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RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 1 Não há indicação Avaliação por Imagem do Abdome Agudo ABDOME AGUDO CONCEITO • dor abdominal (que requer tratamento clínico ou cirúrgico de emergência). • É uma das principais queixas nos serviços de emergência. • Dados clínicos e antecedentes cirúrgicos são fundamentais. Principais causas: • Apendicite aguda (30%) • Colecistite aguda (10%) • Obstrução intestinal (5-10%) • A Radiologia é fundamental no diagnóstico e triagem rápida entre os casos cirúrgicos e não cirúrgicos. CLASSIFICAÇÃO • Perfurativo • Obstrutivo • Inflamatório • Vascular QUAL O MÉTODO MAIS INDICADO? Deve-se levar em consideração: Hipótese diagnóstica - • História clínica • Exame físico Fatores radiológicos- • Disponibilidade • Custo x resolutividade • Rapidez ABDOME AGUDO RADIOGRAFIA SEMPRE??? ➢ Não, apenas em abdome agudo perfurativo e obstrutivo. • Perfurativo • Obstrutivo • Inflamatório • Vascular ABDOME AGUDO PERFURATIVO • Dor abdominal súbita e intensa. • A TC tem papel central na avaliação da dor abdominal aguda do adulto. • Exceções suspeita de colecistite aguda, ou alterações de origem ginecológica, quando devemos optar inicialmente pelo US. • Crianças ou pacientes magros, pode-se iniciar a investigação de apendicite aguda pela US, para reduzir a exposição à radiação. No entanto, o apêndice pode ser difícil de encontrar, levando o paciente a realizar uma TC. • RX de abdome raramente são indicadas como primeiro método de estudo, podendo ser realizadas na suspeita de perfuração (possível peneumoperitônio) ou obstrução intestinal (distensão abdominal) (raramente será o primeiro método de escolha). RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 2 Abdome agudo inflamatório e perfurativo Pneumoperitônio de apresentação bilateral, mais acentuado a esquerda Pneumoperitônio discreto a direita • Descompressão abdominal brusca dolorosa (presença de peritonite). • Abdome em tábua Causas: 1. Úlcera gástrica ou duodenal. 2. Câncer gastrointestinal 3. Processos inflamatórios intestinais (doença de Crohn, etc.) 4. Perfuração de divertículo de colon 5. Perfuração de apendicite ABDOME AGUDO PERFURATIVO 1ᵒ exame – rotina de abdome agudo: AP em ortostase, tórax em PA e AP em decúbito dorsal. • Confirmar perfuração (a perfuração em si não será visível, porém o aparecimento de um pneumoperitônio será confirmatório para abdome agudo perfurativo, já que esse achado é uma consequência da perfuração) • TC é superior ao RX convencional (mais sensível, uma vez que, para visualização do peneumoperitônio no RX é necessário que ele esteja em um volume maior, enquanto na TC não há sobreposição de estruturas e a imagem poderá ser visualizada em vários cortes gerando mais sensibilidade na avaliação desse achado). ROTINA DE ABDOME AGUDO • Abdome em decúbito dorsal • Abdome em ortostase • Tórax IMAGENS Pneumoperitônio RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 3 • Quando estiver com dúvida quanto a presença de peneumoperitônio, escolher a incidência em decúbito lateral esquerdo e não direito, já que o fígado que é um órgão maciço que não aparece com clareza no RX é mais evidente do lado direito podendo gerar uma confusão com a bulha gástrica (gera contraste). • RX em decúbito dorsal de um recém-nascido, mostrando um acúmulo de gás na região mais anterior do abdome, dentro e fora das alças intestinais. • Presença de cúmulo de ar abaixo das cúpulas diafragmática direita e esquerda no RX. • Na tomografia, visualização de acúmulo de gás na topografia mais anterior. Isso ocorre, porque a tomografia é feita em decúbito dorsal, levando o gás a subir para a parte mais superior (presença de pneumoperitônio e pneumoretroperitônio). TOMOGRAFIA Sinais tomográficos: • Pneumoperitônio e pneumoretroperitônio • Extravasamento do contraste oral • Espessamento parietal da região acometida • Densificação dos planos adiposos • Coleções liquidas RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 4 Frequentemente o motivo obstrutivo não é caracterizado nas áreas de desproporção de calibre. Podem ser vistas anguladas. Massa ou lesão estenosante que envolve a parede intestinal (espessamento e redução da luz intestinal, causando distensão intestinal acima da área de obstrução) • Espessamento parietal da final do estômago (antro) e no início do duodeno e focos de pneumooeritônio. • A região com maior volume de pneumoperitônio costuma ser a região perfurada. • Acúmulo de contraste na cavidade peritoneal. • Presença de pneumoperitônio • Não há líquido na região retroperitoneal, já que ele se acumula entre os peritônios não havendo acúmulo de contraste. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Distensão abdominal, dor em cólica, parada da eliminação de gases e fezes. Causas: • Aderências (bridas) • Hérnias • Tumores • Doença inflamatória intestinal • Volvo, Intussuscepção intestinal, Fecaloma • No Volvo ocorre a rotação de um pedaço do intestino (gira sobre o próprio eixo) causando uma obstrução em alça fechada (maior risco de ruptura). • Na Intussuscepção intestinal, um segmento de alça acaba invaginado para dentro do outro, gerando um aspecto de alça dentro de alça, gerando o sinal do alvo (no eixo curto da alça) ou sinal do pseudorim (padrão + longitudinal). • O fecaloma é um padrão de obstrução intestinal mais comum em idosos, que nada mais é que um conteúdo fecal que irá distender o reto (o conteúdo fecal irá crescer cada vez mais e se tornar mais seco) e difícil eliminação, gerando obstrução mecânica do trato gastrointestinal. Estenose Passagem de segmentos intestinais através de áreas de descontinuidade da parede abdominal. Padrão estenosante Volvo de sigmoide: alça dilatada e sem haustração em forma de "U" invertido, geralmente na linha mediana, promovendo elevação da cúpula diafragmática e projetando-se acima do cólon transverso (Sinal do grão de café ou bico de pássaro) Volvo de ceco: ceco distendido, invertido, ocupando o quadrante superior esquerdo da cavidade abdominal. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 5 • Na herniação, caso o diâmetro do anel herniário seja curto a alça poderá ficar presa podendo causar interrupção da vascularização da alça e até mesmo perfuração. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Por imagem devemos procurar algumas alterações que nos fazem pensar neste diagnóstico: • Dilatação de alças intestinais (gerada pela alteração do fluxo intestinal). • Níveis líquidos no conteúdo intestinal. • Ponto de transição abrupta entre o calibre dos segmentos intestinais (área pré e pós obstrução). • Sinal de fecalização do delgado (alteração do padrão de imagem do conteúdo intestinal nas obstruções do intestino delgado). No paciente sem anormalidades é comum ver conteúdo fecal no cólon ou raramente no íleo distal, sobretudo em pacientes com a válvula íleo- cervical incompetente, acima disso não deve haver conteúdo fecal (deve haver um conteúdo líquido mais homogêneo). Então, caso haja fezes no intestino delgado será um indicativo de obstrução intestinal mais abaixo. ALGORITMO DIAGNÓSTICO ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Radiografia (rotina de abdome agudo): AP ORTOSTASE AP DECÚBITO DORSAL PA TÓRAX • Confirmação da obstrução o Local da obstrução o Grau daobstrução. Os achados de imagem são: • Múltiplos níveis hidroaéreos (> ou = 2) • Alças de intestino delgado dilatados >3 cm / intestino grosso > 6 cm • Fecalização do intestino delgado. • Presença de distensão de alças intestinais do delgado e formação de diversos níveis hidroaéreos. • Níveis hidroaéreos, quando em diferentes níveis em um mesmo segmento, podem indicar obstrução intestinal mecânica. Quando os níveis estão na mesma altura pode-se pensar em uma causa mais funcional, como um íleo paralítico após uma cirurgia. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 6 • Distensão de alça abdominal. SINAL DE EMPILHAMENTO DE MOEDA ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Tomografia: • Confirmação do diagnóstico • Ponto exato da obstrução • Determinar a causa • Avaliação de complicações (isquemia intestinal). • imagem 2- Intestino delgado sem alterações e presença de saco herniário pequeno (risco de isquemia). • Imagem 1- Fecalização do intestino delgado • Imagens apresentando espessamento da parede do ceco devido ao surgimento de um tumor. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 7 • O tumor fez um espessamento parietal seguido de uma estenose gastrointestinal, causando a distensão das alças intestinais adjacentes ao tumor. • Formação de nível líquido e gasoso (níveis hidroaéreos em diferentes alturas, falando a favor de uma obstrução mecânica, confirmada no plano coronal). • Espessamento da parede do reto, distensão do sigmoide com conteúdo fecal e formação de níveis hidroaéreos, falando a favor de um processo obstrutivo. • Seta amarela indicando pneumatose (sofrimento vascular causada devido a distensão nas alças que gera pressão, impedindo que os vasos de pequeno calibre que realizam a irrigação da parede intestinal consigam irrigá-la, causando isquemia e pneumatose). • Cólon direito e região do ceco bem distendidos. AVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES • Pneumoperitônio indicando perfuração • Isquemia intestinal (pneumatose) • Estrangulamento (quando o intestino está dentro de um saco herniário) PNEUMOPERITÔNIO INDICANDO PERFURAÇÃO • Presença de pneumoperitôneo (gás fora das alças intestinais) • Abdome agudo obstrutivo que complica virando perfurativo. ISQUEMIA INTESTINAL • Pneumatose intestinal. • Parede toda delineada por gás, com apresentação hipodensa. • A isquemia pode liberar gás para a circulação venosa e arterial. • Como complicação pode ocorrer aeroportia que é a presença de gás dentro dos vasos da veia porta. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 8 ISQUEMIA INTESTINAL • Pneumatose intestinal. • imagem 1- padrão linear, com pior prognóstico • imagem 2 – padrão cístico ESTRANGULAMENTO • Espessamento da parede do intestino herniado • Densificação dos planos adiposos adjacentes • Pode haver pneumatose intestinal. • Sofrimento vascular • Seta indicando densificação da gordura. CASOS ESPECIAIS • Volvo – obstrução em alça fechada. VOLVO DE SIGMÓIDE • RX: sinal do grão de café; ausência de gás na ampola retal. • TC: grande loop preenchido por gás, sem haustração , formando uma obstrução de alça fechada. • Sinal de giro: torção do mesentério e vasos mesentéricos. INTUSSUSCEPÇÃO • É uma causa importante de abdome agudo em crianças. • A intussuscepção também pode ocorrer na população adulta, geralmente é causada por uma lesão focal • A tríade clássica de dor abdominal intermitente, vômitos e massa do quadrante superior direito, associado à sangue oculto ou bruto (aspecto em groselha ou geleia de framboesa ) no exame retal tem grande valor preditivo positivo para intussuscepção em criança. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGENS- PROF. LAURA FEYO LETÍCIA ANDRADE-103 C 9