Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
D an ie l S ee m an n Ps ic ol og ia e C ul tu ra O rg an iz ac io na l Daniel Seemann Psicologia e Cultura Organizacional 2ª Edição Curitiba 2018 Psicologia e Cultura Organizacional Daniel Seemann Ficha catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária Cassina Souza CRB9/ 1501 S453p Seemann, Daniel Psicologia e cultura organizacional / Daniel Seeman. – 2. ed. – Curitiba: Fael, 2018. 172 p.: il. ISBN 978-85-5337-013-9 1. Psicologia Organizacional. 2. Cultura Organizacional. I. Título CDD 157 Direitos desta edição reservados à FAEL. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da FAEL. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Helena Gouveia Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Sandro Niemicz Imagem da Capa Shutterstock.com/violetkaipa Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Apresentação | 5 1. Psicologia nas organizações | 9 2. Organização e estrutura organizacional | 59 3. Cultura Organizacional | 121 Referências | 167 Apresentação Vivemos em uma época em que a Educação ocupa um espaço de destaque. Além disso, falamos em uma Era do Conhecimento, na qual experimentamos novos desafios em todos os âmbitos de nossa vida: novas formas de comunicação, de relacionamento e, portanto, de aprender e ensinar. Assim, é necessário refletir acerca desse importante campo do conhecimento. Precisamos aprofundar nossos conhecimentos, rever conceitos e práticas, porém não podemos perder de vista os fundamentos teóricos e científicos que nos fizeram chegar à dita Era do Conhecimento. É com esse espírito, portanto, que vislumbra- mos a necessidade de explorar – através de uma obra didaticamente estruturada e de leitura prazerosa, crítica e reflexiva – o interessante mundo da Psicologia da Educação. – 6 – Psicologia e Cultura Organizacional Longe de esgotar todas as polêmicas ou de responder às antigas e moder- nas questões que assolam a Educação em nosso tempo, a Psicologia da Edu- cação pode, a partir dos conhecimentos acumulados ao longo de seus anos de pesquisas e estudos, contribuir para fortalecimentos e transformações neces- sários aos diferentes contextos educacionais da modernidade. Nesta obra, conheceremos um pouco da história da Psicologia da Edu- cação, relacionando dois campos do saber e possibilitando ao leitor a constru- ção de uma ponte entre teoria e prática. Refletiremos acerca das implicações dos conceitos e teorias psicológicas na Pedagogia, sempre tendo em mente que, assim como a Medicina não é a Biologia Aplicada, a Pedagogia não dever ser a mera transposição de descobertas da Psicologia para a sala de aula ou para as práticas educacionais em quaisquer ambientes formais ou informais em que se possa concretizá-las. Assim, começaremos nossa exploração do mundo da Psicologia da Educação definindo-a e compreendendo um pouco das diversas linhas que conceituam e delimitam a Psicologia enquanto ciência do comportamento. Descobriremos ramos dessa recente ciência, como a Psicologia do Desen- volvimento e a Psicologia da Aprendizagem, as quais reunidas dão corpo à Psicologia da Educação. Mergulhando nessas duas áreas, vislumbraremos aspectos filosóficos sobre a condição humana e aprofundaremos nosso entendimento acerca dos principais fundamentos do desenvolvimento da vida humana em suas diver- sas dimensões. Neste percurso, discutiremos sobre alguns processos inerentes a esse desenvolvimento, como a maturação, a motivação e a emoção ou afeto, a inte- ração, a memória, o pensamento, a linguagem, a inteligência, entre outros, chegando ao processo de aprendizagem. Este, talvez, seja o grande ponto de nossa exploração, pois é justamente a aprendizagem que nos permite viver neste mundo cada vez mais dinâmico. Apresentaremos, assim, a Psicologia da Aprendizagem, e, desvendando suas principais teorias, permitiremos a análise crítica da prática pedagógica cotidiana e, quem sabe, poderemos contribuir para novas concepções acerca do aprender e ensinar em suas formas sistematizadas. – 7 – Apresentação Portanto, convidamos você, leitor, a nos acompanhar nessa exploração que deve se configurar como um passo de uma longa caminhada rumo à melhoria e à evolução contínua do saber, buscando a complementação de todas as áreas afim de construirmos uma sociedade mais justa e feliz. Boa leitura! Daniel Seemann* * Atua como pesquisador e docente em áreas das Ciências Sociais como Geopolítica, Ambiente Econômico Global, Homem e Sociedade, Evolução do Pensamento Administrativo e Teoria Geral da Administração. Atualmente, é professor na Instituição de Ensino Superior da Grande Florianópolis (IESGF) e na Faculdade de Santa Catarina (FASC). 1 Psicologia nas organizações A competitividade econômica imposta pelos avanços do sistema capitalista impõe às organizações um forte desenvolvimento, pois não é mais possível pensar na economia de mercado sem a presença da globalização. Se por um lado a globalização traz consigo novos horizontes comerciais e oportunidades de negócios, por outro, amplia o número de empreendimentos disputando o mesmo espaço. Diante disso, cabe aos gestores desses empreendimentos lançar mão de todos os recursos possíveis para tornar suas organizações mais eficazes e eficientes, enfim, competitivas. A ciência, de modo geral, deu, ao longo dos anos, grandes contribuições ao desenvolvimento das organizações. Entre as áreas do conhecimento científico que mais contribuíram com o desenvolvimento das organizações, podem ser citadas a Economia, – 10 – Psicologia e Cultura Organizacional a Sociologia, a Ciência Política, a Ciência Jurídica e a Administração. Além dessas, é preciso destacar a Psicologia, especialmente a partir dos anos subsequentes à Segunda Guerra Mundial. Apesar da resistência das correntes mais conservadoras do pensamento administrativo, a aplicação da Psicologia nas Organizações avançou com relativa rapidez. Esse avanço foi paralelo ao da própria Psicologia enquanto conhecimento científico, que, em suas primeiras décadas, era demasiado abs- trato e de emprego técnico limitado. Com o passar dos anos, a Psicologia progrediu nos campos teórico e prático: entrelaçou-se às ciências sociais (como a Antropologia) e às ciências da saúde (como a Medicina). Assim, fortaleceu os eixos de comunicação do saber interdisciplinar, por vezes, tumultuado devido a divergências acadêmi- cas e a preconceitos. Mas, afinal, o que é a Psicologia? O que ela tem a ver com a atividade admi- nistrativa? Como ela pode contribuir para o aperfeiçoamento das organizações e o seu funcionamento? As respostas a esses questionamentos serão expostas a seguir. 1.1 Surgimento da Psicologia Desde seu surgimento, a Psicologia, na condição de ramo do conhe- cimento científico, causou muitas controvérsias. Seu reconhecimento como uma ciência foi um processo longo. Ainda hoje, muitos pensadores negam à Psicologia o status de ciência. Para tais afirmações, os críticos alegam que ela carece de rigor metodológico em suas observações e investigações. Atestam ainda que a aplicabilidade do método científico ao objeto de estudo da Psi- cologia – a mente e o comportamento humano dela derivado – é muito limi- tado. Para esses críticos, essa limitação se deve ao caráter metafísico da mente, que, por outro lado, pode ser averiguado por outros ramos do conhecimento mais “livres”, como a Filosofia. Conhecer as contribuições dadas pela Filosofia à Psicologia é importante para o entendimento da cultura organizacional, porque as organizações são compostas por pessoas cujas interações se manifestam pelos seus comportamentos. E, conforme será abordadoadiante, o comportamento é determinado pela mente. Por isso, entender a mente e o comportamento é um desafio que acompanha os homens pelos séculos. – 11 – Psicologia nas organizações 1.1.1 A importância da Filosofia para o surgimento da Psicologia A ligação da Psicologia com a Filosofia na atualidade evidencia-se pelo caráter transcendental do seu objeto de estudo. Esses dois campos do saber são, contudo, ainda mais próximos do que essa afirmação pode indicar. Ao longo da história, o comportamento humano – junto com suas peculiaridades – foi uma das principais esferas de interesse dos filósofos. No passado, esses estudos orientaram questões relativas à política e à sociedade. No presente, avançam para a esfera da administração, sendo relevantes para a Psicologia aplicada ao estudo das organizações e à cultura organizacional. 1.1.1.1 Antiguidade clássica Já na Grécia antiga, podemos identificar averiguações acerca dos aspec- tos essenciais da mente e no modo de agir dos homens. Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, buscou explicar a formação do consciente e do subconsciente humano. Para isso, aprofundou-se nos estudos da ética, da moral, das virtudes e da justiça. Além disso, investigou a manifestação prática desses conceitos: o comportamento. Esses fatores enraizavam-se nos homens através de seu contato com o meio onde viviam, e seu desenvolvimento era condicionado ao modo como os homens interagiam com esse meio. Para Aristóteles, o desenvolvimento das virtudes dependia de um exercício pessoal, aliado às experiências do indivíduo com sua sociedade. Para ele, as mentes dos homens influenciavam e eram influenciadas pelo ambiente em que se inseriam (ARISTÓTELES, 1984). Na Grécia Clássica, como produtores de conhecimento sobre a mente humana, destacaram-se ainda os filósofos Platão e Sócrates, além de inúmeros sofistas. Os romanos continuaram, em certa medida, o trabalho dos gregos, principalmente por meio das contribuições dadas pelos membros do estoicismo1. Alguns de seus principais representantes foram Cícero, Marco Aurélio e Plínio, e o objetivo dessa corrente filosófica era o estudo da moral e da justiça, indo além da importância da moral e da justiça para a formação e manutenção das civilizações – em especial, Roma (ABRAÃO, 2004). 