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Caderno Micologia

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MICOLOGIA 
 
1. O que são fungos? 
São seres vivos com organização celular e DNA delimitado por dupla membrana, sendo, portanto, 
eucarióticos. Justamente por causa disso são, evolutivamente, mais próximos dos animais que das 
bactérias, o que torna mais difícil o desenvolvimento de fármacos com toxicidade seletiva. 
Possuem grande variedade de formas e dispersão no meio, graças à sua resistente parede celular. 
Características gerais dos fungos: 
• Eucariotos. 
• Parede celular contém quitina. 
• Membrana com ergosterol, que diminui a fluidez. 
• Algumas espécies apresentam ainda uma cápsula. 
• Unicelulares ou multicelulares, podendo ser micro ou macroscópicos. 
• Glicogênio como material de reserva. 
• Sintetizam lisina pela via do L-a-ácido adípico (AAA). 
• Não possuem clorofila, sendo heterotróficos. 
• Nutrição por absorção. Os fungos liberam enzimas hidrolíticas na circunvizinhança, 
digerindo os alimentos externamente. 
• Necessitam de fontes orgânicas (C e N) para sua sobrevivência. 
• São aeróbicos ou microaerofílicos. 
• Reprodução sexuada ou assexuada. 
 
Os fungos contém ainda antígenos de superfície. 
Muitos antifúngicos atuam na parede celular, diminuindo a produção de açúcar, seu principal 
componente, e outros na membrana celular, atuando na produção de ergosterol. 
Todos os tipos de ambiente podem conter fungos. Por isso, constantemente produzimos anticorpos 
contra eles, o que não implica no fungo causar doença. 
 
No meio ambiente, os fungos podem ser sapróbios ou patogênicos dependendo das condições e 
substrato em que se encontram. A patogenicidade é um fenômeno acidental, pois não é necessária para a 
disseminação dos fungos na natureza. 
Os fungos são parasitas? 
Poderiam ser considerados parasitas facultativos, pois não dependem do parasitismo para 
completar seu ciclo vital. Na condição de associação com outros seres vivos são considerados parasitas. 
Exemplos: dermatófitos e Candida. 
 
2. Principais doenças causadas por fungos: 
►Os fungos são agentes de processos infecciosos (micoses) de quadros benignos e assintomáticos 
ou graves e evolutivos; a classificação das doenças está relacionada à localização do fungo no organismo 
humano e dividem-se em: Micoses Superficiais, Cutâneas e Sub-Cutâneas e Sistêmicas. As micoses 
superficiais, se não tratadas, podem evoluir para uma micose cutânea. A micose sub-cutânea não tem este 
poder invasivo. 
Geralmente as micoses são causadas por fungos presentes no ambiente residencial, na forma 
microscópica (micélios contínuo e septado e leveduras). 
►Os fungos são agentes de quadros alérgicos (asma, bronquite); 
►Os fungos são agentes de micetismo – ingestão e intoxicação por fungos macroscópicos 
toxígenos (cogumelos - toxinas endógenas); 
►Os fungos são agentes de micotoxicoses – ingestão contínua e prolongada de alimentos 
embolorados que contenham fungos produtores de micotoxinas (toxinas exógenas). 
O conhecimento básico de aspectos como morfologia, fisiologia, reprodução, nutrição, atividade 
bioquímica, produção de metabólitos e estruturas antigênicas podem auxiliar no diagnóstico laboratorial 
das infecções, alergias e intoxicações por fungos e no desenvolvimento de novos fármacos. 
 
3. Classificação: 
Pertencem ao Reino Fungi (Mycota). Foram outrora classificados como vegetais, porém não são 
fotossintetizantes, não formam tecidos verdadeiros, não têm parede de celulose e não armazenam amido. 
Os fungos de interesse médico estão agrupados na divisão Amastigomycota, ou seja, que não têm 
movimento próprio, com as seguintes subdivisões: Zygomycotina (micélio contínuo), Ascomycotina 
(micélio septado e levedura), Basidiomycotina (micélio septado e levedura), Deuteromycotina (Fungi 
Imperfecti). 
 
4. Morfologia dos fungos de interesse médico: 
 Leveduras = formas unicelulares arredondadas que se multiplicam por brotamento. Podem 
apresentar cápsulas. 
 Micélio = filamento composto de hifas constituídas por várias células arranjadas em cadeia. 
Pode ser septado ou não. 
 Dimórficos = possuem formas de leveduras em parasitismo e micélio em vida saprofítica. O 
dimorfismo é a habilidade de alguns fungos de crescerem em duas formas distintas em resposta à 
temperatura e a fatores nutricionais. Os fungos dimórficos, quando cultivados à temperatura ambiente ou 
no seu nicho ecológico apresentam-se na forma filamentosa; quando incubados a 37ºC em meios especiais, 
ou em parasitismo, apresentam-se na forma de levedura ou esférula. 
 
As formas micélio septado e levedura são evolutivamente mais próximas. 
 
5. Reprodução assexuada (Fase anamorfa ou Imperfeita): 
 
Ocorre por pela formação de esporos dentro de 
esporangióforos ou por formação de conídios (unidades 
reprodutivas assexuadas). 
Os órgãos de reprodução são formados por diferenciação 
da levedura ou da hifa através de células reprodutivas 
especializadas e não sexuadas como conídios (blastoconídios e 
artroconídios). 
 
► Formação de Esporângios = só ocorre em micélio contínuo. 
 
 
 
 
 
 
► Fissão do talo (fragmentação) = só ocorre em micélio septado: 1 célula = 1 artrico. Os artricos 
se separam, não havendo mais comunicação. Agora eles são chamados conídios, se fragmentam e originam 
artroconídeos. O arttroconídeo germina, formando um talo germinal. 
 
 
 
Exemplo: 
Dermatófitas 
 
 
 
 
 
 
►Brotamento = ocorrem em leveduras e micélio septado. 
Blastoconídio = síntese “de novo”, todos os componentes celulares são duplicados. 
 
- Levedura - Micélio septado 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos: 
Candida albicans, Exemplo: 
Cryptococcus neoformans Sporothrix schenckii 
Também ocorre em pseudohifas, onde há uma sucessão de blastoconídeos. 
 
Presença de estruturas especializadas na formação de conídios como fiálides: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: Aspergillus Exemplo: Penicillium 
 
 
6. Reprodução sexuada (Fase telemorfa): 
 
Não é conhecida em todos os fungos, porém acredita-se 
que, em algum momento, todos os fungos a realizem. 
É o principal critério taxonômico na classificação dos 
fungos. 
Há formação de ascosporos, basídiosporos, oosporos e 
zigosporos. 
 
