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1 Disciplina: Comportamento organizacional Autora: M.e Patrícia Affonso Gaspar Revisão de Conteúdos: M.e Monika Fritz Designer Instrucional: Vianeis Rodrigues Pereira Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgentern Ano: 2020 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar cobrança de direitos autorais. 2 Patrícia Affonso Gaspar Comportamento organizacional 1ª Edição 2020 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 Faculdade UNINA Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Monika Fritz Designer Instrucional Vianeis Rodrigues Pereira Revisão Ortográfica Alexandre Kramer Morgentern Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA GASPAR, Patrícia Affonso. Comportamento organizacional / Patrícia Affonso Gaspar. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 67 p. ISBN: 978-65-990214-5-9 1. Diversidade nas organizações. 2. Estrutura organizacional. 3. Tipos de equipe. Material didático da disciplina de Comportamento organizacional – Faculdade UNINA, 2020. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Sumário Prefácio ...................................................................................................... 07 Aula 1 – O estudo sobre o comportamento organizacional........................ 08 Apresentação da aula 1.............................................................................. 08 1.1 Introdução ao comportamento organizacional........................... 08 1.1.1 Disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento organizacional................................................................... 10 1.1.2. Principais questões e desafios no campo do comportamento organizacional................................................................... 13 1.2 Mapa conceitual da disciplina.................................................... 18 Conclusão da aula 1................................................................................... 19 Aula 2 – O indivíduo................................................................................... 20 Apresentação da aula 2.............................................................................. 20 2.1 Diversidade nas organizações................................................... 20 2.1.1 A diversidade superficial......................................................... 22 2.1.2 A diversidade profunda........................................................... 25 Conclusão da aula 2................................................................................... 33 Aula 3 – O grupo......................................................................................... 34 Apresentação da aula 3.............................................................................. 34 3.1 Atitude e comportamento........................................................... 35 3.2. Definição e classificação dos grupos....................................... 38 3.2.1 Tomada de decisões em grupo............................................... 40 3.2.2 Grupos e equipes.................................................................... 41 3.2.3 Tipos de equipes..................................................................... 44 3.3 Comunicação organizacional...................................................... 46 3.3.1 Liderança................................................................................. 47 Conclusão da aula 3................................................................................... 49 Aula 4 – A organização.............................................................................. 50 Apresentação da aula 4.............................................................................. 50 4.1 Estrutura organizacional............................................................ 51 4.1.1 Estrutura organizacional e estratégia..................................... 54 4.1.2 Estrutura organizacional e o comportamento dos funcionários................................................................................................ 57 4.2 Cultura organizacional............................................................... 58 4.2.1 Vantagens de uma cultura organizacional forte.................... 59 6 4.2.2 Desvantagens da cultura organizacional forte........................ 60 4.3 Práticas de recursos humanos.................................................. 61 Conclusão da disciplina.............................................................................. 64 Índice Remissivo......................................................................................... 65 Referências................................................................................................. 67 7 Prefácio Para administrar uma empresa no atual contexto de competitividade, é fundamental aprender a lidar com o elemento mais complexo e valioso das organizações, as pessoas. O estudo do comportamento humano é um importante recurso para os gestores encarregados de selecionar e reter os profissionais certos que sejam alinhados à cultura organizacional e capazes de desenvolver diferenciais estratégicos ou vantagens competitivas para a organização. Esta disciplina será iniciada por uma aula que contextualiza o comportamento organizacional, buscando destacar desafios e oportunidades, o que se desenvolve ao longo das três aulas seguintes em que será estudado o indivíduo, o grupo e a organização. Ao final desta disciplina, você será capaz de definir o “Comportamento Organizacional”, entender a importância da diversidade nas empresas, identificar fatores que influenciam o comportamento individual e coletivo dentro das organizações e compreender asrelações entre estratégia, cultura organizacional e práticas de Recursos Humanos. Vamos iniciar? 8 Aula 1 – O estudo sobre o comportamento organizacional Apresentação da aula 1 Nesta primeira aula desta disciplina de Comportamento Organizacional, faremos uma introdução aos estudos sobre comportamento organizacional, buscando destacar os principais desafios enfrentados nas organizações, diante do atual contexto de competitividade e globalização. Esta aula será encerrada com a apresentação do mapa conceitual das nossas aulas. 1.1 Introdução ao comportamento organizacional O comportamento organizacional é um estudo relativamente recente no campo da administração. Até o final da década de 1980, pouco se falava acerca do comportamento interpessoal nas organizações, apesar do capital humano ser reconhecidamente uma das principais fontes de vantagem competitiva para as empresas. Somente nos anos 1990, as escolas passaram a reconhecer a importância das relações interpessoais para o funcionamento e a produtividade nas organizações. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o comportamento organizacional investiga a influência dos indivíduos, grupos e estrutura organizacional sobre o comportamento dos indivíduos dentro das organizações. Na definição desses autores, a organização é uma unidade social coordenada composta por pessoas que funciona em torno de objetivos em comum. É necessário esclarecer que organizações não são somente empresas privadas com fins lucrativos, mas também escolas, hospitais, igrejas e órgãos públicos. 9 A organização Fonte:https://br.freepik.com/vetores-gratis/situacao-organizacao-empresarial_832118.h tm O objetivo dos estudos sobre comportamento organizacional é em aprimorar a eficácia organizacional, buscando analisar quatro aspectos fundamentais: A produtividade, ou seja, quanto a pessoa é capaz de produzir; O absenteísmo, ou seja, o não comparecimento ao trabalho; A rotatividade que é a constante saída e entrada de pessoas, seja de forma voluntária ou involuntária. Um alto índice de rotatividade aumenta os custos de recrutamento, seleção e treinamento; “A cidadania organizacional que significa apoiar os colegas de trabalho, tornar o ambiente agradável e evitar conflitos” (MENEGON, 2014). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a cidadania organizacional é um comportamento que não faz parte das exigências funcionais de um cargo, mas que ajuda a promover o funcionamento eficaz da organização. Além desses aspectos, a disciplina de comportamento organizacional estuda também a satisfação dos funcionários. Funcionários satisfeitos geralmente produzem mais e melhor. Além disso, diante das instabilidades econômicas e das pressões por competitividade, é necessário que as organizações se preocupem em criar condições para melhorar a qualidade de vida dos profissionais, para que eles possam permanecer engajados, otimistas e resilientes em tempos de crise. É importante ressaltar que o enfoque no bem-estar dos profissionais vem tomando força com as novas abordagens da sustentabilidade no campo da https://br.freepik.com/vetores-gratis/situacao-organizacao-empresarial_832118.h%20tm https://br.freepik.com/vetores-gratis/situacao-organizacao-empresarial_832118.h%20tm 10 administração. Atualmente, as organizações devem não somente produzir valor para os seus consumidores, mas também para todos os seus públicos diretos e indiretos, incluindo funcionários, comunidades locais e meio ambiente. O objetivo é desenvolver soluções que possam conciliar os objetivos de lucratividade da organização às necessidades de bem-estar de todos os grupos envolvidos. 