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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I - TORÇÃO - MOSSORÓ/RN UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Profª. MSc. CHRISTIANE MYLENA TAVARES DE MENEZES GAMELEIRA ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO ◼ CAPÍTULO 5 – TORÇÃO 5.1 Deformação por torção de um eixo circular 5.2 A fórmula da torção 5.3 Transmissão de potência 5.4 ângulo de torção 5.5 Elementos estaticamente indeterminados carregados com torque 5.6 Eixos maciços não circulares 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas 5.8 Concentração de tensão 5.9 Torção inelástica 5.10 Tensão residual 2 Objetivos do capítulo Serão discutidos os efeitos da aplicação de um carregamento de torção a um elemento longo e reto, como um eixo ou tubo. 3 5.1 Deformação por torção de um eixo circular Torque é um momento que tende a torcer um elemento em torno de seu eixo longitudinal. Podemos ilustrar fisicamente o que acontece quando o torque é aplicado a um eixo circular considerando que este seja feito de um material com alto grau de deformação, como a borracha. Quando o torque é aplicado, os círculos e as retas longitudinais da grade, marcados originalmente no eixo, tendem a se distorcer segundo o padrão mostrado na figura. 4 5 5.1 Deformação por torção de um eixo circular 6 Na figura, vemos que a torção faz que os círculos continuem como círculos e cada linha longitudinal da grade se deforme na forma de uma hélice que intercepta os círculos em ângulos iguais. Além disso, as seções transversais nas extremidades do eixo continuam planas, e as linhas radiais nessas extremidades continuam retas durante a deformação. Por essas observações, podemos considerar que, se o ângulo de rotação for pequeno, o comprimento e o raio do eixo permanecerão inalterados. 5.1 Deformação por torção de um eixo circular Se o eixo estiver preso em uma de suas extremidade e for aplicado um torque à sua outra extremidade, o plano sombreado da figura será distorcido até uma forma oblíqua. Uma linha radial localizada na seção transversal a uma distância x da extremidade fixa do eixo girará de um ângulo ∅ 𝑥 . O ângulo ∅ 𝑥 , definido dessa maneira, é denominado ângulo de torção, depende da posição x e variará ao longo do eixo. 7 5.2 A fórmula da torção Quando um torque externo é aplicado a um eixo, ele cria um torque interno correspondente no interior do eixo. Nesta seção, desenvolveremos uma equação que relaciona esse torque interno com a distribuição da tensão de cisalhamento na seção transversal de um eixo ou tubo circular. 8 5.2 A fórmula da torção Se o material for linear elástico, então a lei de Hooke se aplica, 𝜏 = 𝐺𝛾 Uma variação linear na deformação por cisalhamento resulta em uma variação linear na tensão de cisalhamento correspondente ao longo de qualquer linha radial na seção transversal. Assim como ocorre com a deformação por cisalhamento para um eixo maciço, 𝜏 variará de zero na linha central do eixo longitudinal a um valor máximo 𝜏𝑚á𝑥 na superfície externa. 9 10 5.2 A fórmula da torção 11 J T J Tc == ou máx = tensão de cisalhamento máxima no eixo, que ocorre na superfície externa = deformação por cisalhamento = torque interno resultante que age na seção transversal. = momento polar de inércia da área da seção transversal = raio externo do eixo = distância intermediária máx T J c 5.2 A fórmula da torção - Momento polar de inércia Se o eixo tiver uma seção transversal circular maciça, o momento polar de inérica J pode ser determinado por meio de um elemento de área na forma de um anel diferencial, de espessura 𝑑𝜌 e circunferência 2𝜋𝜌 J é uma propriedade geométrica da área circular e é sempre positivo. As unidades de medida comuns para J são 𝑚𝑚4. 