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UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 1 
 
1. Identificar os fatores de risco e a epidemiologia do cân-
cer de próstata. 
Fatores de risco são, como o próprio nome diz, fatores que aumen-
tam os riscos de ter determinada doença. Entretanto, tê-los não 
significa que obrigatoriamente ela se desenvolverá. Entre os fatores 
de risco, podemos citar: 
-IDADE: Como visto, indivíduos mais velhos têm maiores chances de 
desenvolver o câncer de próstata, especialmente acima da quinta 
década de vida; 
- ETNIA: Negros são grupo de risco para o desenvolvimento deste 
tipo de tumor; 
- FATORES HORMONAIS: A quantidade de hormônios andrógenos (por 
exemplo, a testosterona) tem impacto na formação tumoral, princi-
palmente em relação ao envolvimento com a reformulação celular 
prostática. Níveis elevados de testosterona parecem corroborar 
com o desenvolvimento da neoplasia. Entretanto, os estudos clínicos 
(estudos com pessoas) tiveram dificuldades em mostrar isso, espe-
cialmente em faixas próximas à normalidade. Um outro hormônio, 
chamado fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), 
em níveis elevados, também parece contribuir com a formação do 
câncer. 
 
 
Tem papel importante na história natural da doença, indicando inclu-
sive, que o hormônio provoca proliferação celular. 
A DHT, um andrógeno mais potente que a TT e o principal hormônio 
trófico da próstata, liga-se com grande afinidade a receptores an-
drogênicos (AR), uma proteína nuclear que é expressa na maioria das 
células prostáticas, incluindo as epiteliais e as do estroma. Embora a 
TT também possua a capacidade de ligar-se a tais receptores, seu 
papel parece ser secundário ao da DHT, uma vez que não ocorre o 
desenvolvimento da glândula em homens portadores de deficiência 
da enzima 5aredutase (metaboliza a TT em DHT no núcleo). 
O complexo DHT-receptor modula a expressão de vários genes atra-
vés de sua ligação com sequências no genoma chamadas elementos 
que respondem aos hormônios (HREs). Essas estruturas são forma-
das por centenas de pares de base e, geralmente, estão situadas 
nas regiões promotoras ou de enhancers. O AR, após sua ligação à 
DHT, exibe seus dois zinc fingers, que facilitam sua associação aos 
HREs. Aparentemente, essa mudança conformacional ocorre porque 
o receptor libera a proteína 90 do choque térmico, à qual está ligado 
quando na sua forma inativa. Isso permite a sua dimerização e a 
consequente estabilidade necessária para o processo de transcrição 
gênica. 
 
Os genes sob controle do DHT-AR (ligação da diidrotestosterona com 
um receptor andrógeno) codificam várias proteínas, inclusive alguns 
fatores de crescimento importantes, que foram identificados como 
estimuladores potenciais da proliferação celular prostática. Entre 
eles estão os fatores de crescimento epidérmico e de fibroblastos 
(EGF e EGF), o semelhante à insulina (IGF-I e II), o transformante b 
(TGFb), o derivado de plaqueta (PDGF) e o de queratinócitos (KGF). Os 
sinais mitogênicos intrácrinos, autócrinos e parácrinos são iniciados 
pela ligação desses fatores aos domínios externos dos seus recep-
tores presentes na membrana celular, o que estimula a atividade de 
tirosina quinase situada no domínio intracelular do receptor e inicia 
uma cascata de sinais até o núcleo. Esses sinais regulam a transcri-
ção de genes específicos, tais como do antígeno específico da prós-
tata (PSA), ou de protoncogenes, como o C-MTC, CFOS ou C-JUN, 
que codificam proteínas envolvidas no processo normal de prolifera-
ção célula. 
- TABAGISMO: Sabe-se que o tabagismo é fator de risco para inú-
meros tipos de câncer e isso não é diferente com o de próstata. O 
ato de fumar está envolvido principalmente na agressividade tumoral: 
tabagistas têm, em média, 30% mais chances de morrer por câncer 
de próstata que um não-fumante 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 2 
- OBESIDADE: A obesidade parece ter relação tanto com a mortali-
dade quanto com o aparecimento do câncer de próstata. No entanto, 
o que é mais comprovado através dos estudos clínicos é o maior 
potencial de fatalidade nesse grupo de risco. Isso parece se dar prin-
cipalmente por um hormônio chamado de Leptina, encontrado em 
altas concentrações nos obesos 
- CONSUMO DE SOJA: parece estar relacionado com um menor risco 
do desenvolvimento do câncer de próstata. 
- GENÉTICA: Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 mostraram ser 
risco independente para o desenvolvimento do câncer de próstata 
com chances aumentadas em duas e sete vezes, respectivamente. 
*Esses genes supressores de tumores normalmente reparam erros 
no DNA da célula. 
- INFLAMAÇÃO: Pacientes que desenvolvem prostatites parecem 
ter maior propensão ao desenvolvimento da neoplasia; 
-INGESTÃO DE GORDURA DE ORIGEM ANIMAL: Este nutriente eleva 
as taxas de androgênios e estrogênios, os quais, por sua vez, indu-
ziriam ao desenvolvimento de tumores da próstata Estudo com ca-
mundongos portadores de câncer prostático que receberam dieta 
com 40% e 2,3% de gordura, demonstraram que após decorrido 
algum tempo, o volume do tumor foi três vezes maior nos animais 
que receberam dieta com 40% de gordura, do que naqueles que 
receberam dieta com 2,3%. 
- HISTÓRICO FAMILIAR: Pessoas que têm histórico familiar de câncer 
de próstata têm grandes chances de desenvolvê-lo também. Quando 
um parente de primeiro grau possui esse histórico, o indivíduo tem 
duas vezes mais chances de evoluir com a neoplasia. Além disso, apa-
rentemente a agressividade do tumor também guarda correlação 
com esse histórico. Pacientes cujos parentes desenvolveram a do-
ença previamente aos 55 anos possuem uma propensão ainda maior 
de desenvolver a doença, frequentemente em idades mais precoces 
do que outros indivíduos; 
O risco de CP aumenta 1,5 vezes quando um parente de primeiro 
grau (pai ou irmão) tem o tumor, cinco vezes quando são acometidos 
dois parentes de primeiro grau e 10,9 vezes quando três parentes 
de primeiro grau têm a doença. 
Recentemente, estudando 66 famílias com alta prevalência do CP, 
pesquisadores suecos identificaram no braço longo do cromossomo I 
o local onde, provavelmente, se aloja o principal protooncogene cau-
sador do câncer prostático, o HPCI “Hereditary Prostate Câncer I”. 
Tal descoberta permitirá, em futuro próximo, que um simples teste 
laboratorial de análise de DNA identifique indivíduos propensos a ter 
CP. Em médio prazo, é possível que os médicos possam intervir sobre 
este gene, neutralizando-o e impedindo a degeneração maligna das 
células prostáticas. 
Estudos de associação genômica têm identificado várias variantes 
genéticas que estão associadas ao risco aumentado, incluindo uma 
variante próxima do oncogene MYC no cromossomo 8q24, que apa-
renta ser responsável por alguma da incidência aumentada do câncer 
da próstata em homens afro-descendentes. Similarmente, em ho-
mens brancos dos Estados Unidos, o desenvolvimento do câncer da 
próstata tem estado ligado a um lócus de suscetibilidade no cromos-
somo Iq24-q25. 
- FATORES AMBIENTAIS: Substâncias químicas utilizadas na indústria 
de fertilizantes (ferro, cromo, cádmo, borracha e chumbo), embora 
tal capacidade não seja cientificamente comprovada. Recentemente, 
a exposição ao arsênico inorgânico, um contaminante ambiental, tam-
bém tem sido responsabilizado pela iniciação e/ou progressão do CP 
- OUTROS: O consumo de álcool, de gorduras e de vitamina D em 
alguns estudos mostrou-se maléfico, mas não foi possível chegar a 
uma conclusão definitiva. Da mesma forma, o consumo de licopeno, 
vitamina E e selênio pareceu se mostrar protetor, o que também 
não foi confirmado por outros estudos. 
 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o CP é a neoplasia 
maligna mais frequente nos homens e a segunda maior causador de 
mortes no Brasil (SBU, 2008). Raramente este tipo de câncer produz 
sintomas até que se encontre em sua formaavançada. 
O CP é o tumor maligno de maior incidência em homens nos Estados 
Unidos, estima-se que 1:6 homens desenvolvam a doença. Cerca de 
200.000 novos casos são diagnosticados todo ano. Esta patologia é 
a segunda principal causa de morte por câncer em homens, com 
uma mortalidade anual avaliada em 38.000 óbitos, tendo um impacto 
devastador sobre a morbidade e a mortalidade na população mascu-
lina norte-americana a partir da meia-idade (ABDO et al., 2006). 
Dados do INCA (2008) mostram que o número de novos casos diag-
nosticados de CP no mundo é de aproximadamente 543 mil por ano, 
representando 15,3% de todos os casos incidentes de câncer em 
países desenvolvidos e 4,3% dos casos em países em desenvolvi-
mento. O CP é o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, com 
estimativa de 1,5 milhões de casos diagnosticados nos últimos anos. 
Este tipo de câncer é raro antes dos 50 anos, mas a incidência 
aumenta constantemente com a idade, atingindo quase 50% dos in-
divíduos com 80 anos, e quase 100% dos com 100 anos. 
Atualmente, o CP é a patologia maligna mais frequente e que mais 
aumenta em incidência no Brasil (52 novos casos a cada 100 mil 
homens). Estima-se que cerca de 140.000 novos casos de câncer 
prostático surjam a cada ano e que, desses, aproximadamente 
10.000 resultem em óbito devido a complicações desta patologia. 
As regiões Sul e Sudeste, de maneira geral, apresentam as maiores 
incidências de CP, enquanto as regiões Norte e Nordeste mostram 
as menores incidências. As taxas da região Centro Oeste apresen-
tam um padrão intermediário. Sem considerar os tumores de pele 
não melanoma, o CP é o mais frequente em todas as regiões, com 
risco estimado de 69/100.000 na região Sul, 63/100.000 na região 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 3 
Sudeste, 47/100.000 na região Centro-Oeste, 38/100.000 na re-
gião Nordeste, e 22/100.000 (INCA, 2008) 
O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequentemente encon-
trado e representa mais de 95% dos casos de câncer de próstata. 
Os demais tipos histológicos são os sarcomas, o carcinoma epider-
moide e o carcinoma de células transicionais 
Em termos de mortalidade, é a segunda causa de morte por câncer. 
De acordo com o INCA, no ano de 2013, houve 13.772 mortes em 
razão do câncer de próstata. Desde o início da aplicação do PSA 
(Antígeno Prostático Específico), na década de 1980, como forma de 
diagnóstico precoce, os números vêm decaindo, especialmente nas 
faixas etárias mais avançadas. Além do diagnóstico precoce, o tra-
tamento de forma mais incisa tem contribuído muito para esses nú-
meros. A taxa caiu de 31 mortes a cada 100.000 homens no ano de 
1975 para 23 mortes no ano de 2005. De uma maneira geral, a taxa 
de mortalidade também é maior em países desenvolvidos, especial-
mente no continente americano. 
Diferentes etnias têm incidência diferente do câncer de próstata. 
Isso obviamente não tem relação apenas genética, mas também com 
vários outros fatores como meio-ambiente, estilo de vida e dieta. 
Negros têm maiores chances de desenvolver câncer de próstata, 
seguido pelos brancos, latinos, asiáticos e por último, os indígenas. Em 
comparação com os indivíduos brancos, negros têm 1,6 vezes mais 
chances de ter câncer de próstata e 2,4 vezes mais chances de 
morrer por esse tipo de câncer 
O câncer de próstata é um clássico tumor de populações mais idosas. 
Apenas 2% dos casos ocorrem em homens com menos de 50 anos. 
A média de idade dos pacientes é de 68 anos. 
 
