Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Comportamento Organizacional Marcos Sérgio Anderman 1a Edição / Julho / 2014 Impressão em São Paulo - SP Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Marcos Sérgio Anderman Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Vitor Bioni Bertollini Revisão Ortográfica Elisete Teixeira 1a Edição: Julho de 2014 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publica- ção pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Comportamento Organizacional A543c Anderman, Marcos Sérgio. Comportamento organizacional. / Marcos Sérgio Anderman. - São Paulo : Know How, 2014. 206 p : 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-279-6 1. Comportamento humano. 2. Organização. 3. Tendência contemporânea. Mudança na Organização. I. Título. CDD – 658.3 SUMÁRIO Introdução Capítulo 1 - O comportamento humano no contexto organizacional Capítulo 2 - As organizações e sua administração: visão histórica Capítulo 3 - Comportamento organizacional e cultura: tendências comtemporâneas Capítulo 4 - Melhoria e mudança no comportamento organizacional Referências bibliográficas Gabarito 5 9 47 81 163 201 203 5 INTRODUÇÃO Estudar o comportamento organizacional é, a meu ver, das tarefas mais importantes e instigantes do co- nhecimento humano. As organizações permeiam o nosso dia a dia. De se- gunda a segunda, de manha à noite. Desde a padaria onde tomamos café, o supermercado onde compramos, os ser- viços públicos ou privados que utilizamos, a igreja que frequentamos. Tudo passa pelas organizações, tenham elas esta ou aquela finalidade, este ou aquele propósito. Umas são mais dinâmicas, ágeis, versáteis, outras mais lentas, burocráticas, umas mais eficientes eficazes, outras menos. As organizações são fascinantes, porque são, em última instância, como as pessoas. Cada uma tem suas características, sua identidade, personalidade, história, seu jeito de ser, de estar e de agir no mundo. As organizações, sejam elas grandes multinacionais, sejam médias ou pequenas empresas nacionais, sejam pú- blicas ou privadas, são dirigidas, conduzidas por pessoas. As organizações, assim como as pessoas, são fruto de uma história muito particular, estão inseridas numa rua, num bairro, numa cidade, num país, num conti- nente, muito peculiar, são fruto de circunstâncias muito particulares. Estudar o comportamento organizacional é estu- dar direta ou indiretamente, Administração, Psicologia, Sociologia, Política, Economia, História, Marketing, Direito, entre vários outros conhecimentos. 6 Tive e tenho a rica oportunidade, ao longo de mi- nha trajetória profissional, de vivenciar, na prática, tudo isso. Trabalhei e trabalho em multinacionais, empresas nacionais grandes, médias e pequenas, e sempre me ins- tigou não só o comportamento das pessoas, mas, prin- cipalmente, o comportamento das organizações. Umas me pareciam mais alegres, flexíveis, outras mais pesadas. Em algumas era agradável trabalhar, em outras menos. O estudo do comportamento organizacional é útil para quem precisa alavancar negócios e tornar a empre- sa mais competitiva. Na minha visão, assuntos como comportamento organizacional, empreendedorismo, economia, traba- lho, deveriam fazer parte dos conteúdos escolares, des- de a infância dos alunos. Isto com certeza repercutiria, positivamente, no futuro do país, mais ou menos eficiente, mais ou menos eficaz, mais ou menos produtivo. Por fim estudar comportamento organizacional é clarear e abrir caminhos para um futuro melhor, mais justo e equilibrado. Boa leitura. CAPÍTULO 1 O COMPORTAMENTO HUMANO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL 11 Acredito que todos nós já tenhamos ouvido a se- guinte frase: A pessoa sozinha se comporta de uma maneira e em grupo o comportamento muda, às ve- zes radicalmente. Acredito que nos esportes em geral, e no futebol em particular, é um dos lugares e momentos, onde po- demos observar, muito nitidamente, esta realidade. Também, esta realidade pode ser percebida nos grupos sociais, tais como nas reuniões de amigos, em reuniões sociais, em clubes, em eventos, e especifica- mente, nas organizações foco de estudo deste livro. Antes de analisarmos e nos aprofundarmos no comportamento organizacional, que é também resulta- do dos comportamentos individuais, entendo que seria oportuno e necessário definirmos o comportamento humano ainda no seu contexto individual. Certamente, sendo o comportamento um tema tão complexo, amplo, e abrangente, não seria possível haver só uma definição para o tema. Afinal, este é um dos temas que mais intrigam a humanidade desde sempre. Existem definições específicas da psicologia, me- dicina, filosofia, sociologia, antropologia, entre outras, e mesmo dentro das áreas de conhecimento citadas, sabe- mos que dependendo da linha de atuação teremos esta ou aquela definição, esta ou aquela visão diferenciada. Como o objeto de nosso estudo é o comporta- mento organizacional, adotaremos a definição para comportamento individual, segundo Bueno (1991): “Comportamento é a forma de proceder ou atuar”. 12 Sabemos, aprendemos, sentimos, observamos e constatamos, no dia a dia que o comportamento é mul- tifacetado, alimenta o meio ambiente e é retroalimenta- do por ele. A ciência nos diz, e é verificado na prática diária, que no comportamento encontramos fatores biológicos e orgânicos, tais como traços de temperamento, ou seja, temperamentos do tipo mais extrovertido, introvertido, “explosivo”, calmo. Sabemos também que o comporta- mento é resultado da forma particular de ver, sentir e de perceber de cada pessoa, isto é, os aspectos psicológi- cos de cada pessoa, seus interesses e motivações indivi- duais. É notória a percepção de que o comportamento é aprendido, “adaptado”, transformado pelas relações sociais, como o núcleo familiar, ou na ausência deste, os parentes, os amigos, a escola, a igreja, a nossa rua, o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso país e, é claro, as circunstâncias de vida de cada um. É oportuno enfatizar que aprendemos a nos com- portar, procurando adaptação e aceitação do meio so- cial. Sofremos influência do meio social e o influen- ciamos também. Trata-se de uma relação dinâmica, dialética e transformadora do coletivo em relação ao individual e vice-versa. Todo este contexto: fatores genéticos, orgânicos, pessoais, culturais, sociais, históricos, ambientais e, principalmente, os fatores circunstanciais, em contato constante, dinâmico e inter-relacionado com o meio, formam aquilo que, popularmente, denominamos de personalidade individual. Esta somada desenvolvem os 13 traços culturais de um determinado, país, cidade, esta- do, grupo social ou grupo de pessoas. O comportamento é uma árvore que nasce no bos- que, interage com o bosque, permanentemente, sofre in- fluências do bosque e, continuamente, influencia o bos- que, sendo este um processo contínuo e de mão dupla. Fazendo analogia à realidade organizacional: ob- servamos no dia a dia que este bosque ora é mais sau- dável, ora é mais árido, ora é mais verdejante, ora mais fértil, ora precisa de uma chuva forte para renová-lo, ora parece estar quase secando, ora brilha lindamente. Assim como existem as personalidades individuais, percebem-se, também, as “personalidades” corporativas e ou organizacionais, muito relacionadas às pessoas, que nela trabalham. O tipo de negócio realizado pela organi- zação, o tipo de cliente atendido, o ambiente em que está inserida, a personalidade dos fundadores, entre outros fatores, e a influência deles no comportamento organiza- cional será aprofundada, nos próximos capítulos. 1.1 Os Novos Cenários Organizacionais De acordo com Souza (2010), todos reconheceme vivenciam o fato de que o mundo passa por cada vez mais rápidas e constantes mudanças culturais, sociais, tecnológicas, econômicas etc. É o que, comumente, chamamos de era global. O mundo está cada vez menor, as distâncias estão cada vez menores, os aviões estão cada vez mais rápi- 14 dos. Muitas pessoas no mundo que não se imaginavam viajando, hoje, viajam com maior frequência e facilida- de, inclusive muitos brasileiros. Gradativamente, as informações estão disponíveis a quem quiser acessá-las. Aquilo que acontece no Japão, em frações de segundos, o mundo fica sabendo. O que acontece no Brasil, em frações de segundo repercute no mundo inteiro. Sempre há o lado bom e o lado ruim destas trans- formações. Se outrora uma pessoa ou organização poderia desfrutar momentos de “glória”, de satisfação ou de vi- tória. Hoje, não há tempo para isso. As mudanças são cada vez mais rápidas, aceleradas e dinâmicas e, por que não dizer, “histéricas”, sob mui- tos aspectos. Algo que ontem parecia excelente, hoje tem sua utilidade questionada. O que ontem era consi- derado moderno, hoje, para muitos, se torna obsoleto. As organizações moldam o ambiente, criam neces- sidades, demandas e sofrem, também, as diferentes so- licitações da mesma sociedade que ajudaram a produzir. Esta circunstância exige resposta, repertório, prontidão e criatividade das organizações, como nunca visto antes. Os modelos de gestão, liderança de pessoas, que até então atendiam às crescentes e variadas demandas ex- ternas, atualmente, são muito revisados e modificados. Antes se privilegiava a fidelidade do funcionário, a sua obediência, a capacidade de acatar e seguir normas, proce- dimentos e rotinas. No presente, esperam-se do colabo- rador criatividade, inovação, flexibilidade e adaptabilidade. 