1.1.1 Disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento organizacional De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o estudo do comportamento organizacional é uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de outras disciplinas, tais como a sociologia, a psicologia, a psicologia social, a antropologia e a ciência política. Embora a maioria das pessoas se considerem observadoras do comportamento humano, o estudo sistemático do comportamento busca produzir resultados baseados em evidências científicas, ou seja, a partir de dados coletados, mensurados e interpretados por meio de métodos científicos. É importante destacar, entretanto, que o método científico não permite que conclusões sejam generalizadas sem que sejam consideradas as condições situacionais. Isso quer dizer que os resultados das pesquisas sobre comportamento organizacional dependem das variáveis que compõem o contexto em que a organização está inserida. Psicologia: a psicologia é a ciência que busca explicar e, quando necessário, modificar o comportamento de seres humanos e de animais. Os profissionais que atuam nessa área de conhecimento estudam os processos de aprendizagem e a formação da personalidade, das atitudes e do comportamento. De acordo com Pesca (2011), “psicólogos que tratavam de situações que ocorriam dentro das organizacionais foram inicialmente denominados psicólogos industriais”. Esses profissionais investigavam problemas relacionados à fadiga, falta de entusiasmo e outros problemas prejudiciais à produtividade. Mais recentemente, a psicologia industrial passou a ser denominada psicologia organizacional, incluindo estudos sobre aprendizagem, percepção, 11 personalidade, emoções, treinamento, liderança, motivações, estresse e tomada de decisões (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Pesca (2011) explica que a psicologia organizacional possui seis especialidades: A psicologia pessoal: que aborda as diferenças individuais e o desempenho pessoal; Comportamento organizacional: que aborda as relações entre a estrutura organizacional e o comportamento; Ergonomia: que busca compreender a relação homem e máquina; Aconselhamento de carreira: orientações para a satisfação pessoal e profissional, atualmente popularizada pelo termo coaching; Desenvolvimento organizacional: busca diagnosticar problemas e propor soluções no sistema psicossocial e nos sistemas de trabalho; Relações industriais: refere-se às questões respectivas à empregados e empregadores, de forma que é necessário ter conhecimento da legislação trabalhista atribuído à função do psicólogo interagir com os sindicatos e mediar negociações. (Hierarquia e relações de poder). Sociologia: a sociologia estuda as bases estruturais da sociedade, as relações entre grupos e as formas pelas quais esses fatores influenciam o comportamento das pessoas. As contribuições da sociologia para o comportamento organizacional abrangem os estudos sobre a cultura organizacional e suas influências sobre os grupos que se formam dentro das organizações, como as relações entre esses grupos, dinâmicas entre equipes de trabalho, bem como a inter-relação entre a força de trabalho e a tecnologia. Psicologia social: a psicologia social é uma área da psicologia que abrange conceitos da sociologia. De acordo com Robbins, Timothy e Sobral (2010) a mudança é um dos principais temas investigados pela psicologia social dentro das organizações. A psicologia social também estuda padrões de comunicação e o processo de tomada de decisão em grupo. 12 Antropologia: é o estudo sobre valores, atitudes e comportamentos em diferentes culturas. O estudo de outras culturas ajuda a identificar e compreender aspectos que caracterizam a própria cultura. A cultura é construída a partir da história particular de cada grupo, como resultado de um processo cumulativo de transmissão de experiências. A cultura organizacional, por sua vez, corresponde aos padrões valorativos (sistema de valores) compartilhados entre os membros de uma organização. Ciênciapolítica: a ciência política estuda o comportamento dos indivíduos e das relações de poder entre os grupos. De acordo com Robbins, Timothy e Sobral (2010), as contribuições da ciência política para o comportamento organizacional abrangem estudos sobre hierarquias, relações de poder e conflitos. Contribuições das ciências do comportamento no comportamento organizacional Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010, n.p). 1.1.2. Principais questões e desafios no campo do comportamento organizacional As constantes mudanças no ambiente corporativo abrem uma série de desafios e oportunidades para os estudiosos do campo do comportamento organizacional. Atualmente, o trabalhador precisa aprender a conviver com um nível de instabilidade e de incertezas muito maior do que há 40, 30 ou até 20 13 anos atrás. Nesta seção, serão abordas algumas das questões mais sensíveis que permeiam os estudos em comportamento organizacional. Globalização e desindustrialização: para Haesbaert e Limonad (2007), o termo globalização nascido no meio jornalístico, passou a ser utilizado em diversos campos do conhecimento para caracterizar de modo generalizado a disseminação global de processos sociais e econômicos. No que se refere às relações de trabalho, a globalização transformou a estrutura das empresas, provocando mudanças profundas no dia a dia dos trabalhadores. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), é cada vez maior a quantidade de executivos que são transferidos para outras cidades e países, mesmo aqueles que permanecem em sua terra natal, passam a trabalhar com profissionais que possuem outros valores e outras culturas. Para esses autores, a globalização também obriga as empresas a rever suas estratégias de produtos e marcas, para que possam responder às diferenças culturais dos mercados de consumo em diversos países. Na indústria, a globalização trouxe uma série de impactos negativos para os trabalhadores. Devido à concorrência centrada na redução de custos, os processos de produção de diversos setores industriais foram fragmentados e transferidos para países em desenvolvimento que se tornaram competitivos devido a incentivos tributários e à exploração da mão de obra de baixo custo (GEREFFI, 1999). O deslocamento da produção para países com baixos custos salariais prejudicou a competitividade de países em desenvolvimento, como o Brasil, que possui custos de fabricação mais elevados. O resultado desse processo pode ser observado na desindustrialização (redução da quantidade e na atividade de indústrias) e na perda sistemática de postos de trabalho tanto nas fábricas quanto no setor de serviços. Santos e Silveira (2001) explicam como a globalização transformou a divisão internacional do trabalho, sobretudo nos países subdesenvolvidos, em que a lógica das grandes empresas passou a interferir na política interna e externa de cada país: Na situação anterior à globalização, as localizações eram determinadas pela presença de recursos naturais, infraestruturais 14 ou sociopolíticos que pudessem ser revertidos em vantagens comparativas. Entretanto, as normas econômicas e sociais estabelecidas pelo Estado possuíam um papel de regulação ao qual as empresas interessadas deveriam se adaptar; Com a globalização, em nome da inserção desse país na nova modernidade e no mercado global, são estabelecidas medidas que favorecem a instalação ou a permanência de empresas estrangeiras. Quando o Estado deixa de oferecer essas vantagens, as empresas não hesitam em fechar suas portas e instalar suas fábricas em outros países (SANTOS; SILVEIRA, 2001). Ainda que a redução na quantidade de empregos seja maior nos setores industriais, o setor de serviços também tem sido impactado por esse processo. Bancos, seguradoras, corretoras de valores e administradoras de fundos de investimento estão transferindo atividades como processamento de dados e operação de call centers para países como a China, Índia, Filipinas e Irlanda, para reduzir os custos de mão de obra. Para se ter uma ideia, um funcionário de call center que recebe cerca de 20 mil dólares ao ano nos Estados Unidos, pode ser contratado na Índia por US$ 2,5 mil. Saiba Mais As publicações da Organização Internacional do trabalho gozam de proteção de direitos de propriedade intelectual em virtude do protocolo 2 da Convenção Universal sobre Direitos Autorais. No entanto, pequenos trechos dessas publicações podem ser reproduzidos sem autorização, desde que a fonte seja mencionada, para saber mais acesse o link a seguir: http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf# page=42 A nova maioria: a diversidade da força de trabalho é um dos desafios mais importantes e complexos enfrentados pelas organizações. As ditas “minorias” de gênero, etnia, credo, deficiência e orientação sexual compõem o que eu chamo de “nova maioria”. Escrevo minorias entre aspas porque, na realidade, esses grupos constituem a grande maioria da população brasileira. É http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf#page=42 http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf#page=42 15 necessário que as empresas não somente assegurem a contratação de pessoas desses grupos, mas também garantam que elas não sejam discriminadas em decorrência das suas particularidades. Em alguns casos, é necessário que ocorra uma mudança