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Introdução: Dor abdominal não traumática, causada por uma condição inflamatória ou infecciosa gastrointestinal. Costuma cursar com manifestações de peritonite e alterações de ritmo intestinal. Peritonite: inflamação da serosa que recobre as paredes internas e vísceras abdominais. Alguns sinais de peritonite: distensão/rigidez abdominal, sensibilidade abdominal, náuseas e vômitos. - Peritonite visceral: dor difusa e mal localizada - Peritonite parietal: dor localizada contínua e intensa Principais etiologias: - Apendicite aguda - Colescistite aguda - Pancreatite aguda (causa biliar: sexo feminino/causa alcóolica: sexo masculino) - Diverticulite aguda (> 50 anos) Apendicite Aguda ANATOMIA Apêndice não pode ser maior que 7mm, caso contrário é sinal de caracterização de apendicite. Surge como dilatação do ceco por volta da 6ª semana de gestação e começa a ser melhor diferenciado por volta da 8ª Ocorre uma obstrução da luz que pode ser por: o Fecalito o Hiperplasia linfoide o Outros Após a obstrução, teremos um aumento de pressão intramural levando a distensão, resultando em: o Dor periumbilical – peritônio visceral (dor vaga, inespecífica) Com a distensão do apêndice, há uma colabação dos pequenos vasos e se nada for feito entre 12-24h, a drenagem venosa será prejudicada, resultando em isquemia que gerará: o Dor em fossa ilíaca direita – peritônio parietal E conforme a isquemia progride, teremos perfuração que poderá formar: o Abscesso periapendicular ou pélvico (a perfuração pode ser livre fazendo uma peritonite difusa) Diagnóstico diferencial: o Adenite mesentérica: Crianças, após infecção viral. o Gastroenterite aguda o Intussuscepção intestinal o Diverticulite de Meckel o Doença inflamatória intestinal (Ex. Crohn) o Torção testicular o Nefrolitíase o ITU Mulheres o Mittelschmerz o Endometriose o Torção ovariana o Gravidez ectópica o Doença inflamatória pélvica Idoso o Diverticulite aguda o Doença maligna Apresentação clínica: o Dor periumbilical que migra para FID. o Anorexia, náuseas, vômitos, febre, disúria.... - geralmente todo paciente com apendicite começa perdendo apetite, evoluindo para febre, vômitos e etc Sinais clássicos o Blumberg: dor à descompressão brusca no ponto de McBurney o Rovsing: compressão na FIE e o paciente relata dor na FID (o intuito é empurrar o ar) o Dunphy: pedir pro paciente tossir e ao fazer isso, este relata dor. o Lenander: diferença acima de 1ºC entre a temperatura axilar e retal (mulher com inflamação pélvica também pode dar positivo nesse teste) Exame físico (aspecto): Geralmente pacientes com aparência debilitada... imóveis... com taquicardia, desidratação leve e febre baixa (<38,5ºC) Diagnóstico é.. o CLÍNICO Se alta probabilidade (homem, idade, história clássica) - Se probabilidade média (criança, idoso, mulher) → Exame de imagem o Se suspeita de complicação (massa ou apresentação tardia > 48h) → Exame de imagem o Crianças e gestantes: preferência para USG a fim de evitar radiação que sai na TC. o Homem ou mulher não gestante: Tomografia Computadorizada Tratamento imediato é.... CIRÚRGICO.... Se... o Simples e precoce (<48h) → Apendicectomia + ATB profilático o Complicação ou tardia (>48h) → IMAGEM Não complicada = apendicite simples (mesmo tratamento) Complicada = Abscesso = Drenagem do abscesso + ATB + colono depois de 4- 6 semanas. Então, consideraremos uma apendicectomia tardia (A colono nos permitirá excluir a ideia de CA) Fleimão (espessamento peritoneal que ainda não formou um abscesso) = ATB + colono depois de 4-6 semanas e depois, considerar apendicectomia tardia Escore de Alvarado Estima o risco de uma dor abdominal ser apendicite 0-3 = DX Improvável 4-6 = DX Provável – Conduta: Observação por 12 horas. Se o escore estiver mantido, indica-se cirurgia. (Lembrem-se: Cabe exame de imagem) >=7 = DX Muito provável – Conduta: Apendicectomia. Cirurgia: fazer a ligação da artéria mesoapendicular. Doença diverticular dos cólons Diverticulose: Presença de divertículo nos cólons! o Falso divertículo: expulsa mucosa e submucosa o Ocorre na entrada da vasa recta (região de fragilidade) o Ocidente, aumento da pressão dos cólons, aumento de idade, assintomático; Diagnóstico (frequentemente achado de exame) o Colonoscopia o Clister opaco Normalmente divertículo inflama ou sangra! Diverticulite aguda Diverticulite aguda: “Apendicite à esquerda”? Fisiopatologia Microperfurações → Abscesso pericólico Clínica o “Apendicite aguda à esquerda”: o Aumento da idade, recorrente, há alguns dias Diagnóstico Tomografia computadorizada → Padrão-ouro Atenção: Evitar a Colonoscopia e edema na inflamação A colono pode ser realizada, exceto se estiver na fase aguda, pois pode perfurar o vertículo. Mas após 4-6 semanas pode ser feita, a fim de afastar suspeitas de CA. Classificação de Hinchey I: Abscesso