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Livro - Psicologia e Cultura Organizacional

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Daniel Seemann
Psicologia e Cultura 
Organizacional
2ª Edição
Curitiba
2018
Psicologia e Cultura 
Organizacional
Daniel Seemann
Ficha catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária Cassina Souza CRB9/ 1501
S453p Seemann, Daniel
Psicologia e cultura organizacional / Daniel Seeman. – 2. ed. – 
Curitiba: Fael, 2018.
172 p.: il.
ISBN 978-85-5337-013-9
1. Psicologia Organizacional. 2. Cultura Organizacional. I. 
Título
CDD 157
Direitos desta edição reservados à FAEL. 
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da FAEL.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Helena Gouveia
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/violetkaipa
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Apresentação | 5 
1. Psicologia nas organizações | 9
2. Organização e estrutura organizacional | 59
3. Cultura Organizacional | 121
 Referências | 167
Apresentação
Vivemos em uma época em que a Educação ocupa um espaço 
de destaque. Além disso, falamos em uma Era do Conhecimento, 
na qual experimentamos novos desafios em todos os âmbitos de 
nossa vida: novas formas de comunicação, de relacionamento e, 
portanto, de aprender e ensinar.
Assim, é necessário refletir acerca desse importante campo 
do conhecimento. Precisamos aprofundar nossos conhecimentos, 
rever conceitos e práticas, porém não podemos perder de vista os 
fundamentos teóricos e científicos que nos fizeram chegar à dita Era 
do Conhecimento. É com esse espírito, portanto, que vislumbra-
mos a necessidade de explorar – através de uma obra didaticamente 
estruturada e de leitura prazerosa, crítica e reflexiva – o interessante 
mundo da Psicologia da Educação.
– 6 –
Psicologia e Cultura Organizacional
Longe de esgotar todas as polêmicas ou de responder às antigas e moder-
nas questões que assolam a Educação em nosso tempo, a Psicologia da Edu-
cação pode, a partir dos conhecimentos acumulados ao longo de seus anos de 
pesquisas e estudos, contribuir para fortalecimentos e transformações neces-
sários aos diferentes contextos educacionais da modernidade.
Nesta obra, conheceremos um pouco da história da Psicologia da Edu-
cação, relacionando dois campos do saber e possibilitando ao leitor a constru-
ção de uma ponte entre teoria e prática. Refletiremos acerca das implicações 
dos conceitos e teorias psicológicas na Pedagogia, sempre tendo em mente 
que, assim como a Medicina não é a Biologia Aplicada, a Pedagogia não dever 
ser a mera transposição de descobertas da Psicologia para a sala de aula ou 
para as práticas educacionais em quaisquer ambientes formais ou informais 
em que se possa concretizá-las.
Assim, começaremos nossa exploração do mundo da Psicologia da 
Educação definindo-a e compreendendo um pouco das diversas linhas que 
conceituam e delimitam a Psicologia enquanto ciência do comportamento. 
Descobriremos ramos dessa recente ciência, como a Psicologia do Desen-
volvimento e a Psicologia da Aprendizagem, as quais reunidas dão corpo à 
Psicologia da Educação.
Mergulhando nessas duas áreas, vislumbraremos aspectos filosóficos 
sobre a condição humana e aprofundaremos nosso entendimento acerca dos 
principais fundamentos do desenvolvimento da vida humana em suas diver-
sas dimensões.
Neste percurso, discutiremos sobre alguns processos inerentes a esse 
desenvolvimento, como a maturação, a motivação e a emoção ou afeto, a inte-
ração, a memória, o pensamento, a linguagem, a inteligência, entre outros, 
chegando ao processo de aprendizagem. Este, talvez, seja o grande ponto de 
nossa exploração, pois é justamente a aprendizagem que nos permite viver 
neste mundo cada vez mais dinâmico.
Apresentaremos, assim, a Psicologia da Aprendizagem, e, desvendando 
suas principais teorias, permitiremos a análise crítica da prática pedagógica 
cotidiana e, quem sabe, poderemos contribuir para novas concepções acerca 
do aprender e ensinar em suas formas sistematizadas.
– 7 –
Apresentação
Portanto, convidamos você, leitor, a nos acompanhar nessa exploração 
que deve se configurar como um passo de uma longa caminhada rumo à 
melhoria e à evolução contínua do saber, buscando a complementação de 
todas as áreas afim de construirmos uma sociedade mais justa e feliz.
Boa leitura!
Daniel Seemann* 
* Atua como pesquisador e docente em áreas das Ciências Sociais como Geopolítica, Ambiente 
Econômico Global, Homem e Sociedade, Evolução do Pensamento Administrativo e Teoria 
Geral da Administração. Atualmente, é professor na Instituição de Ensino Superior da Grande 
Florianópolis (IESGF) e na Faculdade de Santa Catarina (FASC).
1
Psicologia nas 
organizações
A competitividade econômica imposta pelos avanços do 
sistema capitalista impõe às organizações um forte desenvolvimento, 
pois não é mais possível pensar na economia de mercado sem a 
presença da globalização. Se por um lado a globalização traz consigo 
novos horizontes comerciais e oportunidades de negócios, por outro, 
amplia o número de empreendimentos disputando o mesmo espaço. 
Diante disso, cabe aos gestores desses empreendimentos lançar mão 
de todos os recursos possíveis para tornar suas organizações mais 
eficazes e eficientes, enfim, competitivas.
A ciência, de modo geral, deu, ao longo dos anos, grandes 
contribuições ao desenvolvimento das organizações. Entre as 
áreas do conhecimento científico que mais contribuíram com o 
desenvolvimento das organizações, podem ser citadas a Economia, 
– 10 –
Psicologia e Cultura Organizacional
a Sociologia, a Ciência Política, a Ciência Jurídica e a Administração. Além 
dessas, é preciso destacar a Psicologia, especialmente a partir dos anos 
subsequentes à Segunda Guerra Mundial.
Apesar da resistência das correntes mais conservadoras do pensamento 
administrativo, a aplicação da Psicologia nas Organizações avançou com 
relativa rapidez. Esse avanço foi paralelo ao da própria Psicologia enquanto 
conhecimento científico, que, em suas primeiras décadas, era demasiado abs-
trato e de emprego técnico limitado.
Com o passar dos anos, a Psicologia progrediu nos campos teórico e 
prático: entrelaçou-se às ciências sociais (como a Antropologia) e às ciências 
da saúde (como a Medicina). Assim, fortaleceu os eixos de comunicação do 
saber interdisciplinar, por vezes, tumultuado devido a divergências acadêmi-
cas e a preconceitos.
Mas, afinal, o que é a Psicologia? O que ela tem a ver com a atividade admi-
nistrativa? Como ela pode contribuir para o aperfeiçoamento das organizações e o 
seu funcionamento? As respostas a esses questionamentos serão expostas a seguir.
1.1 Surgimento da Psicologia
Desde seu surgimento, a Psicologia, na condição de ramo do conhe-
cimento científico, causou muitas controvérsias. Seu reconhecimento como 
uma ciência foi um processo longo. Ainda hoje, muitos pensadores negam à 
Psicologia o status de ciência. Para tais afirmações, os críticos alegam que ela 
carece de rigor metodológico em suas observações e investigações. Atestam 
ainda que a aplicabilidade do método científico ao objeto de estudo da Psi-
cologia – a mente e o comportamento humano dela derivado – é muito limi-
tado. Para esses críticos, essa limitação se deve ao caráter metafísico da mente, 
que, por outro lado, pode ser averiguado por outros ramos do conhecimento 
mais “livres”, como a Filosofia.
Conhecer as contribuições dadas pela Filosofia à Psicologia é importante 
para o entendimento da cultura organizacional, porque as organizações 
são compostas por pessoas cujas interações se manifestam pelos seus 
comportamentos. E, conforme será abordadoadiante, o comportamento é 
determinado pela mente. Por isso, entender a mente e o comportamento é 
um desafio que acompanha os homens pelos séculos.
– 11 –
Psicologia nas organizações
1.1.1 A importância da Filosofia para 
o surgimento da Psicologia 
A ligação da Psicologia com a Filosofia na atualidade evidencia-se pelo 
caráter transcendental do seu objeto de estudo. Esses dois campos do saber 
são, contudo, ainda mais próximos do que essa afirmação pode indicar. Ao 
longo da história, o comportamento humano – junto com suas peculiaridades 
– foi uma das principais esferas de interesse dos filósofos. No passado, esses 
estudos orientaram questões relativas à política e à sociedade. No presente, 
avançam para a esfera da administração, sendo relevantes para a Psicologia 
aplicada ao estudo das organizações e à cultura organizacional.
1.1.1.1 Antiguidade clássica
Já na Grécia antiga, podemos identificar averiguações acerca dos aspec-
tos essenciais da mente e no modo de agir dos homens.
Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, buscou explicar a formação 
do consciente e do subconsciente humano. Para isso, aprofundou-se nos 
estudos da ética, da moral, das virtudes e da justiça. Além disso, investigou 
a manifestação prática desses conceitos: o comportamento. Esses fatores 
enraizavam-se nos homens através de seu contato com o meio onde viviam, 
e seu desenvolvimento era condicionado ao modo como os homens 
interagiam com esse meio. Para Aristóteles, o desenvolvimento das virtudes 
dependia de um exercício pessoal, aliado às experiências do indivíduo 
com sua sociedade. Para ele, as mentes dos homens influenciavam e 
eram influenciadas pelo ambiente em que se inseriam (ARISTÓTELES, 
1984). Na Grécia Clássica, como produtores de conhecimento sobre a 
mente humana, destacaram-se ainda os filósofos Platão e Sócrates, além de 
inúmeros sofistas.
Os romanos continuaram, em certa medida, o trabalho dos gregos, 
principalmente por meio das contribuições dadas pelos membros do 
estoicismo1. Alguns de seus principais representantes foram Cícero, Marco 
Aurélio e Plínio, e o objetivo dessa corrente filosófica era o estudo da moral 
e da justiça, indo além da importância da moral e da justiça para a formação 
e manutenção das civilizações – em especial, Roma (ABRAÃO, 2004).
1 O estoicismo é uma escola da Filosofia. Embora tenha sido fundada em Atenas - na Grécia 
clássica - alguns dos seus principais representantes foram romanos. 
– 12 –
Psicologia e Cultura Organizacional
1.1.1.2 Idade Média
Na Idade Média, também foram escritos textos relacionados à mente e ao 
comportamento humano. A maior parte desses textos possui forte influência 
religiosa. Os pensadores medievais abordaram a mente humana como objeto de 
estudo partindo de um ponto de vista teocêntrico, ou seja, tendo Deus como 
centro e referência. Entre os principais estudiosos na era medieval, destacaram-se 
Santo Anselmo de Cantuária, Santo Alberto de Colônia e São Tomás de Aquino.
Santo Anselmo procurou argumentos para provar a existência divina 
através de um exercício dialético entre a fé e a razão. Para ele, o homem, 
sendo criatura a imagem e semelhança de Deus, poderia encontrar em sua 
mente explicações sobre o Ser Divino. O pensamento, conforme afirmava, 
era dotado de uma “essência divina” (ABRAÃO, 2004).
Encontra-se no legado filosófico de Santo Alberto um enorme interesse 
interdisciplinar (presente também na Psicologia). Sua vasta obra contemplou 
estudos que auxiliaram na fundamentação de várias áreas da ciência, desde as 
exatas, passando pelas naturais e biológicas, até as sociais e humanas. Com 
isso, Santo Alberto buscou a justa medida entre a fé e a razão, além da promo-
ção do bom comportamento humano advindo desse equilíbrio.
São Tomás de Aquino ocupou-se do dualismo entre o corpo e a alma dos 
homens, a matéria e a mente. Para ele, os seres humanos e suas ações eram 
resultado dessa junção entre corpo e alma (ABRÃO, 2005).
As descobertas sobre a mente e o comportamento humano 
feitas pelos filósofos religiosos influenciaram direta-
mente a cultura organizacional da Igreja na Idade Média. 
Em certa medida, isso causou reflexos na organização do 
Estado e dos empreendimentos econômicos da época.
 
