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Anne Karen Reis DOR ABDOMINAL (CIRURGIA) Icterícia ICTERÍCIA Coloração amarelada em pele e escleras por aumento de bilirrubina no plasma e nos tecidos. Origem da bilirrubina → predominantemente da degradação das hemácias senis. A bilirrubina é formada no seu formato insolúvel (bilirrubina indireta), não podendo ser transportada no plasma sozinha. Ela necessita de uma proteína carreadora para que esse transporte aconteça. A proteína em questão é albumina. Importância da bilirrubina → formação da bile METABOLISMO DA BILIRRUBINA A bile é uma substância produzida pelo fígado que tem como função emulsificar a gordura dos alimentos. Em determinado momento da digestão, a bile é secretada no tubo digestivo. Para evitar a perda de albumina durante esse processo, a bilirrubina indireta (insolúvel) é transformada em bilirrubina direta (solúvel). Inicialmente a bilirrubina entra nos hepatócitos, numa etapa chamada captação. Nessas células, existe uma enzima chamada glucuronil transferase, que é responsável pela transformação da bilirrubina indireta em direta, durante a etapa da conjugação. Na sequência, ocorre a excreção da bilirrubina direta, que é considerado um fator limitante de todo esse processo, ou seja, é a etapa que precisa de ATP. Nesse momento, essa substância se junta com sais biliares, colesterol e outros para formar a bile. Excreção da bilirrubina no corpo • Urina → urobilina • Fezes → estercobilina ETIOLOGIA HIPERBILIRRUBINEMIA INDIRETA • Superprodução de bilirrubina indireta (hemólise) → principal hipótese; • Diminuição da captação (medicamentos, jejum prolongado, infecções); • Diminuição da conjugação (síndromes genéticas e imaturidade do sistema de conjugação). Principal exame a ser solicitado → bilirrubina total e frações. HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA • Lesão hepatocelular (hepatites); • Obstrução biliar (por cálculo ou neoplasia). Exames a serem solicitados → transaminases (TGO e TGP) e enzimas canaliculares (Fosfatase alcalina e Gama-GT). LESÃO HEPATOCELULAR • Efeito gangorra → ↑ Transaminases ↓ Enzimas canaliculares; • Transaminases → TGO e TGP • TGP é a transaminase mais específica do fígado. OBSTRUÇÃO BILIAR • Efeito gangorra → ↓ Transaminases ↑ Enzimas canaliculares; • É possível que na obstrução biliar as transaminases estejam elevadas, mas não tanto; • Enzimas canaliculares → Fosfatase Alcalina (menos específica), Gama-GT e 5- Nucleotidase. • A 5-Nucleotidase é a enzima mais específica e sensível para obstrução biliar. Anne Karen Reis DOR ABDOMINAL (CIRURGIA) SÍNDROME COLESTÁTICA Colestase → estase da bile (acúmulo da bile na via biliar por causa de uma obstrução). 4 principais achados: • Icterícia → coloração amarela de pele e mucosas • Colúria → urina escura Perguntar ao paciente se houve alterações da cor da urina (cor de Coca-Cola). • Acolia fecal → fezes esbranquiçadas • Prurido → coceira EXPLICANDO OS 4 ACHADOS No fígado, ocorre a conjugação da bilirrubina indireta em direta, bem como a excreção pelos hepatócitos dessa bilirrubina nas vias biliares. Ou seja, nas vias biliares há bile rica em bilirrubina direta. Se houver uma obstrução na via biliar, como um cálculo impactado, ocorre o acúmulo de bile, pois o fígado continua produzindo essa substância. As vias biliares intra-hepáticas estão sempre próximas de um hepatócito, logo como essas vias estão tão cheias de bile, a bilirrubina direta acaba transbordando para os vasos sanguíneos, que também se encontram próximos dos hepatócitos (os hepatócitos estão cercados de via biliar e vasos sanguíneos). Dessa forma, ocorre aumento da bilirrubina direta no plasma, que se impregna na pela e nas mucosas, causando a icterícia e prurido, devido uma irritação química da pele. O excesso de bilirrubina direta no plasma é filtrado pelos rins, o que causa a coloração escurecida da urina (colúria). Como a bilirrubina não alcança o tubo digestivo (por conta da obstrução da via biliar), o que não dá a coloração escurecida das fezes, que aparentam estar esbranquiçadas na síndrome colestática (acolia fecal). REGRAS PRÁTICAS • Se o aumento das transaminases for 10x maior que o valor de referência, a síndrome é com certeza LESÃO HEPATOCELULAR; • Se o aumento da fosfatase alcalina for 4x maior que o valor de referência, a síndrome com certeza é COLESTÁTICA; • Se os níveis de transaminases forem superiores a 1000 U/L com TGP > TGO, são bastante sugestivos de HEPATITE VIRAL AGUDA; • Nas hepatites, em geral, TGP é maior que TGO. A inversão desse padrão clássico, em especial TGO > 2X TGP, sugere HEPATITE ALCOÓLICA. INVESTIGAÇÃO DA ICTERÍCIA OBSTRUTIVA • Topografar o nível da obstrução com exames de imagem; • O primeiro exame pedido deve ser a USG de abdome; • Fator de risco da obstrução biliar → colelitíase (cálculo na vesícula biliar); • Sinais indiretos de obstrução → dilatação das vias biliares. TIPOS DE ICTERÍCIA E DIAGNÓSTICO POR EXAME DE IMAGEM Icterícia flutuante (ou intermitente) → Suspeita de icterícia calculosa → CPRE (padrão-ouro para diagnóstico e método mais invasivo) ou colangio ressonância/ ressonância de vias biliares (menos invasivo); • CPRE → colangiopancreatografia retrógrada endoscópica. Icterícia progressiva (ou persistente) → Suspeita de neoplasia → TC de abdome com contraste endovenoso.
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