na cultura organizacional para que as diferenças passem a ser respeitadas. A diversidade nas organizações Fonte: https://paranashop.com.br/2019/09/empresas-com-maior-diversidade-cultural-e- de-genero-lucram-mais/ De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a diversidade pode aumentar a criatividade e a inovação dentro das organizações, além de melhorar a tomada de decisões ao trazer novas perspectivas para os problemas. Além disso, é importante ressaltar que a diversidade também favorece a inovação. Por outro lado, se a diversidade não for administrada adequadamente, pode haver aumento da rotatividade, maior dificuldade de comunicação e uma incidência maior de conflitos interpessoais. O aprofundamento das políticas neoliberais e a segurança no emprego: a busca pela competitividade centrada na redução contínua de custos tem prejudicado, cada vez mais, os direitos trabalhistas. A dita “flexibilização” dos direitos dos trabalhadores tem permitido que as empresas ampliem a quantidade de serviços terceirizados, nos quais os profissionais passam a trabalhar sem vínculo empregatício e, portanto, sem direto a férias, plano de saúde ou décimo terceiro salário, entre outros direitos. Saiba Mais Diálogo da organização do trabalho e da produção: trata dos efeitos das novas tecnologias da produção, de gestão da https://paranashop.com.br/2019/09/empresas-com-maior-diversidade-cultural-e-de-genero-lucram-mais/ https://paranashop.com.br/2019/09/empresas-com-maior-diversidade-cultural-e-de-genero-lucram-mais/ 16 produção e da comoditização digital nos mercados de trabalho, especialmente dos países em desenvolvimento. Analisa, ainda, o caso do Brasil. Para saber mais, acesse o link a seguir: http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf# page=34 Hoje, cada vez mais, os profissionais trabalham em um clima de impermanência e insegurança. As funções vêm sendo continuamente redesenhadas e as atividades vêm sendo realizadas por equipes temporárias. No passado, os funcionários eram contratados para atuar em um grupo de trabalho permanente e havia uma sensação de segurança em trabalhar sempre com a mesma equipe. Com o tempo, os grupos permanentes foram sendo substituídos por equipes temporárias, muitas vezes formadas por pessoas de diferentes departamentos. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as empresas estão constantementereorganizando suas divisões, desfazendo-se de negócios que não apresentam um bom desempenho, terceirizando operações e substituindo funcionários permanentes por temporários. Os executivos de hoje precisam aprender a lidar com a incerteza e a impermanência. Profissionais são contratados não mais para ocuparem cargos no espaço físico da empresa, mas para trabalharem sob demanda, presencialmente, ou a distância, em projetos com prazos pré-estabelecidos. Salários fixos estão sendo substituídos por remunerações esporádicas, variáveis e sem qualquer vínculo empregatício. Estresse e a busca do equilíbrio: o funcionário típico de 30 anos atrás comparecia ao trabalho de segunda a sexta-feira e cumpria uma jornada de oito a nove horas por dia. O local de trabalho e os horários eram claramente especificados. Hoje, essa rotina está deixando de existir. Os profissionais se queixam cada vez mais de que a linha entre o trabalho e a vida pessoal está desaparecendo, aumentando os conflitos pessoais e o estresse. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), há uma série de fatores que contribuem para essa situação. Em primeiro lugar, os mercados se tornaram globais e isso significa que o mundo do trabalho nunca dorme. A qualquer hora, em qualquer dia, milhares de funcionários de empresas globais estão http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf#page=34 http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf#page=34 17 trabalhando em algum lugar. Se, por um lado, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) permitem que as pessoas trabalhem em casa, no carro ou em uma praia, por outro, elas aumentam a pressão para que os profissionais estejam disponíveis em qualquer lugar e a qualquer hora. Além disso, poucas famílias são sustentadas por apenas um trabalhador. Os funcionários de hoje, em sua maioria, integram um casal de trabalhadores que não possuem tempo livre para atender a compromissos domésticos, conjugais ou com os filhos, parentes e amigos. Os trabalhadores percebem que o trabalho vem tomando cada vez mais espaço de suas vidas pessoais e não estão satisfeitos com isso. Estudos recentes sugerem que os trabalhadores desejam empregos com mais flexibilidade de horários para que eles possam compatibilizar a vida pessoal e a profissional. Além disso, as novas gerações estão menos dispostas a “viver para o trabalho”, a exemplo do que fizeram as gerações anteriores. As pesquisas com profissionais jovens têm revelado que o “equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional” tornou-se um aspecto mais importante do que a “segurança no emprego”. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as organizações que não souberem ajudar seus profissionais a atingirem esse equilíbrio terão dificuldades para atrair e reter talentos. 1.2 Mapa conceitual da disciplina A disciplina de comportamento organizacional foi organizada em três níveis: Estudos sobre o nível individual; Estudos sobre o nível de grupo; Estudos sobre o nível de sistemas organizacionais. Os três níveis básicos correspondem a blocos de construção, sendo que cada nível é construído sobre o anterior. Dessa forma, é necessário 18 compreender o nível do indivíduo para que se possa estudar o nível do grupo e é necessário compreender o nível do grupo para que se possa estudar o nível da organização. Mapa conceitual Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010. n.p). Cada nível contém uma série de variáveis. No nível individual, deve-se considerar as variáveis que influenciam o comportamento de cada profissional. As primeiras características a serem consideradas são aquelas que já estão definidas quando o indivíduo é contratado pela empresa, ou seja, dificilmente serão alteradas pelo esforço de gerenciamento. As características demográficas ou pessoais são formadas por: idade, sexo e estado civil, em seguida, serão consideradas as habilidades, a personalidade, os valores e as atitudes. Em seguida, será estudado o nível do grupo. No nível de grupo, será visto como as pessoas em um grupo são influenciadas pelas expectativas dos outros, pelos padrões de comportamento do grupo e pelas afinidades. Assim como os padrões de comunicação afetam o comportamento do grupo. No nível do sistema organizacional, estudaremos a cultura organizacional e suas relações com a estrutura organizacional e as práticas e políticas de gestão de pessoas (RH). Para Robbins, Timothy e Sobral (2010), da mesma forma que os grupos são mais complexos do que a soma de seus membros 19 individuais, a organização também é mais complexa do que a soma dos grupos que a compõem. Conclusão da aula 1 Chegamos ao final da primeira aula de Comportamento Organizacional. Nesta aula, abordou-se a importância de se estudar o comportamento organizacional, considerando que o capital humano é uma das principais fontes de vantagem competitiva para as empresas. Foi visto também que as constantes mudanças no ambiente corporativo impõem uma série de desafios para a vida profissional. Atualmente, o trabalhador precisa aprender a conviver com um nível de instabilidade e de incertezas muito maior do que na geração dos seus pais. Diante das instabilidades econômicas e das pressões por competitividade, é necessário que as organizações se preocupem em criar condições para melhorar a qualidade de vida dos profissionais para que eles possam permanecer engajados, otimistas e resilientes em tempos de crise. Atividade de Aprendizagem Descreva quais são as suas expectativas para a sua carreira, considerando os seguintes aspectos: a) Tipo de empresa que deseja trabalhar; b) Em qual função ou departamento deseja trabalhar; c) Aspectos que mais valoriza em um emprego; d) Jornada de trabalho, remuneração e nível de instabilidade. Aula 2 – O indivíduo Apresentação da aula 2 20 Nesta segunda aula será estudado a questão da diversidade nas organizações. Veremos que a correta gestão da diversidade contribui para o desenvolvimento de vantagens competitivas. Além disso, você estudará as características individuais dos profissionais, buscando analisar fatores como características demográficas, habilidades, valores e personalidade. Será estudado que o desempenho profissional é maior quando indivíduo é alocado em empresas e atividades de combinem com seus valores, personalidade e habilidades. 