15 As organizações, progressivamente, se voltam para o capital humano. É óbvio que o capital financeiro, tec- nológico, logístico, mercadológico são importantes, po- rém as organizações percebem, mais claramente, que o capital intelectual é o que faz, e fará cada vez, maior di- ferença, em um mercado global competitivo e dinâmico. Atualmente, as organizações aconselham adotar a postura do tipo mais humanista, ou seja, procurando implantar, organizar e estimular um ambiente organiza- cional, onde os talentos possam ter espaço para sugerir e criar. Enfim, para se sentirem estimulados a permane- cer na organização, sentindo-se parte dela. Neste sentido, segundo Chiavenato (2005), a am- pliação do foco do capital financeiro para o capital in- telectual torna-se elemento importante de competitivi- dade, nas empresas. Ainda conforme o autor (2005, p. 12): “Entramos na era da informação e estamos deixando a era industrial para trás. Na era industrial predominavam os ativos tangíveis e bens físicos, como máquinas, equi- pamentos, instalações, ferramentas e o capital financeiro. Na era da informação, estão predominando ativos intan- gíveis e bens intelectuais. A era do tijolo e do concreto está cedendo lugar a uma nova era de idéias e concep- ções. ‘O capital intelectual está em alta’. Cada vez mais as organizações estão aumentando seu valor patrimonial por meio de ativos intangíveis e intelectuais. O conhe- cimento está se tornando a moeda mais importante do terceiro milênio”. (CHIAVENATO, 2005, p.12) 16 Desta forma, as organizações passam a entender a importância de se investir em pessoas, o que era de- nominado de Recursos Humanos, como se as pessoas fossem meros recursos. Perceberam-se, depois, os po- tenciais humanos ou ”patrimônio humano”. As instituições deduziram que é necessário, recru- tar, selecionar, integrar, treinar, desenvolver, acompa- nhar e manter as diferentes pessoas, com suas inevitá- veis e importantes diferenças individuais. Assim, compreender o fator humano tornou-se um ponto forte de competitividade e sobrevivência or- ganizacional. Na atualidade, a organização sabe que sua eficiên- cia (fazer certo as coisas), sua eficácia (fazer a coisa cer- ta) e sua efetividade (sobrevivência) dependem cada vez mais das pessoas, dentro destes ambientes. Consequentemente, o estudo dos indivíduos e dos grupos, em interação com as organizações, é definido como comportamento organizacional. Chiavenato (2005, p.05) apresenta sua definição dessa área: “o comportamento organizacional é a contínua interação dinâmica entre pessoas e empresas que se influenciam e se modificam mutuamente. Do mesmo modo, o com- portamento organizacional está relacionado com a forma como as pessoas reagem, ou se comportam no trabalho, ou seja, suas atitudes e comportamentos observáveis. O comportamento organizacional é uma área, que trata do comportamento individual, isto é, de tópicos como per- 17 sonalidade, atitudes, percepção, aprendizado, motivação. Além disso, o comportamento organizacional também está relacionado com o comportamento grupal, incluin- do tópicos como normas, papéis (comportamentos es- perados), construção de equipes e conflitos”. (CHIAVE- NATO, 2005, p. 05). O estudo do comportamento humano é uma im- portante área de estudo e conhecimento, para a com- preensão e o entendimento do funcionamento dinâmi- co das organizações, principalmente, quando focado no estudo das ações, comportamentos e atitudes humanas, visando obter ganhos de produtividade, diminuir índi- ces de absenteísmo, de rotatividade de pessoal e promo- vendo, assim, a cidadania organizacional. A empresa, por meio de seu corpo diretivo, cons- tata que os produtos tendem a se tornar cada vez mais parecidos e os serviços principais tendem a ter um pa- drão. Para fidelizar e encantar os clientes, ela necessita de colaboradores dispostos a desempenhar este papel, ou seja, ter um comportamento espontâneo ou não, po- rém que gere sentimento de satisfação nos clientes. Visto que vivemos um verdadeiro bombardeio de informações, as empresas comprovaram que para aten- der clientes muito bem informados, exigentes, dinâmi- cos e rápidos, precisam de colaboradores que possam refletir sobre acertos e erros do passado, que pensem sobre o hoje e, principalmente, projete idéias e ações para o futuro. Ou seja, as organizações percebem, mui- 18 to claramente, a necessidade de colaboradores que sai- bam desaprender e aprender rapidamente. Chiavenato (2005) distingue níveis de comporta- mento nas organizações: “há três níveis diferentes de comportamento nas orga- nizações que podem ser explorados: a macro perspec- tiva do comportamento organizacional, que discute o comportamento do sistema organizacional como tota- lidade, a perspectiva intermediária do comportamento organizacional, que aborda o comportamento de grupos e equipes na organização e a micro perspectiva do com- portamento organizacional, que trata do comportamento individual de cada colaborador ao trabalhar sozinho na corporação“. (CHIAVENATO, 2005). Deste ponto de vista, Chiavenato (2005) define que a abordagem macro do comportamento organizacional está fundamentada em questões, como comunicar, lide- rar, proporcionar decisões, lidar com estresse e conflitos, propiciar negociação, tipos de poder e política e coor- denar atividades de trabalho. Por sua vez, a perspectiva intermediária do comportamento organizacional está baseada em observações sobre equipes, buscando des- cobrir formas de socialização (sinergia), que estimulem a cooperação entre os indivíduos e o consequente progres- so da produtividade em grupo (uma andorinha só não faz verão). Já a micro perspectiva do comportamento or- ganizacional está focada em forte orientação psicológica, 19 procurando entender e agir sobre as diferenças indivi- duais, de personalidade, formas de perceber (percepção), motivação e satisfação no trabalho. Se antes as empresas tratavam todos os colabora- dores igualmente, achando que este era o melhor cami- nho, até por conta das questões legais envolvidas, hoje as organizações avaliamo custo, o risco e o benefício de se tratar da mesma forma, financeiramente, por exem- plo, todos os colaboradores. As organizações demons- tram que devem agir como os pais, geralmente, o fazem: cada filho é diferente e deve ser tratado diferente. Isto não quer dizer ser tratado com mais ou menos amor, mas aceitar que cada filho é diferente. Neste sentido, as organizações de futebol já praticam essa diferenciação, muitos anos antes de outras organizações: não se pode pagar o mesmo salário ao Messi, do Barcelona e ao “ Thiaguinho”, do “Nhoquinzim“. Robbins (2004), também, analisa o comportamen- to organizacional em três níveis: “o nível individual (examina-se fundamentos da conduta pessoal: valores, atitudes, percepção, aprendizagem, o pa- pel da personalidade e das emoções nesse comportamen- to, a motivação individual e o processo individual de to- mada de decisão), o nível do grupo (pondera-se modelos de comportamento de grupo: temas relacionados à co- municação e à tomada de decisão dos grupos, liderança, confiança, poder, política, conflitos, negociação, dentre outros), e o nível do sistema organizacional (discute-se como o comportamento pode ser afetado por diferentes 20 dimensões das organizações. Além disso, abordam-se te- mas como as políticas e as práticas de recursos humanos e como elas influenciam os componentes das organiza- ções e a como a cultura institucional influencia o com- portamento dos membros)”. (ROBBINS, 2004) Bowditch e Buono (2002) destacam que um dos principais problemas do comportamento organizacio- nal está na análise dos motivos que levam algumas pes- soas, no trabalho, a fazerem o mediano ou o mínimo necessário, enquanto outros se “entregam de corpo e alma” ou parecem se entregar. A resposta para esta inquieta indagação encontra- -se na discussão de alguns elementos que compõem o comportamento organizacional como: motivação, per- cepção, atitudes e diferenças individuais, comunicação, liderança e comportamento no grupo e entre os grupos. Para uma maior compreensão desses questiona- mentos, Chiavenato (2005) descreve três variáveis in- dependentes, quais sejam: variável no nível do sistema organizacional (macro), variável no nível do grupo (intergrupais) e variável no nível do individuo (micro), como as principais determinantes dos índices e níveis de produtividade, absenteísmo, rotatividade, satisfação com o trabalho e cidadania organizacional. Para entender os índices, os dados e os resultados de uma organização, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, devemos e precisamos olhar e entender toda a floresta (nível organizacional), perceber as dife- 21 rentes espécies da floresta e suas interdependências (ní- vel dos grupos) e procurar compreender cada indivíduo (árvore), em toda sua particularidade e singularidade. Torna-se fundamental ter visão sistêmica do con- junto, do todo, para se interpretar os resultados e índi- ces organizacionais. Em que medida a personalidade, a cultura, o clima da organização estão facilitando ou dificultando os re- sultados obtidos, por meio das pessoas? A personalidade, aqui citada, pode ser concebida como forma de ser e de agir da organização, isto é, o clima de trabalho predominante, o processo decisório, as formas e estilos de comunicação, entre outros itens. A personali- dade da organização tende a ser reflexo, principalmente, da personalidade de seus fundadores ou seus atuais donos, com suas próprias culturas, forma de ser e de agir. Chiavenato (2005) explana melhor as três variáveis, afirmando: “as variáveis independentes no nível do sistema organi- zacional referem-se à soma da estrutura formal ao co- nhecimento da conduta das pessoas e dos grupos. Já as variáveis no nível do grupo fazem menção à diferença de comportamento das pessoas enquanto trabalham so- zinhas ou em grupo. Para as variáveis no nível do indiví- duo o autor ressalta a importância das características pes- soais de cada um e como elas afetam o comportamento do mesmo no trabalho (valores, atitudes, personalidade, emoções, percepção, a tomada de decisão, a aprendiza- gem e a motivação)”. (CHIAVENATO, 2005). 