1 O estoicismo é uma escola da Filosofia. Embora tenha sido fundada em Atenas - na Grécia clássica - alguns dos seus principais representantes foram romanos. – 12 – Psicologia e Cultura Organizacional 1.1.1.2 Idade Média Na Idade Média, também foram escritos textos relacionados à mente e ao comportamento humano. A maior parte desses textos possui forte influência religiosa. Os pensadores medievais abordaram a mente humana como objeto de estudo partindo de um ponto de vista teocêntrico, ou seja, tendo Deus como centro e referência. Entre os principais estudiosos na era medieval, destacaram-se Santo Anselmo de Cantuária, Santo Alberto de Colônia e São Tomás de Aquino. Santo Anselmo procurou argumentos para provar a existência divina através de um exercício dialético entre a fé e a razão. Para ele, o homem, sendo criatura a imagem e semelhança de Deus, poderia encontrar em sua mente explicações sobre o Ser Divino. O pensamento, conforme afirmava, era dotado de uma “essência divina” (ABRAÃO, 2004). Encontra-se no legado filosófico de Santo Alberto um enorme interesse interdisciplinar (presente também na Psicologia). Sua vasta obra contemplou estudos que auxiliaram na fundamentação de várias áreas da ciência, desde as exatas, passando pelas naturais e biológicas, até as sociais e humanas. Com isso, Santo Alberto buscou a justa medida entre a fé e a razão, além da promo- ção do bom comportamento humano advindo desse equilíbrio. São Tomás de Aquino ocupou-se do dualismo entre o corpo e a alma dos homens, a matéria e a mente. Para ele, os seres humanos e suas ações eram resultado dessa junção entre corpo e alma (ABRÃO, 2005). As descobertas sobre a mente e o comportamento humano feitas pelos filósofos religiosos influenciaram direta- mente a cultura organizacional da Igreja na Idade Média. Em certa medida, isso causou reflexos na organização do Estado e dos empreendimentos econômicos da época. 1.1.1.3 Renascimento Durante o Renascimento, a visão teocêntrica do mundo deu lugar ao antropocentrismo. Desse momento em diante, muitos estudiosos passaram – 13 – Psicologia nas organizações a desvincular a produção de conhecimento das referências divinas, que são inerentes à Teologia. Com isso, não só a produção acadêmica como também o modo de vida dos acadêmicos se modificou: na Idade Média, a maioria dos pensadores eram diretamente ligados à Igreja como membros do clero; no Renascimento, houve proliferação de pensadores sem vínculo religioso for- mal e ligados a centros acadêmicos laicos. O antropocentrismo reduziu a influência da religião na cultura organizacional renascentista. René Descartes é considerado um dos expoentes da separação entre o pensamento filosófico e teológico e da quebra do monopólio da Igreja sobre o conhecimento. Dedicou-se às ciências naturais, como a Física e a Química, além da Matemática, mas encontrou na Filosofia um notável sucesso. Seus textos filosóficos abordam questões que, anos mais tarde, se destacariam na Psicologia, como a sua teoria acerca da realidade, a qual, para Descartes, divi- dia-se em res cogita (coisas do pensamento) e res extensa (coisas da matéria). Devem-se a ele relevantes avanços na Filosofia e nas Ciências Naturais, pelo emprego do Método Cartesiano. O Método Cartesiano consistia basicamente em colocar em dúvida tudo o que poderia ser contestado, impondo o questionamento como força motriz do conhecimento (DESCARTES, 2004 b). Com o emprego de seu método à Filosofia, Descartes buscou explicar a existência humana. É de sua autoria uma das frases que melhor explicita a ligação entre o ser e o pensamento: Duvido, logo penso, logo sou2. Esse método só foi superado, anos mais tarde, pelos resultados obtidos com os 2 Em latim: Dubito ergo cogito ergo sum. Tradução do autor. – 14 – Psicologia e Cultura Organizacional estudos de Issac Newton e Gottfried Leibniz. Entretanto, serviu para estes últimos como uma das bases principais. Newton e Leibniz discordaram de Descartes principalmente em seu modo de interpretar o comportamento humano a partir da Filosofia. Ambos pensavam que a religiosidade era importante na determinação do comporta- mento humano, e que a Teologia poderia elucidar algumas questões relativas à influência da religião na mente humana. Leibniz aprofundou-se mais nesse campo e levantou questões que influenciaram as teorias iniciais da Psicologia, como sua observação acerca da reflexão humana e da capacidade desta em determinar as ações dos homens (LEIBNIZ, 2005). 1.1.1.4 Iluminismo Embora os estudos de Newton e Leibniz tenham sido maiores no campo das ciências naturais e da Matemática, seus textos filosóficos causaram maior impacto social e influenciaram um grande movimento cultural que mudou a Europa: o Iluminismo. Os filósofos iluministas buscaram contribuir para o progresso da humanidade nos mais diversos aspectos. Assim, o movimento iluminista abran- geu estudos em diversas áreas. Para o desenvolvimento da humanidade, era fun- damental o entendimento sobre a sociedade e sobre o homem. Vários foram os pensadores que contribuíram para o entendimento do ser humano. O maior colaborador iluminista para o avanço da com- preensão da mente e do comportamento (mais tarde fundamentais à Psicologia) foi Immanuel Kant. Kant continuou os estudos metafísicos de Leibniz e adotou, deste último, algumas teorias. Porém, rejeitou outras. Além disso, influenciou diretamente o surgimento de alguns ramos do conhecimento contemporâneo,como a Geografia, a Filologia, a Sociologia e a própria Psicologia. Em sua obra mais célebre, A Crítica da Razão Pura, Kant tem como objetivo compreender os pontos mais elementares da mente humana. Para isso, relata o modo como eles se organizam em um conjunto que forma a – 15 – Psicologia nas organizações consciência, que, por sua vez, é a origem da razão. Além disso, nessa obra, Kant busca explicar de que forma o homem utiliza a razão para experimentar o universo metafísico, desenvolver ideias e acumular conhecimento. Em A Crítica da Razão Prática, Kant descreve a influência do meio físico – como no caso da sociedade – sobre a mente humana; elucida o meca- nismo com o qual a mente experimenta a realidade através dos sentidos; e de que forma a relação do homem com o meio afeta sua razão. Do mesmo modo, para Kant, o homem utiliza a razão para interferir na realidade onde vive, além de produzir conhecimentos de origem sensorial (KANT, 2002 a). Na Crítica da Faculdade do Juízo, Kant busca explicar de que forma o homem desperta e desenvolve sua capacidade de julgar; de que forma seus julgamentos são determinados pela razão; e de que forma os julgamentos seus e dos outros interferem em sua racionalidade posterior. Descreve ainda como a faculdade do juízo é importante para produzir conhecimento e para a capa- cidade de compreensão. Busca também explicitar como o homem interage com o seu próprio juízo e o dos outros (KANT, 2002 c). Immanuel Kant aventurou-se, ainda, no campo da Estética. Desenvolveu estudos e escreveu textos em que buscou identificar padrões estéticos influen- ciados ou determinados pela cultura. Foi também precursor do Idealismo – corrente filosófica bastante influente na Psicologia –, que buscava compreender os aspectos ideais das coisas e dos seres. Além disso, o Idealismo procurava des- vendar a ligação da mente humana com Deus, a perfeição ideal por excelência. Dessa ligação surgem, para Kant, os padrões estéticos ideais (KANT, 2002 d). Em suas obras, Kant também trabalhou com padrões ideais de estrutura. Seus principais textos foram publi- cados durante o avanço da Revolução Industrial e ajuda- ram a formar a cultura organizacional daquele tempo. 1.1.1.5 Idealismo O Idealismo foi um movimento filosófico iniciado por Kant, conforme vimos anteriormente. Mas foi além dele, pois seu pensamento irradiou em – 16 – Psicologia e Cultura Organizacional muitas obras escritas mesmo depois de sua morte. Entre os demais escritos idealistas relevantes para a psicologia, as ciências sociais e a lógica organiza- cional, destacam-se as obras de Georg W. F. Hegel. Desenvolvedor do método dialético contemporâneo, Hegel deu uma enorme contribuição ao uso da lógica para a investigação de objetos abstratos – como a mente – e à formulação de teorias a partir da argumentação e contra argumentação de ideias. Esse mecanismo orientou muitas pesquisas desenvol- vidas por outro filósofo pós-kantiano: Hartmann (HEGEL, 2001 b). Karl R. E. Hartmann foi influenciado, simultaneamente, pelo idealismo e pelo pessimismo3. Empregou esforços visando a compreender a parte da mente humana não dominada pela razão: o inconsciente. Seu livro A Filo- sofia do Inconsciente influenciou diretamente o conceito de inconsciente apresentado, décadas mais tarde, por Sigmund Freud. Mais que isso, comple- tou o conjunto de teorias necessárias para início da Psicologia. O idealismo foi um dos pontos chave para a estru- turação da burocracia contemporânea e para as pes- quisas da escola burocrática da administração, um dos principais ramos da cultura organizacional. 