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Manejo reprodutivo de bovinos de corte e bubalinos 
Regis Luis Missio
1
 
A reprodução, tanto em bovinos como em bubalinos, é o fator econômico mais importante em um 
rebanho de corte que executa a fase de cria, influenciando os custos de produção nos demais sistemas 
(recria, recria-engorda, engorda), devido aos impactos sobre a oferta de bezerros. Assim, para uma 
fazenda de corte é mais importante o nascimento de um bezerro do que seu desempenho futuro (ganho 
de peso) e a qualidade de carcaça. Sendo a produção anual de bezerros o principal objetivo de uma 
fazenda de corte, tornam-se injustificáveis os baixos índices zootécnicos observados no rebanho 
nacional de bovinos de corte (Tabela 1). Esses índices demonstram a baixa importância dada à 
reprodução, bem como o ineficiente manejo reprodutivo, influenciando negativamente os demais índices 
produtivos. Em bubalinos, apesar da maior prolificidade da fêmea e menor mortalidade das crias, o 
adequado manejo reprodutivo é essencial para os adequados índices produtivos, bem como para o 
manejo geral da propriedade, melhorando os aspectos nutricionais e a logística da mão de obra. 
 
Tabela 1 – Índices zootécnicos médios para a criação de bovinos e bubalinos e metas para a criação de 
bovinos 
Índices 
Bovinos Bubalinos 
Média brasileira Meta 
Natalidade (%) 60 >80 85 
Mortalidade até desmame (%) 8 <4 2,5 
Taxa de desmame (%) 55 >75 80 
Mortalidade após-desmame (%) 4 <2 <2 
Idade a primeira cria (meses) 48 24-32 32-34 
Intervalo entre parto (meses) 21 12 14 
Peso a desmama (kg) 170 >200 -- 
Idade de abate (anos) 4 1-2 -- 
Taxa de abate (%) 23 >35 -- 
Lotação (UA/ha) 0,9 >2 -- 
Taxa de descarte de matrizes (%) - 15-20 -- 
 
Deve-se considerar que rebanho de cria está inserido em áreas de pastagens caracterizadas pela 
presença de solos rasos ou de média a baixa fertilidade, com baixa aptidão para a utilização de máquinas 
agrícolas ou culturas anuais. Além disso, o rebanho de cria é de baixa eficiência biológica e econômica, 
onde a utilização maciça de insumos pode não representar impacto positivos na rentabilidade do sistema 
de produção. Soma-se a isso, o fato das características reprodutivas apresentam baixa herdabilidade 
(10%). Nesse contexto, o manejo é a ferramenta de maior importância para a melhoria dos índices 
reprodutivos do rebanho, bem como da lucratividade do sistema de produção. Desse modo, faz-se 
necessário o controle reprodutivo do rebanho, o que não pode ser realizado de forma eficaz sem o 
estabelecimento de uma estação de monta e de parição bem definidos. Para tanto é fundamental a 
escrituração zootécnica e o levantamento físico da propriedade, bem como a utilização de softwares 
para o gerenciamento do rebanho. Deve-se destacar que os bubalinos apresentam algumas peculiaridades 
em relação aos bovinos, as quais serão comentadas, quando presentes, ao longo do texto. Deve ressaltar, 
que os bubalinos, ao contrário dos bovinos, apresentam estacionalidade reprodutiva relacionada com a 
duração do dia (poliéstricos estacionais de dias curtos), o que aumenta à medida que as criações são 
realizadas em regiões mais afastadas da linha do equador. Nessas regiões, a estação de monta é de fácil 
instalação, já que o período de maior manifestação de cio concentrada entre março e julho. Nas regiões 
tropicais, a estacionalidade reprodutiva é menos evidente, estando principalmente relacionada com a 
nutrição e, com isso, é mais fácil de ser manipulada. 