REFERÊNCIAS 
DE SOUSA PENHA, Lucas et al. Câncer de Próstata: uma Revisão da 
Literatura. International Journal of Nutrology, v. 11, n. S 01, p. 
Trab234, 2018. 
SARRIS, Andrey Biff et al. Câncer de próstata: uma breve revisão 
atualizada. Visão Acadêmica, v. 19, n. 1, 2018. 
DAMIÃO, Ronaldo et al. Câncer de próstata. Revista Hospital Univer-
sitário Pedro Ernesto v. 14, 2015. 
 
2. Reconhecer a herança genética envolvida neste tipo de 
tumor. 
As alterações hereditárias no DNA de determinados genes são res-
ponsáveis por 10% dos casos de cânceres de próstata. O câncer 
causado por genes hereditários é denominado câncer hereditário. 
Visto pela genética, o câncer de próstata pode ser classificado em 
três grupos: 
a) Hereditário, que é condicionado por um gene com transmissão 
mendeliana. 
b) Familiar, quando não se descobre o gene envolvido ou os portado-
res da doença não possuem os requisitos da hereditariedade, em-
bora, na família, seja possível observar casos. 
c) Esporádico, quando se observam casos isolados nas famílias do 
paciente. 
A transmissão do Câncer de Próstata Hereditário é responsável por 
um gene autossômico dominante. Foram descobertos dois genes: o 
HPC-1, ou gene do câncer de próstata hereditário – 1; e o HPC-2, ou 
gene do câncer de próstata hereditário – 2 . O HPC-1 é um gene 
raro e sua frequência genética varia nas populações em que o gene 
foi estudado. Tal gene é responsável por 10% das neoplasias pros-
táticas de um modo geral e por 45% das neoplasias que ocorrem 
antes dos 55 anos de idade. 
Provavelmente outros dois genes estão envolvidos com a susceptibi-
lidade hereditária a doença, o RNASEL e o MSR1, que estão relacio-
nados a sínteses de proteínas. Outros genes possivelmente envolvi-
dos com a câncer prostático são NKX3.1, PTEN e AR. O poliformismo 
dos genes AR, CYP17 e SRD5A2, influenciaram também no desen-
volvimento e progressão do câncer de próstata e podem estar en-
volvidos na variação de risco associada à etnia 
O fato de que se um gêmeo monozigótico (idêntico) tem a neoplasia, 
o risco de seu irmão também desenvolver a doença é de 27%, en-
quanto entre gêmeos dizigóticos (não idênticos) esse risco é de ape-
nas 7%. 
Três condições chamam a atenção para a presença da doença na 
família: três ou mais homens com a doença, a presença de pelo me-
nos um homem com a doença em três gerações sucessivas (linhagem 
paterna ou materna), e a presença de dois ou mais homens em uma 
mesma geração, cujo tumor foi diagnosticado antes dos 55 anos. 
Recentemente, estudando 66 famílias com alta prevalência do CP, 
pesquisadores suecos identificaram no braço longo do cromossomo I 
o local onde, provavelmente, se aloja o principal protooncogene cau-
sador do câncer prostático, o HPCI “Hereditary Prostate Câncer I” . 
Estudos de associação genômica têm identificado várias variantes 
genéticas que estão associadas ao risco aumentado, incluindo uma 
variante próxima do oncogene MYC no cromossomo 8q24, que apa-
renta ser responsável por alguma da incidência aumentada do câncer 
da próstata em homens afro-descendentes. Similarmente, em ho-
mens brancos dos Estados Unidos, o desenvolvimento do câncer da 
próstata tem estado ligado a um lócus de suscetibilidade no cromos-
somo Iq24-q25. 
Mutações genéticas hereditárias 
BRCA1 e BRCA2. 
Esses genes supressores de tumores normalmente reparam erros 
no DNA da célula. As mutações hereditárias nesses genes causam 
comumente câncer de mama e câncer de ovário em mulheres. Mas 
as alterações nesses genes (principalmente no BRCA2) representam 
uma pequena porcentagem dos cânceres de próstata. 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 4 
 
CHEK2, ATM, PALB2 e RAD51D. 
Mutações nesses genes podem ser responsáveis por alguns tipos de 
câncer de próstata hereditários. 
Genes de reparação de incompatibilidade do DNA (MSH2, 
MSH6, MLH1 e PMS2). 
Esses genes geralmente corrigem erros no DNA que são feitos 
quando uma célula está se preparando para se dividir em 2 novas 
células. Homens com mutações hereditárias nesses genes têm uma 
condição conhecida como síndrome de Lynch, também conhecida 
como câncer colorretal hereditário não poliposo e têm um risco au-
mentado para câncer colorretal, câncer de próstata e outros tipos 
de câncer 
RNASEL (antigo HPC1). 
A função normal desse gene supressor do tumor é ajudar às células 
a morrer quando ocorrer algo erradodentro delas. As mutações 
hereditárias nesse gene permitem que células anormais vivam mais 
do que deveriam, o que pode levar a um risco aumentado de câncer 
de próstata. 
HOXB13 
Esse gene é importante no desenvolvimento da próstata. As muta-
ções nesse gene têm sido associadas ao câncer de próstata em 
estágio inicial. Felizmente, esta mutação é rara. 
 
Mutações somáticas adquiridas 
Uma classe importante de mutações somáticas são os rearranjos 
genéticos que criam genes de fusão que consistem no promotor re-
gulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codificadora 
dos fatores de transcrição da família ETS (o mais comum é o ERG). 
Os genes de fusão TMPRSS2-ETS estão presentes em aproximada-
mente 40-50% dos cânceres da próstata. É possível que a expres-
são aumentada e desregulada dos fatores de transcrição ETS inter-
fira na diferenciação das células epiteliais prostáticas. 
Outras mutações comumente levam à ativação da via sinalizadora do 
oncogene PI3K/AKT, entre as quais as mais comuns são as mutações 
que inativam o gene supressor de tumor PTEN, que atua como um 
freio à atividade do PI3K. 
 
Mutações genéticas adquiridas 
Algumas mutações genéticas ocorrem durante a vida de uma pessoa 
e não são transmitidas os filhos. Essas alterações são encontradas 
apenas em células que vêm da célula mutante original e são denomi-
nadas mutações adquiridas. A maioria das mutações genéticas rela-
cionadas ao câncer de próstata parece ser adquirida ao longo da 
vida, em vez de serem herdadas. 
Toda vez que uma célula se prepara para se dividir em duas novas 
células, deve copiar seu DNA. Esse processo não é perfeito e, às 
vezes, ocorrem erros, deixando o DNA defeituoso na nova célula. Não 
está claro com que frequência essas mudanças no DNA podem ser 
eventos aleatórios e com que frequência são influenciadas por outros 
fatores, como dieta e hormônios. Em geral, as células da próstata 
que crescem e se dividem mais rapidamente têm uma maior proba-
bilidade de que ocorram mutações. 
O desenvolvimento do câncer de próstata pode estar ligado ao au-
mento das taxas de determinados hormônios. Níveis elevados de an-
drógenos (hormônios masculinos, como a testosterona) promovem o 
crescimento celular da próstata e podem contribuir para o risco de 
câncer de próstata em alguns homens. 
Alguns estudos mostraram que homens com níveis elevados de outro 
hormônio, o fator de crescimento da insulina 1 (IGF-1), são mais pro-
pensos a desenvolver câncer de próstata. No entanto, outros estu-
dos não encontraram uma ligação entre o IGF-1 e o câncer de prós-
tata. Ainda são necessários mais estudos para dar sentido a essas 
conclusões. 
Alguns estudos mostraram que a inflamação da próstata pode con-
tribuir para o câncer de próstata. Uma das teorias é que a inflama-
ção pode levar a uma alteração no DNA celular, o que pode contribuir 
para que uma célula normal se torne cancerígena. Entretanto, mais 
pesquisas são necessárias para comprovar essa teoria. 
A exposição às radiações ou substâncias cancerígenas pode causar 
mutações no DNA em muitos órgãos do corpo, mas esses fatores 
não foram comprovados como importantes causas de mutações nas 
células da próstata. 
 
REFÊNCIAS 
DA SILVA BRITO, Simone Fraga; DE MORAIS, Vanilda. Câncer de Prós-
tata: Caracterização Epidemiológica e Riscos Hereditários. Revista Ele-
trônica Acervo Saúde, v. 4, n. 1, p. 247-257, 2012. 
 