22 Além disso, Chiavenato (2005) apresenta a produ- tividade como uma das maiores variáveis no estudo do comportamento organizacional, pela possibilidade de ser alcançada por meio de pessoas, de grupos e de toda a empresa. As instituições estão sempre à procura dos fatores que influenciam a melhoria da eficiência e eficá- cia de seus colaboradores, das equipes e da organização como um todo. Com relação à questão do absenteísmo, o autor explora os malefícios que o mesmo traz para a empre- sa, “pois provoca interrupção do trabalho e uma perda considerável da qualidade do mesmo. A instituição fica impossibilitada de alcançar seus objetivos, se seus cola- boradores não comparecem ao trabalho”. No que diz respeito à rotatividade, ele elucida so- bre a preocupação das organizações com a redução da rotatividade, uma vez que o alto índice de rotatividade gera um alto custo para a empresa, com recrutamento, seleção e treinamento. Quanto à satisfação no trabalho, ela é mais uma atitude do que um comportamento. Sobre isto o autor assegura: “pessoas satisfeitas com o trabalho são mais produtivas do que pessoas insatisfeitas; as organizações devem preo- cupar-se cada vez menos com a produtividade e cada vez mais com a qualidade de vida no trabalho, pois a satisfa- ção é um objetivo da empresa que está relacionada com o absenteísmo e a rotatividade”. (CHIAVENATO, 2005). 23 Para fidelizar o cliente final e, principalmente, en- cantá-lo, as empresas descobriram que o caminho mais eficaz é, primeiro, fidelizar e tentar encantar os seus clientes internos, ou seja, os seus colaboradores. A empresa constata que para atingir a tão desejada qualidade, a tão desejada fidelidade dos clientes finais, precisa, inicialmente, tornar possível que o colaborador deseje, consciente e/ou inconscientemente, dar o me- lhor de si para a organização e, consequentemente, para o cliente desta organização. Estudos e a prática cotidiana mostram que, quan- to mais o colaborador se sentir valorizado, respeitado, motivado, como pessoa, maior a possibilidade dele en- tregar um trabalho valoroso e de maior qualidade. Concluindo, Chiavenato (2005) atesta que a cida- dania organizacional é um comportamento que não faz parte das exigências de uma empresa, mas ajuda no fun- cionamento eficaz da organização. Desse modo: “As organizações bem-sucedidas precisam de pesso- as que façam mais do que os seus deveres normais e apresentem desempenho além das expectativas. Como nas organizações bem-sucedidas as tarefas são cada vez mais realizadas em equipe e a flexibilidade é um fator importante, elas necessitam de pessoas que adotem um comportamento de boa cidadania, oferecendo-se vo- luntariamente para tarefas extraordinárias, ajudando os colegas em suas equipes, fazendo declarações positivas sobre o trabalho de seu grupo e de sua organização evi- tando conflitos desnecessários, cuidando do patrimônio 24 da empresa, respeitando as leis e regulamentos, e sendo tolerantes com ocasionais aborrecimentos e imposições decorrentes do trabalho”. (CHIAVENATO, 2005). Enfim, a análise do comportamento organizacio- nal é uma das ferramentas organizacionais mais impor- tantes, para se compreender as situações de trabalho e as relações que se estabelecem na empresa entre seus colaboradores, auxiliando na análise, interpretação e na consequente resolução e solução de problemas, servin- do de apoio para os indivíduos e os grupos alcançarem os objetivos organizacionais, de maneira mais eficaz e certeira. Todos esses aspectos somam-se à criação de ambientes saudáveis, no qual, há confiança e um bom relacionamento interpessoal, entre colegas e equipes, criando laços de afetividade (empatia grupal = sinergia), entre os membros do grupo e dosmembros do grupo com a empresa. Novamente, valho-me do exemplo do esporte, em particular do futebol, para ilustrar o exposto acima: to- dos nós já ouvimos falar de uma equipe, aparentemen- te, menos favorecida ou vista como mais fraca que, não raras vezes, vence outra equipe, conhecida como mais forte. Os especialistas no assunto costumam atribuir este fato, sobretudo, à sinergia do grupo, ou ainda ao espírito de equipe do grupo, ou à união do grupo, na linguagem do futebol. A “leitura“ ou o diagnóstico do ambiente de traba- lho, do clima de trabalho ajudam, sobremaneira, a orga- 25 nização a traçar estratégias, que possam melhorar este ambiente, tornando-o mais saudável ou salubre, para a tão almejada e necessária produtividade. Com certeza, conhecemos as seguintes frases: “Passamos mais tempo dentro das empresas, do que em casa” e “Aqui somos uma grande família”. É verdade que em alguns casos, algumas famílias têm um ambien- te ou um clima pesado, rude, que parece tornar mais difícil a “produtividade” Na convivência humana os conflitos são naturais, até esperados e muitas vezes necessários, pois podem propiciar mais espaço para a troca de ideias, planos e projetos. Neste contexto, a expressão “cidadania or- ganizacional” se torna bastante importante. Pensemos num país em que as pessoas são esclarecidas sobre seus direitos, deveres e obrigações. Saibam onde começa e termina seu espaço e estejam dispostas a colaborar para uma rua mais limpa, um bairro mais limpo e uma cidade mais limpa. Imagine um país, onde haja boa vontade para colaborar, pré-disposição para falar e para ouvir, para criticar e oferecer sugestões e/ou soluções. Nestas circunstâncias, o termo cidadania organiza- cional seria uma extensão do que entendemos por cida- dania pessoal, consciente e madura. Uma organização proativa procura fomentar am- bientes conscientes em que todos possam se ver, se en- tender e possam entender o meio em que estão inseridos. A expressão cidadania também abarca posturas tão necessárias, atualmente, como a visão ecológica ou ambiental, a visão social ou filantrópica, a visão do tra- 26 balho voluntário ou de prestação de serviços à comuni- dade, enfim fomentar a ampliação da consciência entre todos os atores do cenário organizacional. É notório que o colaborador com a autoestima alta está mais propenso a ser proativo, participativo, colabo- rativo, criativo e, principalmente, com o fundamental espírito de equipe. Para Chiavenato (2005): “Não existem organizações sem pessoas. Toda organi- zação é constituída de pessoas. Para estudar as pessoas em uma organização, o especialista em Recursos Hu- manos ou comportamento organizacional tem basica- mente duas alternativas: considerar as pessoas, como dotadas de características próprias, de personalidade e de individualidade, aspirações, desejos, valores, atitudes, motivações, ou considerar as pessoas como recursos, dotadas de habilidades, capacidades, destrezas, conhe- cimentos e competências necessárias para a tarefa”. (CHIAVENATO, 2005). Esta é uma divisão meramente didática, uma vez que, na prática e na vida dinâmica cotidiana, não se pode, e não se deve, separar as emoções das competên- cias, o desempenho das motivações e interesses. O homem é um ser social, porque se caracteriza por uma irreprimível tendência à vida, em sociedade, e em participações em diferentes grupos. O homem vive em organizações, sejam organizações formais ou in- 27 formais, públicas, privadas, pequenas, médias, grandes, visadoras de lucro ou filantrópicas, em ambientes cada vez mais complexos e dinâmicos. Assim, organizações são pessoas, organizações são grupos e organizações são organizações. Gerentes são pessoas, gerentes são membros de grupos e gerentes são membros de organizações. Contudo, a variabilidade humana é enorme. As pessoas apresentam profundas diferenças individuais. Cada pessoa tem a sua própria personalidade, sua his- tória e trajetória pessoal, seus conhecimentos e habili- dades, seus objetivos ou a falta deles, suas motivações, suas limitações pessoais, e principalmente, suas circuns- tâncias. As organizações muitas vezes se esforçam para compreender os seus membros, a despeito da grande complexidade, entretanto há de se convir que mesmo pessoas que moram juntas há 20, 30 anos, não se co- nhecem completamente. As organizações, inclusive, entrariam em colapso, se todas as esferas do ser humano, tais como família, es- cola, trabalho, religião, política etc., estivessem no palco organizacional, todos os dias. Desta maneira, se as organizações são compostas de pessoas, o estudo das pessoas constitui a unidade bá- sica para o estudo das organizações, em toda sua com- plexidade, enfocando o comportamento. Todavia, se as organizações são compostas de pes- soas e estas precisam se engajar em organizações para atingirem seus objetivos, podemos imaginar que este casamento nem sempre é fácil. Se as organizações são 28 altamente diferentes entre si, o mesmo ocorre com as pessoas, e neste ponto residem as maiores ameaças e oportunidades organizacionais. Cada pessoa é um fenômeno multidimensional, sujeito às influências de uma enormidade de variáveis. O comportamento humano é uma forma de pro- ceder, refere-se à conduta da pessoa. Padrão de com- portamento é o modo com que a pessoa costuma conduzir-se em seus afazeres. No estudo dos sistemas humanos evidenciam-se três divisões, relativamente dis- tintas: 1) o estudo da anatomia fornece uma visão da organização do corpo, 2) o estudo da fisiologia fornece informações relativas aos processos físicos compreen- didos e 3) o estudo do comportamento refere-se aos padrões evidentes de conduta da pessoa. É conhecido que o organismo influencia o comportamento e vice- -versa, contudo, em termos de comportamento organi- zacional, nosso foco é o padrão de conduta das pessoas. O comportamento humano é afetado por fatores internos e externos. Duas teorias, a teoria de campo e a teoria da dissonância cognitiva, são importantes para a compreensão do comportamento das pessoas. 