A estação de monta é a estratégia de manejo com maior impacto na fertilidade dos rebanhos que 
executam a fase de cria, possibilitando adequar o período de maior demanda de nutrientes dos animais 
com o período de maior oferta de forragem; identificar animais improdutivos; formar lotes 
contemporâneos (seleção); concentrar e programar a utilização da mão de obra para as atividades 
subsequentes (descorna, castração, desmame, manejo sanitário, etc) e obtenção de lotes de bezerros 
homogêneos, facilitando a comercialização. O estabelecimento da estação de monta (EM) deve levar 
 
1
 Professor do Departamento de Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 
em consideração inúmeros fatores locais, sendo uma medida prática de manejo, de fácil execução, de 
baixo investimento, devendo estar inserida dentro de um manejo reprodutivo amplo, considerando o 
ciclo reprodutivo da vaca. Assim, considerando objetivo de se obter um bezerro/vaca/ano, o intervalo 
entre parto deve ser de 12 meses. Considerando-se que o período de gestação médio é de 9,5 meses, nos 
bovinos e, 10 meses nos bubalinos, o período de serviço (PS=intervalo entre o parto e a concepção) deve 
ser de 2,5 meses, ou seja, a matriz bovina apresenta 75 dias para conceber novamente, determinando que 
a estação de monta deva coincidir com o PS. Em bubalinos, no entanto, é aceitável que a búfala produza 
duas crias a cada três anos, devido às peculiaridades reprodutivas desta espécie, como a estacionalidade 
reprodutiva e o período de gestação, embora seja possível intervalos entre partos de 12 meses e período 
de serviço variando entre 60 a 90 dias. 
Na prática, a duração da EM deve ser entre 60 e 90 dias para vacas adultas, embora EM o ano 
inteiro seja muito utilizada em sistemas extensivos. Em novilhas a EM dever ter duração de 45 dias, 
sendo antecipado em 30 dias, possibilitando a recuperação de seu estado fisiológico para a próxima EM 
normal, com possibilidade de repetir a gestação, o que determina que as novilhas devam ser manejadas 
em separado. Em sistemas de monta natural o ano todo, a implantação da EM deve ser gradual, a partir 
da época que concentra naturalmente o maior número de nascimentos (análise do histograma de 
parição), sendo implantada inicialmente por um período de 6 meses, em que nos anos subsequentes 
reduz-se 15 dias/ano de cada extremidade da estação de monta, até chegar-se no período desejado. 
A época de estação de monta deve ser determinada como o período com melhor disponibilidade 
de forragem de modo atender as exigências nutricionais da vaca, bem como proporcionar condições 
ambientais favoráveis para o desenvolvimento dos bezerros. Em bovinos a EM mais utilizada é a de 
primavera/verão (entoure de primavera), que ocorre entre os meses de novembro e fevereiro (90 dias), 
período de maior crescimento dos pastos, proporcionando adequada condição corporal da vaca e máxima 
expressão de cio. O entoure de primavera/verão determina estação de parição entre agosto e 
novembro, período em que a lactação coincide com a rebrota das pastagens, proporcionando que a vaca, 
mesmo produzindo leite, não comprometa seu estado corporal, chegando na EM com condições de 
repetir cria. Já os bezerros são beneficiados pelas condições ambientais (temperaturas mais amenas e 
menor incidência de chuvas), possibilitando menores condições estressantes, além de encontrarem pasto 
de boa qualidade, auxiliando sua passagem para o estado de ruminante funcional. 
Após definida a EM, é importante definir o sistema de acasalamento, que pode ser a monta natural, 
a monta controlada ou a IA. A monta natural é a mais utilizada em sistemas extensivos e consiste em 
colocar vários touros num mesmo lote de fêmeas (acasalamentos múltiplos), onde a paternidade não 
pode ser definida e exige menor manejo. Na monta controlada o touro permanece em piquete em 
separado e recebe as fêmeas individualmente, podendo ser identificado a paternidade, no entanto, 
envolve maior manejo, erros na detecção de cio, não sendo utilizada para um número grande de fêmeas. 