3. Relacionar a fisiopatologia do câncer de próstata com as 
manifestações clínicas. 
 
A próstata pode ser dividida em várias regiões biologicamente distin-
tas, e as mais importantes delas são as zonas periférica e de tran-
sição. Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. 
Por exemplo, a maioria das lesões hiperplásicas surge na região mais 
interna da zona de transição, ao passo que a maioria dos carcinomas 
(entre 70-80%) surge nas zonas periféricas. 
A próstata normal contém glândulas com duas camadas de células: 
uma camada de célula basal plana e uma sobrejacente de célula se-
cretora colunar. O estroma que envolve a próstata contém uma mis-
tura de músculo liso e tecido fibroso. Ela é acometida por distúrbios 
infecciosos, inflamatórios, hiperplásicos e neoplásicos, dos quais o 
câncer de próstata é, de longe, o mais importante clinicamente. 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 5 
 
À medida que o homem envelhece sua próstata vai aumentando de 
tamanho. Em razão deste aumento, é comum que a partir dos 50 
anos os homens sintam o fluxo urinário mais lento e um pouco menos 
fácil de sair. Por isso, quando aumenta de volume, a próstata se 
transforma em uma verdadeira ameaça para o bem-estar do ho-
mem, pois começa a comprimir a uretra e a dificultar a passagem 
da urina: o jato urinário se torna gradativamente fino e fraco. 
A próstata é uma pequena glândula localizada na pelve masculina, cujo 
peso normal é aproximadamente 20g. Ela é responsável em produzir 
40% a 50% dos fluidos que constituem o sêmen ou esperma, tendo 
uma função biológica importante na fase reprodutora do homem, 
conferindo proteção e nutrientes fundamentais à sobrevivência dos 
espermatozoides. Além disso, a próstata é muito importante na prá-
tica urológica, já que é sede de vários processos que causam trans-
tornos a pacientes de idades variadas. 
A próstata é composta por células, que normalmente se dividem e 
se reproduzem de forma ordenada e controlada, no entanto, quando 
ocorre uma disfunção celular que altere este processo de divisão e 
reprodução, produz-se um excesso de tecido, que dá origem ao tu-
mor, podendo este ser classificado como benigno ou maligno. A prós-
tata pode ser sede desses dois processos: o crescimento benigno, 
chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB), e o maligno, deno-
minado CP, podendo este último surgir associado ou não ao cresci-
mento benigno. 
A velocidade de crescimento do CP é lento, sendo necessário entre 
4 a 10 anos para que uma célula produza um tumor de 1 cm (MI-
RANDA et al., 2004), todavia, esse crescimento leva a próstata a 
atingir volumes de 60g ou mesmo de 100g, passando a exigir quase 
sempre tratamento cirúrgico.. Nos estágios iniciais, o câncer limita-
se à próstata, entretanto, se deixado sem tratamento, poderá inva-
dir órgãos próximos como vesículas seminais, uretra e bexiga, bem 
como espalhar-se para órgãos distantes como ossos, fígado e pul-
mões, quando se torna incurável e de nefastas consequências. 
Fisiopatologia 
A causa exata do câncer de próstata não está definida. Como ocorre 
com outros cânceres, seu desenvolvimento aparentemente é um 
processo que se estende por várias etapas e envolve genes que 
controlam a diferenciação e a proliferação celulares. Vários fatores 
de risco como idade, raça, hereditariedade e influências ambientais 
(p. ex., dieta com alto teor de gorduras) parecem desempenhar um 
papel importante. Os níveis dos hormônios masculinos também influ-
enciam. Existem poucas evidências relacionando a patogênese desse 
câncer com nível socioeconômico, agentes infecciosos, tabagismo, 
vasectomia, comportamento sexual ou HPB. 
Em termos de influência hormonal, os androgênios parecem desem-
penhar um papel importante na patogênese do câncer de próstata.. 
Entre as evidências a favor dessa influência estão a existência de 
receptores esteroides na próstata; a necessidade dos hormônios 
sexuais para o crescimento e o desenvolvimento normal da glândula; 
e o fato de esse tipo de câncer quase nunca se desenvolver nos 
homens castrados. A resposta do câncer de próstata à administra-
ção de estrogênio ou à privação androgênica também reforça uma 
correlação entre a doença e os níveis de testosterona. 
Os adenocarcinomas da próstata, que representam 98% de todos 
os cânceres primários dessa glândula, geralmente são multicêntricos 
e localizam-se nas zonas periféricas. A frequência elevada de invasão 
da cápsula prostática peloadenocarcinoma está relacionada com sua 
localização subcapsular. A invasão da bexiga é menos comum e ocorre 
nos estágios mais avançados da doença. As metástases pulmonares 
refletem a disseminação linfática pelo ducto torácico e a dissemina-
ção do plexo venoso prostático para a veia cava inferior. As metás-
tases ósseas – especialmente na coluna vertebral, nas costelas e 
na pelve – causam dor, que frequentemente é o primeiro sinal da 
doença. 
A maioria dos homens com câncer de próstata em estágios iniciais é 
assintomática. Em geral, sintomas sugerem doença localmente avan-
çada ou metastática. Dependendo do tamanho e da localização por 
ocasião do diagnóstico, o paciente pode ter queixas associadas às 
alterações do padrão miccional semelhantes às referidas pelos paci-
entes com HPB, como urgência miccional, aumento da frequência uri-
nária, noctúria, tenesmo, disúria, hematúria ou sangue no material 
ejaculado. Ao toque retal, a próstata pode ser nodular e imóvel. As 
metástases ósseas geralmente se caracterizam por dor lombar 
baixa. 
Adenocarcinoma 
O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer 
em homens, representando 29% dos casos de câncer nos Estados 
Unidos em 2012. 
 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 6 
Fisiopatologia 
Os andrógenos desempenham um papel importante no câncer de 
próstata. Como seus equivalentes normais, o crescimento e a sobre-
vida das células do câncer de próstata dependem de andrógenos, 
que se ligam ao receptor androgênico (RA) e induzem a expressão 
de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. 
Andrógenos => RA => expressão de genes pró cresc e sobrevida 
É interessante observar, em relação às diferenças no risco de cân-
cer de próstata entre as raças, que o gene de RA relacionado ao 
cromossomo X contém uma sequência polimórfica composta por re-
petições do códon CAG (que codifica a glutamina). Expansões muito 
grandes dessa sequência de CAGs causam um distúrbio neurodege-
nerativo raro, a doença de Kennedy, caracterizada por cãibras mus-
culares e fraqueza. 
Contudo, mesmo em indivíduos normais, existe variação suficiente na 
extensão de repetições CAG para afetar a função de RA. RAs com 
extensões mais curtas de poliglutamina apresentam maior sensibili-
dade aos andrógenos. As repetições mais curtas de poliglutamina são 
encontradas em geral em afro-americanos, enquanto caucasianos 
possuem uma extensão intermediária e os asiáticos possuem a mais 
longa, o que corresponde à incidência e à mortalidade por câncer de 
próstata nesses grupos. 
A importância dos andrógenos na manutenção do crescimento e so-
brevida das células do câncer de próstata pode ser observada no 
efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogê-
nicos, que geralmente induzem regressão da doença. Infelizmente, a 
maioria dos tumores eventualmente se torna resistente ao bloqueio 
androgênico. Os tumores escapam por uma variedade de mecanis-
mos, incluindo uma hipersensibilidade em níveis baixos de andrógeno 
(p. ex., amplificação do gene de RA), ativações de RA independente 
de ligante (p. ex., via ligações variantes que bloqueiam o domínio de 
ligação do ligante), mutações em RA que permitem sua ativação por 
ligantes não androgênicos, e outras mutações ou alterações epige-
néticas que ativam as vias de sinalização alternativas, que podem 
evitar completamente a necessidade de RA. Entre essas últimas es-
tão as alterações que levam a um aumento da ativação da via de 
sinalização PI3K/AKT (tal como a perda do gene supressor de tumor 
PTEN), que é observada mais frequentemente em tumores que se 
tornaram resistentes à terapia antiandrogênica. 
Existe um grande interesse no papel de outros polimorfismos here-
ditários no desenvolvimento do câncer de próstata. Em comparação 
aos homens sem história familiar, aqueles que possuem parentes de 
primeiro grau com câncer de próstata apresentam o dobro de risco 
e aqueles com dois parentes de primeiro grau possuem cinco vezes 
o risco de desenvolver câncer de próstata. Homens com uma forte 
história familiar de câncer de próstata também tendem a desenvol-
ver a doença em idade mais precoce. Homens com mutações de linha 
germinativa do supressor tumoral BRCA2 possuem um risco 20 ve-
zes maior de desenvolver câncer de próstata, e uma mutação he-
reditária no HOXB13, um gene homeobox que codifica um fator de 
transcrição que regula o desenvolvimento da próstata, também con-
fere um risco substancialmente aumentado na pequena porcenta-
gem de famílias que os carrega. Entretanto, a vasta maioria dos cân-
ceres de próstata familiares é decorrente de variações em outros 
loci, que conferem um pequeno aumento no risco de câncer. Estudos 
de associação ampla entre família e genoma identificaram mais de 
40 loci associados ao risco, que explicam cerca de 25% do risco 
familiar. De possível interesse, vários genes propostos nessas regi-
ões estão envolvidos na imunidade inata, levando à especulação de 
que a inflamação, uma característica emergente do câncer, pode 
preparar o cenário para o desenvolvimento do carcinoma prostático. 
Outros trabalhos focalizam o papel de mutações adquiridas e altera-
ções epigenéticas específicas para o tumor. Uma mudança genética 
estrutural muito comum no câncer de próstata são os rearranjos 
cromossômicos que justapõem a sequência de codificação do gene 
de um fator de transcrição da família ETS (mais comumente ERG ou 
ETV1) próximo ao promotor TMPRSS2 regulado por androgênio. Esses 
rearranjos, que ocorrem em aproximadamente metade dos casos de 
câncer de próstata em coortes caucasianas, colocam o gene ETS 
envolvido sob o controle do promotor TMPRSS2 e levam à sua supe-
rexpressão de modo dependente de andrógenos. A superexpressão 
dos fatores de transcrição ETS não transforma diretamente as cé-
lulas epiteliais da próstata, mas torna as células epiteliais prostáticas 
normais mais invasivas, possivelmente pela suprarregulação de me-
taloproteases da matriz. 
Em contraste com câncer de mama e de cólon, os esforços recentes 
de sequenciamento do genoma completo têm demonstrado que as 
deleções e amplificações genômicas são mais comuns no câncer da 
próstata do que mutações pontuais envolvendo oncogenes. Altera-
ções genéticas mais comuns no câncer da próstata incluem amplifi-
cação do locus 8q24 contendo o oncogene MYC e deleções envol-
vendo o supressor tumoral PTEN. Nos estágios avançados da doença 
são comuns tanto a perda de TP53 (por deleção ou mutação) como 
deleções envolvendo RB, dado que são ampliações do locus do gene 
do receptor de androgênio. 
A alteração epigenética mais comum no câncer de próstata é a hi-
permetilação no gene da glutationa S-transferase (GSTP1) que in-
frarregula a expressão de GSTP1. O gene GSTP1 está localizado no 
cromossomo 11q13 e é uma parte importante da via que previne a 
lesão decorrente de uma grande variedade de carcinógenos. 
Morfologia 
Quando os termos “câncer de próstata” ou “adenocarcinoma pros-
tático” são usados sem qualificações, eles se referem à variante 
comum ou acinar do câncer de próstata. Em aproximadamente 70% 
dos casos, o carcinoma da próstata surge na zona periférica da 
glândula, classicamente em uma localização posterior, onde pode ser 
palpável ao exame retal. Caracteristicamente, no corte transversal 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 7 
da próstata, o tecido neoplásico é granuloso e firme, mas, quando 
incrustado no interior da substância prostática, sua visualização pode 
ser extremamente difícil, sendo mais facilmente aparente à palpa-
ção. A extensão local envolve mais frequentemente o tecido peri-
prostático, as vesículas seminais e a base da bexiga urinária, o que 
pode produzir obstrução ureteral na doença avançada. 
 