1. 2 A Teoria de Campo de Kurt Lewin Segundo Kurt Lewin, apud Chiavenato (1989), a compreensão do comportamento humano depende de duas suposições básicas: o comportamento huma- no é derivado da totalidade dos fatos coexistentes, ou 29 seja, o comportamento humano é decorrente de mui- tas variáveis, fatos, causas, situações, circunstâncias, não sendo decorrente de um único fato ou situação e estes fatos coexistentes tem o caráter de um “campo dinâmico”, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação dinâmica com as outras. É o chama- do campo psicológico. Cada pessoa com suas vivências, histórias e circuns- tâncias de vida, suas motivações é motivada, de acordo com sua forma de ver e sentir, sendo, naturalmente, di- ferente da forma de ver, sentir e motivar outra pessoa. Esse campo psicológico é “o espaço de vida“ que contêm a pessoa e seu ambiente psicológico. Assim, está relacionado com as percepções e interpretações da pessoa acerca de seu ambiente externo. Mais do que isso, é o ambiente associado às atuais necessidades e objetivos pessoais. Ele pode adquirir valências no am- biente psicológico, determinando um campo dinâmico de forças psicológicas. A valência é positiva quando os objetos, as pes- soas ou as situações carregadas podem ou prometem satisfazer as necessidades presentes do individuo. Por outro lado, é negativa, quando podem ou prometem causar algum dano ou prejuízo. Os objetos, as pessoas ou as situações carregadas de valência positiva tendem a atrair o individuo, enquanto os de valência negativa tendem a causar repulsa ou fuga. A atração é a força ou “vetor” dirigido para o objeto, para a pessoa ou para a situação, enquanto a repulsa é a força ou “vetor”, que o leva a afastar-se, tentando escapar do objeto, da pessoa 30 ou da situação. Um vetor tende sempre a produzir uma“locomoção”, em certa direção, quando dois ou mais fatores atuam, ao mesmo tempo, sobre uma pessoa. A locomoção é uma espécie de “resultante” (ou momen- to) de forças. Algumas vezes, a locomoção produzida pelos vetores pode ser impedida ou, completamente, bloqueada por uma “barreira” (impedimento ou obstá- culo), resultando em frustração O modelo de comportamento humano, proposto por Kurt Lewin, pode ser representado esquematica- mente pela equação: C= f (P, M) Onde o comportamento (C) é o resultado ou fun- ção (f) da interação, entre a pessoa (P) e seu meio am- biente (M). A pessoa (P), nesta equação, é determina- da pelas características genéticas e pelas características adquiridas pela aprendizagem, através de seu contato com o meio. A teoria do campo de Kurt Lewin explica por que um mesmo objeto, situação ou pessoa, podem ser per- cebidos, vistos, sentidos e interpretados de maneira di- ferente, por cada indivíduo. Neste sentido, cuidado ao indicar um filme, um restaurante, uma pessoa a outra, pois elas veem, sentem e interpretam as coisas, as situações, as outras pessoas, baseadas em seu campo psicológico. Faça um teste sim- ples: mostre a mesma foto, de uma revista, para 3 ou 4 pessoas e peça para elas dizerem o que sentem, ao ver 31 tal figura. É muito provável que cada pessoa relate um sentimento diverso. Começamos a perceber quão difícil e complexo é gerir pessoas, motivar pessoas, visto que aquilo percebi- do como motivador para um, pode ser percebido como desmotivador para outro, o que é sentido como estimu- lante para um, pode ser sentido como desestimulante a outro alguém. 1.3 A Teoria da Dissônancia Cognitiva Para Chiavenato (1989), a teoria da dissonância cognitiva de Festinger baseia-se na premissa de que todo indivíduo se esforça para estabelecer um estado de consonância ou consistência, com ele mesmo e com o ambiente que o rodeia. Se uma pessoa tem cognições (pensamentos) sobre si mesma e sobre seu ambiente, que são inconsistentes entre si, isto é uma cognição im- plica o oposto da outra, então, ocorre um estado de dissonância cognitiva A dissonância cognitiva é uma das principais fon- tes de inconsistência no comportamento. As pessoas não toleram a inconsistência e a ocorrência dela, por exemplo, quando o individuo acredita em algo, mas, no entanto, age contrariamente a essa crença. A este confli- to ou inconsistência Festinger dá o nome de dissonân- cia cognitiva. O elemento cognitivo é uma espécie de crença, co- nhecimento ou opinião que o indivíduo tem de si mes- mo ou do meio externo. Esses elementos cognitivos 32 podem estar relacionados de três maneiras: dissonante, consonante ou irrelevante, assim: 1) Relação dissonante: o indivíduo acredita que fu- mar é nocivo, mas continua fumando (duas cognições em relação dissonante); 2) Relação consonante: o indivíduo acredita que fumar é nocivo e, então, deixa de fumar (duas cognições em relação consonante); 3) Relação irrelevante: o indivíduo considera o fumo nocivo e gosta de passear (elementos em uma re- lação irrelevante). A força da dissonância cognitiva depende de duas variáveis, a saber: A) A importância de cada um dos elementos dis- sonantes ou cognitivos, se uma crença tem pequena importância, a inconsistência por ela gerada terá pouca dissonância, o contrário também é verdadeiro; B) A soma de dissonância é função do número de cognições dissonantes e consonantes, que existem em dado momento; quanto maior a proporção de elementos dissonantes para consonantes, maior a dissonância sentida. A dissonância cognitiva é geralmente decorrente de situações que envolvem algum processo de decisão do indivíduo. Podemos imaginar o quão simples ou quão difícil, e até dramático, pode ser, por exemplo, para um exce- lente técnico que gosta de ser técnico, porém se vê pro- movido a supervisor pela organização. Ele não gosta de liderar, mas sabe que o salário é maior e sente que não pode desapontar a empresa. 33 Ou imagine, ainda, um colaborador que trabalhe perto de casa e tenha quatro filhos pequenos. Ele está feliz com a escola dos filhos, com seus amigos, igreja, salário, com a vida que leva, todavia, a firma precisa transferi-lo para outro estado, com um salário maior e ele tem cinco dias para decidir. A dissonância cognitiva é parte integrante da vida, afinal, o tempo todo precisa- mos decidir, escolher, “abrir mão” de coisas. A teoria, muitas vezes, é mais simples do que a prática. Suponha, então, o quão rico e complexo é o cam- po psicológico de uma organização, seja ela pequena, média ou grande, seja ela um pequeno consultório den- tário, uma loja de rua, ou uma grande indústria naval. 1.4 A Complexa Natureza do Homem É desafiador procurar entender, decifrar e teorizar sobre o comportamento humano. Deste modo, para captar melhor estas duas teorias descritas, há mais algu- mas valiosas premissas: 1) O homem é um ser transacional, que não só recebe insumos do ambiente e reage aos mesmos, mas também adota uma posição proativa, antecipando-se, e muitas vezes provocando as mudanças que ocorrem em seu ambiente; 2) O homem apresenta um comportamento dirigi- do para um objetivo, o que significa dizer que ele é ca- paz de ter objetivos, ou aspirações e de aplicar grandes doses de esforço no sentido de alcançá-los e 34 3) O homem é um modelo de sistema aberto, em que é dirigido por objetivos interdependentes, do meio físico e social, e ativamente envolvido em transações com esse ambiente, à medida que persegue seus objeti- vos. Isso exige que o homem não só desenvolva capa- cidades mentais de procedimento - de pensar, decidir, escolher - mas também de adquirir informações e cren- ças que lhe permitam “conhecer” as pessoas, situações e as coisas em seu meio e enfrentá-las. O comportamento das pessoas nas organizações, como já vimos, é bastante complexo e depende de fa- tores internos - decorrentes de suas características de personalidade - como capacidade de aprendizagem, de motivação, de aprendizagem, do ambiente interno e ex- terno, de atitudes, de emoções, de valores, e de fatores externos - decorrentes das características organizacio- nais - como sistemas de recompensas e punições, de fatores sociais, de políticas, de coesão grupal existente, tal como podemos observar no esquema a seguir: • Fatores internos/ a pes- soa na organização • Fatores externos/ com- portamento da pessoa dentro da organização • Capacidade de aprendi- zagem e motivação • Percepção • Atitudes • Emoções • Frustrações • Valores • Regras e regulamentos • Sistemas de recompensas e punições • Grau de confiança • Coesão grupal • Métodos e processos • Fatores sociais • Políticas da organização Variáveis intervenientes 35 O comportamento organizacional segue os prin- cípios do comportamento humano, sendo o compor- tamento humano multifatorial, circunstancial, influen- ciando o meio e sendo influenciado por este. A pessoa na organização, geralmente, se comporta orientada pelo clima reinante na organização. Se o clima organizacio- nal é mais informal, a pessoa tende a se comportar de maneira mais informal, se o clima reinante é mais for- mal, distante, a pessoa tende a ter um comportamento do tipo mais formal. Neste contexto, podemos imaginar quão diferen- te tende a ser o comportamento em uma instituição militar ou numa piscina pública, numa cidade, como o Rio de Janeiro, por exemplo. Ou quão tende a ser diferente o comportamento profissional de um militar e de um garçom, que trabalha em um bar, à beira da praia. O comportamento da pessoa, dentro da orga- nização, depende de suas características de personali- dade, da cultura da organização, do clima reinante, de onde esta organização está inserida - o bairro, a cida- de, país - depende do tipo de negócio da organização, do tipo de cliente, e do ambiente predominante na or- ganização. É sabido que o ser humano está inclinado a buscar adaptaçãoe aceitação