1.1.2 Surge a Psicologia Wilhelm Maximilian Wundt Ao longo da segunda metade do século XIX, o médico e filósofo alemão Wilhelm Maximilian Wundt deu os primeiros passos da Psicologia e desenvol- 3 O Pessimismo é uma corrente filosófica introduzida por Arthur Schopenhauer. Tem suas ideias marcadas pela decepção com o homem. – 17 – Psicologia nas organizações veu esse novo campo científico. Ele uniu o entendimento filosófico sobre a mente e sobre o comportamento com suas teorias ligadas à Fisiologia. O que faltou aos filósofos para abordar o comportamento e a mente humana da forma como é feita na Psicologia foi a ligação direta desta com a medicina. Assim, não é por acaso que um médico e filósofo foi o pioneiro desse ramo do conhecimento. Wundt definiu a Psicologia como uma ciência, e a mente era seu objeto. Analisou a consciência, conectando o que havia sido desenvolvido pela Filo- sofia com seus estudos de fisiologia sensorial. Conforme seu entendimento, a consciência é diretamente ligada aos sentidos. A porções da consciência mais próximas dos sentidos são responsáveis pelas sensações; as porções mais atre- ladas ao aspecto transcendental da mente são responsáveis pelos sentimentos e pela razão. A sensações são classificadas conforme sua origem nos sentidos: olfato, paladar, audição, visão, tato. Os sentimentos são elencados de acordo com as experiências emocionais vividas. A razão, por sua vez, é classificada conforme a capacidade de apreender e gerar conhecimento, além do conhe- cimento previamente obtido. Esses aspectos das sensações, dos sentimentos e da razão são variáveis em intensidade e qualidade (WUNDT, 2013). Alguns dos principais conceitos de Wundt foram desenvolvidos no pri- meiro laboratório de psicologia do mundo, fundado em 1879 em Leipzig, Alemanha, onde Wundt4 se dedicou especialmente às questões da Psicologia Experimental. Esse laboratório contava com uma notável equipe de pesqui- sadores dotados de conhecimentos das ciências naturais, medicina e filosofia. Alguns desses estudiosos foram responsáveis pela propagação da Psicologia fora da alemanha, como na Áustria, na Suíça, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Wilhelm Wundt com seus colegas em seu laboratório de psicologia. 4 Das Wundt-Laboratorium no original em alemão. Termo traduzido pelo autor. – 18 – Psicologia e Cultura Organizacional Os primeiros trabalhos de Wundt foram referentes ao que ele chamou de psicofísica. Os conhecimentos obtidos nessa área possibilitaram avançar para um novo estágio em suas pesquisas, o da Psicologia Comparada. Nesse perí- odo, ele buscava identificar os aspectos instintivos da consciência humana, correlacionando-os com o comportamento dos animais. Porém, identificou que o comportamento dos seres humanos estava, em maior ou menor grau, sempre condicionado por aspectos culturais. Essa descoberta o levou, anos mais tarde, após os avanços proporcionados pelas pesquisas no laboratório de psicologia, a desenvolver suas teorias de Psicologia Social (FREUD, 2005 a). A obra que inaugurou essa nova área do estudo científico da mente foi Psi- cologia Cultural. O texto recebeu duras críticas, vindas até mesmo de antigos auxiliares do Laboratório Wundt. Porém, ela encontrou respaldo entre muitos pensadores, principalmente entre os que se dedicavam ao promissor campo das ciências sociais. Entre eles, merecem destaque Émile Durkheim e Max Weber. O verbete Völkerpsychologie, no original em alemão, tem por tra- dução literal “Psicologia popular”. Entretanto, “Psicologia cultural” enquadra-se melhor ao contexto em que o Wilhelm Wundt esboça suas teorias e ao emprego dado pela cultura organizacional. Os resultados obtidos com as pesquisas da Psicologia Experimental e com a Psicologia Social eram, entretanto, distintos. Isso levou à separação dessas duas correntes da Psicologia, proposta pelo próprio criador. Nos últimos trabalhos, ficaram evidentes a influência das descobertas da Psicologia Social no pensamento de Wundt, que no fim da vida se dedicou quase integralmente a esse novo campo. Os resultados obtidos por ele nesse período compõem parte da base teórica da Psicologia aplicada à cultura organizacional atéo presente (WUNDT, 2013). Entre as atuais correntes da Psicologia e da cultura orga- nizacional que se embasam nas contribuições de Wundt, destacam-se a escola humanística e a contingencial. – 19 – Psicologia nas organizações 1.1.2.1 Pioneiros da Psicologia Entre os auxiliares de Wundt que mais contribuíram para o desenvolvi- mento e a propagação da Psicologia, incluem-se: Emil Kraepelin, psiquiatra alemão criador de teorias sobre a psicose maníaco depressiva (popularmente conhecida como depressão) e sobre a demência precoce (atualmente conhecida como esquizofrenia). Foi um forte opositor de seu contemporâneo Sigmund Freud, por afirmar que a origem das patologias não seria psicológica, mas fisiológica, ou seja, relativa ao corpo. Oswald Külpe, filósofo e posteriormente psicólogo, também alemão, teve como principal contribuição a obra Fundamentos de Psicologia, em que abordou conceitos chave da nova ciência, como a psique. Realizou ainda estudos sobre o que chamou de introspecção experimental5 e memorização a partir de exemplos. Edward B. Titchener foi um dos mais aplicados discípulos de Wundt e fundador da escola Estruturalista. Nasceu na Inglaterra, mas realizou a maior parte de seus estudos na Alemanha. Ao retornar para seu país de origem, Titchener encontrou forte resistência entre seus compatriotas quando ten- tou difundir a Psicologia. Isso o levou para os Estados Unidos, onde viviam outros dois alunos de Wundt: Stanley Hall e Cattell. Granville Stanley Hall foi o pioneiro da Psicologia norte-americana. Fundou o Jornal Americano de Psicologia e a Associação Psicológica Ameri- cana. Interessou-se pelo desenvolvimento da mente humana em todos os seus estágios: desde a infância até a fase adulta. James Mckeen Cattell é tido como o introdutor da Psicometria (notório ramo da Psicologia dedicado à mensuração das capacidades mentais) nos Esta- dos Unidos. Os estudos de psicometria realizados por Cattell tiveram grande influência dos empreendidos pelo Laboratório Wundt em Leipzig. Entre- tanto, trouxeram inovações relativas à medição de processos mentais consi- derados mais simples, como as sensações e o tempo de reação da memória. O conjunto dos resultados obtidos nas pesquisas de Cattell evidenciou aspectos importantes da psicologia americana relativos à mensuração do intelecto. 5 A introspecção experimental é uma técnica para o estudo da mente onde estímulos são aplicados a um sujeito e as reações são observadas pelo pesquisador e pelo sujeito pesquisado. – 20 – Psicologia e Cultura Organizacional Os exames de mensuração das capacidades mentais desenvolvidos por Cattell são os precursores dos popu- lares testes de QI do presente. Também deram início aos testes de aptidão profissional utilizados por mui- tas empresas no recrutamento de funcionários. A primeira geração herdeira da produção acadêmica de Wundt trouxe o Estruturalismo, o Funcionalismo, a Gestalt e a Psicanálise como correntes da Psicologia. Algumas décadas mais tarde, surgiram as vertentes da segunda geração, como a Psicologia Analítica e o Comportamentalismo (também conhecido como Behaviorismo, devido à palavra inglesa behavior, que signi- fica comportamento). As teorias e metodologias desses campos da Psicologia serão abordadas na próxima seção. 1.2 Principais vertentes teóricas e metodologias Conforme visto anteriomente, a Psicologia surgiu como ciência a partir dos estudos de Wilhelm Wundt. Ele aplicou o rigor do método científico às suas experiências preliminares sobre a mente e chamou de Psicofísica o resultado disso. Seus estudos seguintes o levaram à observação do comportamento humano e de sua correlação com os outros animais, formando o que denominou Psicologia Comparada. Somente com a fundação do seu laboratório, em 1879, é que suas técnicas para o estudo da mente foram reconhecidas com maior amplitude. Esse fato é considerado o marco da fundação da Psicologia. No Laboratório de Wundt, organizou-se o que ficou conhecido como Psicologia Experimental. Dessas primeiras atividades científicas de Wundt relacionadas ao estudo da mente surgiram todas as demais correntes da Psicologia. Por isso, para o prosseguimento dos estudos sobre essas vertentes do saber psicológico, cabe compreeender primeiro alguns dos principais conceitos dessa ciência. Isso ocorre porque a maneira como as escolas da Psicologia lidam com os conceitos de mente, consciência, inconciência, subconsciente, emoção, sentidos, psique (dentre outros) condiciona suas teorias e metodologias. – 21 – Psicologia nas organizações Mais que isso, determina sua relevância para as ciências sociais e para a cultura organizacional. 1.2.1 Conceitos da Psicologia aplicados à cultura organizacional A produção teórica de uma ciência está relacionada com a noção de conceito. O termo conceito pode ser entendido como uma ideia, ou conjunto de ideias, apresentados de forma sistematizada. O objetivo de um conceito é fornecer explicações acerca de um objeto de estudo. Como o objeto de estudo da Psicologia é a mente e o comportamento, os conceitos apresentados por ela buscam explicar questões relacionadas a esses fatores. Destacam-se, a seguir, os conceitos mais relevantes para a cultura orga- nizacional que permeiam a psicologia. 1.2.1.1 Mente A mente é considerada a principal fonte das características determinan- tes do gênero humano e se compõe pelo consciente e pelo inconsciente. Des- ses dois hemisférios metafíscos da mente derivam suas demais áreas, como a razão, a memória, os sentimentos e os desejos. Além disso, a mente coordena outra questão fundamental da Psicologia: o comportamento. Atribui-se também à mente outra capacidade humana: a intuição. Os estudos sobre a intuição ainda não produziram muitos dados científicos satisfatórios, entretanto, ela desperta atenção no universo da administração relacionado aos negócios. A Psicologia aplicada à cultura organizacional e à Administração ainda busca entender como algumas pessoas desenvolvem o que é popularmente conhecido como “faro empresarial” e a ligação desse fenômeno com o sucesso de grandes organizações. 