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Genética aplicada à Fonoaudiologia - Resumo Prova 3 Acad. Fonoaudiologia UFCSPA: Esther da C. Rodrigues Aspectos genéticos da Surdez Aspectos da Surdez ● Importância do rastreamento neonatal de problemas auditivos → programas de intervenção precoce → prevenção; ● Objetivo de integrar a criança na família e na sociedade + permitir o crescimento e desenvolvimento saudável; ● Muitas crianças são internadas como se tivessem retardo mental (tendo apenas um déficit auditivo); ● Deficiência auditiva ou surdez é a incapacidade parcial ou total de audição; ✔Surdez Isolada (não-sindrômica) quando a surdez é a única característica clínica do paciente (+ difícil de diagnosticar); ✔Surdez “sindrômica” quando o paciente tem surdez associada a outras anomalias congênitas (tratamento diferente); Classificações: ● Quanto ao tipo de surdez: ✔Surdez de condução: anormalidades do ouvido externo e/ou dos ossículos do ouvido médio Início da percepção auditiva do paciente; ✔Surdez neurossensorial: disfunção do ouvido interno; ✔Surdez mista: combinação da surdez de condução e neurossensorial; ✔Disfunção auditiva central: dano ou disfunção no nível central, do oitavo nervo craniano (nervo vestibulococlear) ou córtex cerebral. ***dependendo do teste auditivo realizado, não diagnostica uma alteração no SNC; ● Início ✔Surdez pré-lingual: está presente antes do desenvolvimento da linguagem (impossibilita a aprendizagem da fala) ** toda surdez congênita é pré-lingual, mas nem toda surdez pré-lingual é congênita surdez pode se desenvolver entre 0 e 1 ano de vida; ✔Surdez pós-lingual: acontece depois do desenvolvimento da linguagem normal; ● Severidade ✔A audição é medida em decibéis (db) classificação em relação à frequência; ✔Leve(26-40 dB) / Moderada(41-55 dB) / Moderadamente Severa(56-70 dB) / Severa(71-90 dB) / Profunda(90 dB); ● Frequência Baixa(<500 Hz) / Média(501-2000 Hz) / Alta(>2000 Hz); Diagnóstico: ● Testes fisiológicos: determinam objetivamente o status funcional do sistema auditivo e pode ser realizado em qualquer idade; ✔Potencial evocado auditivo do tronco cerebral – BERA [Auditory brainstem response testing]: utiliza um estímulo para evocar respostas eletrofisiológicas que se originam no oitavo nervo craniano e no tronco cerebral; avalia a condução eletrofisiológica do estímulo auditivo da porção periférica até o tronco cerebral; não avalia as frequências graves, <1500Hz, não diagnosticando perdas auditivas condutivas em baixas frequências; avalia somente regiões Genética aplicada à Fonoaudiologia - Resumo Prova 3 Acad. Fonoaudiologia UFCSPA: Esther da C. Rodrigues auditivas no tronco encefálico sendo que as desordens auditivas de origem central (subcorticais e corticais) necessitam ser investigadas de outras formas; ✔Emissões otoacústicas evocadas –EOA [Evoked otoacoustic emissions]: emissões otoacústicas evocadas são sons emitidos dentro da cóclea que são medidos no canal auditivo externo usando um microfone e um transdutor. EOAs refletem, primariamente, a atividade das células ciliares da cóclea. Avalia frequências entre 1000 e 6000Hz. ✔Teste de imitância acústica (timpanometria, limiar de reflexo acústico) [Immittance testing]: analisa o sistema auditivo periférico incluindo a pressão no ouvido médio, a mobilidade da membrana timpânica, a função da tuba auditiva e a mobilidade dos ossículos do ouvido médio. ● Audiometria: determina subjetivamente como o indivíduo processa a informação auditiva. Necessidade de interpretação do paciente, e de seu processamento cerebral; ✔Audiometria de observação comportamental -AOC: tem por objetivo a avaliação de audição em crianças de 6 meses a 2,5 anos de idade, sendo observadas as respostas comportamentais evidentes aos estímulos sonoros. Durante a apresentação do estímulo, são observadas na criança respostas reflexas (reflexo cócleo-palpebral, reação de Startle), procura e localização da fonte sonora, mudança de expressão facial e visual, choro, risos, entre outros. ✔Audiometria tonal: utilizado na detecção dos limiares auditivos da via aérea e óssea. Para testar a via aérea utiliza-se um fone de ouvido sendo emitidos tons puros nas diferentes frequências (250, 500, 1000, 2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz). O paciente deve sinalizar com a mão ou apertar um botão cada vez que ouvir o tom. Para a via óssea é utilizado um vibrador colocado na região mastóide, avaliando-se somente as freqüências de 500, 1000, 2000, 3000 e 4000 Hz até a intensidade máxima de 70 dB. Testa-se uma orelha de cada vez. ● Toda criança com atraso do desenvolvimento da fala deve fazer avaliação do sistema auditivo; ● No caso de exames auditivos normais, pensar em doenças neurológicas como autismo, síndrome de Ladau-kleffner e outras; ● A maioria são casos não-sindrômicos; ● Grande parte tem etiologia autossômica recessiva; ● Causas Ambientais ✔ Infecções pré-natais (TORCH), infecções congênitas; Ex: Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes, Zicavirus... ✔ Infecções pós-natais (pode adquirir agentes patogênicos ao passar pelo canal vaginal); Ex: Meningite... ✔Em adultos; Ex: Drogas (medicamentos ototóxicos), Exposição ao barulho... ✔Exemplo de Interação Genética-Ambiente: Pessoas com transição A para-G na posição 1555 do DNA mitocondrial Maior chance de surdez ao usar um aminoglicosídeo; ● Causas Hereditárias: Sindrômica e Não- Sindrômica; Surdez Não-Sindrômica/ Isolada ● Obs: em uma mesma sequência de DNA pode-se ter mais de um gene codificando, logo, uma única mutação altera a codificação de todos os genes envolvidos. Ex: para uma proteína ser produzida pode-se necessitar de mais de um gene para seu funcionamento adequado. ✔Loci autossômicos recessivos: surdez pré-lingual + severa a profunda; 50% dos pacientes tem mutação no gene GJB2, os outros 50% tem mutações em inúmeros outros genes; Genética aplicada à Fonoaudiologia - Resumo Prova 3 Acad. Fonoaudiologia UFCSPA: Esther da C. Rodrigues ✔Loci autossômicos dominantes: Surdez pós-lingual; Grande heterogeneidade genética; o perfil audiológico pode ajudar no diagnóstico; 75% inicia com surdez de baixa frequência; ✔Loci ligados ao X: Surdez pré-lingual ou pós-lingual; Mutações no locus DFN3 causam surdez mista; surdez de condução causada por fixação do estapédio (tratamento cirúrgico é desaconselhado); LociDFN2e DFN4: surdez pré- lingual; Loci DFN6: início aos 7 anos ou fase adulta, é progressiva; ✔Herança Mitocondrial: Mutações no gene MTRNR1 causa surdez induzida pelo uso de aminoglicosídeos; ● Escolher o tratamento adequado ao paciente (cirurgia, aparelhos auditivos, projeto educacional/profissional); prevenção de sequelas secundárias; possibilidade da realização do aconselhamento genético; ● Teste da Orelhinha: Teste de rastreamento de déficit auditivo neonatal (EOAs), que visa diagnosticar perda auditiva logo após o nascimento e deve ser oferecido para todas as crianças. Permite o diagnóstico e tratamento precoce da surdez através de implante coclear, intervenções fonoaudiológica e psicopedagógica, levando ao desenvolvimento da linguagem e da comunicação oral. É realizado no 2° ou 3° dia de vida, até o terceiro mês. O resultado pode ser negativo no primeiro teste por acúmulo de secreções no ouvido após o parto. O exame deve ser repetido e/ou complementado pelo BERA. Surdez Sindrômica ● 30% da surdez de causas genéticas são sindrômicas; ● Cromossômicas: ✔Síndrome de Down: trissomia do cromossomo 21; Fenótipo: Retardo mental, Hipotonia, Cardiopatia congênita, Dismorfias e outros; ▪ Perda auditiva pode não estar presente no nascimento, pode surgir mais tarde; ++ algumas dismorfias da orelha não são significativas para a surdez; ▪ 90% dos pacientes têm microtia pavilhão auditivo menor do que o normal (grau 4 – há perda quase total do pavilhão auditivo); ▪ 60% dos pacientes tem déficit auditivo; ▪ Junção osteocartilaginosa estreita: Obstrução ou estreitamento do canal auditivo. Dificuldade de visualizar membrana timpânica e frequentemente obstrui-se por cera; ▪ Disfunção da tuba auditiva: Causadapor