Adenocarcinoma da próstata. O tecido carcinomatoso é visto na 
face posterior (inferior esquerda). Observe o tecido sólido mais 
branco do câncerem contraste com aparência esponjosa da zona 
periférica benigna no lado oposto. 
As metástases se disseminam via linfática, inicialmente para os lin-
fonodos obturadores, e eventualmente para os linfonodos paraaór-
ticos. A disseminação hematogênica ocorre principalmente para os 
ossos, em particular para o esqueleto axial, porém algumas lesões 
disseminam-se amplamente para as vísceras. A disseminação visce-
ral maciça é uma exceção, e não a regra. As metástases ósseas são 
tipicamente osteoblásticas, uma característica que em homens 
aponta fortemente para uma origem prostática. Os ossos comu-
mente envolvidos, em ordem descendente de frequência, são a co-
luna lombar, o fêmur proximal, a pelve, a coluna torácica e as coste-
las. 
 
Carcinoma prostático osteoblástico metastático dentro de corpos 
vertebrais. 
Histologicamente, a maioria das lesões consiste em adenocarcinomas 
que produzem um padrão glandular bem definido. As glândulas tipica-
mente são menores que as glândulas benignas e estão revestidas 
por uma camada única e uniforme de epitélio cuboide ou colunar baixo. 
Em contraste com as glândulas benignas, as glândulas do adenocar-
cinoma de próstata são mais aglomeradas e caracteristicamente não 
possuem ramificações e dobras papilares. A camada de células basais 
externas típicas de glândulas benignas está ausente. O citoplasma 
das células tumorais varia de pálido-claro até um aspecto anfofílico 
nítido. Os núcleos são grandes e muitas vezes contêm um ou mais 
nucléolos grandes. Existe alguma variação no tamanho e na forma do 
núcleo, mas em geral o pleomorfismo não é acentuado. Figuras mitó-
ticas são raras. 
 
A. Fotomicrografia de pequenos focos de adenocarcinoma da prós-
tata, demonstrando pequenas glândulas aglomeradas entre glându-
las benignas maiores. B, Maior ampliação mostra várias pequenas 
glândulas malignas com núcleos aumentados, nucléolo proeminente e 
citoplasma escuro, em comparação com a glândula benigna maior. 
 
Carcinoma de próstata mostrando invasão perineural pelas glându-
las malignas. Compare à glândula benigna (à esquerda). 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 8 
Sintomatologia 
Nos estágios iniciais, o CP é completamente assintomático. No en-
tanto, com o decorrer do tempo podem surgir dificuldades para ex-
pelir a urina, jato urinário fraco, aumento do número de micções, 
necessidade imperiosa de urinar, presença de sangue na urina ou 
ainda dor e queimação durante a micção. Um em cada nove homens 
com CP pode apresentar manifestações clínicas, entretanto, tais 
sintomas são comuns nos casos de crescimento benigno, de modo 
que a presença deles não indica, necessariamente, a existência de 
câncer, exigindo, no mínimo, uma melhor avaliação médica 
 
Cada homem apresenta um tempo variável para o aparecimento 
dos sintomas, uma vez que o câncer geralmente se inicia na perife-
ria da próstata, podendo não provocar nenhuma mudança no ritmo 
urinário, fato que acaba por não conduzir o indivíduo ao médico e, 
assim, retardando o diagnóstico da doença. 
O CP avançado pode se disseminar pelo corpo, provocando sinto-
mas diferentes dos urinários. Dores no períneo, alterações do fun-
cionamento intestinal, dores ao nível dos rins e nos ossos, cansaço, 
perda de força e de peso, são algumas das manifestações clínicas 
provocadas pela extensão do CP a órgãos vizinhos ou à distância 
(metástases). Muitas vezes indivíduos apresentam fratura espontâ-
nea do fêmur sem qualquer tipo de trauma, o que pode ser consi-
derado uma fratura patológica, esta provocada pela disseminação 
do tumor prostático. 
Diagnóstico 
O diagnóstico confirmatório de câncer de próstata é feito a partir 
da biópsia guiada pelo ultrassom transretal. São retirados 12 “peda-
ços” da próstata para avaliação. Um médico patologista avalia o tecido 
(com as células) e define se é aquilo é normal, se é benigno ou se é 
canceros. 
Caso seja câncer, o patologista expressa o laudo na chamada Gradu-
ação Histológica do Sistema de Gleason. De maneira simplificada, ele 
avalia duas áreas mais frequentes do tumor dando um número de 1 
a 5 para cada uma delas (sendo o 1 o menos agressivo e o 5 mais 
agressivo) (LOEB et al, 2012). Ele soma os números dados, o que gera 
a escala de Gleason (variando, portanto, de 2 a 10). Com base em 
Gleason, podemos estabelecer: 
- Gleason de 2 a 4: Aproximadamente 25% de chance de o tumor 
disseminar-se para fora da próstata em anos, afetando a sobrevida; 
- Gleason de 5 a 7: Aproximadamente 50% de chance; 
- Gleason de 8 a 10: Aproximadamente 75% de chance. 
 
REFERÊNCIAS 
DE SOUSA PENHA, Lucas et al. Câncer de Próstata: uma Revisão da 
Literatura. International Journal of Nutrology, v. 11, n. S 01, p. 
Trab234, 2018. 
V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen-
ças. Grupo GEN, 2016. 
STANDRING, S. (Ed.). Gray's anatomia: a base anatômica da prática 
clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 
SARRIS, Andrey Biff et al. Câncer de próstata: uma breve revisão 
atualizada. Visão Acadêmica, v. 19, n. 1, 2018. 
 
4. Caracterizar os diagnósticos diferenciais do câncer de 
próstata (prostatite, hiperplasia benigna de próstata), 
identificando os achados clínicos e laboratoriais que subsi-
diem a identificação. 
Hiperplasia prostática benigna (HPB) ou hiperplasia nodular da prós-
tata é um crescimento benigno da glândula prostática associado ao 
envelhecimento. Caracteriza-se pela formação de lesões volumosas 
e bem demarcadas na região periuretral da próstata, em vez de 
afetar as zonas periféricas invadidas comumente pelo câncer de 
próstata. HPB é uma das doenças mais comuns dos idosos, e, de 
acordo com alguns relatos, mais de 75% dos homens com idade 
acima de 80 anos têm esse distúrbio. Homens com menos de 40 
raramente são acometidos. 
 
Hiperplasia nodular da próstata. Superfície de corte de uma prós-
tata aumentada por hiperplasia nodular mostrando vários nódulos 
de tecido prostático bem demarcados. A uretra prostática (clipe de 
papel) estava comprimida e consistia em uma fenda estreita 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 9 
Etiologia 
A causa exata da HPB é desconhecida. Entre os fatores de risco 
potencial estão idade, história familiar, raça, etnia, ingestão dietética 
de carnes e gorduras e influências hormonais. A incidência aumenta 
com a idade e é mais alta entre os afro-americanos e mais baixa 
entre os japoneses nativos. De acordo com alguns estudos, homens 
com história familiar de HPB têm próstatas maiores que seus con-
troles, e índices mais altos dessa doença foram revelados sobretudo 
em gêmeos monozigóticos que nos dizigóticos. 
Os androgênios (testosterona e di-hidrotestosterona) e os estrogê-
nios parecem contribuir para o desenvolvimento de HPB. A próstata 
é formada por uma rede de elementos glandulares embebidos em 
musculatura lisa e tecidos de sustentação, e a testosterona é o fator 
mais importante para a proliferação da próstata. A di-hidrotestos-
terona (DHT) – metabólito biologicamente ativo da testosterona – 
parece ser o mediador final da hiperplasia prostática, enquanto o 
estrogênio atua como sensibilizador dos tecidos prostáticos aos efei-
tos proliferativos da DHT. 
A descoberta de que a DHT é o fator ativo da patogênese da HPB é 
a razão para a utilização dos inibidores de 5α-redutase (p. ex., finas-
terida, dutasterida) para tratar essa doença. Embora a fonte exata 
de estrogênio seja desconhecida, quantidades pequenas desse hor-
mônio são produzidas nos homens. Alguns estudos sugeriram que o 
aumento relativo dos níveis de estrogênio, que ocorre com o enve-
lhecimento, possa facilitar a ação dos androgênios na próstata, ape-
sar do declínio da produção testicular de testosterona. 
 