1.2.1.2 Comportamento É um dos aspectos principais no estudo da Psicologia. Define-se por com- portamento o conjunto de ações realizadas por um indivíduo. Desde as teorias apresentadas pela Filosofia Clássica, o comportamento era dividido em cons- ciente e inconsciente. Estes, como vimos anteriormente, correspondem respec- – 22 – Psicologia e Cultura Organizacional tivamente às ações voluntárias e involuntárias dos indivíduos. Um conjunto de comportamentos dentro de um determinado grupo de pessoas forma uma parte importante do que se conhece como cultura. Assim, a cultura organizacional de uma empresa pode variar conforme o comportamento dos seus colaboradores. A mente e o comportamento dos indivíduos interessam à cultura organizacional, pois cada organização possui uma estrutura, que, para funcionar, precisa de pessoas. Cada pessoa que compõe a estrutura deve agir e pensar de acordo com as necessidades funcionais da organização. 1.2.1.3 Psique Na filosofia helênica, o termo psique denominava a alma dos homens, a junção de espírito e mente. Modernamente, foi o nome dado pelo fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, para o principal objeto de estudo da sua ciência. Nesse sentido, mais contemporâneo, o termo psique representa a soma do ego, do superego e do id, sendo que, para Freud, deve ser agregado ao conceito de psique o resultado da interação entre os seus fragmentos (FREUD, 2005 b). 1.2.1.4 Consciência Conforme visto anteriormente, a consciência é considerada pela Filo- sofia e pela Psicologia uma parte da mente humana. Ela é responsável por ações mentais como a razão, a memória ativa e os sentidos, e determina aindaas ações submetidas à vontade – chamadas de comportamento cons- ciente. Juntamente com o inconsciente, compõe o que os filósofos e psicó- logos chamam de mente. Por exemplo, a memória ativa de um indivíduo, que é utilizada para exercer suas funções de trabalho, é parte da consciência (FREUD, 2005 c; KANT, 2002 b). 1.2.1.5 Inconsciente É a parte da mente responsável pelos reflexos, pelos instintos, pela memó- ria passiva e pela intuição. Como é uma parte da mente, influencia no com- portamento, porém, apenas nas questões comportamentais que não estão – 23 – Psicologia nas organizações diretamente submetidas à vontade, ou seja, do comportamento inconsciente. Questões como aptidão natural para uma função ou a afinidade emocional com membros da equipe de trabalho são parte influenciadas pelo inconsciente. 1.2.1.6 Subconsciente Foi um termo produzido pela escola francesa da Psicologia para deno- minar a parte da mente antagônica da consciência. Pode ser interpretado de maneira geral como um sinônimo de inconsciente, mas vale ressaltar que o paralelismo entre esses vocábulos é corrente no senso comum. No meio acadêmico, inconsciente é o verbete preferido, por estar ligado às definições de mente desde as abordagens filosóficas (FREUD, 2005 a). 1.2.1.7 Inconsciente coletivo Conceito introduzido pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Para esse autor, o incosciente coletivo diferencia-se do inconsciente individual por não estar associado apenas às experiências individuais dos homens. É condicio- nado pelas experiências coletivas em uma abordagem próxima à da Psicologia Comportamental de Wundt. De acordo com Jung, o inconsciente coletivo se encontra nas cama- das mais profundas da psique e influencia em questões como religiosi- dade, convicções políticas e anseios sociais. Embora a inserção social seja importante para a formação do inconsciente coletivo nas pessoas, ele não é formado por um conjunto de inconscientes, como o nome pode sugerir. Cada sujeito possui um inconsciente coletivo próprio, armazenado em sua mente. Esse conceito é parte fundamental para a compreensão das teorias da Psicologia Analítica. A capacidade de um líder exercer influência sobre uma pes- soa está vinculada ao inconsciente coletivo dela. Do mesmo modo, a penetração dos efeitos de uma disputa política entre líderes sindicais e diretores de uma organização no estado emocional de um operário é também atrelada a esse fator. – 24 – Psicologia e Cultura Organizacional 1.2.1.8 Sensação Para a psicofísica, sensação é uma reação da mente para os estímulos que ela recebe dos sentidos. Pode-se também aplicar o termo sensação para estímulos promovidos pela intuição. Entretanto, essa utilização do termo não é plenamente aceita na Psicologia. As áreas da Psicologia mais ligadas à medicina e às ciências naturais, como a neuropsicologia e a psicofísica, por exemplo, utilizam o termo apenas para reações aos estímulos sensoriais. 1.2.1.9 Emoção É um fenômeno da mente ligado ao inconsciente. Embora, por vezes, a consciência possa desencadear ou manipular processos emocionais, o estado emocional dificilmente é controlado pela razão. Para as organizações, o estudo da emoção é relevante, por exemplo, no entendimento da satisfação ou insatis- fação dos colaboradores com sua profissão, e dos fatores que geram alegria ou tristeza no ambiente de trabalho. Na estrutura de uma empresa, é interessante que existam dispositivos que promovam o equilíbrio emocional das pessoas. 1.2.1.10 Sentidos Os sentidos são mecanismos através dos quais os animais recebem os estímulos do mundo à sua volta. Os sentidos proporcionam aos seres humanos, por terem um sistema nervoso muito desenvolvido, experiências que não podem ser vividas por outros animais. Os filósofos da antiguidade já concordavam com a existência de cinco sentidos: audição, visão, olfato, paladar e tato. À junção dos sentidos com o sistema nervoso dá-se o nome de sistema sensorial. Por meio do sistema sensorial, experimentamos o ambiente onde estamos inseridos. Dentro de uma estrutura organizacional, a preocupação com os sentidos está ligada às questões do ambiente de trabalho, por exemplo. A iluminação de uma sala de reuniões, o ruído das máquinas no pátio de produção ou o odor de produtos químicos em ambientes de pesquisa são fatores que influenciam no humor e na disposição dos trabalhadores (CHIAVENATO, 2011). Ambientes de trabalho que possibilitam às pessoas experimentar sensações agradáveis podem contribuir para o aumento da produtividade de uma empresa. – 25 – Psicologia nas organizações 1.2.1.11 Psicopatologia É o termo utilizado para denominar o estudo dos distúrbios patológicos da mente. Esses distúrbios são também chamados psicopatológicos. Eles envolvem um grande número de fatores da mente e se exteriorizam através do comportamento. Os distúrbios psicopatológicos relacionados ao comportamento social receberam atenção especial na Psicologia cultural de Wundt, porque, como essa corrente se dedicou mais à compreensão dos aspectos sociais, políticos e culturais da mente, os distúrbios que afetam o comportamento nessas esferas foram mais relevantes para o desenvolvimento de suas teorias. Desse modo, o avanço da psicopatologia também trouxe benefícios às organizações, já que proporcionou soluções para problemas de relacionamento e de clima organizacional. 1.2.1.12 Neurose Designa os transtornos mentais que promovem anomalias leves e moderadas no comportamento humano. Entre as neuroses mais comuns estão a ansiedade, as várias formas de fobias, compulsões, obsessões e a depressão. A depressão e a ansiedade manifestam-se nos ambientes organizacionais principalmente a partir das expectativas de progresso na carreira profissional e nas possibilidades de frustração dessas expectativas. 1.2.1.13 Psicologia Aplicada A Psicologia aplicada é a prática dos conhecimentos sobre a mente e o comportamento na solução de problemas em conjunto com outros ramos do saber. Pode-se falar em Psicologia aplicada às ciências sociais (como na Sociologia, na Antropologia e na Ciência Política) ou às ciências naturais (como na Biologia). No caso da Administração, uma das principais aplicações da Psicologia é na cultura organizacional. Nesse contexto, ela atua nos problemas relacionados às organizações e a suas estruturas (ABBAGNANO, 1999). Nas organizações, a Psicologia contribui, por exemplo, para solucionar questões ligadas às condições sociais e – 26 – Psicologia e Cultura Organizacional psicológicas no ambiente de trabalho. Ou seja, colabora para a existência de um bom clima organizacional. 1.2.1.14 Psicoterapia É o nome dado ao tratamento dispensado aos pacientes portadores de anomalias patológicas da mente e do comportamento. Esse tratamento foi desenvolvido com recursos dos conceitos introduzidos pela psicologia e pelos avanços da Psiquiatria. A psicoterapia mostrou-se eficaz no combate a psicopatologias simples, como as fobias leves e complexas, as fobias agudas, a neurose e a esquizofrenia. Avançou paralelamente à Psicologia e à Psiquiatria e aos equipamentos desenvolvidos pela física médica. Os primeiros tratamentos psicoterápicos incluíram a psicoterapia química, com o uso de entorpecentes como a cocaína, e a psicoterapia física, com o uso, por exemplo, da eletroestimulação cerebral. A psicoterapia contemporânea inclui diálogos investigativos acerca de traumas, indução psicoanalítica ou uso de medi- camentos menos danosos à consciência e ao inconsciente. As psicoterapias mais comuns nas organizações são as dinâmicas coletivas e as terapias de grupo. 