 
 
 
 
 
INFECÇÕES POR FUNGOS OPORTUNISTAS 
Candidíase, Criptococose, Aspergilose, Zigomicose. 
 
Micoses oportunistas são infecções causadas por organismos fúngicos que normalmente não são 
infectantes, os quais se aproveitam de alterações nas condições fisiológicas normais do hospedeiro, para se 
implantar e se multiplicar, causando patologias. 
 
Fatores que pré-dispõem os pacientes a infecções oportunistas: 
 
► Fatores intrínsecos do hospedeiro 
▪ Fisiológicos = idade, gravidez, alterações hormonais. 
▪ Estados patológicos anteriores = infecção secundária: diabete, Granulocitopenia (<1000 
elementos/ml), leucemia, neoplasia, SIDA (AIDS). 
 
►Fatores extrínsecos (Iatrogênicos) 
▪ Quebra da barreira cutânea: intervenção cirúrgica, uso de catéteres, transfusões de sangue, 
transplantes de medula. 
▪ Tratamento com medicamentos, tais como: 
-Antibióticos bactericidas = quebram o balanço da flora vaginal e intestinal, aumentam 
adesão de Candida albicans às células epiteliais. 
-Drogas imunossupressoras (corticóides e ciclosporina) = favorecem o desenvolvimento de 
infecções oportunistas. 
▪ Uso de drogas = quebra da barreira cutânea, heroína = causa imunodepressão. 
 
 
CANDIDÍASES 
São infecções causadas por leveduras pertencentes ao gênero Candida, principalmente a espécie 
Candida albicans, e que acometem a pele, unhas, mucosas, trato intestinal e urinário, etc. 
 
Agentes etiológicos 
Candida albicans 
Candida parapsilosis 
Candida tropicalis 
Candida glabrata 
Candida pseudotropicalis Candida não albicans 
Candida guillermondi 
Candida krusei As Candida não albicans, resistentes a medicamentos, foram 
selecionadas, de modo a diminuir o predomínio de C. albicans. 
TransmissãoC. albicans é freqüentemente um simples comensal, fazendo parte da flora normal do indivíduo. 
Ele causa infecção se aproveitando de um enfraquecimento das barreiras naturais do hospedeiro. Pode 
haver transmissão por contato inter-humano, roupas e toalhas, ou soluções contaminadas. 
 
Fatores predisponentes 
Imunodepressão (AIDS), uso prolongado de corticosteróides, gravidez, diabetes, queimaduras 
graves, maceração das dobras da pele, sudorese intensa e umidade constante. 
Manifestações clínicas 
 
►Candidíases superficiais: 
 Candidíase oral = ocorre formação de placas brancas na mucosa oral e cantos dos lábios 
(sapinho). Podem se limitar à orofaringe ou se estender ao esôfago ou todo TGI. 
 Candidíase intertriginosa = lesões eritematosas, úmidas, exsudativas e descamativas, 
localizadas nas dobras da pele como axilas, virilha, região submamária, interglútea, perianal, espaços 
interdigitais, etc. 
 Vulvovaginite por Candida = lesões pruriginosas e eritematosas com leucorréia e sensação 
de queimadura. 
 Onicomicose por Candida = acometem principalmente a região periungueal da unha, a 
qual se apresenta edemaciada, avermelhada e dolorosa. Por pressão, geralmente eliminam material 
purulento, rico em elementos leveduriformes. 
 
► Candidíase muco-cutânea: acometimento da pele, mucosas e unha. 
 
► Candidíase disseminada: acometimento visceral. A candidíase em pacientes com AIDS ocorre 
em mais de 80% destes pacientes, como infecção oportunista. As formas clínicas mais freqüentes são a 
candidíase esofagiana, onicomicoses e vulvovaginites, todas de difícil tratamento (⇓ prognóstico). A 
Candida chega às vísceras por via hematogênica, podendo colonizar a bexiga, fígado, coração, olhos, 
articulações, baço, SNC, etc. Resulta geralmente de uma infecção endógena (TGI), mas pode resultar da 
contaminação de um cateter de demora. 
 
Diagnóstico Laboratorial 
Exame direto = visualização da morfologia de vida parasitária no material biológico. Em caso de 
invasão tecidual, C. albicans pode formar tubos germinativos, que se transformam em formas 
filamentosas. 
• Leveduras: 
 
 
 
 
 
• Pseudohifa ou Micélio pseudofilamentoso: 
 
 
 
Quando em comensalismo, C. albicans está na forma de levedura; quando patogênica, está na 
forma de pseudohifa. 
 
Testes complementares: 
1. Meios específicos para Candida sp. Mudanças da cor das colônias. Permitem a identificação de 
algumas espécies. 
2. Indução de clamidosporos terminais em meios pobres como o ágar fubá e ágar arroz para 
identificação de C. albicans. 
3. Indução de tubo germinativo para identificação de C. albicans. 
4. Provas de assimilação e fermentação de açúcares. 
CRIPTOCOCCOSE: 
É uma micose sistêmica de evolução subaguda ou crônica que atinge órgãos e sistemas, 
principalmente pulmões e sistema nervoso central. 
 
Agentes etiológicos 
Cryptococcus neoformans 
- variedade neoformans (sorotipos A e D) = característica oportunista. 
- variedade gattii (sorotipos B e C) = pode acometer indivíduos imunocompetentes. 
 
Epidemiologia e transmissão 
A variedade neoformans é encontrada em solos com fezes de pombos e outras aves nos centros 
urbanos com maior freqüência; enquanto a variedade gattii é isolada de árvores do tipo eucalipto de 
regiões tropicais e subtropicais. A transmissão se faz por inalação do fungo. 
 
Manifestações clínicas 
 
►Pulmonar = Infecção primária da doença, podendo ser localizada, assintomática ou disseminada. 
►Cutânea ou mucocutânea = manifestação da disseminação da doença com acometimento da pele 
e mucosas. 
►Meningoencefálica (neurocriptococose) = forma mais grave da doença, secundária a processos 
pulmonares e cutâneos. Manifesta-se por quadros de meningite e meningoencefalite, com apresentação 
clínica de febre, cefaléia, distúrbios visuais, estado mental anormal e convulsões. O microrganismo 
desenvolve-se rapidamente, resultando em progressiva deterioração do quadro e morte. 
►Mistas = comprometimento da pele, mucosas, gânglios, meninges, articulações, ossos, pulmões, 
órgãos genitais. 
 