Em sistemas que utilizam a inseminação artificial (IA), as vacas são normalmente inseminadas com até 
duas doses de sêmen, no caso de repetição de cio, após são submetidas ao repasse com touros. Em 
bovinos, a IA é normalmente utilizada como único método de reprodução em sistemas onde se utiliza o 
cruzamento industrial, em quenão se utilizam touros de raças adaptadas (Bos tauros). 
No manejo da IA, a detecção do estro é normalmente realizada duas vezes ao dia (horas mais 
frescas do dia), pela manhã e pela tarde, durante período mínimo de 40 minutos/avaliação, sendo o 
momento da inseminação, em bovinos, 12 horas após detectado o estro (fêmea que aceita a monta). Em 
bubalinos tem se recomendado a inseminação após o término da manifestação do cio da vaca. Assim, 
dois protocolos são utilizados: quando a vaca manifesta cio em somente um dos períodos de observação, 
essa entra no mesmo protocolo de IA de bovinos, entretanto, quando essa manifesta cio em ambos os 
períodos de observação, a IA deve ser realizada quando a fêmea não aceitar mais a monta. 
A IA normalmente resulta em baixos índices de prenhez (50-60%), tanto em bovinos como 
bubalinos. Isso normalmente está associado com a dificuldade de observação do cio em lotes grande de 
vacas, a presença de estros de período curto com grande percentagem de incidência durante a noite, em 
zebuínos, cios silenciosos, falta de prática do observador, nutrição da vaca, entre outros fatores. 
Alternativas para melhorar a eficiência na detecção do estro na IA podem ser obtidas pela utilização de 
lotes pequenos de vacas (até 200 bovinos e 60 bubalinos), separação em lotes de vacas solteiras e com 
cria ao pé, aumento do número de observações diárias do cio (3 ou 4 vezes/dia), utilização de rufiões 
vazectomizados ou com desvio lateral de pênis ou fêmeas androgenizadas, os quais podem estar 
associados à utilização de buçal marcador. Deve-se destacar que o comportamento homossexual em 
búfalos é menor que em bovinos o que infere que a utilização de rufiões seja mais indicada para a 
detecção do cio. A relação rufião:vaca recomendada é de 1:25, o que de certa forma, limita sua 
utilização em rebanhos numerosos, em função de seu custo de manutenção. 
A sincronização do estro e da ovulação por protocolos hormonais, permitindo a inseminação em 
tempo fixo, é alternativa para melhorar as taxas de prenhez, possibilitando maior concentração dos 
nascimentos e prenhez de grande parcela das vacas no início da estação de monta, bem como possibilitar 
melhor logística da mão de obra. Em bubalinos, ao contrário dos bovinos, o número de pesquisas com 
protocolos hormonais para controle de estro e ovulação são menos numerosos, e ainda necessitam mais 
pesquisas para sua utilização. Nessa espécie o protocolo mais utilizado tem sido o ovsynch (GnRH e 
prostaglandina 2F), sendo que os protocolos com progestágenos e prostaglandinas, muito utilizados 
atualmente em bovinos, não apresentam resultados satisfatórios. Deve-se destacar que a utilização de 
tecnologias reprodutivas em bubalinos, bem como em bovinos, não deve vir sem o manejo reprodutivo, 
sanitário e nutricional adequado, embora em bovinos, a utilização de protocolos hormonais são 
utilizados para induzir a ciclicidade de vacas em amamentação ou com baixa condição corporal, após os 
40 dias do parto. Em bubalinos, protocolos hormonais com essa finalidade parecem não surtir efeito em 
função da estacionalidade reprodutiva, sendo dependentes também do escore corporal e ordem do parto. 