1.2.2 Escolas, teorias e metodologias da Psicologia As teorias e metodologias empregadas na Psicologia variaram, ou melhor, ainda variam conforme as escolas do pensamentopsicológico. Algumas ver- tentes da Psicologia deram grandes contribuições para o progresso dos estu- dos sobre cultura organizacional. Serão apresentadas a seguir algumas das escolas mais influentes na Psicologia, suas teorias e metodologias. 1.2.2.1 Psicologia Experimental Foi o primeiro campo da Psicologia desenvolvido por Wilhelm Wundt. Nela, Wundt utilizou seus conhecimentos das ciências naturais para estudar a mente. Aplicou, assim, conhecimentos principalmente da física nos experimentos que realizava. As principais contribuições desse ramo se relacionam ao modo como os sentidos e a mente interagem. Utilizou, para isso, emissores de ondas sonoras para verificar os estímulos relacionados à audição, – 27 – Psicologia nas organizações ondas eletromagnéticas e de cores para verificar os relacionados à visão, além de pulsos elétricos e eventos mecânicos para o tato (FREUD, 2005 a). No desenvolvimento da psicofísica, Wundt contou com contribuições de outros dois cientistas alemães: Ernst Heinrich Weber e Gustav Teodor Fechner, os quais desenvolveram uma teoria acerca dos sentidos, chamada de Lei de Weber-Fechner. Conforme a Lei de Weber-Fechner, sensações transmitidas pelos sentidos variam paralelamente conforme sua intensidade. Ou seja, quanto mais intensos forem os estímulos, maior será a necessidade de variação para que uma diferença seja perce- bida. Por exemplo: quando recebemos um estímulo com um pequeno alfinete em nosso braço, sentimos uma dor leve e sabemos que um pequeno objeto pontiagudo toca nossa pele em uma região específica. Por outro lado, quando uma grande pedra cai sobre nosso braço, esmagando-o, sentimos uma dor muito intensa e não conseguimos perceber o formato do objeto nem a exata área onde esse objeto iniciou o contato. Foi no círculo acadêmico de Leipzig que Wundt conheceu essa teoria, que serviu como base para alguns de seus estudos e conclusões. Entre as principais contribuições da Psicofísica para a cultura organizacio- nal, destacam-se as considerações acerca das experiências das pessoas com seu ambiente de trabalho através dos sentidos. Alguns estudos nessa área indicam que locais com iluminação deficiente, por exemplo, podem afetar negativa- mente o humor dos trabalhadores, interferindo na sua capacidade produtiva. O mesmo pode ser atribuído a ruídos ou odores que causem desconforto. 1.2.2.2 Psicologia Comparada A Psicologia Comparada foi uma vertente do saber sobre a mente e o comportamento, também criada por Wundt, que observou o comporta- mento do homem e de algumas espécies de animais e teceu, após isso, análises comparativas. Foram realizados exercícios com pessoas de diferentes níveis de – 28 – Psicologia e Cultura Organizacional capacidade intelectual e com animais como cães e macacos. Nesses exercícios, eram impostos problemas de lógica prática com dife- rentes níveis de dificuldade, como utilizar objetos para alcançar um alimento ou fazer uso de uma ferramenta para realizar uma tarefa. Observava-se como as pessoas e os animais resolviam os desafios impostos. Os dados obtidos auxilia- vam a compreender o funcionamento da sua racionalidade e dos seus instintos. A Psicologia comparada avançou para uma outra fase, a do comporta- mento individual e coletivo dos homens e animais. Nela, verificou-se que tanto homens quanto algumas espécies de animais relacionavam-se por meio de estruturas sociais com diferentes graus de complexidade. Verificou-se ainda que, entre os seres humanos, sua inserção na estrutura social derivava de suas habilidades mentais, físicas e do seu comportamento. Essa constata- ção orientou alguns dos pensamentos de Wundt expostos nos seus trabalhos de Psicologia cultural (FREUD, 2005 a). 1.2.2.3 Psicologia Cultural A Psicologia Cultural é a área da Psicologia introduzida por Wundt que apresenta a maior afinidade com as ciências sociais e a cultura organizacional. A Psicologia Cultural preocupou-se com as questões socioculturais da mente e do comportamento. Nesse sentido, Wundt observou a interação da cultura com o comportamento dos indivíduos. Além disso, pesquisou sobre como determinados aspectos da mente – consciente e inconsciente – estão atrelados às questões culturais (ABBAGNANO, 1999). Essa área da Psicologia contribuiu para desvendar a importância da capa- cidade mental humana na elaboração de estruturas sociais e para se perceber que as estruturas sociais são relacionadas à cultura. Destacam-se, entre essas estruturas, as do Estado, dos exércitos, das indústrias e das famílias. Para Wundt, os aspectos estruturais do Estado alemão, por exemplo, eram daquela forma porque a cultura alemã direcionava a mente das pessoas para construir estruturas com aquele padrão. Já o comportamento dos ale- mães possibilitava que as estruturas por eles elaboradas funcionassem, devido à sua capacidade de interagir com uma estrutura compatível à sua cultura. Do mesmo modo, a cultura influencia os empreendimentos econômicos e as suas estruturas organizacionais (WUNDT, 2013). – 29 – Psicologia nas organizações Se a cultura é fator determinante em uma estru- tura, existem tipos de estrutura mais ou menos pro- pensos a funcionar em uma cultura específica. Aplicaram-se alguns princípios da Psicologia Comparada nas pesquisas da Psicologia Cultural para identificar padrões inerentes ao gênero humano, independentemente de sua cultura e de aspectos variáveis de uma cultura para a outra. Constatou-se, então, que a hierarquia é uma constante nas estruturas sociais em todas as culturas, as quais, porém, desenvolvem hierarquias com caraterísticas e funcionamento distintos. Essa escola da Psicologia é de grande relevância para o pensamento atual sobre cultura organizacional. Com a crescente internacionalização do capital, organizações se deslocam por várias regiões em busca de oportunidades. Por isso, é importante para os gestores identificar se a estrutura da sua organização é compatível com a cultura do local onde a empresa busca se estabelecer. 1.2.2.4 Estruturalismo A vertente estruturalista foi criada e introduzida na Psicologia por Edward Bradford Titchener. Os conhecimentos apresentados por Edward Titchener tinham influência direta das pesquisas desenvolvidas no Laboratório Wundt, onde Titchener trabalhou por vários anos. Os estudos da Psicologia Cultural, especialmente, deram enorme contributo às pesquisas ligadas ao Estruturalismo. Entretanto, no Estruturalismo, a lógica de compreensão não partia da mente humana rumo às estruturas sociais e culturais, como na Psicologia Cultural, mas tinham uma abordagem inversa, partindo da influência das estruturas na mente e no comportamento do indivíduo. Nessa lógica, não é a mente nem o comportamento dos homens que determina os padrões de uma estrutura. São as estruturas que impõem às mentes padrões de comportamento. Essa noção trouxe uma enorme influência às pesquisas sobre estrutura organizacional realizadas na Sociologia e na Administração. – 30 – Psicologia e Cultura Organizacional O cerne da cultura organizacional, de acordo com o Estruturalismo, está na força exercida pelas estruturas sobre o consciente e o inconsciente humano. Esse pensamento determinou muitos métodos administrativos nas grandes empresas nas primeiras décadas do século XX. Ainda hoje, algumas das maiores organizações multinacionais utilizam recursos da corrente estruturalista em suas metodologias administrativas (ABBAG- NANO, 1999). 1.2.2.5 Psicometria É um ramo da Psicologia responsável pela pesquisa e aplicação de técni- cas de mensuração das capacidades mentais. Foi criado pelo filósofo, médico e psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, que iniciou esse campo com o estudo das faculdades da memória e da capacidade de memorização. Os estudos psicométricos nãoforam realizados apenas em seres humanos. Foram observados também outros animais, como cães e macacos. A partir disso, Ebbinghaus empreendeu análises comparativas entre o homem e esses animais utilizando os recursos desenvolvidos pela psicologia comparada de Wilhelm Wundt. Posteriormente, avançou para a compreensão das diferenças entre os seres humanos com distúrbios mentais e os sadios, considerando também os diferentes níveis de capacidade mental entre eles. Ebbinghaus interessou-se, ainda, pela relação da consciência e do subconsciente com os sentidos. Pesqui- sou questões relativas às capacidades dos sentidos de pessoas sadias e de pessoas com distúrbios, além de outros pontos, como as ilusões sensoriais. Outro expoente da psicometria, como vimos anteriormente, é o ameri- cano James McKeen Cattell. Ele foi aluno de Wilhelm Wundt e, no labora- tório de psicologia de Leipzig, também desenvolveu estudos de psicometria. Nos Estados Unidos, sua maior contribuição foi relativa ao estudo da inteli- gência e dos mecanismos de medição das capacidades mentais, como os testes de aferição de quociente intelectual (FREUD, 2005). Os testes de aptidão mental e de quociente intelectual são amplamente utilizados como critério de recrutamento em muitas empresas desde os anos oitenta até os dias atuais. – 31 – Psicologia nas organizações 1.2.2.6 Funcionalismo O funcionalismo não é uma vertente da Psicologia propriamente dita, mas um modo de estudar e observar a sociedade e seus fenômenos, partindo da função de cada componente ou agente social nas estruturas onde está inserido. Cada sociedade, com sua cultura e seus componentes, reúne-se em torno de uma cadeia de funções. Conforme as teorias funcionalistas, os indivíduos vivem em sociedade porque a atuação coletiva permite superar os desafios da sobrevivência com maior facilidade. Por outro lado, para pertencer a uma sociedade de maneira plena, é preciso desempenhar uma função. As funções existentes em uma sociedade, o modo de desempenhar as tarefas de cada função, as interações entre as funções e seus níveis de importância variam de uma cultura para outra. Assim, as características de uma função, assim como a sociedade, são culturalmente determinadas (ABBAGNANO, 1999). Percebe-se a presença do funcionalismo em diversos ramos das ciências sociais. Na Antropologia, o funcionalismo opera nas investigações acerca dos aspectos culturais presentes na existência e no exercício de uma função. Na Sociologia, o funcionalismo investiga as funções das instituições, que intera- gem dentro de um mecanismo orgânico. Na Administração, o funcionalismo se manifesta no estudo da cultura organizacional, com intuito de desenvolver estruturas eficientes, onde cada componente exerça sua atividade como etapa importante de uma ação mais abrangente. 