4 2 cJ = 5.2 A fórmula da torção - Momento polar de inércia Se o eixo tiver uma seção transversal tubular, com raio interno 𝑐𝑖 e raio externo 𝐶𝑜 , então podemos determinar seu momento polar de inércia subtraindo J para um eixo de raio 𝑐𝑖 daquele determinado para um eixo de raio 𝐶𝑜 . ( )44 2 io ccJ −= 5.2 A fórmula da torção - distribuição da tensão de cisalhamento Se um elemento de material na seção transversal do eixo ou tubo é isolado, então, por conta da propriedade complementar do cisalhamento, tensões de cisalhamento iguais devem também agir sobre suas quatro faces adjacentes (figura a) Como resultado, o torque interno T não somente desenvolve uma distribuição linear da tensão de cisalhamento ao longo de cada linha radial no plano da área de seção transversal, como também uma distribuição de tensão de cisalhamento associada é desenvolvida ao longo de uma plano axial, figura b. 15 5.2 A fórmula da torção Tensão de torção máxima absoluta Em qualquer seção transversal do eixo, a tensão máxima de cisalhamento ocorre na superfície externa. Contudo, se o eixo for submetido a uma série de torques externos, ou se o raio (momento polar de inércia) mudar, a tensão de torção máxima no interior do eixo poderá ser diferente de uma seção para outra. 16 PONTOS IMPORTANTES Quando um eixo com seção transversal circular é submetido a um torque, a seção transversal permanece plana, enquanto as linhas radiais giram. Isso provoca uma deformação por cisalhamento no interior do material, a qual varia linearmente, ao longo de qualquer linha radial, de zero na linha central do eixo a um máximo em seu contorno externo. Pela lei de Hooke, para um material homogêneo com comportamento linear elástico, a tensão de cisalhamento ao longo de qualquer linha radial do eixo também varia linearmente, de zero na linha central do eixo até um valor máximo em seu contorno externo. Essa tensão de cisalhamento não deve ultrapassar o limite de proporcionalidade do material. 17 PONTOS IMPORTANTES Em razão da propriedade complementar do cisalhamento, a distribuição da tensão de cisalhamento linear no interior do plano da seção transversal também é distribuída ao longo de um plano axial adjacente do eixo. A fórmula da torção é baseada no requisito de que o torque resultante na seção transversal seja igual ao torque produzido pela distribuição linear da tensão de cisalhamento em torno da linha central longitudinal do eixo. É necessário que o eixo ou tubo tenha seção transversal circular e que seja feito de material homogêneo de comportamento linear elástico. 18 O eixo está apoiado em dois mancais e sujeito a três torques. Determine a tensão de cisalhamento desenvolvida nos pontos A e B localizados na seção a–a do eixo. Exemplo 5.3 Solução: Pelo diagrama de corpo livre do segmento esquerdo, 𝐽 = 𝜋 2 75 4 = 4,97 × 107 mm4 mmkN 250.10000.3250.4 ;0 ==−−= TTM x O momento polar de inércia para o eixo é Visto que A se encontra em ρ = c = 75 mm, ( )( ) (Resposta) MPa 89,1 1097,4 75250.1 7 = == J Tc A Da mesma forma, para B, em ρ =15 mm, temos ( )( ) (Resposta) MPa 377,0 1097,4 15250.1 7 = == J Tc B 5.3 Transmissão de potência Eixos e tubos de seções transversais circulares são frequentemente usados para transmitir potência desenvolvida por uma máquina. Quando usados para essa finalidade, estão sujeitos a torques que dependem da potência gerada pela máquina e da velocidade angular do eixo. Potência é definida como o trabalho realizado por unidade de tempo. 21 5.3 Transmissão de potência O trabalho transmitido por um eixo rotativo é igual ao produto entre o torque aplicado e o ângulo de rotação. Portanto, se durante um instante dt um torque aplicado T provocar a rotação 𝑑𝜃 no eixo, então a potência instantânea será 𝑃 = 𝑇𝑑𝜃 𝑑𝑡 Visto que a velocidade angular do eixo ω = 𝑑𝜃/𝑑𝑡, também podemos expressar a potência como 22 TP= 5.3 Transmissão de potência No SI, a potência é expressa em watts quando o torque é medido em newtons-metro (1 N . m) e 𝜔 é expressa em radianos por segundo (rad/s) (1W = 1 N . m/s). Quando se trata de máquinas rotativas, costuma-se informar a frequência de rotação de um eixo, f. Frequência é a medida do número de revoluções ou ciclos que o eixo faz por segundo e é