hipotonia (musc. tensor velo-palatino), alto índice de infusão de líquidos no ouvido médio otites; ▪ Avaliação periódica otorrinolaringológica + Monitoramento das efusões no ouvido médio + Tratamento medicamentoso (otite média)e/ou cirúrgico + No caso de surdez: tratar precocemente evitando problemas maiores na fala; ▪ Surdez Condutiva + Surdez Neurossensorial + Surdez Mista; ✔Síndrome de Turner: Monossomia do braço curto do cromossomo X; poucas vezes associada à surdez, mas não é raro. ▪ Em crianças: disfunção da tuba auditiva + disfunção do palato = otite média recorrente = surdez de condução; ▪ Surdez neurossensorial é comum; ▪ Tanto surdez de condução + neurossensorial + mista; Genética aplicada à Fonoaudiologia - Resumo Prova 3 Acad. Fonoaudiologia UFCSPA: Esther da C. Rodrigues ▪ Manejo dos problemas auditivos: Ficar atento aos sinais de otite nas crianças (febre, irritabilidade); colocar dreno na membrana timpânica, quando necessário; cirurgia de retirada das adenoides(atenção pois pode agravar a disfunção do palato); adultos: testes auditivos audiométricos regularmente; ● Monogênicas ✔HAD – Síndrome de Waardenburg: É a síndrome AD mais comum entre as síndromes de surdez; responsável por, aproximadamente, 3% das crianças que nascem surdas; ▪ Fenótipo: Há 4 subtipos conhecidos, sendo o tipo 1 (causado por mutação no gene PAX3) mais frequente: Surdez neurossensorial + Anormalidades de pigmentação do cabelo (mecha branca na fronte), da pele (manchas hipocrômicas), dos olhos (heterocromiada íris) + Telecanto; ▪ Perfil da Surdez: Congênita; Não-progressiva; Unilateral ou bilateral; Tipo: neurossensorial; Geralmente profunda(>100dB); ▪ Várias anormalidades do ouvido interno já foram identificadas: Aumento do aqueduto vestibular (ducto endolinfático; saco endolinfático); Estreitamento do canal auditivo interno; Hipoplasia do modíolo (eixo ósseo central da cóclea); ✔HAD – Síndrome Brânquio-oto-renal: segunda síndrome AD mais comum que causa surdez; ***** anormalidade dos arcos branquiais; ** Fístula ou cisto branquial ** Malformação renal; ▪ Fenótipo do ouvido: Malformação do ouvido externo, médio ou interno; sendo a surdez de condução, neurossensorial e mista; ▪ Orelha Externa: Malformação do pavilhão auricular, apêndice pré-auricular ou também estreitamento do canal auditivo externo; ▪ Orelha Média: Malformação, má-posição, deslocamento ou fixação dos ossículos, redução do tamanho do ouvido médio; ▪ Orelha Interna: Hipoplasia coclear, aumento do aqueduto vestibular, hipoplasia do canal semi-circular lateral; ✔HRA – Síndrome de Usher: síndrome AR mais comum entre as síndromes de surdez; fenótipo com 4 subtipos; ▪ Tipo I: Surdez Neurossensorial, profunda, bilateral, congênita + ausência da função vestibular; Cegueira Retinite pigmentosa progressiva, degeneração das células da retina, bilateral, se desenvolve na adolescência; ▪ Surdez: As mutações nos genes causam alterações do ouvido interno (principalmente nas células ciliares), os indivíduos não chegam a aprender a falar; ▪ Disfunção vestibular: Alteração do equilíbrio, crianças demoram para caminhar (~ 2 anos de idade), se acidentam fazendo esportes, andando de bicicleta, etc. ▪ Algumas crianças são diagnosticadas como tento surdez isolada (até que comecem a apresentar cegueira); ✔HRA – Síndrome de Pendred: **** surdez congênita; ▪ Surdez: Bilateral; Severa ;Congênita (ou pré-lingual); Causada por malformações do ouvido interno?? //// Pode ter início mais tardio e ser progressiva! + Disfunção vestibular; ▪ Alteração do osso temporal: Presente na maioria dos pacientes, ausência do primeiro “giro” da cóclea, deficiência do modíolo ou aumento do aqueduto vestibular; ▪ Bócio presente, mesmo que na maioria dos casos os hormônios tireoidianos estejam normais; Síndromes associadas a distúrbios da Deglutição e Linguagem Distúrbios da Linguagem Genética aplicada à Fonoaudiologia - Resumo Prova 3 Acad. Fonoaudiologia UFCSPA: Esther da C. Rodrigues ● Existem três áreas principais que são especializadas para a linguagem: ✔área