1.2.2.7 Gestalt A Gestalt é um ramo da Psicologia dedicado ao estudo de formas, conjun- tos e conjunturas. As formas de que se ocupa a Gestalt são metafísicas, entre- tanto, ela utiliza noções físicas de forma como paralelo para explicar suas teorias. De acordo com essa escola, o entendimento de uma conjuntura ou conjunto não depende apenas da averiguação isolada das partes, porque essa interação resulta em fenômenos novos, que não existiriam caso esses componentes agissem separadamente. Assim, de acordo com a Gestalt, para entender a mente de uma pes- soa, não basta pesquisar separadamente seu consciente e seu inconsciente, pois a mente é a soma do consciente com o inconsciente e tudo o que – 32 – Psicologia e Cultura Organizacional deriva dessa junção. Do mesmo modo, não se pode entender plenamente as atitudes voluntárias de um indivíduo sem observar também seus gestos involuntários, dentro de uma perspectiva mais ampla que dá forma ao seu comportamento. Esse conceito da Gestalt foi apresentado primeiramente por Christian von Ehrenfels e recebeu o nome de supersoma. O conceito de transponibilidade, que seria a capacidade de um elemento transferir para o todo suas características, completa a teoria desse ramo da Psicologia. A Gestalt contribui para a cultura organizacional com a percepção de que uma estrutura é mais do que a soma dos seus dispositivos e componentes: é a totalidade das características elementares desses componentes, os resultados obtidos da interação entre eles e das caractéristicas que essas partes não apresentariam se estivessem separadas do todo (CHIAVENATO, 2011). Por mais relevante que um componente de uma estru- tura seja para determinada organização, os aspec- tos da estrutura de forma geral se sobressaem. 1.2.2.8 Psicanálise A psicanálise foi o ramo da psicologia desenvolvido por Sigmund Freud. Este, entretanto, não a considerava uma área da Psicologia, mas um novo campo do conhecimento. A Psicanálise buscava entender os distúrbios psicopatológicos que causavam debilidade funcional (como as neuroses) ou que eram incapacitantes (como a psicose6). O tratamento desses distúrbios por meio da Psicanálise é chamado de terapia psicanalítica. Desse modo, o termo Psicanálise refere-se ao campo teórico e de investigação cientifica (FREUD, 2005 b). As principais contribuições da Psicanálise referem-se, especialmente, aos pro- blemas de comportamento relacionados às disparidades entre consciente e incons- ciente. A psicanálise propôs uma nova composição para a mente humana, inserindo os conceitos de id, ego e superego. A resultante desses três fatores é chamada psique. O id é responsável pelos desejos e impulsos instintivos simples (como a 6 A psicose é um estado psicopatológico no qual se verifica a redução aguda das percepções da realidade, podendo acarretar em delírios e alucinações. (FREUD, 2005 b) – 33 – Psicologia nas organizações fome e a libido) ou complexos (como a ambição profissional). É uma parte da psique totalmente inconsciente (FREUD, 2005 b). O ego é uma racionalização do id que torna os instintos úteis e sub- missos ao controle da consciência. Assim, é uma parte da psique totalmente consciente, que dá aos homens a capacidade de elaborar planos e estratégias, por exemplo (FREUD, 2005 b). O superego é a parte da mente responsável pelo desenvolvimento de valores morais e éticos e das noções de bem e mal. É parcialmente consciente e inconsciente. Isso explica por que podemos fazer o bem por vontade própria ou censurar o mal de forma involuntária (FREUD, 2005 b). Dentro dos princípios da abordagem psicoanalítica, uma pessoa que tem atitudes antiéticas e imorais (ou até mesmo perversas) para ascender na hierarquia de uma organização possui um id preponderante e um superego suprimido. Isso debilita sua capa- cidade de realizar uma autocrítica da imoralidade ou da perversi- dade de sua conduta (FREUD, 2005 c). 1.2.2.9 Psicologia Analítica A Psicologia Analítica surgiu com o psicólogo, psiquiatra, e filosofo suíço Carl Gustav Jung, um dos principais colaboradores da Psicanálise empreen- dida por Freud. Jung utilizou vários princípios teóricos da psicanálise, mas também produziu conceitos inovadores, como o de inconsciente coletivo. A Psicologia Analítica reintroduz uma abordagem idealista no estudo da mente, em contraposição à psicanálise. Para isso, Jung utilizou vários con- ceitos desenvolvidos pela filosofia de Kant, Hegel, Hartmann e Schelling. Ele parte da noção do eu como fundamental para a compreensão da mente humana e do comportamento, diferentemente da abordagem de Freud, que sobrecarrega a importância dos impulsos promovidos pela id. De acordo com Jung, existem seis tipos básicos de personalidades, divi- didos em três esferas: o extrovertido e o introvertido; o sensitivo e o intuitivo; – 34 – Psicologia e Cultura Organizacional o racional e o emotivo. A formação da psique, para Jung, também possui origem em três esferasde influência: a biológica, a psicológica e a ambiental. Nesse contexto, a esfera bio- lógica é composta pelas informações genéticas do indivíduo; a psicológica, pelo histórico dos eventos e experiências vividas individualmente; e a ambiental, pela sociedade e pela cultura onde o indivíduo está inserido. Nesse sentido, há tam- bém um resgate de alguns conceitos da Psicologia de Wundt (FREUD, 2005 a). Umas das contribuições da Psicologia Analítica para a cultura organizacional é identificar os tipos ideais de personalidade: a estrutura de uma organização é composta de vários cargos e funções. Nesse ambiente, alguns indivíduos possuem maior capacidade de liderança, outros de criação, e outros, ainda, para exercer atividades burocráticas. Desse modo, cabe ao administrador reconhecer as características dos seus colaboradores e alocá-los em tarefas propícias às suas capacidades. 1.2.2.10 Comportamentalismo O Comportamentalismo buscou colocar o comportamento como o ponto central dos estudos e pesquisas na Psicologia, deixando a mente em um plano de menor importância. O pioneiro da psicologia comportamentalista foi o ameriacano John Broadus Watson. Embora ele ainda reconheça que a mente seja determinante no comportamento, o comportamento é, segundo Watson, a manifestação prática dos impulsos mais importantes da mente, ou seja, o comportamento é como uma espécie de janela para observar a mente (ABBAGNANO, 1999). Nessa abordagem, o comportamento é derivado de estímulos do ambiente em paralelo com a satisfação das necessidades. O ser humano possui um conjunto de necessidades, e os ambientes, uma capacidade de supri-las. Desse dualismo entre as necessidades do homem e as condições do ambiente, – 35 – Psicologia nas organizações surgem as diferentes formas de comportamento. De acordo com as teorias do Comportamentalismo, as necessidades do homem também se relacionam com a mente: as necessidades fisiológias pos- suem ligação mais próxima com o inconsciente; as necessidades sociais, por sua vez, possuem ligação mais próxima com consciente. Esse pensamento orientou o desenvolvimento de novas propostas de estrutura para as organizações. A partir daí, testou-se um sistema de motivação em que o trabalhador é colocado em um ambiente onde seu esforço será recompensado. Assim, as recompensas atendem suas necessidades fisiológicas e sociais, ou seja, cons- cientes e inconscientes. Quando ele atinge suas metas de produção, tem suas necessidades atendidas. Do contrário, é penalizado. Isso afeta diretamente o comportamento do trabalhador que buscará, com maior frequência, compor- tar-se de forma benéfica para a estrutura, visando a atender suas necessidades. 1.2.2.11 Neuropsicologia É um campo da Psicologia dedicado ao estudo das atividades e reações cerebrais ligadas ao comportamento humano. É importante ressaltar que, como estuda a ligação do cérebro com o comportamento, sua abordagem é fortemente fisiológica. Pode-se dizer que, das áreas da Psicologia, é a menos ligada às ciências sociais e à filosofia e a mais próxima da medicina. Os distúrbios psicopatológicos estudados pela neuropsi- cologia de acontecimento comum nas organizações são a depressão, o estresse pós-traumático e o transtorno bipolar. 