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DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE OS EFEITOS DA RENÚNCIA E INDIGNIDADE

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ALUNO(A): YOHANNA PEREIRA RODRIGUES. 
TURMA: M08. 
DIREITO CIVIL VII. 
TRABALHO N1. 
 
DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE OS EFEITOS DA RENÚNCIA E 
INDIGNIDADE 
 
Os efeitos da renúncia estão diretamente relacionados ao destino da 
quota hereditária do herdeiro renunciante. Assim, de extrema importância, 
podem ser estabelecidos conforme segue: 
a) Exclusão, da sucessão, do herdeiro renunciante, que será tratado 
como se jamais houvesse sido chamado. Os seus efeitos retroagem, pois, à data 
da abertura da sucessão, de modo que o sucessível, que adquire, recolhe 
direitos e responde por obrigações ab initio. 
O primeiro e principal efeito da renúncia é, com efeito, afastar o 
renunciante da sucessão. Pelo princípio da saisine, com a abertura da sucessão 
a herança se transmite, desde logo, ao herdeiro (CC, art. 1.784). Mas se este a 
renúncia, a transmissão tem-se por não verificada (art. 1.804, parágrafo único). 
Não ocorre a alienação da herança aos outros coerdeiros. Renunciando-a, o 
sucessor a deixa como está, saindo da sucessão. Se, porém, renuncia em 
benefício de outrem, já não há renúncia, senão cessão da herança, como 
anteriormente mencionado. 
b) Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da 
mesma classe, na conformidade do disposto na primeira parte do art. 1.810 do 
Código Civil: “Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros 
herdeiros da mesma classe”. 
Assim, se o de cujus tinha vários filhos e um deles é premorto, a sua parte 
passará aos seus filhos, netos do primeiro. Se não morreu, mas renunciou à 
herança, a sua quota passará aos seus irmãos, em prejuízo de seus filhos, pois 
o renunciante e sua estirpe são considerados como se nunca houvessem 
existido. 
Na segunda parte, estabelece o aludido art. 1.810 que, sendo o 
renunciante o único da sua classe (a dos descendentes), devolve-se a herança 
“aos da subsequente”. Se o de cujus tinha apenas um filho e este, não tendo 
descendentes, renuncia a herança, esta é devolvida aos ascendentes do 
falecido, em concorrência com o cônjuge deste (CC, art. 1.829, II). 
c) Proibição da sucessão por direito de representação. Ocorre a 
sucessão por direito próprio quando a herança é deferida ao herdeiro mais 
próximo. Dá-se a sucessão por representação “quando a lei chama certos 
parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se 
vivo fosse” (CC, art. 1.851). Nesta, portanto, o contemplado é chamado a 
suceder em lugar de parente mais próximo do autor da herança, porém premorto, 
ausente ou incapaz de suceder. Assim, se o de cujus deixa descendentes, 
sucedem-lhe estes por direito próprio. Se, no entanto, um dos filhos já é falecido, 
o seu lugar é ocupado pelos filhos que porventura tenha, que herdam por 
representação ou estirpe. 
Dispõe o art. 1.811, primeira parte, do Código Civil que “ninguém pode 
suceder, representando herdeiro renunciante”. O destino da herança renunciada 
tem de ser, com efeito, compatível com a ideia de que o renunciante desaparece 
da sucessão. Por isso ninguém pode suceder, representando-o. Se um filho do 
renunciante lhe tomasse o lugar na sucessão, representando-o, não teria ele, na 
verdade, saído da herança, pois continuaria nela, representado por seu filho. 
Aduz o mencionado dispositivo, na segunda parte: “Se, porém, ele for o 
único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe 
renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e 
por cabeça”. 
A parte do renunciante, portanto, somente passará aos seus filhos se for 
o único legítimo de sua classe, ou se todos da mesma classe renunciarem. 
Todavia, os filhos herdarão por direito próprio e por cabeça, ou seja, a herança 
será dividida em partes iguais entre os netos, mesmo que o finado tenha deixado 
vários filhos, todos renunciantes, cada qual com diversa quantidade de filhos. 
Na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro acarreta a caducidade 
da instituição, salvo se o testador tiver indicado substituto (CC, art. 1.947) ou 
houver direito de acrescer entre os herdeiros (art. 1.943). 
Já no capítulo “Dos Excluídos da Sucessão”, o Código Civil regula os 
casos de indignidade, como menciona o art. 1.815. 
O herdeiro ou legatário pode, com efeito, ser privado do direito sucessório 
se praticar contra o de cujus atos considerados ofensivos, de indignidade. Não 
é qualquer ato ofensivo, entretanto, que a lei considera capaz de acarretar tal 