expressa em hertz ( 1Hz = 1 ciclo/s). Visto que 1 ciclo = 2 𝜋 rad, então 𝜔 = 2𝜋𝑓 23 5.3 Transmissão de potência A equação de potência é: Para o projeto do eixo, o parâmetro de projeto ou parâmetro geométrico é: 24 fTP 2= adm T c J = Um eixo maciço de aço AB será usado para transmitir 3.750 W do motor M ao qual está acoplado. Se o eixo girar a ω = 175 rpm e o aço tiver uma tensão de cisalhamento admissível τadm = 100 MPa, determine o diâmetro exigido para o eixo com precisão de mm. Exemplo 5.5 Solução: O torque no eixo é Nm 6,204 60 2175 750.3 = = = TT TP Assim, ( )( ) ( ) mm 92,10 100 000.16,20422 2 3/13/1 adm adm 4 = = = == T c T c c c J Visto que 2c = 21,84 mm, selecione um eixo com diâmetro 22 mm. 27 28 29 • Às vezes, o projeto de um eixo depende de restrições à quantidade de rotação ou torção que pode ocorrer quando o eixo é submetido a um torque. • Saber calcular o ângulo de torção para um eixo é importante quando analisamos as reações em eixos estaticamente indeterminados. • Consideraremos que o eixo tem seção transversal circular que pode variar gradativamente ao longo de seu comprimento e que o material é homogêneo e se comporta de maneira linear elástica quando o torque é aplicado. 5.4 Ângulo de torção • Desprezaremos as deformações localizadas que ocorrem nos pontos de aplicação dos torques e em locais onde a seção transversal muda abruptamente. • Usando o método das seções, isolamos do eixo um disco diferencial de espessura dx localizado na posição x. • O torque interno resultante é representado por T(x), visto que o carregamento externo pode acarreyar variação no torque interno ao longo da linha central do eixo. 5.4 Ângulo de torção • A ação de T(x) provocará uma torção no disco, de tal modo que a rotação relativa de uma das faces em relação à outra será dΦ. • O resultado é que um elemento de material localizado em um raio arbitrário ρ no interior do disco sofrerá uma deformação por cisalhamento ϒ. • Os valores de 𝛾 e 𝑑𝜙 são relacionadas pela equação: 𝑑𝜙 = 𝛾 𝑑𝑥 𝜌 5.4 Ângulo de torção • Visto que a lei de Hooke (𝜏 = 𝐺𝛾) se aplica e que a tensão de cisalhamento pode ser expressa em termos do torque aplicado pela fórmula de torção 𝜏 = 𝑇(𝑥)𝜌 𝐽 𝑥 𝐺 . • Substituindo essa equação na equação anterior 𝑑𝜙 = 𝛾 𝑑𝑥 𝜌 • Temos, 5.4 Ângulo de torção dx GxJ xT d )( )( = • Integrando em todo o comprimento L do eixo, temos • Considerando que o material é homogêneo, G é constante, logo ( ) ( ) = L GxJ dxxT 0 Φ = ângulo de torção de uma extremidade do eixo em relação à outra extremidade,medida em radianos. T(x) = torque interno J(x) = momento polar de inércia do eixo G = módulo de elasticidade ao cisalhamento JG TL = 5.4 Ângulo de torção • A convenção de sinal é determinada pela regra da mão direita. • O torque e o ângulo serão positivos desde que o polegar esteja direcionado para for a do eixo quando os dedos o envolverem para dar a tendência da rotação. 5.4 Ângulo de torção PONTOS IMPORTANTES O ângulo de torção é determinado pela relação entre o torque aplicado e a tensão de cisalhamento dada pela fórmula da torção, 𝜏 = 𝑇𝜌 𝐽 , e pela relação entre a rotação relativa e a deformação por cisalhamento dada pela equação 𝑑𝜙 = 𝛾𝑑𝑥/𝜌. Por fim, essas equações são combinadas pela lei de Hooke, 𝜏 = 𝐺𝛾, o que dá como resultado a equação 36 ( ) ( ) = L GxJ dxxT 0 PONTOS IMPORTANTES Visto que a lei de Hooke é usada no desenvolvimento da fórmula para o ângulo de torção, é importante que os torques aplicados não provoquem escoamento do material e que o material seja homogêneo e se comporte de maneira linear elástica. 