2.1 Diversidade nas organizações De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a gestão eficaz da diversidade pode trazer uma série de benefícios às empresas. Quanto maior a diversidade, maior a variedade de habilidades, competências e ideias. Uma força de trabalho diversificada produz empresas mais capacitadas para atender um mercado consumidor igualmente diversificado. Além disso, conhecer as diferenças entre as pessoas é fundamental para os gestores que buscam evitar problemas de comunicação, mal-entendidos e conflitos. A diversidade nas organizações pode ser compreendida pela variedade das características demográficas, psicográficas e comportamentais entre os indivíduos de uma organização. Em um nível mais superficial, a diversidade abrange as características demográficas que podem ser observadas em diferentes idades, gêneros e etnias. Em um nível mais profundo, a diversidade corresponde às diferenças psicográficas, comportamentais e de valores entre os indivíduos. Além da vantagem da variedade de ideias, a empresa que implementa políticas e práticas de proteção às minorias também passa a ser vista como defensora dos direitos humanos. Essa é uma qualidade que valoriza a empresa em termos de sustentabilidade e que pode ser transferida para os seus produtos e suas marcas em forma de diferencial. Empresas que se posicionam positivamente em relação à diversidade tendem a sermais bem vistas por mulheres e minorias étnicas, tanto na perspectiva dos consumidores quanto na perspectiva dos profissionais. Além disso, as pesquisas revelam que anúncios de recrutamento que não mostram as minorias em posição de liderança mandam 21 uma mensagem negativa sobre o clima de diversidade nas organizações (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Em uma política inteligente, talentos podem ser recrutados em todos os grupos demográficos. A retenção de talentos que representam minorias sociais depende diretamente do respeito com que esses profissionais são tratados dentro das organizações, independente de raça, gênero ou orientação sexual. Políticas e práticas em favor da diversidade estão diretamente relacionadas com o tratamento justo na contratação, na remuneração, nas promoções e no dia a dia do trabalho. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), programas pontuais tendem a ser menos eficazes em comparação com programas mais abrangentes, que abordam a questão da diversidade em diversos níveis da organização. No cenário ideal, é necessário que as empresas tenham a valorização da diversidade difundida em toda a sua cultura organizacional. Contudo, mesmo com a comprovação científica dos benefícios decorrentes da diversidade, as diferenças de remuneração entre os gêneros e entre grupos étnico-raciais persistem e ainda são imensas no Brasil. Para se ter uma ideia, o salário das mulheres é em média 20% inferior ao dos homens, sendo a OIT. Em algumas regiões brasileiras, a situação é ainda pior, atingindo o percentual de 40%. Com relação às etnias, profissionais negros e pardos ganham cerca de 52% do rendimento dos profissionais brancos, segundo dados do IBGE. Saiba Mais Igualdade de gênero, avanços e desafios: nos últimos anos tem aumentado a consciência de que homens e mulheres brancos e negros vivenciam o mundo do trabalho de forma diferenciada. As discriminações de gênero e raça são fatores que determinam fortemente as possibilidades de acesso e permanência no emprego. Para saber mais sobre o assunto, acesse o link a seguir: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro- lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_229333.pdf https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_229333.pdf https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_229333.pdf 22 Embora a discriminação seja proibida por lei, milhares de casos são denunciados a cada ano. A discriminação consiste em projetar estereótipos sobre grupos sociais ditos “minoritários”, presumindo que todas as pessoas que pertencem àquele grupo possuem os mesmos defeitos. Impedir ou dificultar o acesso equitativo às oportunidades, diferenças de remuneração para profissionais que exercem as mesmas funções, assédio sexual, intimidação e incivilidade são alguns exemplos de práticas discriminatórias. 2.1.1 A diversidade superficial As características mais óbvias pelas quais as pessoas se distinguem são sexo, idade, etnia, deficiência física e estado civil. O estudo da relação entre a idade e o desempenho do funcionário provavelmente ganhará mais importância nos próximos anos. Isso deve ocorrer porque a mão de obra está envelhecendo. Evolução da pirâmide etária no Brasil Fonte: (IBGE, 2019. n. p). Apesar de haver uma crença de que a produtividade diminui com a idade, os estudos revelam que isso ocorre, em pequena escala, com profissionais que dependem de habilidades físicas e motoras. No geral, funcionários mais velhos são os que menos faltam ao trabalho. Quando faltam, é porque apresentaram problemas de saúde que realmente justificam a ausência. Quanto às diferenças entre os sexos, os estudos revelam que não há diferenças biológicas relevantes, capazes de afetar o desempenho no trabalho. As diferenças, na verdade, são socioculturais. As mulheres possuem um nível de absenteísmo ligeiramente mais elevado que os homens porque normalmente recai sobre elas as responsabilidades sobre os filhos e família. 23 De que forma as empresas podem minimizar esse problema? Construindo creches para as crianças pequenas e flexibilizando o horário de trabalho. Além disso, é falso afirmar que o custo da mão de obra feminina é mais elevado devido aos direitos relacionados à licença maternidade. Importante A Organização Internacional do Trabalho foi fundada em 1919, com o objetivo de promover a justiça social, contribuir para a paz universal e permanente e tem uma estrutura tripartite única entre as Agências do Sistema das Nações Unidas. Para saber mais sobre o assunto acesse o link disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro- lima/---ilobrasilia/documents /publication/wcms_233470.pdf As empresas apresentam uma enorme variação no tratamento de profissionais com diferentes orientações sexuais. Enquanto ainda há muitas empresas que utilizam práticas discriminatórias em relação a esses trabalhadores, há um número crescente de organizações interessadas em implementar políticas e práticas de proteção e apoio aos homossexuais, bissexuais e transexuais. Além de se beneficiarem da imagem positiva que a inclusão gera, essas empresas são mais inteligentes ao criarem uma política de retenção de talentos, independentemente de orientação sexual. Em relação às diferenças entre raças, os estudos revelam que não há diferenças relevantes com relação à produtividade. Entretanto, como os indivíduos tendem a favorecer pessoas da mesma etnia, negros, índios e pardos têm menos oportunidades de inserção e de ascensão nas empresas brasileiras. Também é necessário destacar que, em decorrência da nossa história e do racismo estrutural em nossa sociedade, os negros e pardos chegam ao mercado de trabalho menos qualificados que os brancos. Para reduzir esse problema, é papel das empresas criar políticas de inclusão de profissionais negros, índios e pardos, oferecer capacitação para que todos tenham condições de atingir o próprio potencial. As diferenças nas habilidades dos profissionais não devem ser apenas consentidas, mas valorizadas! Uma empresa que reúne profissionais que https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilobrasilia/documents%20/publication/wcms_233470.pdf https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilobrasilia/documents%20/publication/wcms_233470.pdf 24 possuem exatamente as mesmas habilidades dificilmente funcionaria tão bem quanto uma empresa que sabe gerenciar as diferentes habilidades. A habilidade pode ser entendida como a capacidade de um indivíduo para desempenhar determinadas tarefas. Nesse sentido, pode-se distinguir as habilidades físicas e as intelectuais. Diferentes habilidades formam uma equipe Fonte: http://www.votorantim.com.br/academia/votonews/473/sete-habilidades-criticas- para-os-trabalhos-do-futuro É importante destacar que não existe apenas um tipo de inteligência. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a inteligência pode ser melhor compreendida se for dividida em quatro tipos: cognitiva, social, emocional e cultural. A inteligência cognitiva abrange as aptidões de aprendizagem e memória, a inteligência social é a habilidade de se relacionar com os outros. A inteligência emocional refere-se à habilidade de identificar, compreender e administrar as emoções. “A inteligência cultural é a percepção das diferenças culturais” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Grupos de pessoas com diferentes habilidades e bagagens acadêmicas tendem a ser mais eficazes do que os grupos homogêneos. Grupos formados por pessoas com as mesmas características tendem a configurar aquela situação em “há muitos caciques para poucos índios”. Portanto, os grupos devemser formados por pessoas com diferentes habilidades para que possam http://www.votorantim.com.br/academia/votonews/473/sete-habilidades-criticas-para-os-trabalhos-do-futuro http://www.votorantim.com.br/academia/votonews/473/sete-habilidades-criticas-para-os-trabalhos-do-futuro 25 funcionar melhor. Cabe à empresa saber identificar e alocar as habilidades de cada profissional nas atividades mais adequadas. 