A DHT se liga ao receptor de andrógeno (RA) nuclear presente tanto 
nas células prostáticas estromais quanto nas epiteliais. DHT é mais 
potente que a testosterona porquepossui maior afinidade por RA e 
forma um complexo mais estável com o receptor. A ligação de DHT 
com RA estimula a transcrição dos genes dependentes de andróge-
nos, que inclui vários fatores de crescimento e seus receptores. Os 
mais importantes entre esses são os membros da família do fator 
de crescimento de fibroblastos (FGF, do inglês, fibroblast growth 
factor) e o fator transformante do crescimento (TGF)-β. FGFs, pro-
duzidos por células do estroma, são reguladores parácrinos de cres-
cimento epitelial estimulados por androgênio durante o desenvolvi-
mento prostático embrionário, e algumas dessas vias podem ser ”re-
despertadas” na idade adulta para produzir o crescimento da prós-
tata na HBP. Acredita-se que os fatores de crescimento induzidos 
por DHT atuem aumentando a proliferação das células estromais e 
diminuindo morte das células epiteliais. 
 
Morfologia 
Em um caso usual de aumento prostático, a próstata pesa entre 60 
e 100 g. A hiperplasia nodular da próstata é originada quase exclusi-
vamente na porção interna da glândula prostática (zona de transição). 
Os nódulos iniciais são compostos quase totalmente por células es-
tromais e mais tarde surgem nódulos predominantemente epiteliais. 
A partir de sua origem nessa localização estratégica, os aumentos 
nodulares podem atingir as paredes laterais da uretra, que é com-
primida, tornando-se um orifício em forma de fenda. Em alguns ca-
sos, o aumento nodular pode se projetar para cima até o assoalho 
da uretra como uma massa hemisférica diretamente abaixo da mu-
cosa uretral, o que é chamado de hipertrofia do lobo mediano. 
 
Hiperplasia nodular da próstata. A, Nódulos bem definidos da hiper-
trofia prostática benigna comprimem a uretra, que passa a ter 
uma luz em fenda. B, Uma visão microscópica de toda a próstata 
mostra nódulos das glândulas hiperplásicas em ambos os lados da 
uretra. C, Em maior aumento, a dupla população celular típica: po-
dem ser vistas a camada de células colunares internas e a camada 
de células basais achatadas externas. 
Microscopicamente, a proliferação glandular assume a forma de 
agregados de glândulas cisticamente dilatadas pequenas ou grandes, 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 10 
revestidas por duas camadas de células, uma camada colunar interna 
e uma camada externa cuboide ou achatada. Ocasionalmente, focos 
de metaplasia escamosa reativa que mimetizam o carcinoma urotelial 
podem ser observados em locais adjacentes a infartos prostáticos 
em próstatas com HPB proeminente. 
Fisiopatologia e manifestações clínicas 
A localização anatômica da próstata no colo da bexiga contribui para 
a fisiopatologia e a sintomatologia da HPB. Dois componentes da prós-
tata suscitam as manifestações obstrutivas da HPB e o desenvolvi-
mento de sintomas referidos às vias urinárias inferiores: o dinâmico 
e o estático. O primeiro está relacionado com o aumento das dimen-
sões da glândula e acarreta sinais e sintomas como jato urinário 
fraco, gotejamento pós-miccional, aumento da frequência das mic-
ções e noctúria. O segundo está ligado ao tônus da musculatura lisa 
da próstata. Os receptores α1-adrenérgicos são os principais do 
componente muscular liso da glândula. O reconhecimento de seu papel 
na função neuromuscular da próstata é a base da utilização dos blo-
queadores α1-adrenérgicos para tratar HPB. Um terceiro compo-
nente – instabilidade do músculo detrusor e redução da contratilidade 
vesical – pode influenciar os sintomas dessa doença, independente-
mente da obstrução do orifício de saída da bexiga pela próstata au-
mentada. 
O significado clínico da HPB está em sua tendência de comprimir a 
uretra e causar obstrução parcial ou completa do fluxo urinário. À 
medida que a obstrução avança, o paciente pode ter retenção aguda 
com distensão extrema da bexiga. A urina residual da bexiga aumenta 
a frequência das micções e produz desejo constante de esvaziar a 
bexiga, que piora à noite. Havendo dilatação acentuada do órgão, o 
paciente pode ter incontinência de transbordamento quando ocorre 
aumento discreto da pressão intra-abdominal. 
 
 
A obstrução resultante do fluxo urinário pode causar infecção uri-
nária, alterações destrutivas da parede da bexiga, hidroureter e hi-
dronefrose. A hipertrofia e as alterações da estrutura da parede 
vesical ocorrem progressivamente. Nos estágios iniciais, as fibras hi-
pertrofiadas formam trabéculas, depois hérnias ou dilatações sacu-
lares. Por fim, formam-se divertículos à medida que as hérnias es-
tendem-se através da parede vesical.. A pressão retrógrada dos 
ureteres e do sistema coletor dos rins causa hidroureter, hidrone-
frose e risco de insuficiência renal terminal. 
Diagnóstico 
Hoje em dia, parece estar claro que o fator único mais importante 
para a avaliação e o tratamento da HPB são as experiências do pró-
prio indivíduo com seu problema. O AUASI (American Urological Asso-
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 11 
ciation Symptom Index) consiste em sete perguntas quanto aos sin-
tomas relativos a esvaziamento incompleto, frequência urinária, in-
termitência, urgência, força do jato, esforço para urinar e noctúria. 
A cada pergunta é atribuído um escore de 0 (brando) a 7 (grave). O 
máximo de 35 indica sintomas graves. Escores totais menores que 7 
são considerados brandos; valores entre 8 e 20 são moderados; e 
escores acima de 20 são graves. Uma última pergunta refere-se à 
qualidade de vida com relação aos problemas urinários. 
 
Durante a avaliação inicial dos homens com diagnóstico de HPB, os 
procedimentos realizados são história e exame físico, toque retal, 
exame simples de urina, dosagens sanguíneas de PSA (antígeno pros-
tático específico) e determinação da taxa de fluxo urinário. Os exa-
mes de sangue e urina são utilizados como adjuvantes para determi-
nar complicações da HPB. O exame simples de urina serve para de-
tectar bactérias, leucócitos ou hematúria microscópica nos pacientes 
com infecção e inflamação. A dosagem do PSA é realizada como tri-
agem do câncer de próstata. Em combinação com o AUASI, esses 
parâmetros de avaliação são empregados para descrever o grau de 
obstrução, determinar se há necessidade de exames complementa-
res e confirmar a necessidade de tratamento. 
 
O toque retal é realizado para examinar a superfície externa da 
próstata. Em geral, o crescimento prostático atribuído à HPB torna 
a glândula aumentada e palpável com superfície lisa em consistência 
de borracha. Áreas endurecidas sugerem câncer e devem ser exa-
minadas por biopsia. Uma próstata aumentada ao toque retal nem 
sempre se correlaciona com o grau de obstrução urinária. Alguns 
homens podem ter próstatas acentuadamente aumentadas sem 
obstrução, enquanto outros podem referir sintomas graves sem 
crescimento palpável. 
A determinação da urina residual pode ser realizada por ultrassono-
grafia ou cateterização pós-miccional de modo a determinar o volume 
residual. A urofluxometria fornece uma medida objetiva da taxa de 
fluxo urinário. O paciente é solicitado a urinar com a bexiga relativa-
mente cheia (no mínimo 150 mℓ) em um dispositivo que mede eletro-
nicamente a força do jato e a taxa de fluxo urinário. Taxas maiores 
que 15 mℓ/s são consideradas normais, enquanto taxas menores 
que 10 mℓ/s sugerem obstrução.26 
A ultrassonografia diagnóstica transabdominal ou transretal pode ser 
realizada para examinar os rins, os ureteres e a bexiga. A uretrocis-
toscopia está indicada aos homens com história de hematúria, doença 
estenótica, traumatismo uretral ou história de cirurgia das vias uri-
nárias inferiores. Sua função é determinar o comprimento e o diâ-
metro da uretra, o tamanho e a configuração da próstata e a capa-
cidade da bexiga. TC, RM e cintigrafia radionuclídica são reservadas 
para os casos graves em que são detectados tumores. 
Tratamento 
É determinado pela gravidade dos sintomas quea HPB causa e as 
complicações associadas à obstrução. Quando um paciente tem sin-
tomas brandos devido à doença, a conduta de “espera cautelosa” 
geralmente é adotada. O problema nem sempre tem evolução previ-
sível, ou seja, pode manter-se estável ou até mesmo melhorar. 
Atualmente, as abordagens terapêuticas menos invasivas são enfa-
tizadas, inclusive o uso de fármacos. Contudo, quando o paciente tem 
sinais e sintomas mais graves de obstrução, a cirurgia é indicada para 
proporcionar conforto e evitar danos graves aos rins. 
O tratamento farmacológico inclui o uso de inibidores da 5α-redutase 
e bloqueadores α1-adrenérgicos. Os fármacos do primeiro grupo (p. 
ex., finasterida) reduzem as dimensões da próstata bloqueando o 
efeito dos androgênios na glândula. A existência de receptores α-
adrenérgicos na musculatura lisa da próstata levou à utilização de 
bloqueadores α1-adrenérgicos (p. ex., prazosina, terazosina) para ali-
viar a obstrução prostática e aumentar o fluxo urinário. As combi-
nações de inibidores da 5α-redutase e bloqueadores α1-adrenérgi-
cos parecem mais eficazes que o uso isolado de um desses fármacos. 
A ressecção cirúrgica da próstata aumentada pode ser realizada por 
abordagem transuretral, suprapúbica ou perineal. Hoje em dia, a 
transuretral é a abordagem mais utilizada. Com essa técnica, um ins-
trumento é introduzido pela uretra e os tecidos prostáticos são re-
movidos por meio de um ressectoscópio e um eletrocautério. As 
complicações imediatas da RTUP são incapacidade de urinar, hemor-
ragia pós-operatória ou retenção de coágulos e infecção urinária. As 
complicações tardias são disfunção erétil, incontinência e contraturas 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 12 
do colo vesical. Ejaculação retrógrada é outro problema que pode 
ocorrer como consequência da ressecção dos tecidos do colo vesical. 
 