37 Os dois eixos maciços de aço estão interligados por meio das engrenagens. Determine o ângulo de torção da extremidade A do eixo AB quando é aplicado o torque 45 Nm. Considere G = 80 GPa. O eixo AB é livre para girar dentro dos mancais E e F, enquanto o eixo DC é fixo em D. Cada eixo tem diâmetro de 20 mm. Exemplo 5.8 39 Solução: Do diagrama de corpo livre, ( ) ( ) Nm 5,22075,0300 N 30015,0/45 == == xD T F O ângulo de torção em C é 𝜑𝐶 = 𝑇𝐿𝐷𝐶 𝐽𝐺 = +22,5 1,5 Τ𝜋 2 0,010 4 80 10 9 = +0,0269 rad Visto que as engrenagens na extremidade estão engrenadas, ( ) ( )( ) rad 0134,0075,00269,015,0 =B Visto que o ângulo na extremidade A em relação ao extremo B do eixo AB causada pelo torque de 45 Nm, ( )( ) ( )( ) ( ) rad 0716,0 1080010,02 245 94/ += + == JG LT ABAB BA A rotação da extremidade A é portanto (Resposta) rad 0850,00716,00134,0/ +=+=+= BABA 42 5.5 Elementos estaticamente indeterminados carregados com torque Um eixo carregado com torque pode ser classificado como estaticamente indeterminado se a equação de equilíbrio de momento aplicada em torno da linha central do eixo não for adequada para determinar os torques desconhecidos que agem no eixo. 43 5.5 Elementos estaticamente indeterminados carregados com torque Um exemplo dessa situação é mostrado na figura 5.24 (a) Como mostra o diagrama do corpo livre (figura 5.24 (b), os torques de reação nos apoios A e B são desconhecidos. Exige-se que: σ𝑀𝑥 = 0; 𝑇 − 𝑇𝐴 − 𝑇𝐵 = 0 Visto que há somente uma equação de equilíbrio relevante, porém duas incógnitas, esse problema é estaticamente indeterminado. 44 5.5 Elementos estaticamente indeterminados carregados com torque Para se obter uma solução, utilizaremos o método de análise discutido na seção 4.4. A condição de compatibilidade necessária, ou a condição cinemática, exige que o ângulo de torção de uma extremidade do eixo em relação à outra extremidade seja igual a zero, visto que os apoios nas extremidades são fixos. Portanto, 𝜙𝐴/𝐵 = 0 45 5.5 Elementos estaticamente indeterminados carregados com torque Para escrever essa equação em termos dos torques desconhecidos, consideraremos que o material se comporta de maneira linear elástica, de modo que a relação entre a carga e deslocamento é expressa por 𝜙 = 𝑇𝐿 𝐽𝐺 46 O eixo maciço de aço mostrado na figura abaixo tem diâmetro de 20 mm. Se for submetido aos dois torques, determine as reações nos apoios fixos A e B. Solução: Examinando o diagrama de corpo livre, (1) 0500800 ;0 =−−+−= Abx TTM Visto que as extremidades do eixo são fixas, .0/ =BA Usando a convenção de sinal, ( ) ( )( ) ( ) (2) 7502,08,1 0 3,05,15002,0 −=− =+ + + − BA AAB TT JG T JG T JG T Resolvendo as equações 1 e 2, obtemos TA = –345 Nm e TB = 645 Nm. Exemplo 5.11 48 49 5.6 Eixos maciços não circulares Eixos cujas seções transversais não são circulares não são simétricos em relação às respectivas linhas centrais e, como a tensão de cisalhamento é distribuída de um modo muito complexo nas seções transversais, elas ficarão abauladas ou entortarão quando o eixo sofrer torção. Uma consequência dessa deformação é que a análise da torção de eixos não circulares se torna consideravelmente complicada e não será estudada neste livro. 50 5.6 Eixos maciços não circulares Entretanto, por análise matemática baseada na teoria da elasticidade, é possível determinar a distribuição da tensão de cisalhamento no interior de um eixo de seção transversal quadrada. Os resultados da análise para seções transversais quadradas, juntamentecom outros resultados da teoria da elasticidade para eixos com seções transversais triangulares e elípticas são apresentados na tabela 5.1 Em todos os casos, a tensão de cisalhamento máxima ocorre em um ponto na borda da seção transversal mais próxima da linha central do eixo. 51 5.6 Eixos maciços não circulares Na tabela 5.1, esses pontos são indicados como “pontos” em negrito e bem visíveis nas seções transversais. A tabela também dá fórmulas para o ângulo de torção de cada eixo. 52 • A tensão de cisalhamento máxima e o ângulo de torção para eixos com seção transversal não circular são: Eixos maciços não circulares L O eixo de alumínio 6061-T6 tem área de seção transversal na forma de um triângulo equilátero. Determine o maior torque T que pode ser aplicado à extremidade do eixo se a tensão de cisalhamento admissível for τadm = 56 MPa e o ângulo de torção na extremidade estiver restrito a Φadm = 0,02 rad. Qual é