1.3 Psicologia aplicada às Ciências Sociais e à Administração O período de ascensão das Ciências Sociais coincide com o do surgimento da Psicologia. Em um aspecto amplo, as Ciências Sociais têm como objeto de estudo o homem, na condição de indivíduo e de parte de uma enorme – 36 – Psicologia e Cultura Organizacional estrutura chamada sociedade. A similaridade dos objetos de estudo torna a Psicologia próxima das ciências sociais (ABBAGNANO, 1999). A sociedade é composta por vários aspectos, que podem ser divididos em três núcleos fundamentais: o cultural, o econômico e o político, cada um dos quais abordado por um ramo específico das ciências sociais (WEBER, 2002 b). O núcleo cultural é abordado pela Antropologia; o estudo dos fenô- menos relacionados ao núcleo econômico cabe à Economia; e os fenômenos políticos são objeto da Ciência Política. Por fim, a Sociologia, a Geografia e a História trabalham uma abordagem correlativa dos três núcleos. As estruturas sociais e as suas formações (que resultam da interação dos três núcleos) são ocupação da Sociologia. A História e a Geografia se ocupam, respectivamente, dos processos históricos que envolvem os três núcleos, e da forma como a cultura, a economia e o poder se estabelecem no espaço geográfico (WEBER, 2001 a). É importante destacar ainda a Administração enquanto área das Ciências Sociais Aplicadas. O objeto de estudo da Administração são as estruturas dos empreendimentos econômicos, estatais e privados, e a relação entre essas estruturas e a capacidade produtiva das organizações. Para construir seus conceitos, a Administração utiliza recursos das demais Ciências Sociais. Seus conceitos buscam explicar problemas referentes às estruturas dos empreendimentos, aos seus recursos e à produção. A Psicologia tem muito a contribuir com as áreas do conhecimento citadas, porque a interação entre os homens se dá por meio dos seus comportamentos. Desse modo, conhecer melhor a mente humana amplia a capacidade de analisar com a devida precisão acadêmica o que se refere ao homem e à sociedade. Algumas dessas contribuições da Psicologia aplicada serão demonstradas nos parágrafos a seguir. 1.3.1 Psicologia aplicada às Ciências Sociais As ciências sociais estudam o homem dentro de aspectos abrangentes, correlacionando os núcleos cultural, econômico e político. Cada um desses núcleos é analisado, considerando-se o enlace que possui com os demais. Ou seja, a cultura, a economia e a política são compreendidas como parte de – 37 – Psicologia nas organizações um contexto amplo: a sociedade. Do mesmo modo, não é possível pensar a sociedade sem um desses aspectos. O estudo do homem nas Ciências Sociais é realizado partindo da premissa de que o homem é um ser social, ou seja: o homem é homem quando está em sociedade. Esse entendimento é uma herança que remonta à filosofia dos gregos e dos romanos. Os diferentes tipos de sociedade promovem diferentes tipos de homens e condutas humanas. Nesse sentido, a Psicologia é importante para as ciências sociais, para averiguar questões em que a mente humana interfere nas estruturas sociais, ou quando as estruturas interferem na mente. As noções de comportamento também se inserem nessa conjuntura, já que o comportamento de um homem quando está sozinho é diferente do que ele apresenta quando está em grupo. Além disso, o comportamento humano também muda conforme o grupo onde o homem está inserido. O período de formação das ciências sociais (segunda metade do século XIX) apresentou diferentes correntes para abordar o objeto de estudo desse novo ramo das ciências. Entre essas correntes, destacaram-se as propostas pelos autores Karl Heinrich Marx, Émile Durkheim, Maximillian Carl Emil Weber e Friederich Ratzel. A partir dos trabalhos realizados por esses pensadores, desenvolveram-se as ciências sociais do século XX. 1.3.1.1 Karl Marx A contribuição de Marx nas ciências sociais é referente ao entendimento da formação das estruturas sociedade por elementos econômicos. Para desenvolver suas teorias, ele partiu de uma abordagem baseada no método dialético histórico de Hegel. Entretanto, a perspectiva de Marx apresenta pontos de divergência em relação à dialética hegeliana. O mais importante ponto de divergência é que, na dialética de Hegel, o – 38 – Psicologia e Cultura Organizacional homem, enquanto agente social, desenvolve, primeiramente, as estruturas da sociedade, as quais, por sua vez, impulsionam um ciclo histórico determinante para asestruturas econômicas. As estruturas econômicas condicionam a mente humana em vários aspectos, como na luta diária pela sobrevivência. Por fim, os fenômenos econômicos impulsionam a sociedade, que modifica suas estruturas. As reformulações estruturais da sociedade criam novos pontos de tensão na economia e iniciam um novo ciclo da história (HEGEL, 2001 a). Marx inverteu a lógica de Hegel ao afirmar que não são as estruturas sociais que determinam as econômicas. Na teoria marxiana, as estruturas econômicas determinam as sociais. Por esse motivo, são os aspectos da mente humana ligados à economia que condicionam o modo como surgem as estruturas da sociedade. Nesse sentido, a hierarquia nas estruturas de uma sociedade visa a manter o controle das elites sobre os recursos econômicos: o capital (MARX, 2005 a). Entre os conceitos de Marx mais importantes para a Sociologia, desta- cam-se o de mais-valia e o de alienação. Marx define a mais-valia como os lucros excedentes conquistados pela exploração dos meios de produção. Esse conceito se divide em mais-valia absoluta e mais-valia relativa. De acordo com Marx, a mais-valia absoluta ocorre quando há exploração direta sobre a mão de obra do trabalhador, instensificando seu ritmo de trabalho ou ampliando o número de horas da sua jornada e pagando sempre um valor inferior ao considerado justo. A mais-valia relativa é obtida pelo aumento da capacidade produtiva através da mecanização da produção (MARX, 2005 b). O conceito de alienação formulado por Marx esboça os aspectos da cultura cuja função é entorpecer a mente dos homens. Esse entorpecimento impede que os indivíduos se organizem contra as estruturas sociais que pri- vilegiam a elite. Nesse aspecto, Marx desenvolve uma forte crítica contra a religião, que é, para ele, o principal mecanismo utilizado pelas elites para desmobilizar as massas. Esse pensamento é simbolizado pela frase: “A religião é o ópio do povo”7 (MARX, 2005 c). 7 A comparação entre a religião e o ópio já havia sido feita por outros pensadores, como Immanuel Kant, Heinrich Heine, e Ludwig Feuerbach, entre outros. Porém, por estes autores a comparação é positiva, onde a religião é um alívio para o sofrimen- – 39 – Psicologia nas organizações Com a expressão “A religião é o ópio do povo”, Marx busca ilustrar de que forma a religião pode interferir na mente e no comportamento das massas, desviando-as do embate contra seus opressores. Marx também criou um método para o estudo do desenvolvimento da sociedade em torno de suas estruturas econômicas. Esse método dividiu a evolução das estruturas sociais em etapas: sociedade antiga, sociedade feudal, sociedade capitalista e sociedade comunista (MARX, 2005 c). A sociedade comunista, ou comunismo, é uma previsão de Marx para o último estágio do progresso da humanidade, em que ocorreria a destruição das estruturas do Estado utilizadas pelas elites para oprimir e explorar os trabalhadores. O capitalismo é, então, uma faixa temporal intermediária entre o feudalismo e o social comunismo. Essa afirmação desenvolve as bases para o conceito de missão histórica do capitalismo. Nesse conceito, o capitalismo se desenvolveria de modo a estender a dominação das elites sobre todas as camadas trabalha- doras do mundo, o que provocaria um levante dos trabalhado- res contra as elites em escala global. Esse fenômeno incidiria em uma fase pré-comunista, chamada de ditadura do proletariado. As obras mais notáveis de Marx são O Capital e o Manifesto do Par- tido Comunista. Em O Capital, Marx apresenta os argumentos para suas teorias acerca da preponderância das estruturas econômicas sobre as sociais. Trata-se de um texto enorme, dividido em três volumes. to do mundo. Marx introduz uma abordagem pejorativa, em que a religião desliga o homem do mundo real desmobilizando-o. – 40 – Psicologia e Cultura Organizacional No Manifesto do Partido Comunista, o autor busca inspirar lideranças sociais em um levante político contra as elites na Europa. Esse texto é breve, apresenta forte conotação ideológica e foi fruto das primeiras reflexões de Marx sobre o modo de produção capitalista. 1.3.1.2 Émile Durkheim Introdutor da Sociologia nas academias francesas, Durkheim foi um dos criadores do método de investigação sociológica. No desenvolvimento do seu método, contou com muitas contribuições das obras de René Descartes. Percebe-se, também, forte influência do positivismo de Auguste Comte. Para compor as bases metodológicas da nova ciência, a Sociologia, Durkheim trabalha com as noções de objeto, objeto de estudo, coisa e fato social. O fato social, para Durkeim, é, primeiramente, um fenômeno. Como todo fenômeno, ele é uma coisa exterior aos indivíduos; é melhor perce- bido quando analisado em seu contexto social, em que exerce coerção sobre as pessoas, afetando suas mentes e seus comportamentos. A obra em que Durkheim trabalha esses conceitos se chama As Regras do Método Socioló- gico (DURKHEIM, 2002). Émilie Durkheim ocupou-se, ainda, do estudo de um fenômeno psico- lógico e social específico: o suicídio. Sobre esse fenômeno, Durkheim buscou aferir as questões que levam os indivíduos a, contrariando seus instintos de sobrevivência, tirarem sua própria vida. Para entender o suicídio, Durkheim analisou questões psicológicas e culturais, como o fracasso, a vergonha, o arrependimento e o remorso. Isso o levou a pesquisar um outro fenômeno preocupante na Europa de seu tempo: o elevado aumento do número de suicídios. O suicídio é uma das obras da Sociologia com maior influência de conceitos gerados pela Psicolo- gia (DURKHEIM, 2004). As diretrizes de investigação científica propostas por Durkheim nortearam pesquisas de Pscicologia Cultural apli- cadas à cultura organizacional. Um exemplo dessas pesquisas é