2.1.2 A diversidade profunda Agora serão analisadas as características que compõem a diversidade mais profunda entre as pessoas. Imagine dois profissionais recém contratados. Ambos são homens, brancos, de 30 anos, formados em administração. O primeiro é filho de empresários do setor de serviços, valoriza a estabilidade e cultiva valores conservadores. O outro, é filho de professores universitários, é músico nas horas vagas e cultiva valores progressistas. Demograficamente, ambos pertencem aos mesmos grupos. Entretanto, as diferenças nos valores podem indicar profundas diferenças na personalidade, no comportamento e na atitude. Valores: de acordo com Menegon (2014), valores correspondem às convicções e aos princípios de cada indivíduo. A partir dessas convicções e princípios, as pessoas formam suas opiniões e moldam seus comportamentos. De forma resumida, os valores representam aquilo que o indivíduo acha que é certo. Valores representam convicções básicas e possui julgamentos, dicotomias e hierarquias, na medida em que revela a conduta que o indivíduo acredita ser correta, em comparação às condutas que ele observa em outras pessoas. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010) os valores possuem atributos de conteúdo e de intensidade, que especifica o quanto aquele aspecto é importante. O sistema de valores de um indivíduo corresponde ao mapeamento do conteúdo e da intensidade de cada valor. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), o sistema de valores identifica a importância relativa que atribuímos a valores como liberdade, prazer, espeito, honestidade, obediência e justiça. Para esses autores, os valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros. Entretanto, é possível reorganizar o sistema de valores diante de novos aprendizados e novas experiências. Os valores constituem um importante elemento de análise no estudo do comportamento organizacional, pois eles estabelecem a base para a 26 compreensão das atitudes, da motivação e da percepção das pessoas. Por que é importante entender os valores do profissional? Porque o desempenho no trabalho tende a ser mais elevado quando o profissional trabalha em uma empresa que possui os mesmos valores que os seus. Portanto, diferente das outras diversidades, os valores dos profissionais precisam estar alinhados aos valores organizacionais. Supondo, por exemplo, que um profissional seja atraído por uma empresa que se posiciona em favor da diversidade, entretanto, ao ser contratado, ele observa que a diversidade não é tão valorizada na prática. Qual será a reação provável desse profissional? Provavelmente ele se sentiria desapontado, é bem possível que, a partir dessa constatação, ele reduza o nível de comprometimento com a organização. Entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970, o psicólogo social Milton Rokeach conduziu uma pesquisa que se tornou conhecida como Rokeach Value Survey (RVS). Com base nessa pesquisa, dividiu os valores das pessoas em dois grandes grupos: os terminais e os instrumentais. Os valores terminais são as metas que o indivíduo deseja atingir ao longo da vida. Os valores instrumentais, por sua vez, são os comportamentos e os meios que o indivíduo adota para atingir esses objetivos. Valores terminais Valores instrumentais Vida confortável (próspero). Ambição (dedicação ao trabalho e aspirações). Sentido de realização (contribuição duradoura). Capacidade (competência e eficácia). Um mundo em paz (livre de guerras ou conflitos). Alegria (despreocupação e arrumação). Um mundo de beleza (beleza na natureza e nas artes). Limpeza (asseio e arrumação). Igualdade (fraternidade e oportunidades iguais para todos). Coragem (defesa de seus ideais). Segurança familiar (cuidar dos seres amados). Espírito prestativo (dedicação ao bem-estar dos demais). Liberdade (independência e liberdade de escolha). Honestidade (sinceridade e fraqueza). Felicidade (contentamento). Imaginação (ousadia e criatividade). 27 Harmonia interior (ausência de conflito interior). Lógica (coerência e racionalidade). Prazer (uma vida com alegria e lazer). Afetividade (carinho e ternura). Salvação (redenção e vida eterna). Obediência (zelo e respeito). Reconhecimento social (respeito e admiração). Polidez (cortesia e boas maneiras). Amizade verdadeira (forte companheirismo). Responsabilidade (comprometimento e confiabilidade). Valores terminais e valores instrumentais Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL (2010). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, os valores variam entre pessoas, grupos e gerações. Isso quer dizer que os valores refletem o contexto sociocultural em que o indivíduo vive. Valores geracionais correspondem aos valores cultivados por diferentes gerações. Claro que não se pode generalizar esses valores, como se todas as pessoas de determinada geração fossem exatamente iguais. Entretanto, é possível observar algumas constantes nos valores de uma determinada geração. A geração dos veteranos, que ingressou no mercado de trabalho entre 1950 e 1960, costuma cumprir os papéis tradicionais de gênero, são mais conservadores, conformados, leais e apegados à empresa em que trabalham. As três gerações predominantes do atual mercado de trabalho Fonte:https://encenasaudemental.com/comportamento/insight/conflito-de-geracoes-na- organizacao/ Já os babies boomers, que ingressaram no mercado de trabalho entre 1965 e 1985, são menos conservadores, rejeitam o velho autoritarismo e são mais leais à própria carreira. https://encenasaudemental.com/comportamento/insight/conflito-de-geracoes-na-organizacao/ https://encenasaudemental.com/comportamento/insight/conflito-de-geracoes-na-organizacao/ 28 A geração X, que ingressou no mercado de trabalho entre 1985 e 2000, é formada por profissionais mais flexíveis em relação às regras, que buscam o status profissional, gostam de trabalhar em equipe e são leais aos relacionamentos profissionais. Por fim, a geração Y, que ingressou no mercado de trabalho a partir dos anos 2000, valoriza a autoconfiança, a independência pessoal e financeira, o trabalho em equipe, a lealdade própria e aos relacionamentos profissionais. A lealdade própria se refere ao desejo de buscar a satisfação pessoal na vida profissional, ou seja, o desejo de ganhar dinheiro fazendo aquilo que gosta. Os valores diferem entre as gerações, mas diferem ainda mais entre as culturas. Diferentes culturas Fonte: http://www.americanbusinessmag.com/2011/10/how-to-build-a-sales-culture-in- your-organization/ A dimensão cultural vincula os indivíduos ao espaço, marcando semelhanças e diferenças entre as comunidades (ALBAGLI, 2004). Para Albagli (2004), cultura é um atributo que distingue o ser humano dos demais seres vivos. Geert Hofstede pesquisou mais de 116 mil funcionários da IBM em 40 países e identificou cinco dimensões de valores culturais em cada país: Distância do poder X igualdade. A distância do poder corresponde ao grau em que as pessoas de um país aceitam as distâncias hierárquicas e a concentração de poder. No lado oposto, estão os países mais democráticos em que se observa a equidade e a descentralização do poder; Individualismo X coletivismo. O individualismo refere-se ao grau em que as pessoas de um país preferem agir como indivíduos e não como 29 membros de uma comunidade. Muitospaíses asiáticos e especialmente o Japão são mais coletivistas do que individualistas; Masculinidade X feminilidade. A masculinidade representa o grau em que a cultura favorece valores tipicamente masculinos, tais como: sucesso individual, realização e concentração de poder. A feminilidade, por outro lado, representa o grau em que a cultura favorece valores tipicamente femininos, como igualdade e colaboração; Aversão às incertezas X tomadores de risco. A aversão ao risco representa as culturas em que há baixa confiança em relação à economia, os níveis de insegurança e ansiedade são elevados e as pessoas preferem segurança e previsibilidade. No lado oposto estão as culturas em que as pessoas se sentem mais livres e seguras diante de incertezas e aceitam melhor as mudanças; Orientação para longo prazo X curto prazo. Culturas orientadas para o longo prazo valorizam a persistência e as tradições. Culturas de orientação de curto prazo dão mais importância à qualidade de vida do presente. Personalidade: a definição de personalidade mais utilizada foi criada há mais de 70 anos por Gordon Allport. Para esse pesquisador, a personalidade é a organização dinâmica dos sistemas psicológicos do indivíduo que determinam o seu ajuste ao ambiente. A personalidade pode ser descrita por meio dos traços mensuráveis de um indivíduo. Por que é importante identificar os traços de personalidade do profissional? Porque a personalidade se relaciona com as habilidades do indivíduo. Além disso, o desempenho no trabalho tende a ser mais elevado quando existe a compatibilidade entre a personalidade do profissional e a “personalidade” da empresa. Dessa forma, uma pessoa de personalidade mais aberta, ou seja, criativa e que se interessa pelo o que é novo, provavelmente apresentará um desempenho melhor em uma empresa inovadora e que favorece essas características. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a personalidade é uma combinação entre fatores hereditários, ambientais e situacionais. Segundo 30 Menegon (2014), hereditariedade são traços que herdamos de nossos pais biológicos. Características físicas como altura, cor dos olhos e cabelos, são fatores hereditários. Outros pesquisadores alegam que determinados traços de personalidade podem ser hereditários, tais como medo, energia e ritmo biológico. De acordo com De Barros Laraia (1986), desde as primeiras décadas do século XX, a antropologia está convencida de que homens e mulheres são seres predominantemente culturais. Para esse autor, o comportamento humano não é biologicamente ou geograficamente determinado, mas resultado de um processo de aprendizado. Entendemos, portanto, que a hereditariedade tem um papel menor na definição da personalidade, se comparada ao ambiente em que a pessoa se desenvolve e aos fatores situacionais. Entre os fatores determinantes para a formação da personalidade estão a cultura, o aprendizado, a experiência individual, as condições da infância, a cultura familiar e os grupos de referência. Existem algumas ferramentas de autoavaliação que ajudam pessoas e empresas a identificar traços de personalidade. O Indicador de Tipos de Personalidade Myers-Briggs, ou MBTI, é um teste de cem questões que busca identificar traços de personalidade pela forma como as pessoas reagem diante de determinadas situações. Com base nas respostas dadas, o indivíduo é classificado como extrovertido ou introvertido (E ou I), sensorial ou intuitivo (S ou N, pela sigla em inglês), racional ou emocional (T ou F) e julgador ou perceptivo (J ou P). Tipos de personalidade Características Extrovertido (E) X Introvertido (I) Expansivo e sociável. X Quieto e tímido. Sensorial (S) X Intuitivo (N) Pragmático, gosta de ordem e rotina, foca detalhes. X Criativo, prefere processos inconscientes, tem visão mais ampla. Racional (T) X Emocional (F) Usa lógica e raciocínio para tomar decisões. X Usa valores pessoais e sentimentos para tomar decisões. 31 Julgador (J) X Perceptivo (P) Organizado, estruturado, gosta de ter o controle. X Flexível, espontâneo, inseguro ao tomar decisões. Tipos de personalidade Myers-Briggs Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010, n.p). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o MBTI não deve ser utilizado como teste para seleção de candidatos ao emprego, pois os resultados não revelam características que se relacionam com o desempenho no trabalho. Já o Modelo Big Five tem sido utilizado em uma quantidade crescente de pesquisas. Esse modelo identifica cinco fatores de personalidade: Extroversão: esta dimensão se refere ao nível de conforto de uma pessoa em relação aos outros. Os extrovertidos são afirmativos e sociáveis. Os introvertidos costumam ser reservados, tímidos e quietos; Afabilidade: esta dimensão refere-se à propensão de um indivíduo em acatar as ideias dos outros. As pessoas afáveis são cooperativas e receptivas. As pessoas que têm baixa pontuação nesta dimensão tendem a ser mais frias, individualistas e confrontadoras; Conscienciosidade: esta dimensão é praticamente uma medida de confiabilidade. Uma pessoa altamente conscienciosa é responsável, organizada, confiável e persistente. Aqueles que têm baixa pontuação nesta dimensão tendem a ser desorganizados e pouco confiáveis; Estabilidade emocional: esta dimensão se refere à capacidade de uma pessoa para enfrentar o estresse. As pessoas com estabilidade emocional positiva costumam ser calmas, autoconfiantes e seguras. Aqueles com pontuação negativa tendem a ser nervosos, ansiosos, deprimidos e inseguros; Abertura: a abertura refere-se ao interesse de uma pessoa pelo que é diferente e novo. Pessoas mais abertas tendem a ser criativas, curiosas e interessadas em arte. No lado oposto, estão 32 as pessoas que tendem a ser mais convencionais, conservadoras e que preferem situações familiares e previsíveis. A partir do modelo Big Five, Robbins, Judge e Sobral (2010) elaboraram a seguinte tabela com os traços que tendem a ser mais valorizados no ambiente profissional. Traço do modelo Por que é importante? O que afeta? Big Five Estabilidade emocional Menos pensamentos e emoções negativos. Menor hipervigilância. Maior satisfação das pessoas no trabalho. Menores níveis de estresse. Extroversão Melhores habilidades interpessoais. Maior dominância social. Mais expressão emocional. Desempenho Melhor. Liderança aumentada. Maior satisfação na vida e no trabalho. Abertura para experiências Aumento do nível de aprendizagem. Mais criatividade. Maior flexibilidade e autonomia. Desempenho no treinamento. Liderança aumentada. Mais adaptável a mudanças. Amabilidade Mais amado Menos contestador e mais conformado. Melhor desempenho. Níveis menores de desvios de comportamento no trabalho. Conscienciosidade Maior esforço e persistência. Mais energia e disciplina. Mais organizado e planejado. Melhor desempenho Liderança aumentada. Maior longevidade. Traços valorizados Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010, n.p). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), “a conscienciosidade está diretamente relacionada com o desempenho do profissional”. Pessoas que apresentam níveis elevados de conscienciosidade tendem a ser mais confiáveis, 33 cuidadosas, conclusivas, organizadas e persistentes, por esse motivo, apresentam um desempenho superior na maioria das profissões. Além disso, profissionais conscienciosos apresentam maior conhecimento sobre o trabalho que desempenham. Segundo esses autores, também há uma correlação positiva entre a conscienciosidadee o comportamento de cidadania organizacional. Conclusão da aula 2 Nesta aula foi visto como a gestão da diversidade deve ser um compromisso contínuo da organização. É necessário que os gestores compreendam a importância da diversidade para a vantagem competitiva da empresa. Políticas e práticas em favor da diversidade estão diretamente relacionadas com o tratamento justo na contratação, na remuneração, nas promoções e no dia a dia do trabalho. É importante lembrar que programas e treinamentos pontuais tendem a ser menos eficazes em comparação com programas mais abrangentes, que abordam a questão da diversidade em diversos níveis e são ainda menos eficazes se comparados a empresas que têm a valorização da diversidade difundida na cultura organizacional. Também foi estudado que os profissionais tendem a apresentar um desempenho profissional e uma satisfação maior com o trabalho quando são alocados em empresas e atividades que representam seus valores, suas crenças e sua personalidade. Uma pessoa que valoriza a inovação, a autonomia e a criatividade, dificilmente conseguirão se “encaixar” em uma empresa burocratizada e pouco dinâmica. Atividade de Aprendizagem Quais são as relações possíveis entre o modelo Big Five e o comportamento no ambiente de trabalho? 34 Aula 3 – O grupo Apresentação da aula 3 Nesta terceira aula apresenta conteúdo interessante. Encerraremos as reflexões acerca do indivíduo, suas atitudes, sentimentos, comportamentos e passaremos a estudar o papel dos grupos nas organizações. Identificaremos as características dos grupos e analisaremos as diferenças entre grupos e equipes, buscando destacar a relação entre as características e o desempenho de um grupo na realização de tarefas. Também falaremos da tomada de decisão em grupo e da comunicação organizacional, que pode fluir de forma vertical e horizontal dentro da organização. Encerraremos esta aula estudando a liderança, que é a capacidade de influenciar um grupo a seguir alguma ideia ou direção. 3.1 Atitude e comportamento Na nossa última aula estudamos as características individuais das pessoas, buscando relacionar fatores como características demográficas, habilidades, valores e personalidade com o desempenho profissional. As atitudes são reações favoráveis ou desfavoráveis em relação aos produtos, marcas, pessoas, ideias ou eventos. Atitudes desfavoráveis, um exemplo: pessoas que provavelmente não seriam convencidas pela propaganda a formar uma atitude favorável em relação à empresa seriam as que já conhecem bem a empresa, pessoas que possuem sistemas de crenças e valores contrários ou divergentes em relação à forma como a empresa atua e já formaram uma atitude negativa em relação a ela. As atitudes, em resumo, refletem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Elas estão profundamente relacionadas aos valores do indivíduo. As atitudes são compostas por três elementos: cognição, sentimento ou afetividade e intenção de comportamento. 35 A cognição se refere ao sistema de crenças do indivíduo. A cognição é resultado da relação entre os valores, as experiências e as aprendizagens individuais. Por exemplo: uma pessoa que valoriza a sustentabilidade ambiental (valor) pode considerar como resultado do seu aprendizado e de suas experiências individuais que o consumo excessivo é prejudicial ao meio ambiente. Dessa forma, ela desenvolve uma atitude negativa em relação ao consumismo. Os sentimentos abrangem as emoções e os estados emocionais. As emoções são reações afetivas de alta intensidade, normalmente provocadas por situações efêmeras. Elas podem ser divididas entre emoções de afetividade positiva (entusiasmo, euforia e gratidão) e as emoções de afetividade negativa (estresse, tristeza, repulsa e medo). Os sentimentos, por outro lado, são mais duradouros e menos intensos. Eles também podem ser divididos entre reações de afetividade negativa (depressão, ansiedade, desânimo e cansaço) e reações de afetividade positiva (calma, relaxamento, serenidade e satisfação). Escopo dos sentimentos Fonte: elaborado pelo autor (2020). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o componente comportamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar no exemplo da pessoa que desenvolveu uma atitude negativa em relação ao consumismo, pode-se presumir que sua intenção é a de adquirir o hábito de comprar produtos que durem mais e, assim, evitar o descarte de produtos. 