1.1.1.3 Renascimento
Durante o Renascimento, a visão teocêntrica do mundo deu lugar ao 
antropocentrismo. Desse momento em diante, muitos estudiosos passaram 
– 13 –
Psicologia nas organizações
a desvincular a produção de conhecimento das referências divinas, que são 
inerentes à Teologia. Com isso, não só a produção acadêmica como também 
o modo de vida dos acadêmicos se modificou: na Idade Média, a maioria dos 
pensadores eram diretamente ligados à Igreja como membros do clero; no 
Renascimento, houve proliferação de pensadores sem vínculo religioso for-
mal e ligados a centros acadêmicos laicos.
O antropocentrismo reduziu a influência da religião 
na cultura organizacional renascentista.
 
René Descartes é considerado um dos expoentes da separação entre o 
pensamento filosófico e teológico e da quebra do monopólio da Igreja sobre 
o conhecimento. Dedicou-se às ciências naturais, como a Física e a Química, 
além da Matemática, mas encontrou na Filosofia um notável sucesso. Seus 
textos filosóficos abordam questões que, anos mais tarde, se destacariam na 
Psicologia, como a sua teoria acerca da realidade, a qual, para Descartes, divi-
dia-se em res cogita (coisas do pensamento) e res extensa (coisas da matéria). 
Devem-se a ele relevantes avanços na Filosofia e nas Ciências Naturais, pelo 
emprego do Método Cartesiano.
 
O Método Cartesiano consistia basicamente em colocar 
em dúvida tudo o que poderia ser contestado, impondo 
o questionamento como força motriz do conhecimento 
(DESCARTES, 2004 b).
Com o emprego de seu método à Filosofia, Descartes buscou explicar 
a existência humana. É de sua autoria uma das frases que melhor explicita 
a ligação entre o ser e o pensamento: Duvido, logo penso, logo sou2. Esse 
método só foi superado, anos mais tarde, pelos resultados obtidos com os 
2 Em latim: Dubito ergo cogito ergo sum. Tradução do autor.
– 14 –
Psicologia e Cultura Organizacional
estudos de Issac Newton e Gottfried Leibniz. Entretanto, serviu para estes 
últimos como uma das bases principais.
Newton e Leibniz discordaram de Descartes principalmente em seu 
modo de interpretar o comportamento humano a partir da Filosofia. Ambos 
pensavam que a religiosidade era importante na determinação do comporta-
mento humano, e que a Teologia poderia elucidar algumas questões relativas 
à influência da religião na mente humana. Leibniz aprofundou-se mais nesse 
campo e levantou questões que influenciaram as teorias iniciais da Psicologia, 
como sua observação acerca da reflexão humana e da capacidade desta em 
determinar as ações dos homens (LEIBNIZ, 2005).
1.1.1.4 Iluminismo
Embora os estudos de Newton e Leibniz tenham sido maiores no campo das 
ciências naturais e da Matemática, seus textos filosóficos causaram maior impacto 
social e influenciaram um grande movimento cultural que mudou a Europa: o 
Iluminismo. Os filósofos iluministas buscaram contribuir para o progresso da 
humanidade nos mais diversos aspectos. Assim, o movimento iluminista abran-
geu estudos em diversas áreas. Para o desenvolvimento da humanidade, era fun-
damental o entendimento sobre a sociedade e sobre o homem. Vários foram os 
pensadores que contribuíram para o entendimento do ser humano.
O maior colaborador iluminista para o avanço da com-
preensão da mente e do comportamento (mais tarde 
fundamentais à Psicologia) foi Immanuel Kant.
 
Kant continuou os estudos metafísicos de Leibniz e adotou, deste último, 
algumas teorias. Porém, rejeitou outras. Além disso, influenciou diretamente 
o surgimento de alguns ramos do conhecimento contemporâneo,como a 
Geografia, a Filologia, a Sociologia e a própria Psicologia.
Em sua obra mais célebre, A Crítica da Razão Pura, Kant tem como 
objetivo compreender os pontos mais elementares da mente humana. Para 
isso, relata o modo como eles se organizam em um conjunto que forma a 
– 15 –
Psicologia nas organizações
consciência, que, por sua vez, é a origem da razão. Além disso, nessa obra, 
Kant busca explicar de que forma o homem utiliza a razão para experimentar 
o universo metafísico, desenvolver ideias e acumular conhecimento.
Em A Crítica da Razão Prática, Kant descreve a influência do meio 
físico – como no caso da sociedade – sobre a mente humana; elucida o meca-
nismo com o qual a mente experimenta a realidade através dos sentidos; e 
de que forma a relação do homem com o meio afeta sua razão. Do mesmo 
modo, para Kant, o homem utiliza a razão para interferir na realidade onde 
vive, além de produzir conhecimentos de origem sensorial (KANT, 2002 a).
Na Crítica da Faculdade do Juízo, Kant busca explicar de que forma 
o homem desperta e desenvolve sua capacidade de julgar; de que forma seus 
julgamentos são determinados pela razão; e de que forma os julgamentos seus 
e dos outros interferem em sua racionalidade posterior. Descreve ainda como 
a faculdade do juízo é importante para produzir conhecimento e para a capa-
cidade de compreensão. Busca também explicitar como o homem interage 
com o seu próprio juízo e o dos outros (KANT, 2002 c).
Immanuel Kant aventurou-se, ainda, no campo da Estética. Desenvolveu 
estudos e escreveu textos em que buscou identificar padrões estéticos influen-
ciados ou determinados pela cultura. Foi também precursor do Idealismo – 
corrente filosófica bastante influente na Psicologia –, que buscava compreender 
os aspectos ideais das coisas e dos seres. Além disso, o Idealismo procurava des-
vendar a ligação da mente humana com Deus, a perfeição ideal por excelência. 
Dessa ligação surgem, para Kant, os padrões estéticos ideais (KANT, 2002 d).
Em suas obras, Kant também trabalhou com padrões 
ideais de estrutura. Seus principais textos foram publi-
cados durante o avanço da Revolução Industrial e ajuda-
ram a formar a cultura organizacional daquele tempo.
 
1.1.1.5 Idealismo
O Idealismo foi um movimento filosófico iniciado por Kant, conforme 
vimos anteriormente. Mas foi além dele, pois seu pensamento irradiou em 
– 16 –
Psicologia e Cultura Organizacional
muitas obras escritas mesmo depois de sua morte. Entre os demais escritos 
idealistas relevantes para a psicologia, as ciências sociais e a lógica organiza-
cional, destacam-se as obras de Georg W. F. Hegel.
Desenvolvedor do método dialético contemporâneo, Hegel deu uma 
enorme contribuição ao uso da lógica para a investigação de objetos abstratos 
– como a mente – e à formulação de teorias a partir da argumentação e contra 
argumentação de ideias. Esse mecanismo orientou muitas pesquisas desenvol-
vidas por outro filósofo pós-kantiano: Hartmann (HEGEL, 2001 b).
Karl R. E. Hartmann foi influenciado, simultaneamente, pelo idealismo 
e pelo pessimismo3. Empregou esforços visando a compreender a parte da 
mente humana não dominada pela razão: o inconsciente. Seu livro A Filo-
sofia do Inconsciente influenciou diretamente o conceito de inconsciente 
apresentado, décadas mais tarde, por Sigmund Freud. Mais que isso, comple-
tou o conjunto de teorias necessárias para início da Psicologia.
O idealismo foi um dos pontos chave para a estru-
turação da burocracia contemporânea e para as pes-
quisas da escola burocrática da administração, um 
dos principais ramos da cultura organizacional.
 