dentro dos grupos. As- sim, a pessoa, especificamente, no ambiente profissio- nal, tenderia a buscar uma sintonia comportamental com o restante do grupo e com seus líderes diretos, se ela estiver motivada e interessada em permanecer e crescer dentro da organização. Ainda consoante Chiavenato (1989): 36 “Dentre os fatores externos (ou ambientais) que influen- ciam o comportamento das pessoas podem-se incluir o clima organizacional, as pressões do chefe, as influências dos colegas de trabalho, as mudanças na tecnologia uti- lizada pela organização, os programas de treinamento e desenvolvimento empregados pela organização, as pres- sões e demandas da família, as condições ambientais, o espaço físico destinado ao trabalho, ao refeitório, o nível de expectativas depositado no colaborador, os métodos e rotinas de trabalho (ou a ausência destes) e o sistema utilizado para promoção de pessoal (ou a ausência de um plano formal).” (CHIAVENATO, 1989). Enfim, são diversos os fatores que influenciam o comportamento das pessoas dentro das organizações, e isto vale para as pessoas de diferentes cargos, funções ou papéis. Todos estão submetidos, em maior ou menor grau, a depender do nível de maturidade e do repertório pessoal de cada um. Todos nós buscamos o reconheci- mento, a aceitação, a adaptação e, principalmente, bus- camos pertencer. Segundo Kanaane (1995): “Nas relações que o homem estabelece com o trabalho e com a organização, devem ser considerados os seguintes aspectos: relação indivíduo-indivíduo, indivíduo-grupo, indivíduo-organização, grupo-grupo, grupo-organização, organização-organização“. (KANAANE, 1995). 37 1.5 O Homem como um Ser Social Kanaane (1995), em suas considerações, afirma: “Ao se considerar o homem como um ser de relações sociais, tem-se que focalizar os aspectos facilitadores e os impeditivos (barreiras, bloqueios, omissões), tanto em termos pessoais, como grupais, presentes nas interações sociais que caracterizam o processo de socialização a que o mesmo foi submetido. O processo de socialização tende a direcionar a vontade e os valores intrínsecos do indivíduo, que desde sua infância incorpora normas e va- lores vigentes na família, e em seus pares na sociedade”. (KANAANE, 1995). Desta forma, no nosso processo de amadurecimen- to, ou de crescimento da individualidade, o que Carl Yung denomina de processo de individuação, aprendemos e treinamos as formas de ver, sentir, perceber, entender, questionar os valores, normas, rituais, condicionamentos e paradigmas existentes e reinantes na sociedade, que os cria a partir dos indivíduos, a fim de criar marcos regula- tórios, reais ou imaginários, de valores, condutas, visando à autodefesa de pessoas e dos grupos. É interessante observar que o indivíduo ao assu- mir uma profissão, por exemplo, passa a ter de assumir os valores, condutas, expectativas e perfil desta catego- ria social. O processo de socialização e individualiza- ção passa, também, pelo processo de incorporar, com 38 maior ou menor consciência, em maior ou menor grau, ou intensidade, os valores, formas de ver, de sentir, de estar, dos diferentes grupos sociais, e neste caso, grupos e ou categoriais profissionais. Consequentemente, podemos imaginar que é rica e complexa a convivência entre pessoas, entre grupos, entre departamentos, entre organizações, porque, nas organizações formais, a função regulatória e normativa do poder, geralmente, está bastante enraizada. Ilustremos com esta situação corriqueira: O indi- víduo gosta da sua empresa, do seu trabalho, mas não gosta de sua chefia. Ou gosta da chefia, mas não gosta da sua tarefa atual. Em suma, as possibilidades, como as vivenciamos no dia a dia, são muitas. Até pouco tempo e ainda hoje várias organizações seguiam e seguem um modelo de comunicação, hierar- quia e poder do tipo mais formal e coletivo. Cresce, no entanto, um movimento no sentido de se valorizar a consciência individual, coletiva, ambiental, em que cada indivíduo se reconhece pertencente a um grupo, porém pode e deve somar nas interações sociais, trazendo o valor único de sua individualidade. Cada vez mais as diferenças individuais, antes vistas como ame- aças ao equilíbrio e bom funcionamento grupal, estão sendo apontadas como fonte de riqueza e forte diferen- cial, a rica produção grupal. De acordo com Kanaane (1995): “os condicionamentos e experiências sociais e profis- sionais determinam, sobremaneira, o comportamento 39 assumido pelo individuo no contexto sócio profissional. Determinadas categorias profissionais possuem um po- der de manobra maior, que lhes possibilita interagir, de maneira efetiva, com os impactos gerados pela estrutura hierárquica, o que lhes assegura status e poder reconheci- dos”. (KANAANE, 1995). Trabalhadores de diferentes categorias profissio- nais, comumente, manifestam distintos graus de insa- tisfação, diante do trabalho que realizam. Tais insatisfa- ções denotam desajustes e até conflitos entre o homem e o resultado decorrente do trabalho. Esta relação vem, normalmente, marcada por conflitos não resolvidos pe- los sujeitos envolvidos, assinalando aspectos tensos nas relações de poder e autoridade, isto é, falta de participa- ção quanto à tomada de decisão, inerente ao processo de trabalho. O trabalho, como fonte de satisfação, pou- co tem atendido às expectativas e aos anseios de dife- rentes classes sociais, uma vez que se caracteriza como uma relação utilitarista, mecanicista, unidirecional, que coisifica o homem, com limitadas perspectivas de rela- ções satisfatórias e salientam o conflito entre capital e trabalho, entre os envolvidos. Para Kanaane (1995), “os estudos sobre motiva- ção tem assinalado a importância dos aspectos ambien- tais, ergonômicos e de expectativas, diante do trabalho, como representantes da qualidade de vida“. Conforme Hackman & Suttle (1977), apud Kana- ane (1995), o conceito de qualidade de vida: 40 “refere-se á satisfação das necessidades do indivíduo; afetando atitudes pessoais e comportamentais. A criati- vidade, a vontade de inovar ou de aceitar mudanças, a capacidade de adaptar-se às mudanças no ambiente de trabalho e o grau de motivação interna para o trabalho são, evidentemente, fatores importantes para o alcance da produtividade. A qualidade de vida está diretamente relacionada ao desenvolvimento organizacional, isto é, voltada para aspectos de satisfação no cargo e valoriza- ção do trabalho”. (KANAANE, 1995). Devemos considerar, inicialmente, algumas condi- ções indicativas de qualidade de vida no trabalho: 1) Compensação adequada e clara e salário justo: existem leis, que regem as atividades profissionais, po- rém nas organizações, bem como no futebol, por exem- plo, alguns jogadores exercem a mesma função (jogar futebol) e recebem salários bastante distintos. Neste sentido, existe um movimento gradativo e crescente, nas empresas, de remunerar pessoas, e não de remune- rar somente cargos, que é a visão tradicional e antiga. Mediante critérios objetivos, tais como desempenho, resultados, entre outros, procura-se remunerar a mesma função, ocupada por pessoas diferentes, com salários diferentes. A ênfase passa do cargo e da função para a pessoa que desenvolve este cargo e/ou esta função. Isto parece lógico e justo, uma vez que duas pessoas, geral- mente, têm desempenho, produtividade e qualidade de 41 entregas diferentes. Se a empresa não agir assim, inevi- tavelmente, desmotivará quem trabalha mais, melhor e com melhor resultado. 2) Ambiente seguro e saudável com o intuito de preservar a saúde e o bem estar do empregado: o am- biente interfere no comportamento das pessoas. É fato conhecido que o metrô de São Paulo, ao constatar um ato de vandalismo, uma pichação ou algo parecido, tro- ca de imediato a peça para não criar cultura de ambiente quebrado, sujo, descuidado, etc. Lembro-me de quandotrabalhava em uma empresa, em um prédio confortável, mas sem nenhuma modernidade. De repente, muda- mos para um bairro moderno, numa rua moderna, para um prédio ultramoderno, com máquina de cafezinho no corredor, ar condicionado. A mudança influenciou o comportamento das pessoas. Parecia que tinham ficado mais jovens, antenadas, “chiques”, ou seja, as pessoas apreciam um ambiente limpo, organizado e tendem a produzir mais neste tipo de ambiente. Obviamente, só o ambiente não faz a mudança total, mas ele, agregado a outros fatores, ajuda a aumentar a produtividade. Kanaane (1995) defende: “Crescimento e seguran- ça, valorização do indivíduo, considerando as oportuni- dades e a expansão de suas potencialidades, planos de carreiras e de sucessão, facilitam a expressão do com- portamento saudável e produtivo”. As pessoas produzem mais quando se sentem em um ambiente cuidado. O indivíduo dá melhor de si à 42 organização, a ajuda a crescer. Em contrapartida a or- ganização olha para ele com carinho, zelo e atenção, valorizando sua entrega, seus resultados e seu potencial. Quanto mais isto for verdade, maior a tendência à fide- lidade e entrega do colaborador. 3) Autenticidade: o indivíduo ter autonomia plena, a partir da disseminação da proposta que assinale o au- tocontrole. Quanto mais autonomia e confiança o cola- borador tiver, ou quanto maior for o clima de confiança e respeito mútuo, maior será a tendência a uma entrega genuína e responsável. 4) Relevância social: empenho por parte da alta ad- ministração, no sentido de valorizar e ampliar o signifi- cado social do produto ou serviço da organização, bem como o da contribuição de cada profissional, inserido na organização. 