 É importante que 60-80% dos cios ocorram no início do período reprodutivo, possibilitando maior 
período de recuperação da condição corporal da vaca para a próxima estação de monta, bem como 
beneficiando o peso dos bezerros ao desmame, já que serão mais velhos. Vacas que parem tarde serão 
candidatas a permanecerem vazias na EM e devem ser descartadas, exceto em rebanhos bubalinos 
criados extensivamente em regiões com efeito marcante da estacionalidade reprodutiva. Os principais 
efeitos que determinam o anestro pós-parto são a inadequada nutrição e a amamentação. Para tanto, a 
adequada nutrição é fundamental. 
Em bovinos, o manejo do desmame pode beneficiar o retorno a ciclicidade das vacas durante a 
estação de monta. Para fêmeas com baixo escore de condição corporal pode-se utilizar o desmame 
precoce (3 meses de idade) e, o desmame interrompido (48-72 horas) para vacas com moderada 
condição corporal. A utilização de terapias hormonais com progesterona/progestina associados ao 
estradiol ou GNRH, utilizados em protocolos de IATF, apresenta potencial satisfatório para sincronizar 
o estro e a ovulação, induzindo a ciclicidade em vacas em anestro pós-parto, bem como antecipando a 
gestação dentro da EM, proporcionando taxas de prenhez aceitáveis. Em vacas da espécie bovina com 
baixo ECC melhores resultados podem ser obtidos pela associação desses tratamentos hormonais com a 
gonadotrofina cariônica equina (eCG). Os manejos do desmame mencionados também podem ser 
utilizados em bubalinos com sucesso. Além desse manejo o efeito touro também é importante na 
redução do período de serviço, devendo-se manter a presença do macho inteiro no período pós-parto. 
Nos sistemas em que utilizam a monta natural ou controlada, a fertilidade do touro não pode ser 
limitante, já que esse é responsável por maior número de crias. Assim, antecedendo a EM (60 dias), os 
touros devem ser submetidos ao exame andrológico completo (análise clínica dos atributos físicos - 
ECC, dentes, aprumos e doenças, análise do trato reprodutivo – anomalias dos órgãos externos e 
internos, avaliação física e morfológica do sêmen, avaliação da libido e capacidade de monta). A escolha 
do touro deve ser baseada no seu potencial genético a partir de características fenotípicas (conformação 
e musculatura), informações de pedigree, teste de progênie e, se possível pela utilização de catálogo de 
touros, no caso da inseminação artificial, utilizando-se de informações da diferença esperada na progênie 
(DEP). Touros menores devem cobrir novilhas. Na IA, deve-se utilizar DEPs negativas para peso ao 
nascer. A relação touro:vaca utilizada pode variar de 1:10 a 1:100, em bovinos e, 1:25 a 1:50 em 
bubalinos, sendo a recomendação tradicional de 1:25. Os touros devem ser trocados a cada 3 anos para 
impedir que acasalem com suas filhas. No manejo do entoure, deve-se evitar colocar touros mais velhos 
junto com touros jovens, evitar animais dominantes no mesmo piquete (evitar brigas), período de 
descanso de 15 dias durante EM longa (rotatividade de touros). Os touros devem estar isentos de 
problemas hereditários e doenças ligadas à reprodução (brucelose, leptospirose, triconomose, 
compilobacteriose, IBR, BVD). Antes da EM, deve ser realizado, nos bovinos, o controle de 
endoparasitas e o controle de ectoparasitas deve ser feito pelo controle tático, baseado no número de 
carrapatos (>25 de cada lado) e de moscas do chifre incidentes (>200). Nos bubalinos deve ser realizada 
o controle de endoparasitas duas vezes por ano (na entrada das águas e no período seco) e realizado o 
controle de piolhos, através de pulverizações. Os touros devem apresentar condição corporal 
intermediária no início da EM. 