1.1.2 Surge a Psicologia
Wilhelm Maximilian Wundt
Ao longo da segunda metade do século XIX, o médico e filósofo alemão 
Wilhelm Maximilian Wundt deu os primeiros passos da Psicologia e desenvol-
3 O Pessimismo é uma corrente filosófica introduzida por Arthur Schopenhauer. Tem 
suas ideias marcadas pela decepção com o homem.
– 17 –
Psicologia nas organizações
veu esse novo campo científico. Ele uniu o entendimento filosófico sobre a mente 
e sobre o comportamento com suas teorias ligadas à Fisiologia. O que faltou aos 
filósofos para abordar o comportamento e a mente humana da forma como é 
feita na Psicologia foi a ligação direta desta com a medicina. Assim, não é por 
acaso que um médico e filósofo foi o pioneiro desse ramo do conhecimento.
Wundt definiu a Psicologia como uma ciência, e a mente era seu objeto. 
Analisou a consciência, conectando o que havia sido desenvolvido pela Filo-
sofia com seus estudos de fisiologia sensorial. Conforme seu entendimento, a 
consciência é diretamente ligada aos sentidos. A porções da consciência mais 
próximas dos sentidos são responsáveis pelas sensações; as porções mais atre-
ladas ao aspecto transcendental da mente são responsáveis pelos sentimentos 
e pela razão. A sensações são classificadas conforme sua origem nos sentidos: 
olfato, paladar, audição, visão, tato. Os sentimentos são elencados de acordo 
com as experiências emocionais vividas. A razão, por sua vez, é classificada 
conforme a capacidade de apreender e gerar conhecimento, além do conhe-
cimento previamente obtido. Esses aspectos das sensações, dos sentimentos e 
da razão são variáveis em intensidade e qualidade (WUNDT, 2013).
Alguns dos principais conceitos de Wundt foram desenvolvidos no pri-
meiro laboratório de psicologia do mundo, fundado em 1879 em Leipzig, 
Alemanha, onde Wundt4 se dedicou especialmente às questões da Psicologia 
Experimental. Esse laboratório contava com uma notável equipe de pesqui-
sadores dotados de conhecimentos das ciências naturais, medicina e filosofia. 
Alguns desses estudiosos foram responsáveis pela propagação da Psicologia fora 
da alemanha, como na Áustria, na Suíça, na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Wilhelm Wundt com seus colegas em seu laboratório de psicologia.
4 Das Wundt-Laboratorium no original em alemão. Termo traduzido pelo autor.
– 18 –
Psicologia e Cultura Organizacional
Os primeiros trabalhos de Wundt foram referentes ao que ele chamou de 
psicofísica. Os conhecimentos obtidos nessa área possibilitaram avançar para 
um novo estágio em suas pesquisas, o da Psicologia Comparada. Nesse perí-
odo, ele buscava identificar os aspectos instintivos da consciência humana, 
correlacionando-os com o comportamento dos animais. Porém, identificou 
que o comportamento dos seres humanos estava, em maior ou menor grau, 
sempre condicionado por aspectos culturais. Essa descoberta o levou, anos 
mais tarde, após os avanços proporcionados pelas pesquisas no laboratório de 
psicologia, a desenvolver suas teorias de Psicologia Social (FREUD, 2005 a).
A obra que inaugurou essa nova área do estudo científico da mente foi Psi-
cologia Cultural. O texto recebeu duras críticas, vindas até mesmo de antigos 
auxiliares do Laboratório Wundt. Porém, ela encontrou respaldo entre muitos 
pensadores, principalmente entre os que se dedicavam ao promissor campo das 
ciências sociais. Entre eles, merecem destaque Émile Durkheim e Max Weber.
 
O verbete Völkerpsychologie, no original em alemão, tem por tra-
dução literal “Psicologia popular”. Entretanto, “Psicologia cultural” 
enquadra-se melhor ao contexto em que o Wilhelm Wundt esboça 
suas teorias e ao emprego dado pela cultura organizacional.
Os resultados obtidos com as pesquisas da Psicologia Experimental e com 
a Psicologia Social eram, entretanto, distintos. Isso levou à separação dessas duas 
correntes da Psicologia, proposta pelo próprio criador. Nos últimos trabalhos, 
ficaram evidentes a influência das descobertas da Psicologia Social no pensamento 
de Wundt, que no fim da vida se dedicou quase integralmente a esse novo campo. 
Os resultados obtidos por ele nesse período compõem parte da base teórica da 
Psicologia aplicada à cultura organizacional atéo presente (WUNDT, 2013).
Entre as atuais correntes da Psicologia e da cultura orga-
nizacional que se embasam nas contribuições de Wundt, 
destacam-se a escola humanística e a contingencial.
 
– 19 –
Psicologia nas organizações
1.1.2.1 Pioneiros da Psicologia
Entre os auxiliares de Wundt que mais contribuíram para o desenvolvi-
mento e a propagação da Psicologia, incluem-se: 
Emil Kraepelin, psiquiatra alemão criador de teorias sobre a psicose 
maníaco depressiva (popularmente conhecida como depressão) e sobre a 
demência precoce (atualmente conhecida como esquizofrenia). Foi um forte 
opositor de seu contemporâneo Sigmund Freud, por afirmar que a origem 
das patologias não seria psicológica, mas fisiológica, ou seja, relativa ao corpo.
Oswald Külpe, filósofo e posteriormente psicólogo, também alemão, 
teve como principal contribuição a obra Fundamentos de Psicologia, em 
que abordou conceitos chave da nova ciência, como a psique. Realizou ainda 
estudos sobre o que chamou de introspecção experimental5 e memorização a 
partir de exemplos.
Edward B. Titchener foi um dos mais aplicados discípulos de Wundt e 
fundador da escola Estruturalista. Nasceu na Inglaterra, mas realizou a maior 
parte de seus estudos na Alemanha. Ao retornar para seu país de origem, 
Titchener encontrou forte resistência entre seus compatriotas quando ten-
tou difundir a Psicologia. Isso o levou para os Estados Unidos, onde viviam 
outros dois alunos de Wundt: Stanley Hall e Cattell.
Granville Stanley Hall foi o pioneiro da Psicologia norte-americana. 
Fundou o Jornal Americano de Psicologia e a Associação Psicológica Ameri-
cana. Interessou-se pelo desenvolvimento da mente humana em todos os seus 
estágios: desde a infância até a fase adulta.
James Mckeen Cattell é tido como o introdutor da Psicometria (notório 
ramo da Psicologia dedicado à mensuração das capacidades mentais) nos Esta-
dos Unidos. Os estudos de psicometria realizados por Cattell tiveram grande 
influência dos empreendidos pelo Laboratório Wundt em Leipzig. Entre-
tanto, trouxeram inovações relativas à medição de processos mentais consi-
derados mais simples, como as sensações e o tempo de reação da memória. O 
conjunto dos resultados obtidos nas pesquisas de Cattell evidenciou aspectos 
importantes da psicologia americana relativos à mensuração do intelecto.
5 A introspecção experimental é uma técnica para o estudo da mente onde estímulos são 
aplicados a um sujeito e as reações são observadas pelo pesquisador e pelo sujeito pesquisado.
– 20 –
Psicologia e Cultura Organizacional
Os exames de mensuração das capacidades mentais 
desenvolvidos por Cattell são os precursores dos popu-
lares testes de QI do presente. Também deram início 
aos testes de aptidão profissional utilizados por mui-
tas empresas no recrutamento de funcionários.
 
A primeira geração herdeira da produção acadêmica de Wundt trouxe 
o Estruturalismo, o Funcionalismo, a Gestalt e a Psicanálise como correntes 
da Psicologia. Algumas décadas mais tarde, surgiram as vertentes da segunda 
geração, como a Psicologia Analítica e o Comportamentalismo (também 
conhecido como Behaviorismo, devido à palavra inglesa behavior, que signi-
fica comportamento). As teorias e metodologias desses campos da Psicologia 
serão abordadas na próxima seção.
1.2 Principais vertentes teóricas e metodologias 
Conforme visto anteriomente, a Psicologia surgiu como ciência a partir 
dos estudos de Wilhelm Wundt. Ele aplicou o rigor do método científico às 
suas experiências preliminares sobre a mente e chamou de Psicofísica o resultado 
disso. Seus estudos seguintes o levaram à observação do comportamento 
humano e de sua correlação com os outros animais, formando o que denominou 
Psicologia Comparada.
Somente com a fundação do seu laboratório, em 1879, é que suas técnicas 
para o estudo da mente foram reconhecidas com maior amplitude. Esse fato é 
considerado o marco da fundação da Psicologia. No Laboratório de Wundt, 
organizou-se o que ficou conhecido como Psicologia Experimental.
Dessas primeiras atividades científicas de Wundt relacionadas ao estudo 
da mente surgiram todas as demais correntes da Psicologia. Por isso, para 
o prosseguimento dos estudos sobre essas vertentes do saber psicológico, 
cabe compreeender primeiro alguns dos principais conceitos dessa ciência. 
Isso ocorre porque a maneira como as escolas da Psicologia lidam com os 
conceitos de mente, consciência, inconciência, subconsciente, emoção, 
sentidos, psique (dentre outros) condiciona suas teorias e metodologias. 
– 21 –
Psicologia nas organizações
Mais que isso, determina sua relevância para as ciências sociais e para a 
cultura organizacional.
1.2.1 Conceitos da Psicologia aplicados 
à cultura organizacional
A produção teórica de uma ciência está relacionada com a noção de 
conceito. O termo conceito pode ser entendido como uma ideia, ou conjunto 
de ideias, apresentados de forma sistematizada. O objetivo de um conceito é 
fornecer explicações acerca de um objeto de estudo. Como o objeto de estudo 
da Psicologia é a mente e o comportamento, os conceitos apresentados por ela 
buscam explicar questões relacionadas a esses fatores.
Destacam-se, a seguir, os conceitos mais relevantes para a cultura orga-
nizacional que permeiam a psicologia.
1.2.1.1 Mente
A mente é considerada a principal fonte das características determinan-
tes do gênero humano e se compõe pelo consciente e pelo inconsciente. Des-
ses dois hemisférios metafíscos da mente derivam suas demais áreas, como a 
razão, a memória, os sentimentos e os desejos. Além disso, a mente coordena 
outra questão fundamental da Psicologia: o comportamento.
Atribui-se também à mente outra capacidade humana: a intuição. Os 
estudos sobre a intuição ainda não produziram muitos dados científicos 
satisfatórios, entretanto, ela desperta atenção no universo da administração 
relacionado aos negócios. A Psicologia aplicada à cultura organizacional e 
à Administração ainda busca entender como algumas pessoas desenvolvem 
o que é popularmente conhecido como “faro empresarial” e a ligação desse 
fenômeno com o sucesso de grandes organizações.
1.2.1.2 Comportamento
É um dos aspectos principais no estudo da Psicologia. Define-se por com-
portamento o conjunto de ações realizadas por um indivíduo. Desde as teorias 
apresentadas pela Filosofia Clássica, o comportamento era dividido em cons-
ciente e inconsciente. Estes, como vimos anteriormente, correspondem respec-
– 22 –
Psicologia e Cultura Organizacional
tivamente às ações voluntárias e involuntárias dos indivíduos. Um conjunto de 
comportamentos dentro de um determinado grupo de pessoas forma uma parte 
importante do que se conhece como cultura. Assim, a cultura organizacional de 
uma empresa pode variar conforme o comportamento dos seus colaboradores.
A mente e o comportamento dos indivíduos interessam 
à cultura organizacional, pois cada organização possui 
uma estrutura, que, para funcionar, precisa de pessoas. 
Cada pessoa que compõe a estrutura deve agir e pensar de 
acordo com as necessidades funcionais da organização.
 