5) Total espaço de vida do individuo: vida fora da organização, tempo de lazer e dedicação à família. An- tigamente, se valorizava a dedicação total à firma. Hoje, o individuo que produz mais e melhor é aquele que tem tempo para comer bem, tem tempo para fazer ginástica e, principalmente, tempo para vivenciar emoções sau- dáveis, principalmente junto à família. O indivíduo ver- sátil é aquele que pode exercer vários papéis e funções na vida, tais como papel de gerente, analista, tio, irmão, marido, pai, filho. 43 6) Meta para a autorrealização: o indivíduo caminha para o encontro consigo mesmo, com o ajuste de suas potencialidades. A empresa ajuda o colaborador a diag- nosticar seus pontos fortes e pontos a ser aprimorados. Além disso, cria oportunidades para a pessoa exercer seus pontos fortes e melhorar seus pontos vulneráveis. Neste caso, a organização terá um colaborador mais fi- delizado e realizado, como pessoa e como profissional. Ao longo dos próximos capítulos, serão apresen- tadas dicas, sugestões, orientações. Igualmente, serão expostos cases de organizações de sucesso, que alcan- çaram sucesso, sem grandes investimentos financeiros, mas sim fazendo o óbvio: valorização das pessoas. 44 1) Podemos definir o comportamento humano como resultado de: a) Fatores orgânicos e históricos a) Fatores sociais e circunstanciais c) Fatores biológicos, orgânicos, psicológicos, sociais e circunstâncias d) Fatores orgânicos e a forma de ver e reagir de cada um d) Forma de ver e sentir de cada um 2) Para Kurt Lewin, na sua teoria de campo, podemos entender o comportamento humano: a) Como decorrência de um único fator b) Como decorrência de fatores da infância e experiên- cias positivas e negativas c) Como decorrência da idade da pessoa e de sua saúde e de seus relacionamentos d) Decorrente da totalidade dos fatos coexistentes e estes fatos se inter-relacionando, estrutura a forma de ver e sentir particular de cada um, formando o campo psicológico e) Forma de se relacionar particular de cada pessoa, in- fluenciado pelos fatores familiares e pelas experiências negativas anteriores, que gerariam um desejo constante de esquiva e repulsa EXERCÍCIOS ronaldot Realce 45 3) Para Festinger o que significa dissonância cognitiva a) Pensar sobre uma possibilidade e realizá-la b) Querer uma coisa, mas não poder obtê-la c) Estudar possibilidades e escolher a melhor d) Quando o indivíduo acredita em uma coisa, mas age em oposto a está crença e) Conflito entre poder e querer, impossibilitando a ação, gerando frustração 4) Geralmente a dissonância cognitiva envolve: a) Processo de decisão do indivíduo b) Forma de lembrar-se do indivíduo c) Forma de pesquisar do indivíduo d) Maneira de trabalhar do indivíduo e) Processo de resistir do indivíduo 5) Para Idalberto Chiavenato, em A Complexa Nature- za do Homem, o homem é : A) Um ser livre, desprovido de metas e objetivos B) Um ser em busca de significados C) Um ser em constante indecisão D) Um ser insatisfeito por natureza, sempre em busca de novos projetos e) Um ser transacional tem objetivos e influencia e é influenciado pelo meio ronaldot Realce CAPÍTULO 2 AS ORGANIZAÇÕES E ADMINISTRAÇÃO: VISÃO HISTÓRICA 49 Como apresentado no capítulo anterior, o com- portamento humano no contexto individual é multi- fatorial. Neste sentido, é importante entendermos os diferentes modelos e estilos de administração, que cer- tamente, terão e têm influência direta sobre o compor- tamento das pessoas, dos grupos e, por consequência, sobre os resultados da organização, ou seja, sobre o seu comportamento organizacional. Destacamos que as organizações vivem em um mundo de negócios, que se caracteriza, hoje, pela globa- lização, mudanças rápidas e altíssima competitividade. Para sobreviverem, as organizações precisam, con- tinuamente, lançar novos produtos e serviços, desen- volver e criar novas tecnologias, novos produtos ou ser- viços, criar e ampliar mercados, aprimorar processos, métodos de trabalho, reduzindo ou eliminando custos visando a incrementar resultados, financeiros, mercado- lógicos, políticos, imagem etc. Contudo, as organizações não funcionam por si e para si mesmas. Decerto, as organizações, na maioria das vezes, não alcançam sucesso por acaso. Elas precisam ser administradas para que funcionem adequadamente e atinjam seus objetivos, da melhor maneira possível. As organizações são grupos de pessoas que tra- balham em conjunto, para aplicar e utilizar recursos organizacionais, tais como recursos financeiros, tecno- lógicos, maquinário, matéria-prima e, principalmente, o capital intelectual (conhecimento). Elas pretendem al- cançar propósitos e objetivos comuns, como cumprir uma missão, atingir um objetivo, servir ao mercado, 50 satisfazer os seus parceiros, clientes, acionistas, empre- gados, fornecedores, isto é, precisam ser administradas. A administração proporciona sentido, direção e co- ordenação, nesse trabalho conjunto, levando a organiza- ção, exatamente, para onde ela precisa e quer chegar. Enquanto as organizações são estruturadas pela Teo- ria da Organização (TO), a administração das organizações é estudada pela Teoria Geral da Administração (TGA), sendo que cada uma delas tem sua própria definição de organização. Assim como existem diferentes abordagens sobre o comportamento humano, existem, também, di- ferentes abordagens e conceituações sobre a organização. 2.1 As Organizações Precisam ser Administradas Para Chiavenato (1989), ”Todas as organizações são guiadas pelas decisões de uma ou mais pessoas que, comumente, chamamos de administradores”. Os administradores, via de regra, dão destino a recursos escassos, para fins alternativos e quase sem- pre competitivos, dentro ou fora da organização. Eles determinam a relação entre meios e fins. Dispõem de autoridade - delegada em última instância pela socieda- de e responsabilidade - aceita por eles - de construir ou destruir comunidades, fazer a paz ou a guerra, purificar ou poluir o ambiente. Os administradores estabelecem as condições re- lativas aos cargos, produtos, serviços, tipos de clien- 51 tes, receitas, conhecimentos - capital intelectual - táti- cas e estratégias.Os administradores, assim como as organizações, es- tão também difundidos por toda a sociedade, tais como padarias, hospitais, lojas, indústrias, condomínios, fábri- cas, escolas, universidades, clubes, supermercados, etc. Quanto melhor forem os administradores, não só como profissionais, mas como pessoas, melhor sere- mos como sociedade, quão menos qualificados, treina- dos e desenvolvidos os administradores, tenderemos a ser menores, como sociedade. Quanto maior for a preocupação da sociedade de desenvolver os administradores, bem como quanto maior for a preocupação com os recursos disponibiliza- dos aos mesmos, tanto maior tenderá a ser a sociedade. Segundo Chiavenato (1989), “A sociedade moderna tem enorme necessidade de or- ganizações bem administradas, a conclusão é que os ad- ministradores são um recurso social dos mais valiosos e importantes. Todos nós sabemos alguma coisa sobre ad- ministração, já que no dia a dia estamos em contato com ela, e com os administradores”. (CHIAVENATO, 1989). Esse fato se comprova, pois vamos a supermerca- dos, padarias, lojas, hospitais, fábricas e usamos servi- ços públicos, como bombeiros, estradas, correios, me- trô, entre muitos outros exemplos. De acordo com Chiavenato (1989), 52 “Estas experiências podem ser boas, ou, principalmen- te, más e as atitudes em relação aos administradores, também, podem ser positivas ou negativas. Contudo, embora saibamos um pouco de administração, na práti- ca operamos de modo ineficiente. Basta compararmos nossos planos otimistas de ontem com as realizações reais de hoje.” Drucker apud Chiavenato (1989) afirma: ”está ficando cada vez mais claro que a organização é o centro da sociedade moderna e não a tecnologia ou a informação. Estamos vivendo em uma sociedade de organizações, cada vez mais complexas. O núcleo da so- ciedade moderna é a sociedade administrada”. (CHIA- VENATO, 1989). Vivemos, oferecemos, vendemos, usamos, em- prestamos, alugamos produtos ou serviços que são oriundos de organizações pequenas, médias, ou gran- des, nacionais ou internacionais. A instituição social (organização) é a maneira utilizada pela sociedade, para conseguir que algo seja feito, inventado, criado, desenvolvido, projetado e disponibilizado. A administração é a ferramenta específica para tor- nar as organizações capazes de gerar resultados e satis- fazer desejos e necessidades. 53 A organização não existe, simplesmente, dentro da sociedade. Ela existe para produzir resultados, dentro da so- ciedade, e principalmente para modificá-la. Daí aumen- ta a importância do papel - entendido como comporta- mentos esperados - do administrador. A principal função do administrador é não só fa- zer as organizações funcionarem bem, mas, sobretudo, fazê-las produzir resultados e agregar valor. Sua atribuição vai além: mudar continua e constan- temente as organizações, para ajustá-las, proativamente, ao ambiente cada vez mais mutável e imprevisível. Aquilo que no mês passado era um sucesso, neste momento pode ser visto como ultrapassado, na visão do cliente, ou visto que um concorrente faz melhor e mais barato. O administrador deve trabalhar como agente catalisador (agregador) e como agente de mudanças. Como dizemos, popularmente, o administrador precisa ter “um olho no bosque e outro na árvore”, em outras palavras, um olho na árvore (sua empresa) e outro no bosque (mercado). O administrador deve olhar, constantemente, para dentro da organização, e avaliar seus pontos fortes e fracos. Por outro lado, também deve observar o mer- cado, cada vez mais global, a fim de analisar, prever demandas, necessidades, conhecer os concorrentes e, acima de tudo, visualizar e prever riscos, ameaças e oportunidades. Para Chiavenato (1989): “De fato, as organizações 54 requerem administradores para poderem ser eficientes - fazer certo as coisas - e eficazes - fazer a coisa certa. Principalmente