a experiência de Hawthorne, que será estudada a seguir. – 41 – Psicologia nas organizações 1.3.1.3 Max Weber Entre as obras dos fundadores das ciências sociais, a de Weber é a mais extensa e academicamente influente. A Sociologia desenvolvida por ele divide-se em grandes campos, como a sociologia das religiões, a sociologia política e a sociologia econômica. As abordagens sociológicas de Weber têm, como em Marx, uma forte conotação histórica. Embora Weber tenha também recebido a influência de Hegel, sua principal inspiração metodológica vem de Roschel (que também captou de Hegel muitos fundamentos de seu método) (WEBER, 2001 a; 2001 b). Weber é o responsável pela enumeração dos conceitos mais importantes da Sociologia enquanto ciência. As obras mais relevantes nesse aspecto são: Ensaios de Sociologia, Conceitos Básicos de Sociologia e Economia e Sociedade. Nessas obras, estão apresentadas as ideias de Weber acerca da religião, da cultura, da sociedade e da economia. Outra grande contribuição de Weber refere-se às formas legítimas de dominação: a carismática, a tradicio- nal e a religiosa. Entre os escritos weberianos sobre economia, destaca-se o texto A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Nessa obra, Weber introduziu o conceito gaiola de ferro, utilizando uma metáfora para explicar a posição em que se encontram os trabalhadores em uma sociedade capitalista. O capitalismo promove um domínio psicológico sobre as pessoas, por meio das expectativas de ascensão social que elas possuem. Nesse sentido, traça um paralelo com a incapacidade que um homem comum tem de romper as barras de metal de uma gaiola com as suas próprias mãos. Assim, o capitalismo prende as pessoas, porém, não com barras de ferro: prende através das ambições (WEBER, 2002 a). Outro texto de Weber relevante no campo econômico foi a História Geral da Economia, em que o autor descreve o desenvolvimento das estruturas econômicas do ocidente de forma abrangente, estabelecendoparalelos com sociedades orientais, como Japão, Índia, e China. O livro apresenta também explicações sobre o surgimento do capitalismo e das estruturas organizacionais das empresas contemporâneas. – 42 – Psicologia e Cultura Organizacional A Psicologia está presente nas obras de Weber especial- mente em questões como religiosidade e política. Para a cultura organizacional, as teorias de Weber são indis- pensáveis, pois foi esse autor que delineou os conceitos gerais de estrutura, organização, dominação, hierarquia e burocracia, os quais serão apresentados em outra seção. 1.3.1.4 Friederich Ratzel As obras de Ratzel trataram, como nos autores apresentados acima, os temas das ciências sociais com amplitude, dando ênfase, contudo, à Antropologia e à Geografia. As primeiras aferições da Antropologia em Ratzel foram marcadas por uma visão de mundo etnocêntrica8. O surgimento da Antropologia como ciência é contemporâneo das discussões evolucionnistas, influenciadas pela obra de Charles Darwin. Por isso, esse fenômeno é chamado darwinismo social. Nessa abordagem, considera-se a Europa um referencial avançado de civilização, para onde as culturas menos evoluídas, ou primitivas, buscam se dirigir (WEBER, 2001 a; 2001 b). Esse entendimento serve como justificativa para a dominação colonialista empreendida pela Europa. Nessa visão etnocêntrica da cultura, até a noção de história está atrelada ao conceito europeu de civiliza- ção, que não pode ser estendido às demais nações. As noções Antropológicas de Ratzel partem de uma perspectiva geográfica, porque, no seu período, o entendimento do termo alemão 8 O etnocentrismo é um conceito da Antropologia que denomina a crença de um ou mais indivíduos na superioridade de sua cultura. – 43 – Psicologia nas organizações Kultur (de onde se origina a palavra cultura) estava ligado ao conceito de Estado nação, o qual, por sua vez, tem uma conotação relativa ao espaço político ou à fronteira de um povo. Embora a cultura já fosse estudada na filosofia da antiguidade, somente com Ratzel se começa a desligar o raciocínio determinista sobre o comportamento relativo aos hábitos culturais (WEBER, 2001 a; 2001 b). O raciocínio determinista sobre a cultura defende que os hábitos de um povo podem ser explicados apenas por meio do conhecimento de suas origens, regionais, sem a neces- sidade de correlacioná-los com outros aspectos culturais. Ratzel buscou explicar de que forma a cultura se desenvolve, a partir da necessidade de explorar os recursos econômicos que o espaço geográfico proporciona. Assim, a cultura se desenvolveria a partir dos recursos disponíveis em uma região, da facilidade de se acessarem esses recursos e da possibilidade de abrir ou fechar o acesso dos outros povos a essas riquezas. Desse modo, o ambiente interfere nas estruturas de uma sociedade, podendo dificultar ou favorecer o progresso econômico. O desenvolvimento de uma cultura, segundo Ratzel, é um processo interativo. O ambiente interfere na cultura e na sociedade; e a sociedade interfere no ambiente conforme sua cultura. Um dos conceitos mais importantes de Ratzel é o de Lebensraum (espaço vital), que se refere ao espaço geográfico necessário para uma nação se desen- volver de forma plena e sua cultura se tornar proeminente. O conceito de espaço vital é determinante para compreender a inevitável colisão entre os povos em busca de recursos distribuídos pelo espaço geográfico. – 44 – Psicologia e Cultura Organizacional O pensamento de Ratzel sobre as ciências sociais é, assim, voltado às questões de cultura nacional e de cultura política, muito embora não abra mão de aspectos sociais do cotidiano. A principal contribuição da Psicologia na Antropologia proposta por Ratzel é no aspecto do inconsciente coletivo, que direciona os indivíduos a interagir buscando o progresso advindo da dominação dos recursos econômicos. Nesse sentido, quanto mais forte for o sentimento nacional presente no inconsciente coletivo das pessoas de determinada cultura, maiores serão as chances de uma nação progredir política e economicamente. 1.3.2 Psicologia aplicada à Administração A compreensão dos fatores humanos presentes nas organizações deve ser uma das preocupações da Administração, pois esta não se ocupa apenas da atividade produtiva: o ato de administrar se estende às pessoas que desempe- nham a produção. A atividade produtiva em uma organização é uma ação social. Em seus atos sociais, os seres humanos utilizam e apresentam duas porções inerentes à sua existência: a mente e o comportamento. Os fenôme- nos derivados desses elementos, muitas vezes, esca- pam do alcance metodológico da Administração, porém, são bem delimitados dentro da Psicologia. Das escolas da Psicologia, o Funcionalismo e o Comportamentalismo, que derivam da Psicologia Cultural, foram as que mais contribuíram com a Administração e, com isso, revolucionaram o pensamento administra- tivo. A seguir, apresentam-se alguns reflexos da Psicologia aplicada à cul- tura organizacional. 1.3.2.1 Funcionalismo na Administração O Funcionalismo na Administração surgiu no início do século XX. As – 45 – Psicologia nas organizações primeiras abordagens apareceram nos Estados Unidos, com Frederick Winslow Taylor, e na França, com Henry Fayol. O Funcionalismo foi considerado um dos marcos da Administração como ciência. Dos conceitos formulados pelos autores citados, surgiram diversas abordagens administrativas. Tanto em Taylor quando em Fayol se percebe a presença de elementos da Psicologia funcionalista. Para facilitar a percepção evolutiva das teorias administrativas e a própria influência da Psicologia na Administração, o pensamento de Taylor pode ser dividido em dois períodos: Organização Racional do Trabalho e Adminis- tração Científica. No período de desenvolvimento da Organização Racional do Trabalho, Taylor dedicou-se ao estudo da execução das tarefas operacionais e produtivas nas organizações. O seu objetivo era encontrar propostas para ampliar a eficiência da empresa, por meio do aumento do desempenho dos trabalhadores. Sua principal publicação, nesse contexto, é o livro Administração de Oficinas, que aborda questões relacionadas à racionalização do trabalho. As pesquisas realizadas para compor essa obra foram empreendidas em proximidade ao ambiente de trabalho dos operários. Seu intento, nesse sentido, era elevar as boas condições físicas e psicológicas no setor produtivo, com propósito de aumentar a produção (CHIAVENATO, 2011). Os objetivos da atividade administrativa para Taylor dividem-se nos seguintes fatores: 2 equilíbrio entre salários recompensadores e redução de custos; 2 aplicação de métodos científicos nas pesquisas administrativas; 2 padronização dos processos produtivos; 2 seleção e alocação da mão de obra, atendendo a critérios estipula- dos de forma científica; 2 aperfeiçoamento da mão de obra visando a melhorias na produção; 2 criação e manutenção de um ambiente produtivo que favoreça as boas condições psicológicas dos trabalhadores. – 46 – Psicologia e Cultura Organizacional Durante o período da Administração Científica, Taylor incorpora prin- cípios da administração geral em suas teorias. Sua principal obra nessa fase é Os princípios da Administração Científica. Com os conceitos propostos nesse livro, Taylor buscou uma aplicação mais ampla de suas teorias dentro das organizações. Abrangeu, com isso, os níveis gerencial, operacional e produtivo (CHIAVENATO, 2011). Os princípios destacados por Taylor nessa obra são: 2 princípio do planejamento; 2 princípio do preparo; 2 princípio do controle; 2 princípio da execução. 2 O princípio do planejamento faz a substituição da individualidade
Compartilhar