Historia natural do ciclo saprobiótico e parasitário de C. neoformans 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico laboratorial 
O material biológico de escolha para esta micose é o escarro, líquor, material ganglionar, lesões 
mucocutâneas. 
Exame direto: Levedura capsulada que não se cora os corantes habituais, utiliza-se tinta-da-china 
ou Nanquin para aumentar o contraste. A cápsula é formada por um polissacarídeo contendo xilose, 
manose e ácido glucurônico (GXM). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Testes complementares: 
1. Prova da urease = diferenciação entre leveduras do gênero Candida (-) e C. neoformans (+) em 
meio ágar uréia de Christensen. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Provas de assimilação de carboidratos e nitrato = assimila diferentes açúcares e nitrato, porém 
não fermenta nenhum tipo de açúcar. 
3. Provas de presença dos compostos fenólicos = C. neoformans tem a capacidade de produzir 
pigmento semelhante à melanina em meio de cultivo contendo compostos fenólicos tais como: sementes de 
“alpiste” (Guizotia abyssinica) e dopamina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Provas Imunológicas = aglutinação em látex (para detecção do antígeno capsular), ELISA. 
5. Provas de identificação das variedades de C. neoformans, variedades gattii e neoformans: = 
baseadas na mudança de cor do meio de cultivo CGB (canavanina glicina azul de bromotimol) onde a 
variedade neoformans não varia a cor do meio (esverdeado ou amarelado), e a variedade gattii torna o 
meio azul. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPERGILOSE 
A doença varia de acordo com as extensões das lesões, tempo de evolução clínica, tipo de órgão 
afetado e grau de resistência orgânica do hospedeiro. 
 
Agentes etiológicos 
Aspergillus fumigatus 
Aspergillus niger 
Aspergillus flavus 
Aspergillus clavatus 
Aspergillus nidulans, etc. 
 
Epidemiologia e transmissão 
Transmissão = dá-se pela inalação ou ingestão de conídios que existem no meio ambiente (solo, ar, 
vegetação, água, alimentos). 
Fatores de risco associados = leucemias e linfomas transplantados renais, defeitos na função 
leucocitária. 
 
Manifestações clínicas 
As doenças variam desde toxicose, alergia, colonização, até invasão tecidual. 
 
► Pulmonar = pode ser alérgica, invasiva e intracavitária. A aspergilose invasiva do parênquima 
pulmonar se faz pelas hifas nos tecidos com formação de lesões granulomatosas e necróticas. Os pacientes 
apresentam febre, dor torácica e pleurítica e hemoptise. 
► Manifestações menos freqüentes = cutânea, cerebral, intestinal. 
► Quando se encontra em cavidades pré-existentes, causadas por vários processos patológicos 
como tuberculose, abscessos, etc, vai ser denominado de “bola fúngica” ou arpergiloma. 
 
Diagnóstico laboratorial 
O material biológico é constituído principalmente por biópsias de tecidos afetados. O exame 
histopatológico e radiológico são muitos importantes e devem estar associados ao diagnóstico clínico e de 
cultura evidenciando a presença de fungos com micélio septado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZIGOMICOSE 
 
Agentes etiológicos 
Fungos de micélio contínuo. 
Rhizopus sp 
Mucor sp 
Absidia sp. 
 
Epidemiologia e transmissão 
Habitat = os fungos são encontrados em suspensão no ar, água, solo e alimentos (pães velhos), 
frutas e batatas. 
Transmissão = através da inalação de esporos, ingestão (alimentos), penetração traumática dos 
esporos (feridas). 
Fatores de risco = pacientes imunocomprometidos (leucemias, neutropenias, diabetes mellitus 
descompensada), uso de corticosteróides. 
 
Manifestações clínicas 
► Zigomicose cutânea = pode ocorrer após lesão traumática, em curativos cirúrgicos ou na 
colonização de ferimentos por queimaduras, ou pode ser sinal de disseminação hematogênica do fungo. A 
infecção pode ser superficial ou se estender para o interior de tecidossub-cutâneos. 
► Zigomicose pulmonar. 
► Zigomicose rinocerebral. 
► Zigomicose disseminada (fígado, coração, rins e tubo digestivo). 
 
Patogenia = tropismo vascular devido à implantação do 
fungo nos vasos sanguíneos com formação de trombos e infarto 
hemorrágico. 
 
Diagnóstico laboratorial 
A zigomicose é uma infecção de progresso rápido e 
necessita de diagnóstico imediato. O material biológico é 
representado por secreção, escarro e biópsias. 
1. Exame direto, histopatológico e cultura = presença de 
hifas não septadas (cenocíticas), largas, com ramificações em 
ângulos retos (90º), muito características, que invadem as paredes 
dos vasos e colonizam a luz dos mesmos. 
2. Cultivo = ágar Sabouraud sem inibidores. Raramente crescem em hemocultivo e são 
termotolerantes sendo que a patogenicidade está relacionada à temperatura. 
Não há testes sorológicos ou moleculares amplamente disponíveis e específicos para os 
zigomicetos!!! 
 
Incidência das infecções oportunistas: 
Candidíase > Aspergilose > Criptococose > Zigomicose 
 
Terapia 
►Polienos: 
Antibióticos polienos são fungicidas que se ligam ao ergosterol, lisando a membrana plasmática de 
fungos. Bactérias não são susceptíveis a polienos, por que não apresentam esteróis na membrana celular. 
Membrana das hemácias contém esteróis e os polienos causam hemólise in vitro e ocasionalmente anemia 
hemolítica. 
 Nistatina é geralmente aplicado topicamente na lesão. 
 Anfotericina B pode ser aplicada topicamente ou administrada intravenosa no tratamento 
de infecções profundas. 
 
 
 
►Derivados imidazóis: 
Derivados imidazóis inibem a síntese do ergosterol em fungos. Em altas concentrações essas 
drogas também inibem a síntese de ácido graxo. 
 Miconazol e clotrimazol são usados como agentes tópicos. 
 Cetoconazol, itraconazol e fluconazol, voriconazol são efetivos em uso oral. Estes últimos 
apresentam o anel imidazol substituído por um anel análogo – 1,2,4-triazol, e apresenta 
similar mecanismo de ação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INFECÇÕES FÚNGICAS 
 
 
Natureza da infecção Localização Micose Principais agentes 
Superficial Pele Pityriasis versicolor Malassezia furfur 
Cutânea Pele Dermatofitose Epidermophyton 
Microsporum 
Tricophyton 
Sub-cutânea Derme 
 
 
Derme, linfonodos 
Cromoblastomicose 
 
 
Esporotricose 
Fonsecaea pedrosoi 
Cladosporium carrionii 
 
Sporothrix schenckii 
Sistêmica Órgãos sistêmicos Coccidiodomicose 
Paracoccidiodomicose 
Histoplasmose 
Blastomicose 
Coccidioides immitis 
Paracoccidioides brasiliensis 
Histoplasma capsulatim 
Blastomyces dermatitides 
 
 
Tipo de infecção Forma de contágio 
Superficial 
Cutânea 
Contato direto com solo, animais infectados, outros 
pacientes. 
Sub-cutânea Traumatismo, cortes com farpas de madeira, espinhos, 
cateteres. 
Sistêmica Inalação de esporos ou pequenos fragmentos de hifa. 
 