1.2.1.3 Psique
Na filosofia helênica, o termo psique denominava a alma dos homens, a 
junção de espírito e mente. Modernamente, foi o nome dado pelo fundador da 
Psicanálise, Sigmund Freud, para o principal objeto de estudo da sua ciência. 
Nesse sentido, mais contemporâneo, o termo psique representa a soma do ego, 
do superego e do id, sendo que, para Freud, deve ser agregado ao conceito de 
psique o resultado da interação entre os seus fragmentos (FREUD, 2005 b).
1.2.1.4 Consciência
Conforme visto anteriormente, a consciência é considerada pela Filo-
sofia e pela Psicologia uma parte da mente humana. Ela é responsável por 
ações mentais como a razão, a memória ativa e os sentidos, e determina 
aindaas ações submetidas à vontade – chamadas de comportamento cons-
ciente. Juntamente com o inconsciente, compõe o que os filósofos e psicó-
logos chamam de mente. Por exemplo, a memória ativa de um indivíduo, 
que é utilizada para exercer suas funções de trabalho, é parte da consciência 
(FREUD, 2005 c; KANT, 2002 b).
1.2.1.5 Inconsciente
É a parte da mente responsável pelos reflexos, pelos instintos, pela memó-
ria passiva e pela intuição. Como é uma parte da mente, influencia no com-
portamento, porém, apenas nas questões comportamentais que não estão 
– 23 –
Psicologia nas organizações
diretamente submetidas à vontade, ou seja, do comportamento inconsciente. 
Questões como aptidão natural para uma função ou a afinidade emocional com 
membros da equipe de trabalho são parte influenciadas pelo inconsciente.
1.2.1.6 Subconsciente
Foi um termo produzido pela escola francesa da Psicologia para deno-
minar a parte da mente antagônica da consciência. Pode ser interpretado de 
maneira geral como um sinônimo de inconsciente, mas vale ressaltar que 
o paralelismo entre esses vocábulos é corrente no senso comum. No meio 
acadêmico, inconsciente é o verbete preferido, por estar ligado às definições 
de mente desde as abordagens filosóficas (FREUD, 2005 a).
1.2.1.7 Inconsciente coletivo 
Conceito introduzido pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Para esse 
autor, o incosciente coletivo diferencia-se do inconsciente individual por não 
estar associado apenas às experiências individuais dos homens. É condicio-
nado pelas experiências coletivas em uma abordagem próxima à da Psicologia 
Comportamental de Wundt.
De acordo com Jung, o inconsciente coletivo se encontra nas cama-
das mais profundas da psique e influencia em questões como religiosi-
dade, convicções políticas e anseios sociais. Embora a inserção social seja 
importante para a formação do inconsciente coletivo nas pessoas, ele não 
é formado por um conjunto de inconscientes, como o nome pode sugerir. 
Cada sujeito possui um inconsciente coletivo próprio, armazenado em 
sua mente. Esse conceito é parte fundamental para a compreensão das 
teorias da Psicologia Analítica.
A capacidade de um líder exercer influência sobre uma pes-
soa está vinculada ao inconsciente coletivo dela. Do mesmo 
modo, a penetração dos efeitos de uma disputa política entre 
líderes sindicais e diretores de uma organização no estado 
emocional de um operário é também atrelada a esse fator.
 
– 24 –
Psicologia e Cultura Organizacional
1.2.1.8 Sensação
Para a psicofísica, sensação é uma reação da mente para os estímulos 
que ela recebe dos sentidos. Pode-se também aplicar o termo sensação para 
estímulos promovidos pela intuição. Entretanto, essa utilização do termo 
não é plenamente aceita na Psicologia. As áreas da Psicologia mais ligadas à 
medicina e às ciências naturais, como a neuropsicologia e a psicofísica, por 
exemplo, utilizam o termo apenas para reações aos estímulos sensoriais.
1.2.1.9 Emoção
É um fenômeno da mente ligado ao inconsciente. Embora, por vezes, a 
consciência possa desencadear ou manipular processos emocionais, o estado 
emocional dificilmente é controlado pela razão. Para as organizações, o estudo 
da emoção é relevante, por exemplo, no entendimento da satisfação ou insatis-
fação dos colaboradores com sua profissão, e dos fatores que geram alegria ou 
tristeza no ambiente de trabalho. Na estrutura de uma empresa, é interessante 
que existam dispositivos que promovam o equilíbrio emocional das pessoas.
1.2.1.10 Sentidos
Os sentidos são mecanismos através dos quais os animais recebem 
os estímulos do mundo à sua volta. Os sentidos proporcionam aos seres 
humanos, por terem um sistema nervoso muito desenvolvido, experiências 
que não podem ser vividas por outros animais. Os filósofos da antiguidade 
já concordavam com a existência de cinco sentidos: audição, visão, olfato, 
paladar e tato. À junção dos sentidos com o sistema nervoso dá-se o nome de 
sistema sensorial. Por meio do sistema sensorial, experimentamos o ambiente 
onde estamos inseridos.
Dentro de uma estrutura organizacional, a preocupação com os sentidos 
está ligada às questões do ambiente de trabalho, por exemplo. A iluminação de 
uma sala de reuniões, o ruído das máquinas no pátio de produção ou o odor 
de produtos químicos em ambientes de pesquisa são fatores que influenciam 
no humor e na disposição dos trabalhadores (CHIAVENATO, 2011).
Ambientes de trabalho que possibilitam às pessoas 
experimentar sensações agradáveis podem contribuir 
para o aumento da produtividade de uma empresa.
 
– 25 –
Psicologia nas organizações
1.2.1.11 Psicopatologia
É o termo utilizado para denominar o estudo dos distúrbios patológicos 
da mente. Esses distúrbios são também chamados psicopatológicos. 
Eles envolvem um grande número de fatores da mente e se exteriorizam 
através do comportamento. Os distúrbios psicopatológicos relacionados ao 
comportamento social receberam atenção especial na Psicologia cultural de 
Wundt, porque, como essa corrente se dedicou mais à compreensão dos 
aspectos sociais, políticos e culturais da mente, os distúrbios que afetam o 
comportamento nessas esferas foram mais relevantes para o desenvolvimento 
de suas teorias. Desse modo, o avanço da psicopatologia também trouxe 
benefícios às organizações, já que proporcionou soluções para problemas de 
relacionamento e de clima organizacional.
1.2.1.12 Neurose
Designa os transtornos mentais que promovem anomalias leves e 
moderadas no comportamento humano. Entre as neuroses mais comuns estão 
a ansiedade, as várias formas de fobias, compulsões, obsessões e a depressão. 
A depressão e a ansiedade manifestam-se nos ambientes organizacionais 
principalmente a partir das expectativas de progresso na carreira profissional 
e nas possibilidades de frustração dessas expectativas.
1.2.1.13 Psicologia Aplicada
A Psicologia aplicada é a prática dos conhecimentos sobre a mente 
e o comportamento na solução de problemas em conjunto com outros 
ramos do saber. Pode-se falar em Psicologia aplicada às ciências sociais 
(como na Sociologia, na Antropologia e na Ciência Política) ou às 
ciências naturais (como na Biologia). No caso da Administração, uma 
das principais aplicações da Psicologia é na cultura organizacional. Nesse 
contexto, ela atua nos problemas relacionados às organizações e a suas 
estruturas (ABBAGNANO, 1999).
Nas organizações, a Psicologia contribui, por exemplo, 
para solucionar questões ligadas às condições sociais e 
– 26 –
Psicologia e Cultura Organizacional
psicológicas no ambiente de trabalho. Ou seja, colabora 
para a existência de um bom clima organizacional.
 