No que tange as fêmeas, o principal fator limitante para a reprodução é a nutrição. Para tanto, o 
ECC é utilizado para definir o estado nutricional dos animais. Para que vacas e novilhas fiquem prenhes 
no início da EM é necessário que estas apresentem ECC próximos a 3,5. Para tanto a monitoração do 
ECC no terço final da gestação permite o ajuste dos níveis nutricionais. Após o parto, a perda em ECC 
pode ser de até 0,5 pontos, o qual deve ser reestabelecido entre o desmame e o início da EM. Para isso se 
tornar possível, a suplementação com sal mineral deve ser realizada durante todo o período, respeitando 
as exigências nutricionais das diferentes categorias, tanto para bovinos como bubalinos. Novilhas 
necessitam maior aporte de minerais no pós-parto via modificação da composição do sal mineral, 
enquanto multíparas o suprimento das exigências se dá pela variação no consumo. Deve-se ressaltar que 
os períodos de maior exigência nutricional ocorrem no início do período de lactação (30 dias) e terço 
final dagestação, sendo mais pronunciado em novilhas que em multíparas, por ainda estarem em fase de 
crescimento. O ganho de peso durante o período de gestação deve ser de no mínimo 40-50 kg, o que 
representa o peso do bezerro. Deve-se destacar que devem ser disponibilizadas condições de instalações 
que favoreçam a termogênese, através do fornecimento de sombra e água de qualidade. A criação de 
bubalinos em áreas não alagadas ou com ausência de aguadas naturais tem sido viabilizada pelos 
sistemas silvipastoris. 
Medidas pontuais de manejo nutricional no pré e pós-parto estão relacionadas principalmente com 
a suplementação, destacando-se o fornecimento de suplementos de baixo consumo e a suplementação 
com gordura protegida. A preparação das vacas para a estação de monta inicia-se no diagnóstico de 
gestação realizado normalmente 60 dias após o término da EM, descartando-se as vacas falhadas, 
possibilitando redução da lotação nas pastagens e melhoria do aporte nutricional. Nesse momento, 
separa-se as vacas por ordem de parto e avalia-se a condição corporal. Vacas mais magras são destinadas 
aos melhores pastos. Na desmama as vacas devem ser selecionadas pela habilidade materna, sendo 
descartadas as vacas velhas, com problemas no parto, falhas na dentição, etc. Do desmame até 60 dias 
antes do parto é o período de menor exigência nutricional, adequado para recuperar ECC. Antecedendo a 
estação de monta as vacas devem ser avaliadas quanto aos aspectos físicos, ginecológicos, do úbere e 
estarem livres de doenças relacionadas à reprodução (brucelose, triconomose, compilobacteriose, 
leptospirose, BVD, IBR). 
No que se referem às novilhas, essas devem apresentar adequado ganho de peso entre o desmame e 
a primeira estação de monta, apresentando nesse momento peso corporal e condição corporal adequado. 
O peso ao início da EM em zebuínos deve ser de 65% do peso adulto, enquanto que em raças taurinas de 
60%, no entanto, de maneira geral, para adequados índices de prenhez as novilhas da espécie bovina 
devem apresentar peso corporal acima de 300 kg, o que para o entoure aos 24 meses, por exemplo, 
requer ganho de peso entre a desmama e a EM de 0,3 kg/dia, factível pelo manejo da lotação e 
suplementação mineral durante todo o ano. Em bubalinos recomenda-se o início da atividade reprodutiva 
de novilhas criadas a campo com 2 anos de idade, pesando aproximadamente 400 kg. Para alcançar estes 
resultados, as novilhas devem ganhar, em média, entre 0,55 e 0,60 kg de peso vivo ao dia. 
Ao desmame as novilhas com problemas físicos e nutricionais que não atingirão adequado peso e 
condição corporal devem ser descartadas. Na EM todas as novilhas devem ser submetidas ao 
acasalamento, descartando-se as novilhas falhadas e aquelas que conceberam no final da EM. Após o 
parto novilhas devem ser manejadas em separado de multíparas para que suas exigências nutricionais 
possam ser atendidas. 