INFECÇÕES SUPERFICIAIS E CUTÂNEAS CAUSADAS POR FUNGOS 
 
Os agentes das micoses superficiais são fungos que colonizam as camadas externas queratinizadas 
da pele, do cabelo e das unhas. As infecções causadas por esses fungos suscitam pouca ou nenhuma 
resposta imune do hospedeiro, não são combatidas por ele, sendo assintomáticas. Elas, geralmente, 
somente interessam a área de cosméticos e são fáceis de diagnosticar e tratar. 
No caso das infecções cutâneas, os dermatófitos invadem somente a camada superior e mais 
externa da epiderme, o estrato córneo. A penetração abaixo da camada granular é rara. Da mesma forma, 
somente as camadas queratinizadas são invadidas. 
 
PITYRIASIS VERSICOLOR 
É uma infecção crônica da camada córnea da pele, caracterizada por lesões descamativas hipo ou 
hipercrômicas. Sinonímia: Tinea versicolor, micose de praia, pano, etc. 
 
Agente etiológico 
Malassezia furfur, uma levedura lipofílica. Não causa grandes danos porque se alimenta de 
estruturas mortas da pele. 
 
Distribuição geográfica e prevalência 
É freqüente nos dois sexos, com predominância em adultos jovens. Pode acometer outras faixas 
etárias. É uma doença de pessoas saudáveis que ocorre no mundo todo, porém é mais prevalente em 
regiões tropicais e subtropicais. 
 
Transmissão 
É um fungo antropofílico, sendo que o ser humano é a única fonte de contaminação, pelo contato 
inter-humano, ou através de fômites como toalhas, vestuário, etc. 
 
Fatores predisponentes 
Deficiências vitamínicas, desnutrição, tuberculose, diabetes mellitus, corticoterapia prolongada, 
sudorese, gravidez, etc. 
 
Manifestações clínicas 
► Apresenta-se como máculas, finamente descamativas e geralmente assintomáticas, cuja 
coloração varia do marfim ao castanho-escuro. Em peles pigmentadas as áreas lesionadas podem se tornar 
acrômicas. As lesões predominam na parte superior do tronco, braços, tórax, ombros, face e pescoço. 
Porém, qualquer parte do corpo pode ser afetada. OBS: calor → suor → fonte de alimentação pro fungo. 
 
Fungo coloniza o tecido → Produção do acido azelaíco* 
⇓ 
HIPOPIGMENTAÇÃO 
*acido azelaíco é um inibidor da tirosinase (enzima envolvida na produção de melanina). 
 
Logo, quando o fungo está presente, há despigamentação da pele, por menor produção de 
melanina. 
Não se deve tratar a área de hipopigmentação da pele com raios UV! Neste local não há melanina, 
então ela não só não vai escurecer, como tem menor proteção, sendo mais susceptível ao câncer de pele. 
► Outras patologias associadas à Malassezia sp: foliculite pitirospórica, dermatite seborréica, 
dermatitite atópica, etc. 
 
Diagnóstico laboratorial 
1. Exame direto = Exame microscópico das 
escamas raspadas, após clarificação com potássio. O 
material também pode ser colhido com fita adesiva, a 
qual é posteriormente montada em lâmina e examinada 
ao microscópio. Em casos positivos geralmente são 
observados elementos leveduriformes agrupados e hifas 
curtas e tortuosas, que compõe a morfologia parasitária 
deste fungo. 
 
 
2. Cultivo = Não é feito rotineiramente. Para o isolamento e 
crescimento deste fungo é essencial a presença de lipídios (óleo de 
oliva) no meio. O fungo cresce entre 4-10 dias à 37ºC. Inicialmente são 
colônias de cor creme, brilhantes, compostas de células leveduriformes, 
com brotamento e hifas ocasionais. 
 
 
Tratamento 
► Malassezia furfur é sensível a um grande número de antifúngicos. Podem ser usadas loções 
com sulfato de selênio e peritonina de Zinco, isso porque metais pesados inibem o crescimento de 
microorganismos. 
► Cetoconazol oral tem sido usado com sucesso. Entretanto, seu uso deve ser moderado por ser 
hepatotóxico e interferir no metabolismo da testosterona. 
 
 
DERMATOFITOSES (TINEAS) 
São micoses causadas por fungos conhecidos como dermatófitos, adaptados à superficial de 
tecidos queratinizados como unhas, pelos e cabelos, e estrato córneo da pele. 
 
Principais agentes etiológicos (3 gêneros) 
Epidermophyton: Epidermophyton floccosum 
 
Microsporum: Microsporum canis 
 Microsporum gypseum 
 
Trichophyton:Trichophyton rubrum 
 Trichophyton mentagrophytes 
 Trichophyton tonsurans 
 Trichophyton violaceum 
 Trichophyton schoenleinii 
 
Esses agentes possuem a enzima queratinase, que lisa a queratina, possibilitando a sua 
alimentação. Eles invadem a pele mesmo que esteja intacta, pois “faz um caminho” até as estruturas mais 
profundas. A lesão se inicia como sendo superficial, e evolui para cutânea. 
 
Transmissão 
A transmissão se dá por contato com escamas de pele ou pêlos parasitados, ou ainda areia ou terra 
contendo elementos fúngicos viáveis. 
 
► Os Dermatófitos podem ser classificados em: 
1. Dermatófitos geofílicos = encontrados no solo. A transmissão é via solo-ser humano. Ex: 
Microsporum gypseum. 
2. Dermatófitos zoofílicos = parasitam normalmente pêlo e pele de animais. A transmissão é via 
animais-ser humano. Ex: Microsporumcanis, Trichophyton mentagrophytes. 
3. Dermatófitos antropofílicos = encontrados exclusivamente no ser humano. A transmissão é 
inter-humana. Ex: E. floccosum, T. rubrum, T. violaceum, T. schoenleinii. 
 
Tendência Evolutiva: Solo → Homem 
 
Tecidos queratinizados – condições favoráveis: 
 Células mortas e distantes dos mecanismos de defesa do hospedeiro; 
 Bem hidratado, temperatura mais fria que a do corpo, o pH varia de 5,5 a 6,7, condições 
atmosféricas aeróbias; 
 Proteínas, aminoácidos, lipídios e carboidratos; 
 Certos sítios anatômicos aumentam a colonização e crescimento dos dermatófitos. 
 