devido a crescente complexidade da so- ciedade e ao tamanho cada vez maior das organizações”. Uma vez que estamos vivendo, gradativamente, uma era de fusões e aquisições de empresas, visando a atingir maiores mercados, com maior potencial de competitividade, entre os concorrentes, as decisões administrativas individuais têm grande repercussão na sociedade. Suponha o impacto que causaria a falência de uma grande multinacional, no mundo financeiro global. Ob- serve também os problemas que a sociedade enfrenta no tocante à saúde, ou à energia e os problemas rela- cionados aos enormes custos e a outras ineficiências de organizações públicas ou privadas. Nosso cotidiano é, sobremaneira, afetado por organizações que prestam bons serviços e, infelizmente também, por organiza- ções que prestam serviços ineficientes e muito defici- tários. Lamentavelmente, é uma tradição os serviços públicos, sejam eles da esfera municipal, estadual ou federal, serem lentos, difíceis de utilizar, geradores de sentimentos, muitas vezes, negativos e frustrantes. Cada um destes problemas nos ajuda a imaginar as necessidades críticas da sociedade em relação à espera e expectativa de termos administradores mais eficientes e eficazes. A administração das organizações requer um pro- fundo conhecimento do comportamento organiza- cional (CO). Sem esse conhecimento, a administração 55 pode tornar-se fria, desumana, mecânica, rígida, inefi- ciente e ineficaz. O comportamento organizacional (CO) é uma área do conhecimento humano, relativamente, recente e que proporciona condições para o estudo e entendi- mento da dinâmica organizacional. Isto é fundamental para a adequada administração das organizações. Elas precisam ser bem compreendidas para que possam ser bem administradas e posicionadas em seu contexto de negócios. Para ilustrar, considere este exemplo: uma escola de línguas precisa ampliar seu atendimento aos alunos para as manhãs de sábado. O gerente divulga este novo horário aos alunos, antes de constatar se algum dos atuais professores tem disponi- bilidade nesse horário. A mal já está feito. Este exemplo, apesar de simplório, ocorre corri- queiramente, em todos os tipos de empresas. Ele de- monstra que conhecer o comportamento organizacio- nal é também conhecer as motivações, possibilidades, interesses, competências, estado de espírito das pesso- as, dos grupos, setores, e departamentos, da empresa como um todo. O administrador precisa conhecer os recursos financeiros, os recursos de tempo, o maquinário, os equipamentos, a tecnologia, o cliente, o seu produto ou serviço. Ademais, ele precisa, fundamentalmente, co- nhecer e mapear o seu pessoal, atualmente, denomina- do potencial humano. Sem esta visão apurada, o admi- nistrador corre o sério risco de não entregar ao cliente o que prometeu, ou se entregar, o fazer fora do prazo 56 prometido e sem a qualidade prometida. Para que uma administração seja eficiente há dois importantes aspectos que precisam ser considerados, segundo Chiavenato (1989) e eles são alvo das próxi- mas discussões. 2.1.1 A organização é um ser vivo 2.1.2 Decisôes organizacionais e longevidade A primeira questão a se considerar a fim de se efetivar a boa administração é que a empresa é um ser vivo que nasce, cresce e morre, dependendo da manei- ra como é administrada e impulsionada. É preciso dar maior atenção para o desenvolvimento da organização e de seus participantes. Neste contexto, é necessário trazer uma estatística sombria e triste: no Brasil, a maioria das empresas aber- tas não chega ao segundo ano de funcionamento. Este é um aspecto que não pode ficar à mercê dos aconteci- mentos ou ao sabor dos ventos. A organização precisa investir fortemente no seu próprio desenvolvimento. E boa parte desse desenvolvimento é decorrente da pro- gressão das pessoas que dela participam. O segundo aspecto que deve ser considerado é que esse ser vivo, isto é,a organização é resultado de um contínuo e incessante processo de aprendizado. A 57 aprendizagem é o mecanismo vital que proporciona saúde e longevidade à organização. A organização e to- dos os seus participantes precisam aprender a aprender, cada vez mais e mais rápido. A aprendizagem depende muito do estado de espí- rito que se cria dentro da organização: deve haver uma motivação para aprender, ininterruptamente. Isso pre- cisa ser enfatizado e incentivado, constantemente, pela cúpula da organização. Aprender significa vida. Falta de interesse em aprender coisas novas significa “morte”. Isto é válido tanto para organizações, como para pessoas. Pensemos na criança com sua natural e vital curiosi- dade e pensemos no adulto, que acredita já ter aprendido tudo e que já sabe tudo. Este adulto, primeiro, não que- rerá sair de sua cidade, depois de seu bairro, depois de sua rua, depois de sua casa, de seu quarto e de sua cama. A disposição para aprender e, sobretudo, para estar aberto a novidades, ter a capacidade de se reciclar, de- saprender algo que já não é útil, é fundamental na vida pessoal e, consequentemente, na vida organizacional. Como seres vivos, as organizações nascem, cres- cem e morrem. Mas por que tantas organizações morrem tão pre- maturamente? Poucas delas ganham a longevidade. Chiavenato (1989) traz uma pesquisa realizada por Arie de Geus, a fim de verificar quais motivos e razões de algumas organiza- ções durarem mais do que outras. O resultado aponta qua- tro fatores principais para a longevidade organizacional: 58 1) Organizações longevas são sensíveis ao seu ambiente: estão sempre olhando a árvore e, principal- mente, o bosque, independente do seguimento de sua atuação. Esta sensibilidade ao meio ambiente pode e deve se manifestar em relação ao entorno da organiza- ção, como o bairro, a cidade, mas também considerar os atuais clientes e potenciais clientes, às tendências de mercado, aos desejos e necessidades dos clientes. Por- tanto, elas não têm a atitude e o comportamento de fi- car olhando só para si própria e olham para fora, para o que deveria ser a razão de existir da organização, ou seja, o mercado. Chiavenato (1989) defende que: “sejam as organizações, construídas com base no conhe- cimento- como em inovações tecnológicas que agregam valor a vida do cliente - ou em recursos naturais - como fabricantes de papel, celulose, siderúrgicas, automóveis, produtos químicos, mineração, as organizações longevas permanecem em harmonia com o mundo à sua volta”. (CHIAVENATO, 1989). As empresas devem permanecer sintonizadas, em sintonia fina, com o meio ambiente. Esta atitude - comportamento intencional, planejado, deliberado - diante da vida, propicia à organização antecipar pro- blemas, corrigir rotas, fazer adequações internas, antes que seja tarde demais, tornando o momento de crise, muitas vezes, oportunidade de novos negócios a ser 59 explorados. Estas organizações estão plugadas, ligadas o tempo todo no seu ambiente e vivem, basicamente, em função dele. 2) Organizações longevas são coesas e dotadas de um forte senso de identidade: apesar de muitas vezes ha- ver uma diversidade de negócios, dentro de um grupo organizacional, é o sentimento de pertencer a uma mar- ca, o sentimento de orgulho de pertencer a determinada instituição, que desenvolve o vínculo emocional sinérgi- co, entre funcionários e fornecedores, sendo este senti- mento mais forte do que, os inevitáveis e até necessários, conflitos existentes. Desta forma, o sentimento de per- tencimento a uma só entidade torna o comportamento da organização mais vivo e forte em relação ao cliente. Chiavenato (1989) confirma a postura exposta acima, quando afirma: “Estas organizações se veem como uma frota de navios, cada um deles independente, porém o todo da frota é mais forte do que a soma de suas partes. Essa sensação de fazer parte de uma comunidade e de ser capaz de se identificar com suas ações e realizações, é que permite uma forte vin- culação emocional - sinergia-e psicológica dos funcioná- rios com a empresa”. (CHIAVENATO, 1989). O Vinculo emocional cria, recria, transforma, desenvolve, planeja, constrói, reconstrói e faz. Pense numa família, num casal, num grupo de amigos, pense 60 numa empresa. A emoção saudável, positiva, tem uma força gigantesca. Isto é tão óbvio, mas, muitas vezes, negligenciado a segundo, terceiro plano. O poder da razão precisa se juntar ao poder da emoção. Essa sensação de fazer parte de uma comu- nidade e de se identificar com suas ações e realizações é que permite uma forte vinculação emocional e isto é essencial para a sobrevivência organizacional, em meio a mudanças constantes, rápidas e necessárias. A coesão e integração acontecem devido a promo- ções internas. Cada nova geração de funcionários ou gerentes representa um novo elo da longa corrente e como afirma Wiliam Shakespeare: “nenhuma corrente é mais forte do que seu elo mais fraco”. A prioridade máxima da administração é a saúde da instituição, principalmente a emocional. Deste modo, o clima de trabalho, as expectativas e necessidades dos clien- tes internos deve ser alvo de preocupação, tanto quanto dos clientes externos. A organização deve reconhecer que para encantar o cliente externo, precisa, primeiramente, encantar o cliente interno. Estas empresas são conhecidas como organizações em que vale a pena trabalhar, vale a pena se dedicar e investir tempo, esperança. Este comportamento inteligente se torna, grada- tivamente, mais forte dentro das organizações. Como conseguir este sentimento e sinergia? Este assunto será detalhado nos próximos capítulos. 