1.2.1.14 Psicoterapia
É o nome dado ao tratamento dispensado aos pacientes portadores 
de anomalias patológicas da mente e do comportamento. Esse tratamento 
foi desenvolvido com recursos dos conceitos introduzidos pela psicologia e 
pelos avanços da Psiquiatria. A psicoterapia mostrou-se eficaz no combate 
a psicopatologias simples, como as fobias leves e complexas, as fobias 
agudas, a neurose e a esquizofrenia. Avançou paralelamente à Psicologia e à 
Psiquiatria e aos equipamentos desenvolvidos pela física médica.
Os primeiros tratamentos psicoterápicos incluíram a psicoterapia química, 
com o uso de entorpecentes como a cocaína, e a psicoterapia física, com o uso, 
por exemplo, da eletroestimulação cerebral. A psicoterapia contemporânea inclui 
diálogos investigativos acerca de traumas, indução psicoanalítica ou uso de medi-
camentos menos danosos à consciência e ao inconsciente. As psicoterapias mais 
comuns nas organizações são as dinâmicas coletivas e as terapias de grupo.
1.2.2 Escolas, teorias e metodologias da Psicologia
As teorias e metodologias empregadas na Psicologia variaram, ou melhor, 
ainda variam conforme as escolas do pensamentopsicológico. Algumas ver-
tentes da Psicologia deram grandes contribuições para o progresso dos estu-
dos sobre cultura organizacional. Serão apresentadas a seguir algumas das 
escolas mais influentes na Psicologia, suas teorias e metodologias.
1.2.2.1 Psicologia Experimental
Foi o primeiro campo da Psicologia desenvolvido por Wilhelm 
Wundt. Nela, Wundt utilizou seus conhecimentos das ciências naturais para 
estudar a mente. Aplicou, assim, conhecimentos principalmente da física 
nos experimentos que realizava. As principais contribuições desse ramo se 
relacionam ao modo como os sentidos e a mente interagem. Utilizou, para isso, 
emissores de ondas sonoras para verificar os estímulos relacionados à audição, 
– 27 –
Psicologia nas organizações
ondas eletromagnéticas e de cores para verificar os relacionados à visão, além de 
pulsos elétricos e eventos mecânicos para o tato (FREUD, 2005 a).
No desenvolvimento da psicofísica, Wundt contou com contribuições 
de outros dois cientistas alemães: Ernst Heinrich Weber e Gustav Teodor 
Fechner, os quais desenvolveram uma teoria acerca dos sentidos, chamada de 
Lei de Weber-Fechner.
 
Conforme a Lei de Weber-Fechner, sensações transmitidas 
pelos sentidos variam paralelamente conforme sua intensidade. 
Ou seja, quanto mais intensos forem os estímulos, maior será 
a necessidade de variação para que uma diferença seja perce-
bida. Por exemplo: quando recebemos um estímulo com um 
pequeno alfinete em nosso braço, sentimos uma dor leve e 
sabemos que um pequeno objeto pontiagudo toca nossa pele 
em uma região específica. Por outro lado, quando uma grande 
pedra cai sobre nosso braço, esmagando-o, sentimos uma dor 
muito intensa e não conseguimos perceber o formato do objeto 
nem a exata área onde esse objeto iniciou o contato. Foi no 
círculo acadêmico de Leipzig que Wundt conheceu essa teoria, 
que serviu como base para alguns de seus estudos e conclusões.
Entre as principais contribuições da Psicofísica para a cultura organizacio-
nal, destacam-se as considerações acerca das experiências das pessoas com seu 
ambiente de trabalho através dos sentidos. Alguns estudos nessa área indicam 
que locais com iluminação deficiente, por exemplo, podem afetar negativa-
mente o humor dos trabalhadores, interferindo na sua capacidade produtiva. O 
mesmo pode ser atribuído a ruídos ou odores que causem desconforto.
1.2.2.2 Psicologia Comparada
A Psicologia Comparada foi uma vertente do saber sobre a mente e 
o comportamento, também criada por Wundt, que observou o comporta-
mento do homem e de algumas espécies de animais e teceu, após isso, análises 
comparativas. Foram realizados exercícios com pessoas de diferentes níveis de 
– 28 –
Psicologia e Cultura Organizacional
capacidade intelectual e com animais como cães e macacos.
Nesses exercícios, eram impostos problemas de lógica prática com dife-
rentes níveis de dificuldade, como utilizar objetos para alcançar um alimento 
ou fazer uso de uma ferramenta para realizar uma tarefa. Observava-se como as 
pessoas e os animais resolviam os desafios impostos. Os dados obtidos auxilia-
vam a compreender o funcionamento da sua racionalidade e dos seus instintos.
A Psicologia comparada avançou para uma outra fase, a do comporta-
mento individual e coletivo dos homens e animais. Nela, verificou-se que 
tanto homens quanto algumas espécies de animais relacionavam-se por meio 
de estruturas sociais com diferentes graus de complexidade. Verificou-se 
ainda que, entre os seres humanos, sua inserção na estrutura social derivava 
de suas habilidades mentais, físicas e do seu comportamento. Essa constata-
ção orientou alguns dos pensamentos de Wundt expostos nos seus trabalhos 
de Psicologia cultural (FREUD, 2005 a).
1.2.2.3 Psicologia Cultural
A Psicologia Cultural é a área da Psicologia introduzida por Wundt que 
apresenta a maior afinidade com as ciências sociais e a cultura organizacional. 
A Psicologia Cultural preocupou-se com as questões socioculturais da mente 
e do comportamento. Nesse sentido, Wundt observou a interação da cultura 
com o comportamento dos indivíduos. Além disso, pesquisou sobre como 
determinados aspectos da mente – consciente e inconsciente – estão atrelados 
às questões culturais (ABBAGNANO, 1999).
Essa área da Psicologia contribuiu para desvendar a importância da capa-
cidade mental humana na elaboração de estruturas sociais e para se perceber 
que as estruturas sociais são relacionadas à cultura. Destacam-se, entre essas 
estruturas, as do Estado, dos exércitos, das indústrias e das famílias.
Para Wundt, os aspectos estruturais do Estado alemão, por exemplo, 
eram daquela forma porque a cultura alemã direcionava a mente das pessoas 
para construir estruturas com aquele padrão. Já o comportamento dos ale-
mães possibilitava que as estruturas por eles elaboradas funcionassem, devido 
à sua capacidade de interagir com uma estrutura compatível à sua cultura. Do 
mesmo modo, a cultura influencia os empreendimentos econômicos e as suas 
estruturas organizacionais (WUNDT, 2013).
– 29 –
Psicologia nas organizações
Se a cultura é fator determinante em uma estru-
tura, existem tipos de estrutura mais ou menos pro-
pensos a funcionar em uma cultura específica.
 
Aplicaram-se alguns princípios da Psicologia Comparada nas pesquisas 
da Psicologia Cultural para identificar padrões inerentes ao gênero humano, 
independentemente de sua cultura e de aspectos variáveis de uma cultura para 
a outra. Constatou-se, então, que a hierarquia é uma constante nas estruturas 
sociais em todas as culturas, as quais, porém, desenvolvem hierarquias com 
caraterísticas e funcionamento distintos.
Essa escola da Psicologia é de grande relevância para o pensamento atual 
sobre cultura organizacional. Com a crescente internacionalização do capital, 
organizações se deslocam por várias regiões em busca de oportunidades. Por 
isso, é importante para os gestores identificar se a estrutura da sua organização 
é compatível com a cultura do local onde a empresa busca se estabelecer.
1.2.2.4 Estruturalismo
A vertente estruturalista foi criada e introduzida na Psicologia por Edward 
Bradford Titchener. Os conhecimentos apresentados por Edward Titchener 
tinham influência direta das pesquisas desenvolvidas no Laboratório Wundt, 
onde Titchener trabalhou por vários anos. Os estudos da Psicologia Cultural, 
especialmente, deram enorme contributo às pesquisas ligadas ao Estruturalismo.
Entretanto, no Estruturalismo, a lógica de compreensão não partia da 
mente humana rumo às estruturas sociais e culturais, como na Psicologia 
Cultural, mas tinham uma abordagem inversa, partindo da influência das 
estruturas na mente e no comportamento do indivíduo. Nessa lógica, não é a 
mente nem o comportamento dos homens que determina os padrões de uma 
estrutura. São as estruturas que impõem às mentes padrões de comportamento.
Essa noção trouxe uma enorme influência às 
pesquisas sobre estrutura organizacional realizadas 
na Sociologia e na Administração.
 
– 30 –
Psicologia e Cultura Organizacional
O cerne da cultura organizacional, de acordo com o Estruturalismo, 
está na força exercida pelas estruturas sobre o consciente e o inconsciente 
humano. Esse pensamento determinou muitos métodos administrativos 
nas grandes empresas nas primeiras décadas do século XX. Ainda hoje, 
algumas das maiores organizações multinacionais utilizam recursos da 
corrente estruturalista em suas metodologias administrativas (ABBAG-
NANO, 1999).
1.2.2.5 Psicometria
É um ramo da Psicologia responsável pela pesquisa e aplicação de técni-
cas de mensuração das capacidades mentais. Foi criado pelo filósofo, médico 
e psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, que iniciou esse campo com o 
estudo das faculdades da memória e da capacidade de memorização.
Os estudos psicométricos nãoforam realizados apenas em seres humanos. 
Foram observados também outros animais, como cães e macacos. A partir disso, 
Ebbinghaus empreendeu análises comparativas entre o homem e esses animais 
utilizando os recursos desenvolvidos pela psicologia comparada de Wilhelm 
Wundt. Posteriormente, avançou para a compreensão das diferenças entre os 
seres humanos com distúrbios mentais e os sadios, considerando também os 
diferentes níveis de capacidade mental entre eles. Ebbinghaus interessou-se, 
ainda, pela relação da consciência e do subconsciente com os sentidos. Pesqui-
sou questões relativas às capacidades dos sentidos de pessoas sadias e de pessoas 
com distúrbios, além de outros pontos, como as ilusões sensoriais.
Outro expoente da psicometria, como vimos anteriormente, é o ameri-
cano James McKeen Cattell. Ele foi aluno de Wilhelm Wundt e, no labora-
tório de psicologia de Leipzig, também desenvolveu estudos de psicometria. 
Nos Estados Unidos, sua maior contribuição foi relativa ao estudo da inteli-
gência e dos mecanismos de medição das capacidades mentais, como os testes 
de aferição de quociente intelectual (FREUD, 2005).
Os testes de aptidão mental e de quociente intelectual são 
amplamente utilizados como critério de recrutamento em 
muitas empresas desde os anos oitenta até os dias atuais.
 