36 É importante ressaltar que há diferenças entre comportamentos e atitudes. Comportamentos são modos mais ou menos estáveis de existir e interagir. A atitude, por outro lado, corresponde à postura emocional do indivíduo em relação à produtos, marcas, pessoas, ideias ou eventos. A atitude contém um elemento emocional. Geralmente, elas estão alinhadas ao comportamento. Entretanto, há situações em que existe uma dissonância entre o comportamento e a atitude. Nesse caso, o indivíduo busca alinhar seu comportamento em função da mudança de atitude ou buscará motivos racionais que justifiquem a mudança de atitude, apesar do seu comportamento. A seguir um exemplo que ilustra a relação entre atitude, comportamento e valores: as mensagens publicitárias procuram modificar as atitudes do consumidor em relação a determinados produtos e serviços. Ao fazer a propaganda sobre um determinado produto, a empresa busca obter uma atitude positiva que levará o consumidor a comprar o produto (comportamento). Valores, comportamento e atitudes Fonte: elaborado pelo autor (2020). Entretanto, a mensagem publicitária dificilmente mudará a atitude do consumidor, se o produto ou serviço não estiver alinhado aos seus valores e sistemas de crenças. Dentro das organizações, as atitudes são importantes porque afetam o comportamento no trabalho. Se o indivíduo desenvolve uma atitude negativa em relação ao seu empregador, por exemplo, é bem provável que essa atitude afete a sua satisfação com o trabalho. 37 De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), “o comportamento organizacional estuda três tipos de atitudes: satisfação com o trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional”. O termo satisfação com o trabalho se refere aos sentimentos de uma pessoa em relação ao trabalho que ela realiza. Uma pessoa altamente satisfeita com o próprio trabalho apresenta atitudes positivas em relação a ele, enquanto uma pessoa insatisfeita apresenta atitudes negativas. Importante Existe uma forte correlação entre a satisfação e a produtividade dos funcionários. Robbins, Judge e Sobral (2010) afirmam que as empresas com uma quantidade maior de funcionários satisfeitos tendem a obter um desempenho superior em relação às demais. Em resumo, funcionários satisfeitos tendem a produzir mais e melhor. A avaliação da satisfação no trabalho pode abranger os seguintes aspectos: convivência com colegas e superiores, condições e infraestrutura do local de trabalho, horários, normas, remuneração, estresse, oportunidades de promoção, benefícios e aposentadoria. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as pesquisas revelam que no geral as satisfações tendem a ser maiores em relação à infraestrutura e condições de trabalho, colegas e horários (quando são flexíveis), tendem a ser menores quanto ao plano de aposentadoria, promoção, remuneração, benefícios e estresse. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, s/p): “o termo envolvimento com o trabalho é o grau em que uma pessoa se identifica com seu trabalho e considera importante para sua realização pessoal apresentar um desempenho acima da média”. Profissionais com altonível de envolvimento em relação ao trabalho se preocupam com o trabalho que realizam e esperam desempenhá-lo da melhor forma possível. As pesquisas revelam que níveis mais elevados de envolvimento com o trabalho estão ligados a menos faltas e a índices mais baixos de demissões voluntárias. O comprometimento organizacional é o grau com que uma pessoa se identifica com uma empresa, seus objetivos e valores. As pesquisas revelam que 38 níveis baixos de comprometimento organizacional estão relacionados a índices mais elevados de rotatividade e absenteísmo. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o nível individual de comprometimento organizacional é um indicador mais forte para prever a rotatividade do que a satisfação com o trabalho. A falta de identificação com a empresa é responsável por 34% do índice de rotatividade. Para esses autores, o comprometimento organizacional é um indicador melhor por se tratar de uma resposta mais duradoura à organização. Um funcionário pode não estar satisfeito com suas funções atuais, enquanto espera uma colocação melhor por estar satisfeito com a organização como um todo. 3.2. Definição e classificação dos grupos Um grupo é composto por dois ou mais indivíduos que se reúnem em torno de um objetivo. Grupos podem ser formais ou informais. Os grupos formais são definidos pela estrutura da organização, cada membro do grupo possui atribuições e atividades a serem cumpridas. Já os grupos informais são formados de forma orgânica, por afinidades ou interesses em comum. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), um grupo de interesse é composto por funcionários que se unem para mudar seus esquemas de férias, para apoiar um colega que está em dificuldades ou para reivindicar melhores condições de trabalho. Já os grupos que se formam devido a afinidade entre pessoas são denominados grupos de amizade. Segundo esses autores, essas alianças geralmente ultrapassam o ambiente de trabalho. O tamanho do grupo pode afetar o desempenho geral? De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), os grupos menores são mais rápidos na realização de tarefas e mais eficazes para a tomada de decisões e resolução de problemas. Já os grupos grandes, com pelo menos doze pessoas, recebem contribuições mais diversificadas e podem atingir mais qualidade no processo de obtenção de informação. Por outro lado, grupos maiores tendem a abrir espaço para os participantes folgados, aqueles que se esforçam muito menos quando trabalham em grupo do que quando trabalham sozinhos. Isso ocorre porque o desempenho 39 do grupo aumenta conforme o número de participantes, mas o desempenho individual tende a cair com a entrada de novos membros. Grupo de trabalho Fonte:https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR-YnzdJCpIbKua9NL O0qRqPcenS7dvI5UAq3oZkTG3j_jK8cY2&s Os grupos também diferem em relação à sua coesão, ou seja, o grau de união entre os membros e a vontade de permanecer trabalhando em grupo. Grupos mais coesos tendem a ser mais produtivos. Para estimular a coesão do grupo, um gestor pode: reduzir o tamanho do grupo, aumentar o tempo em que os membros do grupo permanecem juntos, recompensar o grupo ao invés de recompensar individualmente, ou, até mesmo, isolar o grupo no espaço de trabalho. Grupos de trabalho possuem uma estrutura baseada em papéis que são determinantes para o comportamento dos indivíduos. Cada membro do grupo desempenhando um papel que é um conjunto de padrões comportamentais, atribuídos a alguém que ocupa uma determinada posição em um grupo social. Um indivíduo frequentemente desempenha diversos papéis: uma mulher pode ser, ao mesmo tempo, uma diretora de empresa, mulher, mãe e filha mais nova. Alguns desses papéis são compatíveis entre si, outros, entretanto, podem gerar conflitos. Por exemplo, como conciliar as demandas da vida profissional com as demandas de uma mãe de família? O conflito de papéis ocorre quando uma pessoa percebe que o desempenho de um papel pode dificultar o compromisso de realizar um outro papel. https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR-YnzdJCpIbKua9NL%20O0qRqPcenS7dvI5UAq3oZkTG3j_jK8cY2&s https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR-YnzdJCpIbKua9NL%20O0qRqPcenS7dvI5UAq3oZkTG3j_jK8cY2&s 40 De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), quando as pessoas possuem atitudes e comportamentos consistentes com um papel, há uma identidade do papel. A percepção do papel é a visão que os indivíduos têm sobre como agir ao assumir um papel em uma determinada situação. As percepções das pessoas sobre como um homem deve se comportar como juiz de direito são completamente diferentes das percepções que se têm sobre o comportamento de um técnico de futebol, mesmo que ambos sejam a mesma pessoa. 3.2.1 Tomada de decisões em grupo A principal vantagem dos grupos maiores é poder gerar informações e conhecimentos mais completos. Por agregar diversas contribuições, os grupos reúnem uma quantidade maior de informação, uma diversidade maior de pontos de vista e como resultado, podem obter mais qualidade nas decisões. Além disso, quando a solução final é definida, haverá mais gente predisposta a apoiar e implementar a ideia. Contudo, as decisões em grupo também possuem algumas desvantagens. Em primeiro lugar, decisões em grupo consomem mais tempo em comparação às decisões tomadas por apenas um indivíduo. Portanto, antes de implementar o trabalho em grupo, o gestor deve avaliar se o trabalho realmente se beneficiará do esforço coletivo ou se pode ser realizado individualmente com os mesmos resultados. Além disso, uma pessoa ou um subgrupo pode acabar liderando o processo de tomada de decisão, especialmente quando há desigualdade de status entre os membros. Por fim, é mais difícil apontar responsabilidades no caso de uma decisão em grupo mal tomada. A tomada de decisão em grupo geralmente ocorre durante a interação entre os membros. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), grupos de interação geralmente pressionam os indivíduos à uniformidade de opinião por meio da autocensura. Para reduzir esse problema, os autores sugerem a prática do brainstorming, que é uma técnica bastante utilizada para iniciar a solução de problemas. O brainstorming é um processo de geração de ideias que estimula a verbalização de toda e qualquer solução, sem que haja qualquer tipo de censura. 