3) Organizações longevas são tolerantes: ser tole- rante não significa ser permissivo, aceitar tudo. Tolerân- 61 cia é aceitar e valorar diferenças, é não desgastar relações com controles centralizados, rígidos e desnecessários, é não coibir comportamentos criativos. As organizações devem ser tolerantes com as atividades que se desen- volvem à margem dos negócios, como por exemplo, depoimentos coletivos sobre viagens, atividades parale- las (música, jogos novos, ensaios) e até excentricidades - trazer o cachorro para a firma - dentro de limites de uma organização coesa. A ideia é que o colaborador sinta que a organização é um lugar onde ele pode ser ele. Onde ele é aceito como pessoa e não só como al- guém que “funciona”. A organização, nesta perspectiva, seria, de alguma forma, a “extensão” da casa do cola- borador. Um lugar onde ele tem compromissos claros e objetivos, tais como metas e resultados a atingir. Porém, é também um lugar, onde ele pode e deve se sentir bem, onde ele pode exercer não só a razão, mas também a sua individualidade, ou seja, a sua emoção única e particu- lar. São organizações, como descrito acima, que estão sempre ampliando suas possibilidades e abrindo novos horizontes para o futuro. A criatividade e a inovação estão na base de tudo. 4) Organizações longevas são conservadoras nas finanças: elas são frugais e não arriscam, gratuitamen- te, o seu capital. O fato de ter capital financeiro lhes dá maior flexibilidade, independência e autonomia de ação, permitindo buscar opções que os concorrentes não são capazes de obter, em função de compromissos já assumidos e programados. Essa autonomia finan- 62 ceira dá a estas organizações segurança, estabilidade e liberdade. Entendamos estabilidade, aqui mencionada, como serenidade para planejar o futuro. Conforme cita- do por Theodor Levitt: ”se funciona, já está obsoleto”. Em outras palavras: se está dando certo, não descanse sobre os louros. Esteja alerta, pois, certamente, os con- correntes estão pensando em como fazer melhor, mais rápido e mais barato do que você. Segurança também pode ser entendida como maior lastro para lidar com mercados mais flutuantes, ou em períodos de “baixa”, propiciandomaior tempo ou condição de planejar e, por que não dizer, se arriscar. Estar seguro significa ter maior possibilidade de lidar ou corrigir erros que geram despesas, por exemplo. Segundo de Geus apud Chiavenato (1989), “a ren- tabilidade de uma empresa é um sintoma de saúde cor- porativa, mas não é um indicador ou determinante da saúde corporativa”. Em outras palavras: rentabilidade indica, de certa forma, que a empresa goza de alguma saúde, mas a rentabilidade isolada não pode garantir que a organização seja saudável. Fazendo-se uma analo- gia ao corpo humano, saúde não é somente ausência de doença, mas bem estar biológico, psicológico e social. Ainda conforme de Geus apud Chiavenato (1989): “a longevidade também não parece estar relacionada com o patrimônio material, com o setor de atividade, ou com o país de origem da organização. A expectativa de vida empresarial ocorre em qualquer país, e nos mais variados setores - da manufatura e varejo até serviços financeiros, 63 agricultura, ou energia - desde que os quatro fatores cita- dos estejam presentes”. (CHIAVENATO, 1989). 2.2 As teorias administrativas De acordo com Chiavenato (1989), “As teorias e práticas administrativas que levaram ao comportamen- to organizacional de hoje, começaram a surgir a partir do final do século XIX e em todo o decorrer do século XX, quando surgiram as grandes organizações”. Sua grande e crescente complexidade trouxe, na- turalmente, novas complicações e desafios. Na reali- dade, tudo começou com a revolução industrial, que substitui a Era da Agricultura pela Era Industrial, no período entre o final XVIII e todo o século XIX. A aplicação da máquina a vapor nas pequenas oficinas da época criou novas formas de produção em massa, provocando o surgimento das fábricas e indústrias e tornando, rapidamente, obsoletos os an- tigos métodos gerenciais da época. A maquinaria impulsionada pela energia do vapor proporcionou uma base de produção cada vez mais possante, exigindo produção em maior quantidade, melhor qualidade e menores custos. Abriu-se caminho para a expansão e crescimento de mercados, propicia- dos por preços mais baixos, devido à crescente escala de produção, gerada pela popularização dos produtos. Para Chiavenato (1989): 64 “As pequenas oficinas deram lugar a grandes fábricas que passaram a ter grande número de trabalhadores, aos poucos foi surgindo a engenharia industrial, visando in- ventar e desenvolver novas máquinas, novos métodos de trabalho, iniciando os processos de seleção e treinamento de pessoal. No início do século XX alguns engenheiros passaram a desenvolver algumas teorias gerais de admi- nistração”. (CHIAVENATO, 1989). 2.2.1 A primeira onda: a ênfase nas tarefas Consoante Chiavenato (1989), os primeiros postu- lados e pensamentos sobre administração tinham como ênfase indicar aos líderes ou gerentes como fazer com que a tarefas ou atividades necessárias à produção fos- sem executadas. Neste sentido, surgiram as primeiras ideias de como administrar as organizações, surgiram também os primeiros conceitos de como racionalizar o trabalho. Por exemplo, a denominada administração científica, desenvolvida pelo engenheiro americano Fre- derick Winslow Taylor (1856-1915), preocupado com a eliminação do desperdício e também com o aumento da eficiência. Esta teoria postulava a diferenciação entre os gerentes, que devem pensar, planejar e definir o método de trabalho, e os trabalhadores, que devem executar o método de trabalho definido pelo gerente. Para Chiavenato (1989), Taylor pretendia substi- tuir o empirismo, a improvisação, o “achismo” pela ciência, pelos dados e informações racionais e lógicas. Seus postulados deram enorme impulso à engenha- 65 2.2.2 A administração científica ria industrial. Adam Smith foi seu inspirador e Henry Ford, o criador do lendário Ford, revolucionou a pro- dução de carros em série. Na época, todo o foco esta- va na tarefa, que era fragmentada, levando cada ope- rário a repeti-la, executando o que lhe era designado. Naquele momento, iniciava-se a preocupação com o padrão. Cada operário era responsável por poucas ta- refas e as fazia repetidamente, visando assegurar tem- pos e movimentos similares na fabricação das peças e na produtividade, entre os operários. Era uma visão de baixo para cima, típica do mo- mento histórico em que se vivia, pois se acreditava que a máxima eficiência de cada operário conduziria a orga- nização à máxima eficiência. O estudo dos tempos e movimentos, a racionali- zação das tarefas, visando obter-se maior eficiência, a realização correta das tarefas e o menor custo eram as grandes preocupações da época. Em conformidade com Chiavenato (1989), os princípios da administração científica de Taylor eram: 1) RACIONALIZAR TAREFAS: qual a melhor maneira de se executar a tarefa; 2) SELECIONAR: escolher as pessoas mais ade- quadas para a execução das tarefas; 3) TREINAR: dar treinamento às pessoas selecio- nadas para executar as tarefas; 66 4) MONITORAR: acompanhar o desempenho do trabalho Na minha experiência, em diferentes tipos, por- tes e origens de empresa, percebo que, passado mais de um século desde os primeiros postulados teóricos e científicos, a dificuldade continua grande em se ra- cionalizar tarefas, selecionar, treinar e monitorar ou acompanhar resultados. Há vários motivos para que isto aconteça, repeti- damente. Analisaremos estas razões, posteriormente, porém, como introdução, diria que os profissionais que desenvolvem as atividades acima, nos diferentes níveis, muitas vezes não enxergam ou não percebem o óbvio, que está diante de si. Taylor teve muitos seguidores, entre eles o casal Frank e Lílian Gilbreth. O estudo do casal enfatizava a cronometragem de uma tarefa, procurando visualizar a produtividade e eficiência diferenciada de cada operário. Por sua vez, Henry Gant desenvolveu planos sa- lariais e bônus para aqueles que executassem as tarefas, dentro do prazo estipulado, visto que, na época reina- va o conceito de Homo Economicus: a ideia de que as pessoas trabalhavam, exclusivamente, para obter re- compensa econômica. De acordo com Chiavenato (1989), pode-se ob- servar a contribuição da administração científica que, como pioneira, trouxe subsídio e limitações que foram e continuam sendo aprimoradas, tais como: ∙ Seleção científica de pessoas; ∙ Treinamento-eficiência; 67 ∙ Estudo de tempos e movimentos - Racionaliza- ção do trabalho; ∙ Método de trabalho (Best Way) - Princípios de administração; ∙ Salário por produção e incentivos - Especializa- ção do operário; ∙ Cuidado com as condições físicas de trabalho - Linha de montagem industrial; ∙ Planejamento e controle de produção - Estudo da fadiga humana; ∙ Conceito de Homo Economicus - Recompensas salariais. 2.2.3 A segunda onda: a ênfase na estrutura organizacional Conforme Chiavenato (1989), a administração so- freu mudanças em seu campo de atuação, pois: “enquanto a administração científica de Taylor se con- centrava nas tarefas e na redução de custos das atividades produtivas, na Europa um grupo desenvolvia princípios de administração relacionados com a estruturação das organizações, chamada então de teoria clássica da admi- nistração. Enquanto a ênfase da abordagem americana se concentrava no trabalho individual de cada operário, suas atribuições e sua produtividade, a abordagem europeia se concentrava na organização na sua totalidade, tratava- -se de uma visão de caráter mais sistêmico e integrado, a americana focava o nível operacional de baixo para cima, 68 enquanto a européia focaliza a empresa no seu conjunto integrado“. (CHIAVENATO, 1989). Sobre os princípios de administração, na aborda- gem europeia, Chiavenato (1989) destaca que o enge- nheiro francês Henry Fayol “buscava na mesma época a divisão do trabalho organizacional, não na sua base inferior, como fazia Taylor,
Compartilhar