a intensidade do torque que pode ser aplicado a um eixo de seção transversal circular feito com a mesma quantidade de material? Gal = 26 GPa. Exemplo 5.13 Solução: Por inspeção, o torque interno resultante em qualquer seção transversal ao longo da linha central do eixo também é T. ( )( ) ( ) (Resposta) Nm 12,24 102640 102,146 ,020 ; 46 Nm 2,779.1 40 20 56 ; 20 34 3 al 4adm 33adm === === T T Ga T T T a T Por comparação, o torque é limitado devido ao ângulo de torção. ( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( ) (Resposta) Nm 10,33 102685,142/ 102,1 02,0 ; Nm 06,288 85,142/ 85,14 56 ; 34 3 al adm 4adm === === T T JG TL T T J Tc Para seção transversal circular, temos ( )( ) mm 85,1460sen4040 2 1 ; 2triângulocírculo === ccAA As limitações de tensão e ângulo de torção exigem Novamente, o ângulo de torção limita o torque aplicado. 57 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas Tubos de paredes fina de forma não circular são usados frequentemente para construir estruturas leves como as utilizadas em aviões. Em algumas aplicações, elas podem ser submetidas a um carregamento de torção. 58 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas A figura mostra um pequeno trecho de tubo de comprimento finito s e largura diferencial dx. Em uma extremidade, o elemento tem espessura tA e na outra extremidade, a espessura é tB. Devido ao torque aplicado T, uma tensão de cisalhamento é desenvolvida na face frontal do elemento. 59 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas Especificamente, na extremidade A, a tensão de cisalhamento é tA, e na extremidade B, é tB. Essas tensões podem ser relacionadas observando-se que tensões de cisalhamento equivalentes tA e tB também devem agir sobre as laterais longitudinais de elemento. Visto que essas laterais longitudinais têm espessuras constantes, tA e tB, as forças que agem sobre elas são: 60 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas O equilíbrio de força exige que essas forças sejam de igual valor, mas em direções opostas, de modo que: O produto entre a tensão de cisalhamento longitudinal média e a espessura do tubo é a mesma em cada ponto na área de seção transversal do tubo. Esse produto é denominado fluxo de cisalhamento, q. 61 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas 62 • Fluxo de cisalhamento q é produto entre a espessura do tubo e a tensão de cisalhamento longitudinal média. • Esse valor é constante em todos os pontos ao longo da seção transversal do tubo. • O resultado é que a maior tensão de cisalhamento média na seção transversal ocorre no local onde a espessura do tubo é a menor. tq méd= 5.7 Tubos de parede fina com seções transversais fechadas 63 • A tensão de cisalhamento média para tubos com paredes finas é • Para o ângulo de torção, mtA T 2 méd = τméd = tensão de cisalhamento média T = torque interno resultante na seção transversal t = espessura do tubo Am = área média contida no contorno da linha central = t ds GA TL m 24 PONTOS IMPORTANTES Fluxo de cisalhamento q é o produto entre a espessura do tubo e a tensão de cisalhamento média. Esse valor é constante em todos os pontos ao longo da seção transversal do tubo. O resultado é que a maior tensão de cisalhamento média na seção transversal ocorre no local onde a espessura do tubo é a menor. 64 PONTOS IMPORTANTES O fluxo de cisalhamento e a tensão de cisalhamento média agem tangencialmente à parede do tubo em todos os pontos e em uma direção tal que contribuem para o torque resultante. 