– 31 –
Psicologia nas organizações
1.2.2.6 Funcionalismo
O funcionalismo não é uma vertente da Psicologia propriamente dita, 
mas um modo de estudar e observar a sociedade e seus fenômenos, partindo 
da função de cada componente ou agente social nas estruturas onde está 
inserido. Cada sociedade, com sua cultura e seus componentes, reúne-se em 
torno de uma cadeia de funções.
Conforme as teorias funcionalistas, os indivíduos vivem em sociedade 
porque a atuação coletiva permite superar os desafios da sobrevivência com 
maior facilidade. Por outro lado, para pertencer a uma sociedade de maneira 
plena, é preciso desempenhar uma função. As funções existentes em uma 
sociedade, o modo de desempenhar as tarefas de cada função, as interações 
entre as funções e seus níveis de importância variam de uma cultura para 
outra. Assim, as características de uma função, assim como a sociedade, são 
culturalmente determinadas (ABBAGNANO, 1999).
Percebe-se a presença do funcionalismo em diversos ramos das ciências 
sociais. Na Antropologia, o funcionalismo opera nas investigações acerca dos 
aspectos culturais presentes na existência e no exercício de uma função. Na 
Sociologia, o funcionalismo investiga as funções das instituições, que intera-
gem dentro de um mecanismo orgânico. Na Administração, o funcionalismo 
se manifesta no estudo da cultura organizacional, com intuito de desenvolver 
estruturas eficientes, onde cada componente exerça sua atividade como etapa 
importante de uma ação mais abrangente.
1.2.2.7 Gestalt
A Gestalt é um ramo da Psicologia dedicado ao estudo de formas, conjun-
tos e conjunturas. As formas de que se ocupa a Gestalt são metafísicas, entre-
tanto, ela utiliza noções físicas de forma como paralelo para explicar suas teorias.
De acordo com essa escola, o entendimento de uma conjuntura ou 
conjunto não depende apenas da averiguação isolada das partes, porque 
essa interação resulta em fenômenos novos, que não existiriam caso esses 
componentes agissem separadamente.
Assim, de acordo com a Gestalt, para entender a mente de uma pes-
soa, não basta pesquisar separadamente seu consciente e seu inconsciente, 
pois a mente é a soma do consciente com o inconsciente e tudo o que 
– 32 –
Psicologia e Cultura Organizacional
deriva dessa junção. Do mesmo modo, não se pode entender plenamente 
as atitudes voluntárias de um indivíduo sem observar também seus gestos 
involuntários, dentro de uma perspectiva mais ampla que dá forma ao seu 
comportamento. Esse conceito da Gestalt foi apresentado primeiramente 
por Christian von Ehrenfels e recebeu o nome de supersoma. O conceito de 
transponibilidade, que seria a capacidade de um elemento transferir para o 
todo suas características, completa a teoria desse ramo da Psicologia.
A Gestalt contribui para a cultura organizacional com a percepção de que 
uma estrutura é mais do que a soma dos seus dispositivos e componentes: é 
a totalidade das características elementares desses componentes, os resultados 
obtidos da interação entre eles e das caractéristicas que essas partes não 
apresentariam se estivessem separadas do todo (CHIAVENATO, 2011).
Por mais relevante que um componente de uma estru-
tura seja para determinada organização, os aspec-
tos da estrutura de forma geral se sobressaem.
 
1.2.2.8 Psicanálise
A psicanálise foi o ramo da psicologia desenvolvido por Sigmund Freud. 
Este, entretanto, não a considerava uma área da Psicologia, mas um novo campo 
do conhecimento. A Psicanálise buscava entender os distúrbios psicopatológicos 
que causavam debilidade funcional (como as neuroses) ou que eram 
incapacitantes (como a psicose6). O tratamento desses distúrbios por meio da 
Psicanálise é chamado de terapia psicanalítica. Desse modo, o termo Psicanálise 
refere-se ao campo teórico e de investigação cientifica (FREUD, 2005 b).
As principais contribuições da Psicanálise referem-se, especialmente, aos pro-
blemas de comportamento relacionados às disparidades entre consciente e incons-
ciente. A psicanálise propôs uma nova composição para a mente humana, inserindo 
os conceitos de id, ego e superego. A resultante desses três fatores é chamada psique.
O id é responsável pelos desejos e impulsos instintivos simples (como a 
6 A psicose é um estado psicopatológico no qual se verifica a redução aguda das percepções da 
realidade, podendo acarretar em delírios e alucinações. (FREUD, 2005 b)
– 33 –
Psicologia nas organizações
fome e a libido) ou complexos (como a ambição profissional). É uma parte da 
psique totalmente inconsciente (FREUD, 2005 b).
O ego é uma racionalização do id que torna os instintos úteis e sub-
missos ao controle da consciência. Assim, é uma parte da psique totalmente 
consciente, que dá aos homens a capacidade de elaborar planos e estratégias, 
por exemplo (FREUD, 2005 b).
O superego é a parte da mente responsável pelo desenvolvimento de 
valores morais e éticos e das noções de bem e mal. É parcialmente consciente 
e inconsciente. Isso explica por que podemos fazer o bem por vontade própria 
ou censurar o mal de forma involuntária (FREUD, 2005 b).
 
Dentro dos princípios da abordagem psicoanalítica, uma pessoa 
que tem atitudes antiéticas e imorais (ou até mesmo perversas) 
para ascender na hierarquia de uma organização possui um id 
preponderante e um superego suprimido. Isso debilita sua capa-
cidade de realizar uma autocrítica da imoralidade ou da perversi-
dade de sua conduta (FREUD, 2005 c).
1.2.2.9 Psicologia Analítica
A Psicologia Analítica surgiu com o psicólogo, psiquiatra, e filosofo suíço 
Carl Gustav Jung, um dos principais colaboradores da Psicanálise empreen-
dida por Freud. Jung utilizou vários princípios teóricos da psicanálise, mas 
também produziu conceitos inovadores, como o de inconsciente coletivo.
A Psicologia Analítica reintroduz uma abordagem idealista no estudo 
da mente, em contraposição à psicanálise. Para isso, Jung utilizou vários con-
ceitos desenvolvidos pela filosofia de Kant, Hegel, Hartmann e Schelling. 
Ele parte da noção do eu como fundamental para a compreensão da mente 
humana e do comportamento, diferentemente da abordagem de Freud, que 
sobrecarrega a importância dos impulsos promovidos pela id.
De acordo com Jung, existem seis tipos básicos de personalidades, divi-
didos em três esferas: o extrovertido e o introvertido; o sensitivo e o intuitivo; 
– 34 –
Psicologia e Cultura Organizacional
o racional e o emotivo.
A formação da psique, para Jung, também possui origem em três esferasde 
influência: a biológica, a psicológica e a ambiental. Nesse contexto, a esfera bio-
lógica é composta pelas informações genéticas do indivíduo; a psicológica, pelo 
histórico dos eventos e experiências vividas individualmente; e a ambiental, pela 
sociedade e pela cultura onde o indivíduo está inserido. Nesse sentido, há tam-
bém um resgate de alguns conceitos da Psicologia de Wundt (FREUD, 2005 a).
Umas das contribuições da Psicologia Analítica para a 
cultura organizacional é identificar os tipos ideais de 
personalidade: a estrutura de uma organização é composta 
de vários cargos e funções. Nesse ambiente, alguns 
indivíduos possuem maior capacidade de liderança, 
outros de criação, e outros, ainda, para exercer atividades 
burocráticas. Desse modo, cabe ao administrador 
reconhecer as características dos seus colaboradores e 
alocá-los em tarefas propícias às suas capacidades.
 
1.2.2.10 Comportamentalismo
O Comportamentalismo buscou colocar o comportamento como o 
ponto central dos estudos e pesquisas na Psicologia, deixando a mente em um 
plano de menor importância. O pioneiro da psicologia comportamentalista 
foi o ameriacano John Broadus Watson. Embora ele ainda reconheça que a 
mente seja determinante no comportamento, o comportamento é, segundo 
Watson, a manifestação prática dos impulsos mais importantes da mente, ou 
seja, o comportamento é como uma espécie de janela para observar a mente 
(ABBAGNANO, 1999).
Nessa abordagem, o comportamento é derivado de estímulos do 
ambiente em paralelo com a satisfação das necessidades. O ser humano possui 
um conjunto de necessidades, e os ambientes, uma capacidade de supri-las. 
Desse dualismo entre as necessidades do homem e as condições do ambiente, 
– 35 –
Psicologia nas organizações
surgem as diferentes formas de comportamento.
De acordo com as teorias do Comportamentalismo, as necessidades do 
homem também se relacionam com a mente: as necessidades fisiológias pos-
suem ligação mais próxima com o inconsciente; as necessidades sociais, por sua 
vez, possuem ligação mais próxima com consciente. Esse pensamento orientou 
o desenvolvimento de novas propostas de estrutura para as organizações.
A partir daí, testou-se um sistema de motivação em que o trabalhador 
é colocado em um ambiente onde seu esforço será recompensado. Assim, as 
recompensas atendem suas necessidades fisiológicas e sociais, ou seja, cons-
cientes e inconscientes. Quando ele atinge suas metas de produção, tem suas 
necessidades atendidas. Do contrário, é penalizado. Isso afeta diretamente o 
comportamento do trabalhador que buscará, com maior frequência, compor-
tar-se de forma benéfica para a estrutura, visando a atender suas necessidades.
1.2.2.11 Neuropsicologia
É um campo da Psicologia dedicado ao estudo das atividades e reações 
cerebrais ligadas ao comportamento humano. É importante ressaltar que, 
como estuda a ligação do cérebro com o comportamento, sua abordagem é 
fortemente fisiológica. Pode-se dizer que, das áreas da Psicologia, é a menos 
ligada às ciências sociais e à filosofia e a mais próxima da medicina.
Os distúrbios psicopatológicos estudados pela neuropsi-
cologia de acontecimento comum nas organizações são a 
depressão, o estresse pós-traumático e o transtorno bipolar.
 