posterior (ou de Wernicke): recepção dos sinais sonoros que codificam a palavra comparação dos dados armazenados para interpretar o significado formulação de resposta enviada para áreas anteriores; ✔área anterior (de Broca): ativação dos programas motores especializados para o controle da formação de palavras transmissão para o córtex motor; ✔área anterior (córtex motor): controle dos músculos da fonação e articulação da fala; ● Funções do aparelho fonador: respiração, fonação, ressonância, articulação, prosódia. ● Atraso de Fala: quando o desenvolvimento da criança é abaixo do esperado para sua idade. ● Sinais de alerta: Nenhuma palavra emitida até os 18 meses + Não colocação de duas palavras juntas aos 2 anos + Ausência de desempenho imitativo e simbólico aos 2 anos + Não formação de sentenças aos 3 anos + Discurso incompreensível aos 3 anos; ● Distúrbios do desenvolvimento da fala: ✔Orgânicos: falha nos órgãos periféricos e/ou no SNC; Causas Deficiência Auditiva; Distúrbios de MO; Distúrbios neurológicos e/ou psiquiátricos (alterações no SNC; ex: autismo, retardo mental); ✔Não- Orgânicos: questões ambientais e emocionais; (podem também estar ligadas juntamente a causas orgânicas); ● Distúrbios neurológicos/ psiquiátricos: ✔Autismo: Distúrbio do comportamento; Dificuldade na interação social + Distúrbio da comunicação + Movimentos repetitivos e estereotipados; ✔Atraso ou falta de linguagem verbal; Agem como “surdos”; Para aqueles onde a fala é presente, verifica-se uma grande dificuldade em iniciar ou manter uma conversa; Falta ou dificuldade em brincadeiras de "faz de conta", incompreensão do literal; ✔Causa: 95% fatores genéticos; + 5% secundária a outras doenças; Distúrbios de M.O. ● Alteração das estruturas do “aparelho fonador” Esta alteração impede que a linguagem seja normal; ● Distúrbios da linguagem secundários aos distúrbios da motricidade oral: Doenças do SNC + Doenças neuromusculares + Malformações congênitas; ● Doença de Parkinson ✔Doença neurodegenerativade início na vida adulta; ✔Degeneração dos neurônios na substância nigra; ✔Causas: Autossômica dominante, autossômica recessiva ou multifatorial (fatores genéticos + ambientais); ✔Degeneração das células nervosas do SNC Mal- funcionamento das estruturas do aparelho fonador; ✔Alteração da fala e da deglutição: fechamento glótico incompleto + redução da sinergia e ativação da musculatura laríngea + atrofia ou fadiga muscular + assimetria de tensão ou movimento das pregas vocais + rigidez das pregas vocais ou dos músculos respiratórios; ● Distrofia Muscular de Duchenne ✔Doença neuromuscular de início na infância, caracterizada por fraqueza muscular progressiva e degeneração das fibras musculares (mal-funcionamento das estruturas do aparelho fonador). Causa: doença recessiva ligada ao X; ✔Alteração da fala e da deglutição: fraqueza dos músculos respiratórios e faríngeos + alterações do movimento da língua + redução da força da mordida + dificuldade em engolir + diminuição da velocidade da fala; ● Fenda Lábio-palatina Genética aplicada à Fonoaudiologia - Resumo Prova 3 Acad. Fonoaudiologia UFCSPA: Esther da C. Rodrigues ✔Malformação congênita; ✔Causa: herança multifatorial(fatores genéticos + fatores ambientais); ✔Alteração da fala e da deglutição: Várias alterações morfológicas, secundárias à falha de fechamento do lábio e do palato, podem alterar o desenvolvimento da fala e a deglutição; Ainda assim, muitas crianças conseguem falar e se alimentam normalmente; ✔Podem apresentar insuficiência velofaríngea falta de tecido do palato mole para efetuar o fechamento velofaríngeo; ✔Conseqüências da insuficiência velofaríngea: Hipernasalidade; emissão de ar nasal (audível ou não); distúrbios articulatórios compensatórios; ● Síndrome Velo-cárdio-facial ✔ Insuficiência velofaríngea (voz anasalada) + Defeito cardíaco congênito + Face alongada + Orelhas e nariz proeminentes + Prognatismo; ✔Síndrome de malformaçõesmúltiplas, causada por uma microdeleção do cromossomo 22;
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