 
Para os pacientes com doença cardíaca ou pulmonar ou algum dis-
túrbio que impeça procedimento cirúrgico de grande porte, pode-se 
colocar um stent para ampliar e manter a uretra pérvia. Stent é um 
dispositivo tubular entrelaçado introduzido com anestesia local ou re-
gional. Depois de alguns meses, o revestimento da uretra prolifera e 
cobre a superfície interna do stent. 
 
O termo prostatite refere-se a vários distúrbios inflamatórios da 
próstata, alguns de etiologia bacteriana e outros não. Pode ocorrer 
espontaneamente como consequência de cateterização ou instru-
mentação ou pode ser secundária a outras doenças do sistema ge-
niturinário masculino. Existem quatro grupos de síndromes de pros-
tatite: prostatite bacteriana aguda, prostatite bacteriana crônica, 
síndrome de prostatite/dor pélvica crônica e prostatite inflamatória 
assintomática. Os homens com este último tipo não referem queixas 
subjetivas, e o problema é detectado incidentalmente por biopsia ou 
exame do líquido prostático. 
(1) prostatite bacteriana aguda (2- 5% dos casos), causada pelos 
mesmos organismos associados às infecções agudas do trato uriná-
rio; 
(2) prostatite bacteriana crônica (2-5% dos casos), também causada 
por uropatógenos comuns; 
(3) prostatite crônica não bacteriana, ou síndrome da dor pélvica 
crônica (90-95% dos casos), em que, apesar da presença dos sin-
tomas locais, nenhum uropatógeno é identificado; 
(4) prostatite inflamatória assintomática (taxa de incidência desco-
nhecida), associada à identificação incidental de leucócitos nas secre-
ções prostáticas sem uropatógenos. 
No exame retal, a próstata é intensamente macia e esponjosa. 
Prostatite bacteriana aguda 
Em geral, a prostatite bacteriana aguda é considerada um subtipo de 
infecção urinária. A causa mais provável é uma infecção uretral as-
cendente, ou refluxo de urina infectada (E. coli) para os ductos pros-
táticos. Bactérias gram-negativas (espécies de Proteus, Klebsiella, 
Pseudomonas e Serratia) e enterococos são patógenos menos co-
muns. Bactérias anaeróbias e gram-positivas raramente causam 
prostatite aguda. 
As manifestações clínicas incluem febre e calafrios, mal-estar, de-
sejo frequente e urgente de urinar e disúria. Em muitos casos, os 
pacientes referem dor perineal difusa e persistente. A urina pode 
estar turva e com odor fétido em razão da infecção urinária. 
O toque retal detecta próstata edemaciada, dolorosa e quente com 
áreas macias dispersas. A massagem da próstata elimina secreção 
espessa com leucócitos e, quando semeada em cultura, revela gran-
des quantidades de patógenos. 
O tratamento da prostatite bacteriana aguda depende da gravidade 
dos sintomas. Em geral, envolve antibióticos, repouso ao leito, hidra-
tação adequada, antipiréticos, analgésicos (de preferência anti-infla-
matórios não esteroides) para aliviar a dor e emolientes fecais. Os 
pacientes em estado grave, inclusive em sepse, podem necessitar 
de internação hospitalar. Se houver dor ou dificuldade de urinar, pode 
ser preciso um cateter suprapúbico. 
A prostatite aguda geralmente melhora com antibióticos escolhidos 
com base nos resultados dos testes de sensibilidade dos patógenos 
isolados da secreção uretral. Dependendo dos resultados da urinocul-
tura, em geral, a antibioticoterapia é mantida por 4 semanas no mí-
nimo. Como essa doença costuma estar associada a algumas anor-
malidades anatômicas, um exame urológico detalhado geralmente é 
realizado depois de concluir o tratamento. 
Febre persistente indica a necessidade de exames complementares 
para determinar outros focos de infecção. TC e ultrassonografia 
transretal da próstata ajudam a firmar o diagnóstico de abscessos 
prostáticos. 
Prostatite bacteriana crônica 
Ao contrário da prostatite bacteriana aguda, a prostatite bacteriana 
crônica é uma doença sutil e difícil de tratar. Nos casos típicos, os 
homens têm infecções urinárias repetidas com persistência da 
mesma cepa de bactéria patogênica no líquido prostático e na urina. 
Os microrganismos causadores geralmente são enterobactérias 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 13 
gram-negativas. Cálculos prostáticos infectados também se formam 
e contribuem para a infecção crônica. 
Os sintomas da prostatite crônica são variáveis e incluem micções 
urgentes e frequentes, disúria, desconforto perineal e dor lombar 
baixa. Em alguns casos, mialgia e artralgia acompanham os outros 
sintomas. Por vezes, a epididimite secundária está associada à pros-
tatite. Alguns pacientes têm infecções repetidas das vias urinárias 
superiores ou inferiores, em razão da invasão recidivante da bexiga 
pelas bactérias da próstata, as quais podem permanecer mesmo 
quando o líquido prostático é estéril. 
O método mais preciso para estabelecer o diagnóstico são culturas 
localizadoras Essa técnica baseia-se em coletas sequenciais da pri-
meira parte do jato urinário (espécime uretral), do meio do jato (es-
pécime da bexiga), da secreção prostática espremida (obtida por 
massagem da próstata) e da urina emitida depois da massagem pros-
tática. Essas duas últimas amostras são consideradas representati-
vas da urina prostática. Uma amostra positiva da secreção prostática 
espremida confirma o diagnóstico de prostatite bacteriana e exclui a 
possibilidade de prostatite não bacteriana. 
Mesmo depois de estabelecer o diagnóstico exato, o tratamento da 
prostatite crônica geralmente é muito difícil. Ao contrário de sua 
ação na forma aguda, os fármacos antibacterianos não penetram 
satisfatoriamente a próstata com inflamação crônica. Em geral, a 
infecção é tratada por períodos longos (3 a 4 meses) com um anti-
microbiano oral em doses baixas. Prostatectomia transuretral (RTUP) 
tem sido realizada para tratar pacientes com doença resistente. 
Síndrome de prostatite ou dor pélvica crônica 
A síndrome de prostatite ou dor pélvica crônica é a mais comum e 
também a menos compreendida dentre as síndromes de prostatite. 
É dividida em dois grupos – inflamatória e não inflamatória – com 
basena existência de leucócitos no líquido prostático. No passado, o 
tipo inflamatório era conhecido como prostatite não bacteriana, en-
quanto o tipo não inflamatório, como prostatodinia. 
Prostatite inflamatória. 
Um grupo numeroso de homens com prostatite não tem bactérias 
no sistema urinário, mas ainda assim refere dor ao longo do pênis, 
nos testículos e no escroto; ejaculações dolorosas; dor lombar baixa; 
dor retal na extensão das superfícies internas das coxas; queixas 
urinárias; perda de libido; e impotência. 
Os homens com prostatite não bacteriana geralmente têm inflama-
ção da próstata com contagens altas de leucócitos e células inflama-
tórias anormais nas secreções prostáticas. A causa da doença é 
desconhecida, e a maioria das tentativas de comprovar a existência 
de patógenos incomuns (p. ex., micoplasmas, Chlamydia, Trichomonas 
ou vírus) tem sido infrutífera. Aparentemente, a prostatite não bac-
teriana pode ser uma doença autoimune. 
Prostatite não inflamatória. 
Os homens acometidos por essa doença referem sintomas seme-
lhantes aos da prostatite não bacteriana, mas têm urinoculturas ne-
gativas e não apresentam indícios de inflamação da próstata (i. e., 
contagem de leucócitos normal). 
A causa da prostatite não inflamatória é desconhecida, mas, consi-
derando a inexistência de inflamação, a busca por definir o que oca-
siona os sintomas tem sido dirigida para fontes extraprostáticas. Em 
alguns casos, há uma obstrução funcional aparente no colo vesical 
perto do esfíncter uretral externo. Durante a micção, essa obstru-
ção gera pressões maiores que as normais na uretra prostática que 
acarretam refluxo intraprostático da urina e irritação química da 
próstata pela urina. Em outros casos, há mialgia aparente (i. e., dor 
muscular) associada à tensão prolongada dos músculos do assoalho 
pélvico. 
Tratamento. 
As abordagens ao tratamento da síndrome de prostatite ou dor pél-
vica crônica são amplamente variadas e precisam ser mais bem es-
tudadas. Antibióticos são usados quando há suspeita de infecção 
oculta. Em geral, o tratamento é voltado para o controle dos sinto-
mas. Banhos de assento e anti-inflamatórios não esteroides podem 
oferecer algum alívio. Nos homens com sintomas miccionais irritati-
vos, anticolinérgicos (p. ex., oxibutinina) ou bloqueadores α-adrenér-
gicos podem ser eficazes. 
 
REFERÊNCIAS 
DIRETRIZES, Projeto. Hiperplasia Prostática Benigna. Disponível em: 
<https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/hiperplasia-pros-
tatica-benigna.pdf>. 
DE, F.E.V.; (EDS.), P.L. Tratado de Geriatria e Gerontologia, 4ª edição. 
Grupo GEN, 2016. 
GROSSMAN. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2015 
Alan J. Wein. Campbell-Walsh Urologia. Grupo GEN, 2018. 
V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen-
ças. Grupo GEN, 2016. 
STANDRING, S. (Ed.). Gray's anatomia: a base anatômica da prática 
clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 
 
5. Explicar o significado clínico da escala de Gleason na avalia-
ção do tumor de próstata. 
 
A gradação é particularmente importante no câncer de próstata, 
porque o grau e o estádio são os melhores indicadores de prognós-
tico. O adenocarcinoma de próstata é graduado de acordo com o 
sistema de Gleason, que estratifica o câncer de próstata em cinco 
graus com base nos padrões glandulares de diferenciação. 
Os padrões de arquitetura são identificados e se atribui a eles um 
grau de 1 a 5, sendo 1 o mais diferenciado e 5 o mais indiferenciado 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 14 
A maioria dos tumores contém mais de um padrão; em tais casos, 
um grau primário é atribuído ao padrão dominante e um grau secun-
dário ao segundo padrão mais frequente. Os dois graus numéricos 
são então somados para obter um grau ou pontuação de Gleason 
combinado. Então, por exemplo, um tumor com grau dominante 3 e 
um grau secundário 4 obteria uma pontuação de Gleason de 7. 
*Tumores com apenas um padrão são tratados como se seus graus 
primários e secundários fossem os mesmos e consequentemente o 
número é dobrado. 
*Uma exceção a essa regra ocorre se três padrões estiverem pre-
sentes na biópsia, em que o grau mais comum e o maior são somados 
para chegar à pontuação de Gleason. Portanto, nesse esquema, os 
tumores mais bem diferenciados apresentam uma pontuação de 
Gleason de 2 (1 + 1) e os tumores menos diferenciados recebem uma 
pontuação de 10 (5 + 5). 
 