1.3 Psicologia aplicada às Ciências Sociais e à 
Administração
O período de ascensão das Ciências Sociais coincide com o do surgimento 
da Psicologia. Em um aspecto amplo, as Ciências Sociais têm como objeto 
de estudo o homem, na condição de indivíduo e de parte de uma enorme 
– 36 –
Psicologia e Cultura Organizacional
estrutura chamada sociedade. A similaridade dos objetos de estudo torna a 
Psicologia próxima das ciências sociais (ABBAGNANO, 1999).
A sociedade é composta por vários aspectos, que podem ser divididos em 
três núcleos fundamentais: o cultural, o econômico e o político, cada um dos 
quais abordado por um ramo específico das ciências sociais (WEBER, 2002 b).
O núcleo cultural é abordado pela Antropologia; o estudo dos fenô-
menos relacionados ao núcleo econômico cabe à Economia; e os fenômenos 
políticos são objeto da Ciência Política.
Por fim, a Sociologia, a Geografia e a História trabalham uma abordagem 
correlativa dos três núcleos. As estruturas sociais e as suas formações (que 
resultam da interação dos três núcleos) são ocupação da Sociologia. A 
História e a Geografia se ocupam, respectivamente, dos processos históricos 
que envolvem os três núcleos, e da forma como a cultura, a economia e o 
poder se estabelecem no espaço geográfico (WEBER, 2001 a).
É importante destacar ainda a Administração enquanto área das Ciências 
Sociais Aplicadas. O objeto de estudo da Administração são as estruturas 
dos empreendimentos econômicos, estatais e privados, e a relação entre 
essas estruturas e a capacidade produtiva das organizações. Para construir 
seus conceitos, a Administração utiliza recursos das demais Ciências Sociais. 
Seus conceitos buscam explicar problemas referentes às estruturas dos 
empreendimentos, aos seus recursos e à produção.
A Psicologia tem muito a contribuir com as áreas do conhecimento 
citadas, porque a interação entre os homens se dá por meio dos seus 
comportamentos. Desse modo, conhecer melhor a mente humana amplia 
a capacidade de analisar com a devida precisão acadêmica o que se refere ao 
homem e à sociedade. Algumas dessas contribuições da Psicologia aplicada 
serão demonstradas nos parágrafos a seguir.
1.3.1 Psicologia aplicada às Ciências Sociais
As ciências sociais estudam o homem dentro de aspectos abrangentes, 
correlacionando os núcleos cultural, econômico e político. Cada um desses 
núcleos é analisado, considerando-se o enlace que possui com os demais. Ou 
seja, a cultura, a economia e a política são compreendidas como parte de 
– 37 –
Psicologia nas organizações
um contexto amplo: a sociedade. Do mesmo modo, não é possível pensar a 
sociedade sem um desses aspectos.
O estudo do homem nas Ciências Sociais é realizado partindo da premissa 
de que o homem é um ser social, ou seja: o homem é homem quando está 
em sociedade. Esse entendimento é uma herança que remonta à filosofia dos 
gregos e dos romanos.
Os diferentes tipos de sociedade promovem diferentes tipos 
de homens e condutas humanas. Nesse sentido, a Psicologia 
é importante para as ciências sociais, para averiguar 
questões em que a mente humana interfere nas estruturas 
sociais, ou quando as estruturas interferem na mente. 
As noções de comportamento também se inserem nessa 
conjuntura, já que o comportamento de um homem quando 
está sozinho é diferente do que ele apresenta quando está 
em grupo. Além disso, o comportamento humano também 
muda conforme o grupo onde o homem está inserido.
 
O período de formação das ciências sociais (segunda metade do século 
XIX) apresentou diferentes correntes para abordar o objeto de estudo desse 
novo ramo das ciências. Entre essas correntes, destacaram-se as propostas pelos 
autores Karl Heinrich Marx, Émile Durkheim, Maximillian Carl Emil Weber 
e Friederich Ratzel. A partir dos trabalhos realizados por esses pensadores, 
desenvolveram-se as ciências sociais do século XX.
1.3.1.1 Karl Marx
A contribuição de Marx nas ciências sociais é referente ao entendimento 
da formação das estruturas sociedade por elementos econômicos. Para 
desenvolver suas teorias, ele partiu de uma abordagem baseada no método 
dialético histórico de Hegel. Entretanto, a perspectiva de Marx apresenta 
pontos de divergência em relação à dialética hegeliana.
O mais importante ponto de divergência é que, na dialética de Hegel, o 
– 38 –
Psicologia e Cultura Organizacional
homem, enquanto agente social, desenvolve, primeiramente, as estruturas da 
sociedade, as quais, por sua vez, impulsionam um ciclo histórico determinante 
para asestruturas econômicas. As estruturas econômicas condicionam a 
mente humana em vários aspectos, como na luta diária pela sobrevivência. Por 
fim, os fenômenos econômicos impulsionam a sociedade, que modifica suas 
estruturas. As reformulações estruturais da sociedade criam novos pontos de 
tensão na economia e iniciam um novo ciclo da história (HEGEL, 2001 a).
Marx inverteu a lógica de Hegel ao afirmar que não são as estruturas 
sociais que determinam as econômicas. Na teoria marxiana, as estruturas 
econômicas determinam as sociais. Por esse motivo, são os aspectos da mente 
humana ligados à economia que condicionam o modo como surgem as 
estruturas da sociedade. Nesse sentido, a hierarquia nas estruturas de uma 
sociedade visa a manter o controle das elites sobre os recursos econômicos: o 
capital (MARX, 2005 a).
Entre os conceitos de Marx mais importantes para a Sociologia, desta-
cam-se o de mais-valia e o de alienação.
Marx define a mais-valia como os lucros excedentes conquistados pela 
exploração dos meios de produção. Esse conceito se divide em mais-valia 
absoluta e mais-valia relativa. De acordo com Marx, a mais-valia absoluta 
ocorre quando há exploração direta sobre a mão de obra do trabalhador, 
instensificando seu ritmo de trabalho ou ampliando o número de horas da 
sua jornada e pagando sempre um valor inferior ao considerado justo. A 
mais-valia relativa é obtida pelo aumento da capacidade produtiva através da 
mecanização da produção (MARX, 2005 b).
O conceito de alienação formulado por Marx esboça os aspectos da 
cultura cuja função é entorpecer a mente dos homens. Esse entorpecimento 
impede que os indivíduos se organizem contra as estruturas sociais que pri-
vilegiam a elite. Nesse aspecto, Marx desenvolve uma forte crítica contra a 
religião, que é, para ele, o principal mecanismo utilizado pelas elites para 
desmobilizar as massas. Esse pensamento é simbolizado pela frase: “A religião 
é o ópio do povo”7 (MARX, 2005 c).
7 A comparação entre a religião e o ópio já havia sido feita por outros pensadores, 
como Immanuel Kant, Heinrich Heine, e Ludwig Feuerbach, entre outros. Porém, 
por estes autores a comparação é positiva, onde a religião é um alívio para o sofrimen-
– 39 –
Psicologia nas organizações
Com a expressão “A religião é o ópio do povo”, 
Marx busca ilustrar de que forma a religião pode 
interferir na mente e no comportamento das massas, 
desviando-as do embate contra seus opressores.
 
Marx também criou um método para o estudo do desenvolvimento da 
sociedade em torno de suas estruturas econômicas. Esse método dividiu a 
evolução das estruturas sociais em etapas: sociedade antiga, sociedade feudal, 
sociedade capitalista e sociedade comunista (MARX, 2005 c).
A sociedade comunista, ou comunismo, é uma previsão de Marx para o 
último estágio do progresso da humanidade, em que ocorreria a destruição 
das estruturas do Estado utilizadas pelas elites para oprimir e explorar os 
trabalhadores. O capitalismo é, então, uma faixa temporal intermediária 
entre o feudalismo e o social comunismo. Essa afirmação desenvolve as 
bases para o conceito de missão histórica do capitalismo.
 
Nesse conceito, o capitalismo se desenvolveria de modo a 
estender a dominação das elites sobre todas as camadas trabalha-
doras do mundo, o que provocaria um levante dos trabalhado-
res contra as elites em escala global. Esse fenômeno incidiria em 
uma fase pré-comunista, chamada de ditadura do proletariado.
As obras mais notáveis de Marx são O Capital e o Manifesto do Par-
tido Comunista.
Em O Capital, Marx apresenta os argumentos para suas teorias acerca 
da preponderância das estruturas econômicas sobre as sociais. Trata-se de um 
texto enorme, dividido em três volumes.
to do mundo. Marx introduz uma abordagem pejorativa, em que a religião desliga o 
homem do mundo real desmobilizando-o.
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Psicologia e Cultura Organizacional
No Manifesto do Partido Comunista, o autor busca inspirar lideranças 
sociais em um levante político contra as elites na Europa. Esse texto é breve, 
apresenta forte conotação ideológica e foi fruto das primeiras reflexões de 
Marx sobre o modo de produção capitalista.
1.3.1.2 Émile Durkheim
Introdutor da Sociologia nas academias francesas, Durkheim foi um dos 
criadores do método de investigação sociológica. No desenvolvimento do 
seu método, contou com muitas contribuições das obras de René Descartes. 
Percebe-se, também, forte influência do positivismo de Auguste Comte.
Para compor as bases metodológicas da nova ciência, a Sociologia, 
Durkheim trabalha com as noções de objeto, objeto de estudo, coisa e fato 
social. O fato social, para Durkeim, é, primeiramente, um fenômeno. Como 
todo fenômeno, ele é uma coisa exterior aos indivíduos; é melhor perce-
bido quando analisado em seu contexto social, em que exerce coerção sobre 
as pessoas, afetando suas mentes e seus comportamentos. A obra em que 
Durkheim trabalha esses conceitos se chama As Regras do Método Socioló-
gico (DURKHEIM, 2002).
Émilie Durkheim ocupou-se, ainda, do estudo de um fenômeno psico-
lógico e social específico: o suicídio. Sobre esse fenômeno, Durkheim buscou 
aferir as questões que levam os indivíduos a, contrariando seus instintos de 
sobrevivência, tirarem sua própria vida.
Para entender o suicídio, Durkheim analisou questões psicológicas e 
culturais, como o fracasso, a vergonha, o arrependimento e o remorso. Isso 
o levou a pesquisar um outro fenômeno preocupante na Europa de seu 
tempo: o elevado aumento do número de suicídios. O suicídio é uma das 
obras da Sociologia com maior influência de conceitos gerados pela Psicolo-
gia (DURKHEIM, 2004).
As diretrizes de investigação científica propostas por 
Durkheim nortearam pesquisas de Pscicologia Cultural apli-
cadas à cultura organizacional. Um exemplo dessas pesquisas 
é a experiência de Hawthorne, que será estudada a seguir.
 