exclusão, mas somente os consignados no art. 1.814, que podem ser assim 
resumidos: atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar 
do de cujus. 
A exclusão da sucessão por indignidade pressupõe: a) seja o herdeiro ou 
legatário incurso em casos legais de indignidade; b) não tenha ele sido 
reabilitado pelo de cujus; e c) haja uma sentença declaratória da indignidade. 
Portanto, o reconhecimento judicial da indignidade produz vários efeitos, 
destacando-se os seguintes: 
a) São pessoais os efeitos da exclusão. Dispõe nesse sentido o art. 
1.816 do Código Civil, aduzindo que “os descendentes do herdeiro excluído 
sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão”. A disposição 
tem por fundamento o princípio de que a pena não pode passar da pessoa do 
delinquente. A exclusão, tendo natureza punitiva, não pode assim prejudicar os 
descendentes daquele que foi excluído pela sentença de indignidade, e o 
sucedem, por representação, como se o indigno morto fosse. 
A situação do excluído equipara-se à do herdeiro premorto: embora vivo, 
será representado por seus descendentes, como se tivesse morrido. Os bens 
que deixa de herdar são devolvidos às pessoas que os herdariam, caso ele já 
fosse falecido na data da abertura da sucessão. Se o de cujus, por exemplo, 
tinha dois filhos e um deles foi excluído por indignidade, tendo prole, a herança 
será dividida entre as duas estirpes: metade ficará com o outro filho, e metade 
será entregue aos descendentes do excluído, que herdarão representando o 
indigno. 
Frise-se que os descendentes somente serão chamados a herdar em 
lugar de seu genitor quando este tiver de herdar por disposição legal. Os filhos 
do indigno nomeado em testamento não podem ser imitidos na herança que a 
este caberia, pois nesse caso os bens seguem o destino previsto no testamento, 
se nomeado substituto, ou são acrescidos ao monte-mor para partilha entre os 
herdeiros legítimos e/ou testamentários. 
Sendo o indigno o único da sua classe, defere-se a sucessão aos da 
seguinte; se não o for, aos coerdeiros, da sua classe, pelo direito de acrescer, 
ressalvado, contudo, aos seus descendentes herdar por estirpe ou 
representação. 
Somente os descendentes, conforme expresso no art. 1.816 do Código 
Civil, substituem o indigno. Se inexistirem, serão aquinhoados com a sua parte 
os demais herdeiros do de cujus, que herdarão por direito próprio. 
b) Os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão. 
Embora se reconheça a aquisição da herança pelo indigno, no momento da 
abertura da sucessão, o legislador, por ficção legal, determina a retroação dos 
efeitos da sentença, para considerar o indigno como premorto ao hereditando. 
Como consequência, o excluído da sucessão “é obrigado a restituir os frutos e 
rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser 
indenizado das benfeitorias com a conservação deles” (CC, art. 1.817, parágrafo 
único), para que não ocorra o enriquecimento sem causa dos seus sucessores. 
As despesas reembolsáveis são todas as que teve o indigno com a conservação 
dos bens hereditários. 
Assemelha-se o indigno ao possuidor de má-fé. Na qualidade de titular de 
patrimônio resolúvel, fica obrigado a restituir os frutos e rendimentos do que 
desfrutou, mas que efetivamente não lhe pertencia. 
c) O indigno não terá direito ao usufruto e administração dos bens que 
passem aos filhos menores. Ospais, titulares do poder familiar, são, por lei (CC, 
art. 1.689, I e II), usufrutuários e administradores dos bens dos filhos menores. 
Dispõe, todavia, o parágrafo único do art. 1.816 do Código Civil que “o excluído 
da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus 
sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens”. 
Não fosse a regra em apreço o indigno poderia tirar proveito, 
indiretamente, das rendas produzidas pela herança da qual foi afastado por 
ingratidão. O propósito do legislador é impedir que tal aconteça. Da mesma 
intenção se acha este imbuído quando estabelece, na parte final do parágrafo 
único, que o indigno não poderá suceder nos bens de que foi excluído. 
A lei afasta, assim, o sucessível indigno da sucessão de seus filhos ou 
netos, quanto aos bens que estes receberam do de cujus, em lugar do ofensor. 
Se os filhos pré-morrerem ao indigno, este é afastado da ordem de vocação 
hereditária, no que concerne aos bens originalmente herdados, ou nos sub-
rogados. 
Não obstante as semelhanças apontadas, renúncia e indignidade não se 
confundem. Em verdade, renúncia e indignidade têm pontos de coincidência nos 
efeitos, mas diferem na sua estrutura.

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