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5° PROCESSO DE DESMINERALIZAÇÃO E REMINERALIZAÇÃO DO ESMALTE DO DENTE E A INFLUÊNCIA DO FLUORETO NA SOLUBILIDADE ÁCIDA DO ESMALTE. O estabelecimento de uma lesão de cárie e a sua progressão são resultantes do desequilíbrio do processo de des- remineralização, sendo favorecido o período de desmineralização, que leva a perda mineral dos tecidos dentários. Os microrganismos presentes nos fluidos produzem ácidos que são capazes de baixar o pH do meio, contribuindo para a desmineralização. A desmineralização é a a perda de elementos minerais importantes como cálcio e flúor na constituição dos tecidos duros, como ossos e dentes. Todo mineral possui solubilidade em água, essa solubilidade depende da saturação do meio. Quando o meio está subsaturado há perda mineral para o meio (desmineralização), já quando o meio está supersaturado não há solubilidade do mineral. Os dentes sofrem contínuos processos de desmineralização seguida por remineralização e restabelecimento da integridade do esmalte dentário ocorre devido ao controle do biofilme dentário (placa bacteriana), presença de saliva, entre outros fatores. Quando a hidroxiapatita se dissolve, num processo chamado desmineralização, os ions dispersam-se na saliva:. A reação inversa, chamada remineralização, é a defesa natural do organismo contra a cárie. Nos adultos, estes dois processos dão-se, aproximadamente, à mesma velocidade. Após uma refeição, as bactérias presentes na boca decompõem parte dos alimentos, produzindo ácidos orgânicos como o ácido acético e o ácido láctico, sendo a sua produção máxima após ingestão de alimentos doces. A diminuição do pH leva ao desaparecimento de íons hidróxido (OH- ), o que aumenta a desmineralização. Com o esmalte enfraquecido, inicia-se a cárie propriamente dita. Ação do flúor: - Esmalte é composto basicamente por cristais de hidroxiapatita, que contém cálcio e fosfato na sua composição. O esmalte em geral encontra-se em equilíbrio dinâmico com a saliva, liberando ou ganhando cálcio e fosfato do meio, dependendo das variações de PH da saliva. Essas trocas de ións cálcio e fosfato ocorrem constantemente, ou seja, a saliva e o esmalte estão o tempo todo trocando ions entre si. - Normalmente, o meio bucal possui pH próximo ao neutro > que 5,5. - Nessa situação a saliva encontra-se em condições de super saturação em relação ao produto de solubilidade de hidroxiapatita. - Isso quer dizer que o esmalte irá ganhar cálcio e fosfato, pois há mais desses ións na saliva do que no esmalte. - É chamado mineralização pois o esmalte estará recebendo ións da saliva na forma de cristais de hidroxiapatita. - Quando o pH diminui (abaixo ou igual a 5,5) as condições de saturação da saliva se alteram (inversão). - Nessa situação há mais ións fosfato e cálcio no esmalte do que na saliva, então a tendência é o dente perder esses ións para a saliva tentando manter o equilíbrio. - Se isso ocorrer por tempo prolongado (ex: consumo excessivo de alimentos açucarados) a perda constante de ions irá promover a desmineralização do esmalte e poderá desenvolver uma lesão de cárie. -Caso essa situação não perdurar por longo tempo, e o pH retornar ao normal (> 5,5) haverá restabelecimento da supersaturação da saliva e o dente voltará a ganhar ións cálcio e fosfato perdidos na forma de hidroxiapatita, é o que se denomina remineralização. -Esses fenômenos DES E RE ocorrem constantemente no meio bucal. - O flúor age reduzindo a solubilidade do esmalte, pois forma cristais de esmalte fluoretados. (fluorapatita e hidroxiapatita fluoretada). - Quando o flúor está presente no meio bucal e a saliva se encontra com pH > ou = a 5,5, a saliva é supersaturada em relação ao produto de solubilidade da hidroxiapatita e também ao produto de solubilidade da fluorapatita, cujo pH crítico para dissolução é 4,5. - Novamente é como se houvesse mais desses ións na saliva (cálcio, fosfato e flúor), a tendência é o dente ganhar esses ions sob a forma de hidroxiapatita; devido a presença de flúor, que favorece a deposição de cálcio e fosfato, também ocorrerá a deposição de fluorapatita/hidroxiapatita fluoretada. - Quando o pH diminui, devido a ingestão de açúcar, para um pH < ou = a 5,5, a saliva fica subsaturada em relação a solubilidade da hidroxiapatita. Entretanto a saliva continuará saturada em relação ao produto fluorapatita ou apatita fluoretada. - Isso quer dizer que apesar de o dente perder ións cálcio e fosfato devido a dissolução de hidroxiapatita, o esmalte continuará ganhando os mesmo ións na forma de fluorapatita. - O flúor diminui a solubilidade do esmalte, pois funciona como catalisador desses ións perdidos na forma de hidroxiapatita, devolvendo ao dente na forma de fluorapatita ou apatita fluoretada. - O flúor apresenta essa capacidade catalisadora até um pH > ou = a 4,5. Abaixo desse pH nem o flúor consegue agir. - Nessa situação a saliva se encontrará subsaturada em relação a solubibilidade da hidroxiapatita e fluorapatita. - Estará perdendo minerais o que irá resultar numa lesão de cárie incipiente, tipo lesão branca ( opaca e sem brilho). - Portanto na prevenção de cáries dentária, o uso do flúor tem um papel relevante, pois aumenta a resistência do esmalte, tornando- o menos solúvel. - Ele influência na maturação do esmalte logo após sua erupção, interfere no biofilme, principalmente, favorece a remineralização do esmalte como foi explicado.