menor quando os produtos já estão em estoque e maior quando os produtos tem que ser fabricados. Os pedidos podem chegar através de vendedores que trabalham em campo ou em pontos de vendas específicos, ou através de via eletrônica (telefone, fax, internet). O processamento também tem particularidades quando o cliente é uma empresa ou um particular (pessoa física). No primeiro caso, cliente empresa, normalmente o processo é mais burocrático para atender às necessidades quanto a tipo e características e qualidade dos produtos e principalmente as condições de pagamento e concessão de crédito, já que as empresas pagam geralmente a prazo. No atendimento a clientes particulares o processo costuma ser mais simples, pois os produtos geralmente são padronizados e as condições de pagamento mais restritas. Por outro lado o cliente particular apresenta necessidades de tempo de atendimento mais curto e especificidades quanto ao local e horário de entrega. Processamento de Pedidos de Varejo: neste caso os pedidos são atendidos geralmente por estoques existentes e, neste caso, o grande desafio das empresas é o de ter sempre disponível os produtos para pronta entrega. Com os modernos sistemas informatizados existentes, as empresas conseguem elaborar previsões de vendas que permitem o estabelecimento de estoques confiáveis, evitando desta forma as chamada “faltas de produto”, que podem provocar perdas de vendas e de clientes. Os pedidos são elaborados por vendedores que atendem em pontos de vendas específicos, os chamados “balcões de vendas”, ou através de vias eletrônicas (telefone, fax, internet). No varejo também é muito difundido o “autoatendimento”, em que o próprio cliente se abastece e forma o seu pedido, caso dos supermercados e lojas tipo Home Center. Os clientes podem retirar os seus pedidos utilizando-se de transporte próprio ou muitas vezes solicitam os serviços de entrega. Processamento de Pedido via Internet: as modernas ferramentas eletrônicas disponíveis atualmente possibilitam que o processamentos dos pedidos entre a indústria, o varejo e os clientes finais seja amplamente otimizado. Através da internet, todos os elos que compões o fluxo de atendimento de um pedido (fornecedores, compradores, indústria, varejo, transportadoras, departamentos de vendas e crédito, armazéns e clientes finais) são integrados em tempo real (on line). Desta forma, todos os integrantes da cadeia de atendimento podem trocar informações, reagir com rapidez e de forma eficiente a alterações imprevistas, tais como volume dos pedidos, problemas com crédito, locais e horários de entrega, falta de estoque e necessidades específicas de cada cliente. Através deste tipo de processamento, o fluxo de atendimento de um pedido fica transparente para todos os integrantes do processo, permitindo um rápido e eficiente rastreamento. São muitos os exemplos atualmente de empresas que atendem seus clientes via sites na internet. Os clientes acessam as chamadas “lojas virtuais”, onde encontram catálogos de produtos com todas as informações necessárias (fotos, vídeos, características técnicas, modelos, cores, preços e forma de pagamento) que permitem o fechamento do pedido e a programação da entrega. Nos grandes centros urbanos, onde as dificuldades de mobilidade causadas pelo trânsito, às questões de segurança e a falta de tempo das pessoas, as compras via internet têm se tornado uma alternativa altamente competitiva para as empresas e muito prática para os clientes. 20 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos 1.4. O Sistema de Informações Para que aconteça uma boa gestão, é imperioso que se tenha acesso às informações e dados gerados na operação dos negócios da empresa. Com a utilização cada vez maior da informática, surgiram sistemas de informações gerenciais modernos, tais como SAP e TOTUS, que integram e unificam toda a base de informações utilizada no dia a dia das empresas e, desta forma, permitem uma gestão conveniente e cada vez menos dispendiosa ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Na logística empresarial os dados gerados a partir da emissão de um pedido (nome do cliente, endereço, volume de compras, formas de pagamento etc.), são utilizados tanto pelos clientes internos, que são os diversos departamentos e setores da empresa (vendas, compras, finanças, logística, produção etc.), como pelos clientes externos (clientes propriamente ditos, fornecedores, transportadores etc.). O sistema de informações logístico pode ser representado como na “Figura 8” apresentada a seguir. Figura 8 Fonte: adaptado pelo autor de Ballou Os sistemas de informações logísticas são constituídos pelos seguintes subsistemas: 21 Gerenciamento de pedidos: é o sistema que faz a ligação do cliente com a empresa. Através dele, os vendedores contatam os clientes por meio de um cadastro, emitem os pedidos, consultam a disponibilidade de estoques, pactuam um prazo e local de entrega, negociam os preços e formas de pagamentos, oferecem produtos complementares agregando vendas. Todo este processo é compartilhado com o setor de finanças, que verifica a situação de crédito do cliente, com o setor de armazém e/ou produção, que verifica a disponibilidade de estoques, e com o setor de entregas, que verifica as condições de prazo e local de entrega. Outros setores da empresa, tais como contabilidade, compras e administração também compartilham as mesmas informações. Gerenciamento de Plantas (armazéns e industriais): é o sistema que gerencia o fluxo de produtos comercializados, desde a etapa de compras com os fornecedores (do produto acabado ou de materiais a serem transformados), passando pela fabricação dos produtos e armazenagem, pelo gerenciamento dos estoques, pelo atendimento dos pedidos e finalmente pela retirada dos produtos que compõe o pedido e o seu respectivo embarque. Novamente todas as informações geradas nesta etapa são compartilhadas por todos os setores da empresa e,em alguns casos, também pelos clientes externos. Gerenciamento de entregas: através deste sistema a empresa faz o atendimento final ao cliente. A partir das informações dos sistemas de pedidos e de planta, este sistema define os modais de transportes que serão utilizados (tipos de veículos rodoviários, aéreo, ferroviário, naval), consolida a cargas agregando os pedidos por regiões geográficas e datas de entregas, planeja a roteirização das entregas definindo os melhores caminhos, sequências e horários, além de receber possíveis reclamações e/ou sugestões dos clientes. Outro papel importante contido neste sistema é a organização do fluxo de documentos, desde a entrega da nota fiscal ao cliente, da retirada do comprovante de entrega e recibo dos produtos e muitas vezes do recebimento do pagamento do pedido. Vale ressaltar ainda que neste sistema devem estar previstas as atividades de cancelamento, troca e devolução e mercadorias. 22 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos Material Complementar Para saber mais sobre o assunto leia Explore O processo logístico de serviço ao cliente favorecido pela Internet e sistemas de informação digitais. Endereço http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos32006/590.pdf Os modernos processos do sistema logístico integrado e o relevante papel da tecnologia da informação no mundo competitivo Endereço http://www.aedb.br/seget/artigos08/464_ArT_Sist_Log_Integr_e_a_TI.pdf 23 Referências BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégia, Planejamento e Operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. CHOPRA, Sunil. Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Pearson, 2003. FARIA, Ana Cristina de. Gestão de Custos Logísticos. São Paulo: Atlas, 2010. TAYLOR, David A. Logística na Cadeia de Suprimentos uma perspectiva gerencial. São Paulo: Pearson Addison-Wesley, 2005. PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro:Campus, 1989. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1998. SIMONE LETICIA RAIMUNDINI ET AL. Aplicabilidade de custeio baseado em atividades e análise de custos em hospitais. Rausp. São Paulo, v. 41, n. 4, p. 453-465. SCHIER, C. U. Gestão de Custos. 2.ed.rev. e ampl. e atual. – Curitiba: Ibpex, 2011. 24 Unidade: Gestão da Cadeia de Suprimentos Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000