Tecidos queratinizados – condições desfavoráveis: 
 Proliferação da epiderme e descamação: remoção dos dermatófitos; 
 Presença de células de Langerhans; 
 Transferrina, pois se você seqüestra Fe do ambiente, diminui a oferta para o fungo e ele não 
cresce; 
 Competição com a microflora normal. 
 
Grau de severidade da doença depende: 
 Das cepas ou espécies de dermatófitos; 
 Da susceptibilidade do hospedeiro ao fungo; 
 Do local da infecção; 
 De fatores ambientais, por exemplo, o calor favorece; 
 Estado imunológico do paciente. 
 
Principais manifestações clínicas 
 
Denominação Localização das lesões Agentes mais freqüentes 
Tinea pedis (pé-de-atleta) Espaços interdigitais dos pés T. rubrum, T. mentagrophytes, 
E. floccosum 
Tinea cruris (prurido de jóquei) Virilha T. rubrum, T. mentagrophytes, 
E. floccosum 
Tinea barbae Pêlos da barba T. rubrum, T. mentagrophytes 
Tinea unguium (onicomicose) Unhas T. rubrum, T. mentagrophytes, 
E. floccosum 
Tinea corporis Pele lisa e glabra T. mentagrophytes, M. canis 
Tinea capitis Couro cabeludo T. tonsurans, M. canis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O crescimento desses fungos é inibido por calor, então eles serão encontrados parasitando a 
superfície do organismo, nunca dentro dele. 
A lesão da dermatofitose apresenta-se como um anel de escamação inflamatória com diminuição 
da inflamação em direção ao centro, ou seja, tem borda avermelhada, onde os fungos são mais ativos. É da 
borda que se retira material para diagnóstico. 
O fungo no cabelo e pêlos pode chegar até o folículo piloso, levando à queda. Assim, podem surgir 
áreas de alopecia, com eritema e descamação. 
O fungo na unha ou pés migra, comendo a queratina, e vai entrando nos tecidos mais profundos. 
Ao chegar no tecido sub-cutâneo, aparecerão sintomas como dor, coceira, etc. 
 
Onicomicose = lesão da unha, que pode se apresentar amarelada ou escurecida. Usa-se agentes 
estáticos para inibir o crescimento do fungo, e deve-se esperar a troca da unha, o que acontece em 
aproximadamente seis meses. Muitas pessoas abandonam o tratamento, porque leva muito tempo. 
 
Lâmpada de Wood = é aplicada no local infectado pelo fungo, como no cabelo, por exemplo, e o 
fungo emite uma fluorescência. Tendo um resultado positivo, vê-se a cor dourada, é a prova de que o 
fungo está ali. Aí pode-se pegar esse material para examinar. 
 
Diagnóstico laboratorial 
 
1. Exame microscópico direto = O material (pele, unha, pelos e cabelos) deve ser examinado ao 
microscópio após clarificação com potássio (10-40%). Resultado positivo é expresso como “presença de 
hifas ou artroconídio no material examinado”. Identificando os artroconídeos, pode-se iniciar o tratamento. 
Em caso de pelos e cabelos infectados, o resultado é expresso como “micose do tipo Ectothrix ou 
Endothrix”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Padrão de invasão fúngica no pêlo infectado 
 
2. Cultivo = O material deve ser semeado em 
ágar Sabouraud seletivo, a temperatura ambiente. 
Acompanhamento por até quatro semanas, 
avaliando-se as características macro e 
micromorfológicas, e identificando-se o gênero ou 
espécie. 
 
 
Micromorfologia dos gêneros: Microsporum, Trichophyton E Epydermophyton 
 
Microsporum sp 
Macroconídeo em forma de folha, com parede 
espessa. 
Microconídeos arredondados. 
 
 
 
 
 
 
Trichophyton sp 
Macroconídeo em forma de bastão ou clava com parede lisa. 
Microconídeos alongados ou piriformes. 
 
 
 
 
 
 
 
Epidermophyton sp 
Macroconídeo em forma de bastão ou clava com parede lisa, 
geralmente agrupados (2 ou 3). 
Ausência de microconídeos. 
 
 
3. Testes adicionais = Devem ser realizados quando não se consegue identificar as colônias que 
crescem no meio de cultura. Podem ser utilizados os seguintes testes: prova de urease, teste de perfuração 
de pêlo in vitro, provas nutricionais (inositol, tiamina, ácido nicotínico) e crescimento em meios de arroz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pode-se ainda realizar um exame clínico da lesão, ou, raramente, biópsia e análise histopatológica. 
 
Tratamento 
1) Uso tópico 
• Vários preparados à base de enxofre, iodo, ácido salicílico, e etc. 
• Derivados imidazólicos: 
o Miconazol 
o Clotrimazol 
o Econazol 
 
2) Via oral 
• Griseofulvina 
• Cetoconazol 
 
Deve-se sempre investigar a fonte da infecção!! Pega-se amostra de solo, e adiciona-se um fio de 
cabelo esterilizado. Como o fio de cabelo tem muito mais queratina que o solo, o fungo cresce ali. Daí 
pega-se o fio, faz cultura e observa-se no microscópio. 
 
INFECÇÕES SUB-CUTÂNEAS CAUSADAS POR FUNGOS 
(IMPLANTAÇÃO TRAUMÁTICA) 
Os agentes da esporotricose e cromoblastomicose só invadem a pele não-íntegra, pois tem baixa 
capacidade de invasão. Estão associados a traumatismos. Não produzem queratinase. 
 
Dimorfismo em fungos patogênicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPOROTRICOSE 
É uma micose subcutânea, na qual há a formação de nódulos subcutâneos que posteriormente 
ulceram e supuram. 
 
Agente etiológico 
Sporothrix schenckii 
 
Transmissão 
O fungo Sporothrix schenckii pode ser encontrado em plantas, debris orgânicos, em muitos lugares 
do mundo. Tradicionalmente, a doença é adquirida através de ferimentos obtidos no manuseio de vegetais 
contaminados, ou no contato com a terra. A infecção ocorre quando o fungo é inoculado no tecido 
subcutâneo. Como na maioria das vezes a pessoa adoece por ter se cortado com espinhos, a esporotricose 
também ficou conhecida como "doença da roseira". 
 