65 Um tubo quadrado de alumínio tem as mesmas dimensões. Determine a tensão de cisalhamento média no tubo no ponto A se ele for submetido a um torque de 85 Nm. Calcule também o ângulo de torção devido a esse carregamento. Considere Gal = 26 GPa. Exemplo 5.16 Solução: Por inspeção, o torque interno é T = 85 Nm. ( ) ( )( ) (Resposta) N/mm 7,1 500.2102 1085 2 2 3 méd === mtA T Para tensão de cisalhamento média, 22 mm 500.250 ==mAA área sombreada é . ( )( )( ) ( ) ( ) ( ) −−=== ds ds t ds GA TL m 14 32 33 2 mm 10196,0 101026500.24 105,11085 4 Para ângulo de torção, A integral representa o comprimento em torno da linha central do contorno do tubo. Assim, ( ) ( ) ( ) (Resposta) rad 1092,350410196,0 34 −− == 5.8 Concentração de tensão A fórmula de torção, 𝜏𝑚á𝑥 = 𝑇𝑐 𝐽 , pode ser aplicada a regiões de um eixo que tenham seção transversal circular constante ou ligeiramente cônica. Quando surgem mudanças repentinas na seção transversal, a distribuição da tensão de cisalhamento e da deformação por cisalhamento no eixo tornam-se complexas e só podem ser obtidas por meios experimentais ou, possivelmente, por análise matemática baseada na teoria da elasticidade. 69 5.8 Concentração de tensão Três descontinuidades comuns em seções transversais que ocorrem na prática são mostradas abaixo: 70 Acoplamentos, são utilizados para interligar dois eixos colineares. Rasgos de chaveta, usados para conectar engrenagens ou polias a um eixo. Filetes de redução, utilizados para fabricar um único eixo colinear de dois eixos com diâmetros diferentes. 5.8 Concentração de tensão Para que o engenheiro não precise executar uma análise complexa de tensão em uma descontinuidade do eixo, a tensão de cisalhamento máxima pode ser determinada para uma geometria especificada com a utilização de um fator de concentração de tensão por torção, K. 71 • O fator de concentração de tensão por torção, K, é usado para simplificar a análise complexa da tensão. • A tensão de cisalhamento máxima é determinada pela equação: J Tc K=máx 5.8 Concentração de tensão PONTOS IMPORTANTES Concentrações de tensão em eixos ocorrem em pontos de mudança repentina na área da seção transversal, tal como acoplamentos, rasgos de chaveta e filetes de rebaixo. Quanto mais severa a mudança, maior a concentração de tensão. Para projeto ou análise, não é necessário conhecer a exata distribuição da tensão de cisalhamento na seção transversal. Em vez disso, é possível obter a tensão de cisalhamento máxima com a utilização do fator de concentração de tensão, K, determinado por meios experimentais e função somente da geometria do eixo. 73 PONTOS IMPORTANTES Em geral, a concentração de tensão em um eixo dúctil submetido a torque estático não terá de ser considerada no projeto; todavia, se o material for frágil ou sujeito a carregamentos de fadiga, as concentrações de tensão tornam- se importantes. 74 O eixo em degrau está apoiado nos mancais em A e B. Determine a tensão máxima no eixo resultante dos torques aplicados. O filete na junção de cada eixo tem raio r = 6 mm. Exemplo 5.18 76 Solução: Por inspeção, o equilíbriode momento em torno da central do eixo é satisfeito. ( ) ( ) ( ) 15,0 202 6 ;2 202 402 ==== d r d D ( ) ( )( ) (Resposta) MPa 10,3 020,02 020,030 3,1 4máx = == J Tc K O fator de concentração de tensão pode ser determinado pela geometria do eixo: Assim, K = 1,3 e a tensão máxima é • Considerando a ação da tensão de cisalhamento sobre um elemento de área dA localizado a uma distância p do centro do eixo, • A distribuição da tensão de cisalhamento sobre uma linha radial em um eixo é sempre linear. • Comportamento perfeitamente plástico considera que a distribuição da tensão de cisalhamento seja constante e que o eixo continuará a torcer sem nenhum aumento no valor do torque. • Esse torque é denominado torque plástico. dT A 2 2 = 5.9 Torção inelástica Um eixo maciço circular tem raio de 20 mm e comprimento de 1,5 m. A figura mostra um diagrama elástico-plástico do material. Determine o torque necessário para torcer o eixo de Φ = 0,6 rad. Exemplo 5.20 Solução: A máxima deformação por cisalhamento ocorre na superfície do eixo, ( ) ( ) rad 008,0 02,0 5,1 6,0 ; máx máx === L mm 4m 004,0 008,0 02,0 0016,0 e e === Baseado na distribuição da deformação por cisalhamento, temos O raio do núcleo elástico pode ser obtido por ( ) ( ) ( ) (Resposta) kNm 25,1004,002,04 6 1075 4 6 33 6 3 e 3e =−=−= cT
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