pericólico Ia: Fleimão (espessamento) Ib: Abscesso pericólico II: Abscesso pélvico ou à distância III: Peritonite purulenta IV: Peritonite fecal Tratamento o Sempre há ABTerapia o Sempre faz colonoscopia → em 4 a 6 semanas. Tratamento.... Pergunte: Há complicação? - Não o Sintomas mínimos (dor, febrícula, mas se alimenta): Dieta líquida + ATB VO – ambulatório o Sintomas exuberantes (Febre alta; Não se alimenta): Dieta zero + ATB IV – internação (Pacientes que não possuem complicação, pode-se operar se tiver indicação). - Sim (I/II – ABSCESSO III/IV – PERITONITE OU OBSTRUÇÃO) o Abcesso >= 4cm: Drenagem + ATB + colonoscopia em 4-6 semanas + cirurgia eletiva o Peritonite ou obstrução: ATB + cirurgia de urgência (Cir. de Hartmann) - Novidade → Hinchey III (Peritonite purulenta) pode ser realizado lavagem laparoscópica E nos pacientes que não possuem complicação.... Operamos? Tratamento cirúrgico eletivo para diverticulite aguda não complicada... Indicações: o Imunodeprimidos o Não há como excluir CA o Fístula (bexiga) Sigmoidectomia à Hartmann o Sigmoidectomia + colostomia terminal + fechamento retal o Cirurgia Eletiva: Ressecção com anastomose primária Pancreatite aguda Etiologias (Causas) Biliar – 30-60% Alcoólica – 15-30% Outras: Drogas (AZA, didanosina...), pós-CPRE, idiopática, pâncreas divisum, escorpião (Tytius trinitati). Diagnóstico (Critérios de Atlanta – 2/3) Clínica: Dor abdominal em barra/faixa; náusea; vômitos; íleo paralítico (parada de eliminação de fezes e flatos e redução dos ruídos hidroaéreos) Laboratório: amilase e lipase (>3x LSN) (A amilase sérica eleva-se de forma mais precoce, normalizando após 48h, enquanto a lipase eleva-se mais tardiamente e os níveis permanecem altos por mais tempo) Imagem: tomografia + USG (colelitíase) Pode apresentar sinais em casos severos e mais tardios, evidenciando hemorragia retroperitoneal, como: o Sinal de Cullen: equimoses e hematomas em região periumbilical o Sinal de Grey Turner: equimoses e hematomas em região de flancos Tomografia: o Estima a gravidade / complicações o Ideal realizar após 3 dias o Quando há dúvida diagnóstica ou casos graves Classificação: Leve x Grave Ranson >= 3 pontos → PA grave o Avaliado na enfermaria o Não responde de imediato Atenção... Não fazem parte: amilase, lipase e bilirrubina. Apache II >=8 pontos = Grave → imediatamente, CTI; o PCR > 150mg/ml (> 48 horas) Revisão dos critérios de Atlanta (2012) para gravidade – Schwartz o Leve: Sem falência orgânica ou complicações; o Moderadamente Grave: Falência orgânica transitória (<48h) ou complicação local isolada; o Grave: Falência orgânica persistente (>48h) Tratamento Leve o Suporte → Dieta zero, analgesia, HV, correção de DHEAB Grave o CTI o Analgesia o HV → reanimação volêmica (diurese>0,5 ml/kg/h) o Suporte nutricional → enteral vs NPT o Antibiótico ???? Não..... Imipenem se necrose > 30% ??? o Vias biliares ??? → CPRE em colangite ou icterícia Complicações (Sem necrose) → Pancreatite Aguda Intersticial Coleção fluida aguda (30-50%) o CD: Expectante. o Se na evolução evolui com infecção... Punção + ATB. Pseudocisto pancreático (15%) – Revestimento não epitelizado! o Surge em 4 a 6 semanas (aumento da amilase ou massa palpável em epigástrio) o CD: Expectante. o Se sintomático ou complicação = Drenagem por EDA Complicações (Com necrose) Necrose pancreática (Estéril ou Contaminada?) o Estéril Expectante o Infectada Punção + ATB (imipenem) + Necrosectomia (protelada se o paciente estiver estável) - TC: gás, sem nível hidroaéreo WON Necrose encapsulada (> 4 semanas) o CD: Expectante. o Intervenção se: Infectada, dor persistente e falha nutricional Pancreatite crônica Lesão progressiva e irreversível Causas: alcóolica ou outras (idiopático, genético, autoimune, metabólica) Manifestação clínica o Dor (come e dói) o Esteatorréia – déficit de secreção enzimática o DM – destruição das ilhotas o Icterícia, colangite → fibrose e retração do parênquima pancreático. Diagnóstico: Raramente é precoce! Histopatológico = padrão ouro Estruturais (Exames de imagem) o TC: dilatação dos ductos, atrofia do parênquima pancreático, calcificação o USG endoscópica = ótimo exame para avaliar o parênquima e permite biópsia. o CPRE = indicado quando há necessidade de intervenção endoscópica Funcionais o Secretina Tratamento Paliativo! → Suspende álcool e tabaco! o Esteatorréia Reposição oral de enzimas + IBP Dieta fracionada + ↓gordura o DM Hipoglicemiantes orais ou insulinoterapia o DOR 1) Analgesia escalonada 2) Tratamento cirúrgico se refratário 2a) Dilatação por cálculos / estenose CPRE Descompressão cirúrgica - Quando? refratário e dilatação > 7cm - Partington-Rochelle (Puestow modificado) 2b) Se cálculo/dilatação únicas: pancreatectomia segmentar 2c) Doença parenquimatosa, sem dilatação ductal → Pancreatectomia total
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