“Felinos cariocas têm sido acometidos de uma doença rara chamada esporotricose, transmitida ao 
homem através de mordidas e arranhões, ou pelo contato com a secreção eliminada por ulcerações 
encontradas na face e em todo o corpo do animal. A doença é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, 
disperso na vegetação, no solo e em matéria orgânica em decomposição. O fungo, que gosta de climas 
temperados e tropicais, encontrou ambiente favorável para sua disseminação na cidade do Rio de Janeiro e 
arredores, fazendo subir consideravelmente o número de pessoas infectadas”. (Fiocruz 2003). 
Os gatos se contaminam na rua e trazem o fungo para dentro de casa alojados nas garras. Ao 
arranharem outros animais ou o homem, inoculam o fungo. 
Os animais apresentam lesões abertas, enquanto o homem apresenta uma lesão fechada. Assim, o 
animal tem maior possibilidade de infectar outros animais ou pessoas, até porque liberam o fungo na 
expectoração, na forma de levedura. Assim, o outro indivíduo, ao adquirir a doença pela levedura 
expectorada, adquire o fungo já numa forma bem adaptada ao hospedeiro. Quando a inoculação traumática 
do fungo é sob a forma de micélio, quando ele está no ambiente, ele está menos adaptado, possibilitando 
maior resposta do organismo. 
 
Esquema sugerindo o circuito de transmissão da esporotricose zoonótica relacionada ao ambiente 
domiciliar humano na atual epidemia no Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manifestações clínicas 
O período de incubação varia de três dias a seis meses. Acomete principalmente os membros 
superiores, face e membros inferiores. Ao ser inoculado, o fungo cai na corrente linfática, provocando 
lesões fechadas. Os nódulos formados são restritosaos linfáticos que drenam o sítio primário da 
inoculação do fungo. As lesões são parecidas com as da Leishmaniose. Para identificação, usa-se raspagem 
e visualiza-se o material ao microscópio. 
 
Principais formas clínicas são: 
1. Forma linfocutânea = A lesão inicia-se como uma pápula, pequena úlcera ou nódulo 
subcutâneo, indolor. As lesões se estendem através dos vasos linfáticos, produzindo um cordão de nódulos 
subcutâneos firmes e assintomáticos. 
2. Forma cutânea fixa ou localizada = É uma lesão solitária confinada ao local de inoculação. 
3. Forma cutânea disseminada = Pode resultar de disseminação hematogênica ou inoculação. As 
lesões manifestam-se através de pápulas, nódulos subcutâneos, lesões gomosas, ulcero-vegetantes e 
verrucosas, com comprometimento geral do paciente. 
4. Esporotricose sistêmica = Ocorre em pacientes imunocomprometidos e resulta da disseminação 
hematogênica. Os órgãos mais afetados são os olhos, nariz, faringe, pulmões e ossos. 
 
A esporotricose não é uma doença de notificação obrigatória, porque, se fosse, a Rede Pública 
deveria oferecer medicamentos gratuitamente à população. É uma doença de maior incidência na Baixada 
Fluminense. 
 
Diagnóstico laboratorial 
1. Exame direto = Após clarificação com potássio ou coloração 
pelo Gram, PAS, Giemsa ou prata, e pesquisa do fungo nas lesões. 
Observam-se leveduras alongadas. 
 
2. Cultivo = O S. schenckii é um fungo dimórfico e que se 
apresenta sob duas morfologias: 
- Fase filamentosa = cultivo em temperatura ambiente. A 
colônia se apresenta com a superfície rugosa, branca, creme, ou 
marrom (cultivo primário). A micromorfologia é constituída por 
conídios piriformes arranjados tipicamente em forma de “margarida”. 
- Fase leveduriforme = cultivo à temperatura de 37ºC. As colônias são cremosas, claras e de 
superfície irregular. A micromorfologia é constituída por elementos leveduriformes, ovalados ou 
fusiformes. 
 
3. Testes imunológicos = Intradermo-reação com esporotriquina e pesquisa de anticorpos 
específicos através de teste de aglutinação em partículas de látex em lâmina. 
 
Tratamento 
 Iodeto de Potássio (oral ou local) (??) 
 Bolsa de Calor (termo-sensível). 
 Anfotericina B e Azóis. 
 
 
CROMOMICOSE (CROMOBLASTOMICOSE) 
É uma micose cutânea ou subcutânea de curso crônico, causada por fungos demáceos, e 
caracterizada pelo aparecimento de nódulos ou verrugas, ulceradas ou não, principalmente nos membros 
inferiores, de crescimento lento. Os casos mais graves no Brasil ocorrem na região Norte e Nordeste. No 
Sul os medicamentos são distribuídos, o que faz a doença ser mais branda. Ao contrário da esporotricose, a 
cromoblastomicose tem curso crônico (6 meses → lesão restrita). 
 
Agentes etiológicos 
Fonsecaea pedrosoi Rhinocladiella aquaspersa 
Fonsecaea compacta Phialophora verrucosa 
Cladosporium carrioni 
 
Transmissão 
Os fungos vivem em matéria orgânica, vegetais em decomposição e solo. A transmissão se faz 
através de penetração de espinhos ou farpas de madeira. 
A cromoblastomicose acomete principalmente cortadores de açaí, que roçam a barriga em árvores; 
madeireiros, que carregam madeira nos ombros; trabalhador rural, que frequentemente machuca os pés. A 
doença pode ter curso de até 10 anos de evolução. 
 
Manifestações clínicas 
A cromoblastomicose tende a ser crônica, prurítica, progressiva, indolente e resistente ao 
tratamento. As lesões iniciais são pequenas pápulas verrucosas e, em geral, aumentam lentamente. 
1. Forma verrucosa = caracteriza-se por espessamento e endurecimento da derme e epiderme 
decorrente de hiperceratose e hiperacantose, assemelhando-se à elefantíase. 
2. Forma úlcero-vegetante = lesões de crescimento exuberante, gomosas, exsudativas, crostosas, 
que muitas vezes confluem entre si (couve-flor). 
3. Forma nodular = ocorre na fase inicial da doença, podendo permanecer estacionária. 
 
As lesões provocam muita dor, compressão da circulação linfática, e por vezes associação com 
colonização por bactérias, o que provoca um cheiro muito desagradável. As lesões devem ser tratadas por 
2 anos. 
 
Diagnóstico laboratorial 
1. Exame direto = Na lesão, os fungos se apresentam como elementos arredondados, 5-12 μm, 
acastanhados, de parede espessa, e com os septos transversais e longitudinais, conhecidos como corpos 
escleróticos, ou células muriformes. 
 
2. Cultivo = O exame micromorfológico das colônias feita pelo microcultivo deve ser realizado 
para a identificação das espécies. Neste ensaio podem ser observadas os seguintes tipos de conidióforos: 
- Tipo cladospório = esporos de ramificações curtas ou longas, lembrando elementos 
gemulantes em cadeia. (1) 
- Tipo fialófora = esporos ovalados produzidos lateralmente ao longo de um elemento em 
forma de taça. (2) 
- Tipo rinocladiela: esporos produzidos lateralmente ao longo de um elemento em forma de 
bastão curto. (3) 
 
 
 
Principais gêneros: 
Fonsecaea pedrosoi = encontro de todos os tipos de conidióforos. Presença de cladosporium do 
tipo curto. 
Phialophora verrucosa = predomínio dos conidióforos do tipo fialófora. 
Cladosporium carrioni = predomínio dos conidióforos do tipo cladospório longo. 
 