– 41 –
Psicologia nas organizações
1.3.1.3 Max Weber
Entre as obras dos fundadores das ciências sociais, a de Weber é a mais 
extensa e academicamente influente. A Sociologia desenvolvida por ele 
divide-se em grandes campos, como a sociologia das religiões, a sociologia 
política e a sociologia econômica.
As abordagens sociológicas de Weber têm, como em Marx, uma forte 
conotação histórica. Embora Weber tenha também recebido a influência de 
Hegel, sua principal inspiração metodológica vem de Roschel (que também 
captou de Hegel muitos fundamentos de seu método) (WEBER, 2001 
a; 2001 b). Weber é o responsável pela enumeração dos conceitos mais 
importantes da Sociologia enquanto ciência. As obras mais relevantes nesse 
aspecto são: Ensaios de Sociologia, Conceitos Básicos de Sociologia e 
Economia e Sociedade.
Nessas obras, estão apresentadas as ideias de Weber acerca da religião, 
da cultura, da sociedade e da economia. Outra grande contribuição de 
Weber refere-se às formas legítimas de dominação: a carismática, a tradicio-
nal e a religiosa.
Entre os escritos weberianos sobre economia, destaca-se o texto A Ética 
Protestante e o Espírito do Capitalismo. Nessa obra, Weber introduziu 
o conceito gaiola de ferro, utilizando uma metáfora para explicar a posição 
em que se encontram os trabalhadores em uma sociedade capitalista. O 
capitalismo promove um domínio psicológico sobre as pessoas, por meio das 
expectativas de ascensão social que elas possuem. Nesse sentido, traça um 
paralelo com a incapacidade que um homem comum tem de romper as barras 
de metal de uma gaiola com as suas próprias mãos. Assim, o capitalismo 
prende as pessoas, porém, não com barras de ferro: prende através das 
ambições (WEBER, 2002 a).
Outro texto de Weber relevante no campo econômico foi a História 
Geral da Economia, em que o autor descreve o desenvolvimento das estruturas 
econômicas do ocidente de forma abrangente, estabelecendoparalelos com 
sociedades orientais, como Japão, Índia, e China. O livro apresenta também 
explicações sobre o surgimento do capitalismo e das estruturas organizacionais 
das empresas contemporâneas.
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Psicologia e Cultura Organizacional
A Psicologia está presente nas obras de Weber especial-
mente em questões como religiosidade e política. Para 
a cultura organizacional, as teorias de Weber são indis-
pensáveis, pois foi esse autor que delineou os conceitos 
gerais de estrutura, organização, dominação, hierarquia e 
burocracia, os quais serão apresentados em outra seção.
 
1.3.1.4 Friederich Ratzel
As obras de Ratzel trataram, como nos autores apresentados acima, os 
temas das ciências sociais com amplitude, dando ênfase, contudo, à Antropologia 
e à Geografia.
As primeiras aferições da Antropologia em Ratzel foram marcadas por 
uma visão de mundo etnocêntrica8. O surgimento da Antropologia como 
ciência é contemporâneo das discussões evolucionnistas, influenciadas pela 
obra de Charles Darwin. Por isso, esse fenômeno é chamado darwinismo 
social. Nessa abordagem, considera-se a Europa um referencial avançado de 
civilização, para onde as culturas menos evoluídas, ou primitivas, buscam se 
dirigir (WEBER, 2001 a; 2001 b).
Esse entendimento serve como justificativa para a 
dominação colonialista empreendida pela Europa. 
Nessa visão etnocêntrica da cultura, até a noção de 
história está atrelada ao conceito europeu de civiliza-
ção, que não pode ser estendido às demais nações.
 
As noções Antropológicas de Ratzel partem de uma perspectiva 
geográfica, porque, no seu período, o entendimento do termo alemão 
8 O etnocentrismo é um conceito da Antropologia que denomina a crença de um ou mais 
indivíduos na superioridade de sua cultura.
– 43 –
Psicologia nas organizações
Kultur (de onde se origina a palavra cultura) estava ligado ao conceito de 
Estado nação, o qual, por sua vez, tem uma conotação relativa ao espaço 
político ou à fronteira de um povo. Embora a cultura já fosse estudada 
na filosofia da antiguidade, somente com Ratzel se começa a desligar o 
raciocínio determinista sobre o comportamento relativo aos hábitos 
culturais (WEBER, 2001 a; 2001 b).
 
O raciocínio determinista sobre a cultura defende que os 
hábitos de um povo podem ser explicados apenas por meio 
do conhecimento de suas origens, regionais, sem a neces-
sidade de correlacioná-los com outros aspectos culturais.
Ratzel buscou explicar de que forma a cultura se desenvolve, a partir 
da necessidade de explorar os recursos econômicos que o espaço geográfico 
proporciona. Assim, a cultura se desenvolveria a partir dos recursos disponíveis 
em uma região, da facilidade de se acessarem esses recursos e da possibilidade 
de abrir ou fechar o acesso dos outros povos a essas riquezas. Desse modo, o 
ambiente interfere nas estruturas de uma sociedade, podendo dificultar ou 
favorecer o progresso econômico. 
O desenvolvimento de uma cultura, segundo 
 Ratzel, é um processo interativo. O ambiente 
interfere na cultura e na sociedade; 
e a sociedade interfere no ambiente 
conforme sua cultura.
 
Um dos conceitos mais importantes de Ratzel é o de Lebensraum (espaço 
vital), que se refere ao espaço geográfico necessário para uma nação se desen-
volver de forma plena e sua cultura se tornar proeminente. O conceito de 
espaço vital é determinante para compreender a inevitável colisão entre os 
povos em busca de recursos distribuídos pelo espaço geográfico.
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Psicologia e Cultura Organizacional
O pensamento de Ratzel sobre as ciências sociais é, assim, voltado às 
questões de cultura nacional e de cultura política, muito embora não abra 
mão de aspectos sociais do cotidiano. A principal contribuição da Psicologia 
na Antropologia proposta por Ratzel é no aspecto do inconsciente coletivo, 
que direciona os indivíduos a interagir buscando o progresso advindo da 
dominação dos recursos econômicos. Nesse sentido, quanto mais forte for 
o sentimento nacional presente no inconsciente coletivo das pessoas de 
determinada cultura, maiores serão as chances de uma nação progredir política 
e economicamente.
1.3.2 Psicologia aplicada à Administração
A compreensão dos fatores humanos presentes nas organizações deve ser 
uma das preocupações da Administração, pois esta não se ocupa apenas da 
atividade produtiva: o ato de administrar se estende às pessoas que desempe-
nham a produção.
A atividade produtiva em uma organização é uma 
ação social. Em seus atos sociais, os seres humanos 
utilizam e apresentam duas porções inerentes à sua 
existência: a mente e o comportamento. Os fenôme-
nos derivados desses elementos, muitas vezes, esca-
pam do alcance metodológico da Administração, 
porém, são bem delimitados dentro da Psicologia.
 
Das escolas da Psicologia, o Funcionalismo e o Comportamentalismo, 
que derivam da Psicologia Cultural, foram as que mais contribuíram com 
a Administração e, com isso, revolucionaram o pensamento administra- 
tivo. A seguir, apresentam-se alguns reflexos da Psicologia aplicada à cul- 
tura organizacional.
1.3.2.1 Funcionalismo na Administração
O Funcionalismo na Administração surgiu no início do século XX. As 
– 45 –
Psicologia nas organizações
primeiras abordagens apareceram nos Estados Unidos, com Frederick Winslow 
Taylor, e na França, com Henry Fayol. O Funcionalismo foi considerado 
um dos marcos da Administração como ciência. Dos conceitos formulados 
pelos autores citados, surgiram diversas abordagens administrativas. 
Tanto em Taylor quando em Fayol se percebe a presença de elementos da 
 Psicologia funcionalista.
Para facilitar a percepção evolutiva das teorias administrativas e a própria 
influência da Psicologia na Administração, o pensamento de Taylor pode ser 
dividido em dois períodos: Organização Racional do Trabalho e Adminis-
tração Científica.
No período de desenvolvimento da Organização Racional 
do Trabalho, Taylor dedicou-se ao estudo da execução das tarefas 
operacionais e produtivas nas organizações. O seu objetivo era encontrar 
propostas para ampliar a eficiência da empresa, por meio do aumento do 
desempenho dos trabalhadores. Sua principal publicação, nesse contexto, 
é o livro Administração de Oficinas, que aborda questões relacionadas 
à racionalização do trabalho. As pesquisas realizadas para compor essa 
obra foram empreendidas em proximidade ao ambiente de trabalho dos 
operários. Seu intento, nesse sentido, era elevar as boas condições físicas 
e psicológicas no setor produtivo, com propósito de aumentar a produção 
(CHIAVENATO, 2011).
Os objetivos da atividade administrativa para Taylor dividem-se nos 
seguintes fatores:
 2 equilíbrio entre salários recompensadores e redução de custos;
 2 aplicação de métodos científicos nas pesquisas administrativas;
 2 padronização dos processos produtivos;
 2 seleção e alocação da mão de obra, atendendo a critérios estipula-
dos de forma científica;
 2 aperfeiçoamento da mão de obra visando a melhorias na produção;
 2 criação e manutenção de um ambiente produtivo que favoreça as 
boas condições psicológicas dos trabalhadores.
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Psicologia e Cultura Organizacional
Durante o período da Administração Científica, Taylor incorpora prin-
cípios da administração geral em suas teorias. Sua principal obra nessa fase é 
Os princípios da Administração Científica. Com os conceitos propostos 
nesse livro, Taylor buscou uma aplicação mais ampla de suas teorias dentro das 
organizações. Abrangeu, com isso, os níveis gerencial, operacional e produtivo 
(CHIAVENATO, 2011). Os princípios destacados por Taylor nessa obra são:
 2 princípio do planejamento;
 2 princípio do preparo;
 2 princípio do controle;
 2 princípio da execução.
 2 O princípio do planejamento faz a substituição da 
individualidade

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