 
PADRÃO 1 
Nódulo circunscrito de ácinos 
de tamanho médio, arredonda-
dos a ovais, estreitamente 
aglomerados, porém separa-
dos, uniformes (glândulas maio-
res que no padrão 3 
 
 
PADRÃO 2 
Tal como no padrão 1, razoa-
velmente circunscritos, porém 
na borda do nódulo tumoral 
pode haver uma infiltração mí-
nima. As glândulas se mostram 
mais frouxamente dispostas e 
não tão uniformes quanto no 
padrão Gleason 1 
 
 
PADRÃO 3 
Unidades glandulares discretas 
Tipicamente glândulas menores 
do que aquelas vistas no padrão 
Gleason 1 ou 2. Infiltra-se em 
ácinos prostáticos não neoplá-
sicos e em torno dele. Variação 
acentuada no tamanho e na 
forma 
 
 
PADRÃO 4 
Glândulas microacinares em fu-
são. Glândulas mal definidas com 
luz glandular malformada Glân-
dulas cribriformes grandes Hi-
pernefromatoide 
 
PADRÃO5 
Nenhuma diferenciação glandu-
lar, constituído de folhetos sóli-
dos, cordões ou células isoladas 
Comedocarcinoma com ne-
crose central circundada por 
massas papilares, cribriformes 
ou sólidas 
 
 
 
 
 
Escore Gleason inferior ou igual a 6: Grupo de Grau 1 
Escore Gleason 3 + 4 = 7: Grupo de Grau II 
Escore Gleason 4 + 3 = 7: Grupo de Grau III 
Escore Gleason 8: Grupo de Grau IV 
Escore Gleason 9 a 10: Grupo de Grau V 
 
Gleason de 2 a 4 – câncer com crescimento provavelmente lento; 
cerca de 25% de chance de disseminação do câncer para fora da 
próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a so-
brevida. 
Gleason de 5 a 7 – câncer de crescimento lento ou rápido, a depen-
der de outros fatores; cerca de 50% de chance de disseminação do 
câncer para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros 
órgãos, afetando a sobrevida. 
Gleason de 8 a 10 – câncer de crescimento muito rápido; cerca de 
75% de chance de disseminação do câncer para fora da próstata 
em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. 
 
 
REFERÊNCIAS 
V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen-
ças. Grupo GEN, 2016. 
Alan J. Wein. Campbell-Walsh Urologia. Grupo GEN, 2018. 
 
6. Caracterizar o estadiamento no CA próstata. 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 15 
 
A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios ba-
seia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes 
quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se 
estende a outros órgãos. 
Estadiar um caso de câncer significa avaliar seu grau de dissemina-
ção. Para tal, há regras internacionalmente estabelecidas, as quais 
estão em constante aperfeiçoamento. 
O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e 
a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação 
com o hospedeiro. 
O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União 
Internacional para o Controle do Câncer (UICC), denominado Sistema 
TNM de Classificação dos Tumores Malignos. 
Sistema TNM 
Esse sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando 
em conta as características do tumor primário (T), as características 
dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o 
tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases a 
distância (M). Estes parâmetros recebem graduações, geralmente 
de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. 
Além das graduações numéricas, as categorias T e N podem ser 
subclassificadas em graduações alfabéticas (a, b, c). Tanto as gradu-
ações numéricas como as alfabéticasexpressam o nível de evolução 
do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" é utilizado 
quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada 
O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico 
é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames 
complementares pertinentes ao caso. O estadiamento patológico ba-
seia-se nos achados cirúrgicos e no exame anatomopatológico da 
peça operatória. É estabelecido após tratamento cirúrgico e deter-
mina a extensão da doença com maior precisão. O estadiamento pa-
tológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é 
aplicável a todos os tumores. 
A determinação da extensão da doença e a identificação dos órgãos 
por ela envolvidos auxiliam nas seguintes etapas: 
a) informações sobre o comportamento biológico do tumor; 
b) escolha da terapêutica; 
c) previsão das complicações; 
d) obtenção de informações sobre o prognóstico do caso; 
e) avaliação dos resultados do tratamento; 
f) investigação em oncologia: pesquisa clínica, publicação de resultados 
e troca de informações. 
Os parâmetros de estadiamento devem incluir os fatores relaciona-
dos ao tumor e ao hospedeiro, quais sejam: 
a) órgão e tecido de origem do tumor; 
b) classificação histopatológica do tumor; 
c) extensão do tumor: tamanho ou volume; invasão de tecidos adja-
centes; comprometimento de nervos, vasos ou sistema linfático; 
d) locais das metástases detectadas; 
e) dosagem de marcadores tumorais; 
f) estado funcional do paciente 
 
 
 
 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 16 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Estadia-
mento. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/estadiamento>. 
V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen-
ças. Grupo GEN, 2016. 
 
7. Citar as formas atuais de prevenção e detecção precoce 
(rastreamento) de câncer de próstata, relacionadas às po-
líticas públicas de saúde. 
 
A prevenção primária do câncer de próstata apresentada pelo con-
junto das fontes estudadas se estrutura a partir dos seguintes te-
mas: ausência de um conhecimento sólido; fatores de risco; adoção 
de hábitos saudáveis; uso de drogas e o poder da informação 
Na maioria das fontes estudadas, verifica-se que não há como se 
precisar medidas preventivas contra o câncer de próstata: "O apa-
recimento do câncer de próstata não pode ser evitado, porque ainda 
não são perfeitamente conhecidos os mecanismos que modificam a 
maquinaria das células normais da glândula a próstata, tornando-as 
malignas". No entanto, em algumas, de certa forma, relativiza tal 
desconhecimento: Todo homem nasce programado para ter câncer 
de próstata, pois todos carregam em seu código genético os chama-
dos 'proto-oncogens', que dão a ordem para uma célula normal se 
transformar em outra maligna. Isto só não ocorre indiscriminada-
mente porque a função dos proto-oncogens é antagonizada por ou-
tro grupo de gens protetores, chamados de 'supressores' Com o 
decorrer dos anos acumulam-se perdas dos gens supressores, que 
libera a atividade dos proto-oncogens e permite a degeneração das 
células prostáticas. 
Embora, em geral, os materiais consultados não tenham esse tom 
enfático do posicionamento de que todos os homens nascem progra-
mados para ter o câncer de próstata, algumas fontes estudadas 
observam que, com o aumento da expectativa de vida dos homens, 
as possibilidades de se ter câncer de próstata podem ser aumenta-
das. "Estima-se que, aos 80 anos, cerca de 50% dos homens sejam 
atingidos pelo câncer de próstata". Assim, é comum considerar que 
o risco de se desenvolver o câncer de próstata aumenta à medida 
que o homem envelhece. 
A ausência de conhecimentos sólidos para a recomendação de me-
didas preventivas para o câncer de próstata também pode ser ex-
plicada pelo fato de os fatores de risco para câncer de próstata 
são, na maioria, desconhecidos e inevitáveis. Os dois fatores que 
apresentam certo consenso entre as fontes no que ser refere ao 
aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a 
idade e história familiar. A grande maioria dos casos ocorre em ho-
mens com idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai 
ou irmão com câncer de próstata. 
A "dieta rica em gordura saturada (especialmente gordura animal) e 
pobre em fibra aumenta o risco de câncer de próstata" O consumo 
abundante de tomate cozido e seus derivados parece diminuir em 
35% os riscos de CaP, segundo estudo realizado na Universidade de 
Harvard, pensando com que a adoção de hábitos saudáveis aparece 
em algumas fontes consultadas como uma forma de prevenir as 
doenças em gerais, aí podendo se incluir o câncer de próstata, tais 
como comer adequadamente, controlar o peso, beber com modera-
ção, limitar o uso de açúcar e sal, não fumar e praticar exercícios 
físicos. Dentre esses hábitos, dietas consideradas saudáveis ocupam 
um espaço significativo. O efeito benéfico do tomate resultaria da 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 17 
presença de grandes quantidades de licopeno, um betacaroteno na-
tural precursor da vitamina A. Finalmente, complementação dietética 
com vitamina E (800 mg ao dia) e com selenium (200 µg ao dia) talvez 
tenha um efeito protetor contra o CaP, reduzindo riscos de ocor-
rência da doença em 32 a 63% dos pacientes analisados em dois 
estudos caso-controle. 
Um ambiente em que haja pouca exposição ao sol também é consi-
derado um fator de risco para desenvolvimento do câncer de prós-
tata. A teoria é que a exposição à irradiação ultravioleta do sol tem 
efeito protetor contra o câncer de próstata. Em países mais frios, 
onde os homens recebem menos irradiação solar, casos dessa do-
ença costumam ser mais freqüentes 
Ainda sobre o conhecimento dos fatores de risco como 
forma de prevenção, o National Cancer Institute dos Estados Unidos 
da América – NCI observa que alguns fatores de riscos podem ser 
evitados; nesse caso, estaria a idéia de prevenção primária propria-
mente dita, mas muitos não são evitáveis. 
 