3. Testes imunológicos = Pesquisa de anticorpos por fixação de complemento, que entretanto não 
é utilizado em rotina. 
 
Tratamento 
• Extração cirúrgica, eletrodissecção ou criocirurgia. 
• Anfotericina B + 5 fluorocitosina. 
• Azóis. 
 
 
 
INFECÇÕES SISTÊMICAS CAUSADAS POR FUNGOS: 
Os agentes afetam mesmo indivíduos imunocompetentes. 
 
Patógenos verdadeiros (dimórficos) 
• Paracocidioides brasilienses → Paracocidiodomicose (Brasil). 
• Histoplasma capsulatum → Histoplasmose (Américas, cavernas). 
• Coccidioides immitis → Cocidioidomicose (Regiões desérticas e semi-áridas). 
• Blastomyces dermatitides → Blastomicose (América do Norte). 
 
Forma de contágio 
Fungos Oportunístas → Vários → Diferentes Orgãos Internos 
 ↓ 
Patógenos Verdadeiros → Vias aéreas → Pulmão 
 ↓ 
 Infecções Sistêmicas 
 ↓ 
 Tecidos mais Superficiais 
 ↓ 
Infecções Cutâneas e Subcutâneas 
 
HISTOPLASMOSE 
É uma micose sistêmica, de acometimento predominantemente pulmonar, causado por um fungo 
que tem afinidade pelo sistema fagocitário-mononuclear. Os fungos entram em contato com macrófagos 
alveolares, que não conseguem combate-los a acabam levando-os para a corrente sangüínea. 
 
Agente etiológico 
Histoplasma capsulatum 
- variedade capsulatum → lesões em humanos. 
- variedade duboisii → lesões em eqüinos. 
A variedade capsulatum tem ampla distribuição geográfica enquanto a variedade duboisii é restrita 
à África (doença cutânea). 
 
Habitat e transmissão 
O fungo pode ser encontrado em solo, galinheiros, cavernas, sótãos de casas velhas ou 
abandonadas e outras construções. Os reservatórios animais são constituídos por morcegos, galinhas e 
outras aves. A transmissão se dá através da inalação dos conídios (microconídios) que se encontram em 
suspensão junto com a poeira. O período de incubação varia de 3 à 30 dias. 
• Macro-ambientes Endêmicos: 
Temperatura: 22-29oC, Umidade Relativa: 67-87%, 
Precipitação Anual ≥ 1000mm 
Ex:Vale do Missouri e Bacia Amazônica 
• Micro-ambientes Endêmicos: 
Ambientes Fechados, Solo rico em Nitrogênio, 
Fezes secas de aves e morcegos → CAVERNAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O conídio entra pelas vias aéreas. Algumas pessoas conseguem combater a infecção ainda no 
pulmão. Quando isso não ocorre, o fungo se multiplica no interior do macrófago/monócito, até que essas 
células se rompem e o fungo cai no sangue. Daí ele pode seguir para os tecidos e causar leões. 
 
Manifestações clínicas 
I. Formas assintomáticas. 
II. Formas sintomáticas. 
- Histoplasmose pulmonar 
- Histoplasmose pulmonar primária 
- Histoplasmose pulmonar crônica 
- Histoplasmose localizada 
- Histoplasmose disseminada (sistêmica)Diagnóstico laboratorial 
1. Exame direto = Esfregaços de escarro, sangue, medula óssea e sedimento urinário e corados por 
giemsa. Cortes histológicos de biópsias e sua coloração pelo Giemsa, prata (Grocott), PAS e hematoxilina-
eosina. Nas lesões se apresenta com a forma de pequenas células redondas ou ovais, com 1 a 5 μm de 
diâmetro, na maioria das vezes no interior dos macrófagos. 
 
2. Cultivo = O H. capsulatum é um fungo dimórfico, podendo apresentar-se sob a fase filamentosa 
e leveduriforme. 
 
 
 
 
 
 
- Fase leveduriforme (em ágar-sangue ou BHI à 37o C) = colônias de cor branca ou branco-
amarelada. Micromorfologicamente apresentam-se como leveduras pequenas de 1-5 μm de diâmetro. 
- Fase filamentosa = cultivada em ágar-sabouraud a 25o C. São algodoadas ou pulverulentas, 
brancas ou bege-claras, com reverso amarelo ou alaranjado. À microscopia observam-se hifas, 
microconídios globosos de 3-5 μm e macroconídios tuberculados de 8-20 μm. 
 
3. Pesquisa de anticorpos anti-H. capsulatum: 
- Fixação de complemento. 
- Imunodifusão em gel de ágarose. 
A pesquisa de anticorpos é mais utilizada para identificar áreas endêmicas, e não infecção recente. 
 
4. Intradermorreação com histoplasmina. 
 
Micoses profundas 
1. Aspirado = lesões fechadas, mais recentes. 
2. Secreção = recolher material em ambiente estéril ou sobre gase. 
3. Biópsia = lesões fechadas preferencialmente; bipsiar a borda da lesão, envolvendo a pele. 
 
Principais queixas iniciais são sistêmicas. 
 
 
PARACOCCIDIOIDOMICOSE (BLASTOMICOSE SULAMERICANA) 
É uma micose sistêmica crônica, com um foco primário pulmonar, e que se dissemina para a 
mucosa oral, nasal e vísceras, formando granulomas ulcerativos. Não é uma doença de notificação 
compulsória, sendo mais freqüente que a Leishmaniose. 
 
Agente etiológico 
Paracoccidioides brasiliensis. 
 
Epidemiologia 
A doença é encontrada desde o Sul do México até o Norte da Argentina. O maior número de casos 
ocorrem no Brasil (80%), Colômbia e Venezuela. A maioria dos casos é proveniente das áreas rurais. 
Habitat e transmissão 
O fungo nunca foi isolado diretamente do solo, apesar de ter sua área endêmica bem delimitada, ou 
seja, não se sabe exatamente qual é o seu habitat. O provável mecanismo de transmissão é através da 
inalação dos conídios do fungo, porém sem comprovação definitiva. O período de incubação é muito 
variável (média de 15 anos). 
 
Manifestações Clínicas 
Dificilmente acomete crianças, mas se acontece, é mais grave, e fica dormente por um tempo. 
I. Doença primária benigna. 
- Paracoccidioidomicose pulmonar primária. 
II. Doença aguda e progressiva crônica. 
- Doença pulmonar aguda e progressiva crônica 
- Doença disseminada com envolvimento mucocutâneo, linfático e visceral. 
III. Paracoccidioidomicose aguda juvenil. 
 