Durante a gestação as vacas devem ser manejadas com cuidados, sem gritos ou atropelos, em 
piquetes com adequada disponibilidade de forragem, água e sombra. Nesse período, é importante a 
previsão dos nascimentos a partir do histograma de parição ou pelo controle da inseminação. A partir 
disso, deve se organizar a equipe, ajustando-se as funções de cada funcionário. Num segundo momento é 
importante a escolha do local em que ocorrerá a parição (piquete maternidade), que deve ser próximo da 
sede ou retiro, apropriado em sombra, água e razoável disponibilidade forrageira. Para isso, deve-se 
reservar a área com 60 dias de antecedência, o que traduz um vazio sanitário. Com o conhecimento das 
vacas que irão parir pode-se dimensionar o tamanho do piquete. As vacas podem ser classificadas por 
grupos de parição após o diagnóstico de gestação ou pela avaliação do estágio avançado de gestação, 
bem como por idade e condição corporal. Após isso, deve ser feita a escolha do funcionário responsável 
pelos cuidados na parição (parteiro), sendo fundamental treiná-lo e evidenciar quais são suas atribuições. 
Os cuidados durante o parto se referem à intervenção no momento do parto em caso de distocia. Após o 
nascimento é importante garantir que o terneiro ingira o colostro, faça-se a cura do umbigo, identifique 
os bezerros, bem como as vacas com problemas de parto para posteriores tomadas de decisão. Outros 
cuidados, que podem beneficiar a produtividade e eficiência reprodutiva, até o desmame são os cuidados 
com a cura de miíases, bem como aqueles referentes a nutrição de vacas e bezerros, seja pelo 
fornecimento de suplementação das vacas ou bezerros (creep feeding ou creep grazing). Em bubalinos, 
os bezerros deve-se fazer o controle da verminose já na segunda semana de vida dos bezerros, com novo 
controle após 30 dias, devendo-se esse controle ser realizado periodicamente até os dois anos de idade. 
O manejo reprodutivo depende muito do comprometimento dos recursos humanos, portanto é 
importante a remuneração por metas de desempenho. O manejo do desmame é fundamental para o 
sucesso do rebanho de cria, o qual visa beneficiar a vaca sem prejudicar o bezerro. Em rebanhos com 
adequados níveis nutricionais o desmame é tradicionalmente realizado ao 6-8 meses. Em rebanhos com 
déficit alimentar o desmame precoce ou antecipado (3 meses) é uma ferramenta para possibilitar a fêmea 
recuperar o ECC e apresentar ciclicidade durante a estação de monta. A desmama interrompida visa 
beneficiar a manifestação do estro durante a estação de monta de animais com moderado escore 
corporal. O manejo da desmama (mamada restrita 2 x/dia) possibilita a manifestação do cio em vacas 
com moderado escore corporal. O estresse no desmame pode ser amenizado pela utilização da tabuleta 
ou utilização de vacas madrinhas provenientes dos lotes de bezerros. A avaliação da produtividade e da 
fertilidade do rebanho de cria deve ser realizada para identificação de pontos de estrangulamento da 
produção, de maneira que se possam adotar estratégias de manejo plausíveis do ponto de vista 
econômico e prático. Os pontos a serem avaliados são: ECC vacas no início da EM e desmame, taxa de 
prenhez, taxa de natalidade, taxa de mortalidade até a desmama, percentagem de bezerros desmamados, 
percentagem de bezerros desmamados em relação ao PV das vacas e produção de bezerros/ha/ano. 
 
Referências 
PIRES, A.V. Bovinocultura de corte/Alexandre Vaz Pires. Piracicaba: FEALQ, 2010, v.1. 760p. 
PIRES, A.V. Bovinocultura de corte/Alexandre Vaz Pires. Piracicaba: FEALQ, 2010, v.2. 705p.