Também conhecido como prevenção secundária, o rastreamento é 
realizado para diagnosticar o câncer antes que o paciente apresente 
qualquer sintoma da doença. No entanto, não está claro, se para a 
maioria dos homens, os benefícios do rastreamento do câncer de 
próstata superem os riscos desses exames. Ainda assim, após dis-
cutir os prós e os contras do rastreamento com seus médicos, al-
guns homens podem optar por fazer o rastreamento. 
Aqui são discutidos os exames de rastreamento usados para diag-
nosticar possíveis sinais de câncer de próstata. Entretanto, esses 
exames não são conclusivos para o diagnóstico definitivo de câncer 
de próstata. Se o resultado de um desses testes for anormal, pro-
vavelmente será necessária a realização de uma biópsia da próstata 
para elucidação diagnóstica do câncer de próstata. 
Exame do antígeno prostático específico (PSA) 
O nível de PSA no sangue é medido em unidades de nanogramas por 
mililitro (ng/ml). A chance de ter câncer de próstata aumenta à me-
dida que o nível de PSA aumenta, mas não existe um ponto de corte 
definido que se possa afirmar com certeza se um homem tem (ou 
não) câncer de próstata. Muitos médicos definem o valor de PSA de 
4 ng/ml ou superior para decidir se um homem pode precisar de 
mais exames, enquanto outros podem recomendar realizar outros 
exames a partir de um nível mais baixo, como 2,5 ou 3. 
 A maioria dos homens que não tem câncer de próstata 
tem um nível de PSA abaixo de 4 ng/ml no sangue. Quando 
o câncer de próstata se desenvolve, o nível de PSA geral-
mente ultrapassa esse valor. Ainda assim, um nível abaixo 
de 4 não garante que o homem não tenha câncer. Cerca 
de 15% dos homens com PSA abaixo de 4 terão câncer de 
próstata se fizerem uma biópsia. 
 Homens com nível de PSA entre 4 e 10 ng/ml têm cerca 
de 1 em4 chances de ter câncer de próstata 
 Se o PSA for superior a 10, a chance de ter câncer de 
próstata é superior a 50% 
FATORES QUE AFETAM OS NÍVEIS DO PSA: Uma das razões 
pela qual é difícil usar um ponto de corte definido para o PSA no 
diagnóstico do câncer de próstata é que vários outros fatores, além 
do câncer também podem afetar os nível de PSA. 
Fatores que podem aumentar os níveis de PSA incluem: 
 Próstata aumentada. Condições como hiperplasia prostá-
tica benigna, aumento benigno da próstata que afeta mui-
tos homens conforme envelhecem pode aumentar o nível 
do PSA. 
 Idade avançada. Os níveis de PSA normalmente aumentam 
lentamente com a idade, mesmo que não haja qualquer 
anormalidade na glândula. 
 Prostatite. Infecção ou inflamação da próstata, que pode 
aumentar o nível do PSA. 
 Ejaculação. Isso pode aumentar o nível do PSA por um 
curto período de tempo. Por essa razão alguns médicos 
sugerem que os homens não ejaculem um dia ou dois an-
tes da realização do teste. 
 Andar de bicicleta. Alguns estudos sugerem que o ciclismo 
pode aumentar o nível do PSA por um curto período de 
tempo, possivelmente porque o assento pressiona a prós-
tata. 
 Determinados procedimentos urológicos. Alguns procedi-
mentos clínicos, como biópsia, cistoscopia ou exame de to-
que retal, podem provocar um aumento no nível do PSA 
por um curto período de tempo. 
 Determinados medicamentos. O uso de hormônios masculi-
nos, como a testosterona ou outros medicamentos que au-
mentam o nível da testosterona, pode provocar um au-
mento no nível do PSA. 
Fatores que podem diminuir os níveis do PSA, mesmo que 
um homem tenha câncer de próstata: 
 Inibidores da 5-alfa redutase. Certos medicamentos usa-
dos para tratar a hiperplasia prostática benigna ou sinto-
mas urinários, como finasterida ou dutasterida, podem di-
minuir o nível do PSA. Esses medicamentos também po-
dem afetar o risco de câncer de próstata. 
 Ervas. Algumas misturas de ervas vendidas como suple-
mentos alimentares podem mascarar o nível do PSA. In-
forme seu médico se estiver tomando algum tipo de su-
plemento, mesmo aqueles que não são necessariamente 
para a próstata. 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 18 
 Outros medicamentos. Algumas pesquisas sugeriram que o 
uso a longo prazo de certos medicamentos, como aspi-
rina, estatinas e diuréticos pode diminuir o nível do PSA. 
Tipos de exames de PSA 
 PSA livre. O PSA se apresenta de duas formas principais 
no sangue. Uma delas está relacionada às proteínas do 
sangue e a outra circula livre (não ligada). O PSA livre é a 
proporção de PSA que circula livre em comparação com o 
nível total de PSA. A porcentagem de PSA livre é menor 
em homens que têm câncer de próstata do que em ho-
mens que não têm a doença. Se o resultado do teste está 
na faixa limítrofe (entre 4 e 10), o PSA livre pode ser 
usado para decidir se o paciente deve fazer a biópsia da 
próstata. Um PSA livre mais baixo significa que a chance 
de ter câncer de próstata é maior e o paciente provavel-
mente deve fazer uma biópsia. 
 PSA complexado. Esse teste mede a quantidade de PSA 
que é anexada a outras proteínas. Ele substitui o PSA to-
tal e livre, podendo fornecer a mesma quantidade de in-
formações, mas não é amplamente utilizado. 
 Exames que combinam diferentes tipos de PSA. Alguns 
testes mais recentes combinam os resultados de diferen-
tes tipos de PSA para obter uma pontuação geral que re-
flete a chance de um paciente ter câncer de próstata: 
PHI (Prostate Health Index). O índice de saúde 
prostático combina os resultados do PSA total, PSA livre 
e proPSA (precursores inativos de PSA secretados pelas 
células prostáticas). 
Teste 4Kscore. Combina os resultados do PSA 
total, PSA livre, PSA intacto e calicreína humana 2 (hK2), 
além de alguns outros fatores. 
Exame de toque retal 
Para o exame de toque retal, o médico insere um dedo com luvas e 
lubrificado no reto do paciente para determinar qualquer inchaço 
ou áreas endurecidas na próstata que possam eventualmente ser 
um câncer. O câncer de próstata geralmente começa na parte 
posterior da glândula e, às vezes, pode ser sentido durante o toque 
retal. Esse exame pode ser desconfortável, principalmente para 
homens que têm hemorroidas, mas geralmente não é doloroso e 
dura apenas alguns minutos. 
O exame de toque retal é menos eficaz que o exame do PSA no 
sangue para a detecção do câncer de próstata, mas às vezes 
pode sugerir a possibilidade de câncer em homens com níveis nor-
mais de PSA. Por essa razão, pode ser incluído como parte do ras-
treamento do câncer de próstata. 
Resultados anormais do rastreamento 
Se o resultado inicial no nível do PSA no sangue durante o rastrea-
mento for mais alto do que o normal, isso nem sempre significa que 
o homem tem câncer de próstata. Muitos homens com níveis de 
PSA acima do normal não têm câncer. Ainda assim, serão necessá-
rios mais exames para verificar o que está ocorrendo. O médico 
pode sugerir uma das opções abaixo: 
 Aguardar um pouco e refazer o PSA. 
 Fazer outro tipo de exame para verificar se o homem 
apresenta alguma alteração e posteriormente fazer uma 
biópsia da próstata. 
 Fazer uma biópsia da próstata para diagnosticar se o ho-
mem tem câncer. 
Repetindo o exame de psa 
O nível de PSA no sangue de um homem pode variar ao longo do 
tempo. Por essa razão, alguns médicos recomendam repetir o 
teste após um mês ou mais, se o resultado inicial for anormal. Essa 
é uma opção razoável se o nível do PSA estiver na extremidade in-
ferior da faixa limítrofe (geralmente de 4 a 7 ng/ml). Para níveis 
mais altos do PSA o mais provável é que os médicos solicitem a re-
alização de outros exames ou uma biópsia da próstata. 
Outros exames 
 Exame de toque retal, se ainda não foi realizado. 
 Um ou mais dos tipos de PSA citados acima, como o índice 
de saúde prostática (PHI), 4Kscore ou PSA livre ou outros 
exames de laboratório. 
 Exame de imagem da próstata, como ressonância magné-
tica ou ultrassom transretal. 
Biópsia da próstata 
Para alguns homens, a biópsia da próstata pode ser a melhor op-
ção, principalmente se o nível inicial de PSA estiver alto. Na biópsia 
pequenas amostras da próstata são removidas e enviadas para 
análise em um laboratório de patologia. A biópsia é a única maneira 
de saber com certeza se um homem tem câncer de próstata. 
 
REFERÊNCIAS 
GOMES, Romeu et al. A prevenção do câncer de próstata: uma re-
visão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 235-246, 
2008. 
Hoff, Paulo Marcelo Gehm (ed). Tratado de oncologia. SÃO PAULO: 
ATHENEU, 2013. 2829p. Data: 2013 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer. INCA lança livro 
sobre detecção precoce do câncer. Disponível em: 
<https://www.inca.gov.br/imprensa/inca-lanca-livro-sobre-detec-
cao-precoce-do-cancer>. Acesso em: 7 ago. 2021. 
8. Conceituar metástases, explicar como elas ocorrem e dis-
cutir seus significados na evolução de uma neoplasia (Ex: 
Escala T; N; M). 
 
 UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 19 
A metástase é definida pela propagação de um tumor para áreas 
que são fisicamente descontínuas com o tumor primário e de forma 
inequívoca marca um tumor como maligno, pois, por definição, neo-
plasias benignas não formam metástases. 
A invasividade dos tumores malignos permite que eles penetrem nos 
vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corpóreas, provendo a opor-
tunidade para a disseminação. Todos os tumores malignos podem for-
mar metástase, mas alguns o fazem muito raramente. Alguns exem-
plos incluem neoplasias malignas das células gliais do sistema nervoso 
central, denominados gliomas, e os carcinomas basocelulares da pele. 
Estes tipos de câncer fazem a invasão no início de seu curso, mas 
raramente formam metástase. É evidente então que as proprieda-
des de invasão e metástases são distintas 
Em geral, a probabilidade

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