41 Essa técnica reduz as pressões para a conformidade que dificultam o surgimento de ideias criativas. 3.2.2 Grupos e equipes Um grupo é formado por dois ou mais indivíduos que se reúnem para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é formado por pessoas que compartilham informações enquanto cada membro desempenha a sua função sem que haja a necessidade da participação dos outros membros. Em um grupo, o trabalho de um membro não depende do trabalho do outro e não existe necessariamente uma colaboração entre as partes. Além disso, grupos geralmente são formados por profissionais de diferentes hierarquias. Uma equipe de trabalho, por outro lado, é aquela que reúne membros que trabalham de forma sinérgica por meio de um esforço coordenado. Em uma equipe, os profissionais não realizam suas atividades de forma individual, pois as atividades de um participante complementam o que foi executado pelo outro. Por esse motivo, é necessária a cooperação de todos para que os resultados sejam atingidos. Apesar de haver um líder na equipe, todos os membros trabalham idêntico com um elevado nível de interação. A sinergia positiva entre as pessoas resulta em um desempenho maior do que a soma das contribuições individuais, sem que haja a necessidade de aumentar os investimentos por parte da empresa. Trabalho em equipe Fonte:https://i.pinimg.com/originals/7b/8e/de/7b8ededd6c4d7577d1d9481da2ba25b3.png 42 Para criar equipes eficazes, é necessário em primeiro lugar que a empresa disponibilize os recursos necessários, pois todas as equipes dependem de recursos fornecidos pela organização para poderem funcionar. Em segundo lugar, é necessário que haja liderança e estrutura para que cada participante saiba qual é o seu papel e a sua contribuição na equipe. Por fim, é necessário que haja um sistema claro de avaliação, de desempenho, de recompensa e um clima de confiança entre os participantes. Como pode-se avaliar a eficácia de uma equipe? Por meio de medidas objetivas de produtividade e sistemas de avaliação de desempenho. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as equipes mais eficazes geralmente são pequenas, com menos de dez pessoas. São equipes formadas por especialistas altamente capacitados que possuem diferentes formações, experiências profissionais e que juntos reúnam as capacidades de: Conhecimentos técnicos; Habilidade para tomar decisões e resolver problemas; Capacidades interpessoais. Importante Projetos que envolvem problemas complexos, como reestruturação de uma linha de produção, requerem equipes menores, com menos de seis pessoas. É importante que as capacidades da equipe estejam à altura do problema a ser solucionado. Além disso, é necessário que o líder de equipe seja mais ou igualmente capacitado que os demais participantes. Pessoas altamente capacitadas podem ser neutralizadas ou subutilizadas por um líder menos capacitado ou menos inteligente. Outro aspecto essencial para a equipe é o esforço conjunto. Para que uma equipe seja capaz de cumprir seus objetivos, é necessário em primeiro lugar transformar indivíduos em membros de um time. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), muitas pessoas possuem dificuldade para trabalhar em equipe. 43 Em uma cultura que valoriza o sucesso individual, muitas preferem trabalhar sozinhas, competir com os outros colegas e serem reconhecidas por suas realizações individuais. É necessário que haja uma mudança de cultura e de postura por parte das empresas, dos gestores e funcionários, para que seja possível criar equipes produtivas. As equipes se ajustam melhor às culturas coletivistas e colaborativas. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as empresas devem estimular a cultura de equipe, evitando mensurar o sucesso do funcionário a partir de seu desempenho individual. Para participar produtivamente de uma equipe, o profissional precisa saber se comunicar aberta e honestamente, confrontar diferenças, resolver conflitos e aprender a sublimar suas metas pessoais em favor do grupo (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). 3.2.3 Tipos de equipes De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as equipes mais encontradas em uma organização são: equipes de solução de problemas, equipes autogerenciadas, equipes multifuncionais e equipes virtuais. Equipes de solução de problemas: são compostas por 5 a 12 funcionários que se reuniam durante algumas horas por semana para discutir formas de melhorar a eficiência, a qualidade e o ambiente de trabalho. Nascem dessas equipes muitas soluções importantes que abrangem desde a reengenharia de processos até a qualidade de vida dos funcionários; Equipes autogerenciadas: as primeiras equipes de solução de problemas dificilmente tinham autonomia para implementar as ideias que sugeriam. Assim, começaram a surgir as equipes autogerenciadas que podiam não apenas solucionar os problemas, mas implementar as soluções. Dessa forma, essas equipes passaram a planejar os próprios cronogramas, a delegar 44 tarefas, a controlar a execução do trabalho e a assumir responsabilidade integral pelos resultados; Equipes multifuncionais: são equipes formadas por profissionais de diferentes departamentos ou processos, mas que possuem o mesmo nível hierárquico. As equipes multifuncionais são uma oportunidade para que pessoas de diferentes áreas possam compartilhar informações, propor ideias, solucionar problemas ou coordenar projetos; Equipes virtuais: equipes virtuais podem fazer tudo o que as outras equipes fazem, sem que seja necessário que os participantes estejam presentes no mesmo espaço e tempo. A reunião dos seus membros, fisicamente dispersos, se se dá por meio das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). Essas equipes podem compartilhar informações, tomar decisões e realizar tarefas sem as tradicionais limitações de espaço e horário. Além disso, graças às TICs, essas equipes agregam a contribuição de pessoas que, de outra forma, nunca seriam capazes de trabalhar juntas. Tipos de equipes Características Equipes de resolução de problemas. Têm de 5 a 12 funcionários do mesmo departamento que se reúnem algumas horas por semana para discutir formas de melhorar a qualidade, a eficiência e o ambiente profissional. Equipes de resolução de problemas são criadas para a rapidez no atendimento ao cliente, cortar custos, reduzir acidentes de trabalho ou diminuir o número de etapas em um processo. Os integrantes trocam ideias e sugestões sobre os métodos de trabalho. Mas não têm autoridade para implementar soluções. Quem decide é a direção da empresa? Equipes autogerenciadas Têm de 10 a 15 funcionários que fazem trabalhos relacionados entre si. Assumem responsabilidades de seus antigos supervisores, como planejar o trabalho, delegar tarefas, controlar o andamento do trabalho e resolver problemas de relacionamento com fornecedores e clientes. São equipes autônomas, com permissão para implementar soluções e se responsabilizar pelos resultados. Podem até escolher seus componentes, avaliando o desempenho uns dos outros e dispensados supervisões. Sua eficácia depende da situação. Se a criação de equipes autogerenciadas pode aumentar a 45 rapidez no atendimento ao cliente e a produtividade, também apresentam maiores índices de absenteísmo e rotatividade. Equipes multifuncionais Reúne funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de setores diferentes, para cumprir uma tarefa. São uma forma eficaz de juntar pessoas de várias áreas da própria empresa ou até de outras empresas para trocar informações, desenvolver novas ideias e coordenar projetos complexos. Um comitê para solucionar determinado problema é um exemplo de equipe multifuncional temporária. Sua implantação é demorada, pois os integrantes precisam de tempo para lidar com a diversidade e desenvolver o espírito de equipe. Equipes virtuais Usando a tecnologia da informação para unir pessoas fisicamente separadas, permitem a colaboração on-line por um objetivo comum. Seus participantes podem pertencer à mesma empresa ou a empresas diferentes, como parceiros ou fornecedores. Equipes virtuais se diferenciam das outras por: 1) Ausência de gestos não verbais e para verbais, não há tom de voz, expressões faciais e outras formas de linguagem corporal. 2) Contexto social limitado, a falta de interação direta tende a resultar em falta de empatia, ainda mais quando os integrantes não se conhecem pessoalmente. A equipe virtual se foca na realização das tarefas mais do que troca social e emocional. 3) Capacidade para superar limitações de espaços e tempo, a equipe pode estar tanto na sala ao lado como quilômetros além do oceano e em fusos horários diferentes. Fonte: (MENEGON, 2014, n. p), adaptado pelo DI (2020). 3.3 Comunicação organizacional “A comunicação tem quatro funções básicas dentro de um grupo ou de uma organização: controle, motivação, expressão emocional e informação” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). A comunicação pode fluir no sentido vertical ou horizontal. Na forma vertical, a comunicação pode fluir na direção ascendente e descendente. A comunicação descendente
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