As principais queixas são dor pulmonar, desconforto, febre. 
 
Diagnóstico laboratorial 
1. Diagnóstico micológico = o material biológico pode ser escarro, lavado brônquico, pus de 
linfonodos, raspados de lesão cutânea, biópsias, etc. 
- Exame direto = Nestes materiais o P.brasiliensis apresenta-se como elementos 
leveduriformes globosos de múltiplo brotamento, com 2-10 μm de diâmetro, podendo atingir cerca de 30 
um. A parede celular é dupla, espessa e bastante refringente. 
 
- Cultivo = O P.brasiliensis é um fungo dimórfico, podendo apresentar-se sob a fase 
filamentosa e leveduriforme. 
Fase filamentosa (em ágar-sabouraud à 25ºC) = Ao exame microscópico são observadas hifas 
septadas. 
Fase leveduriforme (em ágar-sangue ou BHI à 37ºC) = é constituída de elementos leveduriformes 
com brotamento múltiplo, sendo que a célula-mãe é bem maior que as filhas. 
 
 
 
 
 
 
 
O diagnostico clínico não é suficiente porque apresenta quadro semelhante a outras doenças. 
 
 
COCCIDIOIDOMICOSE 
É uma micose sistêmica, com um foco primário pulmonar, e que pode se disseminar para outros 
orgãos. 
 
Agente etiológico 
Coccidioides immitis, que tem biologia atípica. 
Epidemiologia e habitat 
O fungo cresce no solo. A doença é típica de regiões áridas e semiáridas. Nos Estados Unidos é 
conhecida como Febre do Vale, devido ao grande surto que ocorreu no Vale do São Joaquim (sul da 
Califórnia). No Brasil tem sido descrito alguns casos no sertão nordestino. 
Doença ocupacional comum em trabalhadores que lidam com o solo em regiões áridas. Ex: 
Arqueólogos e Trabalhadores da Construção civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cresce em ciclo fechado na natureza (hifa-artroconídio). Quando infecta o homem, faz 
endosporulação, não formando mais hifa! A endosporulação produz muitos fungos. 
 
Diagnóstico laboratorial 
1. Diagnóstico micológico = o material biológico pode 
ser escarro, lavado brônquico, pus de linfonodos, raspados de 
lesão cutânea, biópsias, etc. 
- Exame direto = Nestes materiais o C. immitis 
apresenta-se como elementos arredondados com múltiplos 
endósporos. 
 
- Cultivo = O C. immitis é um fungo dimórfico, 
podendo apresentarse sob a fase filamentosa e de esferulas. 
Fase leveduriforme = é muito difícel obter a conversão 
em cultura. 
Fase filamentosa (em ágar-sabouraud à 25o C) = ao 
exame microscópico são observadas hifas septadas que se 
reproduzem formando artroconídios. 
 
O diagnostico deve ser fechado com histopatologia. (?) 
 
BLASTOMICOSE 
É uma micose sistêmica, de acometimento predominantemente pulmonar, podendo se disseminar 
para a pele e outros orgãos. 
 
Agente etiológico 
Blastomyces dermatitides 
 
Distribuição 
Encontrada no Norte e meio oeste dos Estados Unidos. Não há relatos na América do Sul. 
 
Transmissão 
O individuo se infecta quando inala o fungo presente na madeira de ambientes domiciliares. 
 
Diagnóstico laboratorial 
1. Diagnóstico micológico = o material biológico pode ser escarro, lavado brônquico, pus de 
linfonodos, raspados de lesão cutânea, biópsias, etc. 
 
- Exame direto = Nestes 
materiais o B. dermatitides apresenta-se 
como elementos leveduriformes de 
brotamento muito largo. 
 
 
 
- Cultivo = Fase filamentosa a 
25o C e leveduriforme a 37o C. 
 
 
 
 
 
Tratamento das infecções sistêmicas em geral 
• Anfotericina B = é fungicida, muito tóxico. A administração não deve ser oral. O paciente deve 
ser internado e aí ser administrado a droga por 4 horas, no soro. 
• Azóis (Cetoconazol, Itraconazol, Fluconazol….) = são fungiostáticos, impedindo o crecimento 
dos fungos. O sistema imune é que deve combater a infecção. Pode ser administrado como pomada, 
remédio, etc. 
 
MINI-AULA 1: DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS 
 
Doenças causadas por fungos no homem 
A- Infecções fúngicas: 
1- Micoses: 
• Oportunistas 
• Superficiais 
• Cutâneas 
• Sistêmicas 
 
B- Intoxicações causadas por fungos 
1- Micotoxicose: 
• Ingestão de toxinas exógenas dos fungos. Em geral pela ingestão de alimentos cultivados, 
manipulados e/ou estocados na presença de fungos. 
2- Micetismo: 
• Ingestão de toxinas endógenas dos fungos. Em geral pela ingestão de cogumelos tóxicos. 
 
Micotoxicose: 
• Conceito de micotoxinas = São produtos naturais e geralmente tóxicos, produzidos por fungos 
que causam alterações de ordem biológica em humanos e animais, mesmo quando introduzidos nesses 
organismos em baixas concentrações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E
xemplos de Micotoxinas 
 
Micotoxina Fungo Efeito 
Aflatoxina (B1, B2, G1, G2) Aspergillus flavus Carcinogênica 
Ocratoxina Penicillium sp Nefrotóxica 
Fumonisina Fusarium moniliforme, 
Fusarium proliferatum 
Sistema nervoso central 
Deoxinivalenol (Dom) Fusarium sp Inibição da síntese protéica. 
Causa problemas 
gastrointestinais (perda de 
peso, falta de apetite) 
Zearelona (Zea) Fusarium graminearum Similar a estrógenos 
femininos 
Tricotecenos Starchybotris atra Alterações nos tecidos 
musculares, células nervosas 
e imunossupressãoMicotoxicose Primária x Secundária 
A micotoxicose primária é causada pela ingestão direta de micotoxinas. Essa ingestão direta pode 
ser de comida contaminada, no caso de pessoas, ou pasto contaminado, no caso de animais. 
A micotoxicose secundária é causada pela ingestão de alimentos derivados de animais 
contaminados, como no caso de carne e leite derivados de uma vaca que comeu pasto contaminado com 
micotoxinas. 
 
Ecologia e distribuição de fungos toxinogênicos: 
• Gêneros mais comuns: Aspergillus, Fusarium, Penicillium (são, também, agentes de infecções 
oportunistas no homem) 
• Produção de micotoxinas: 
o Pré-colheita 
o Secagem 
o Transporte 
o Armazenamento 
o Processamento industrial 
o Estocagem 
• Principais fatores: 
o Umidade 
o Temperatura 
o Presença de insetos 
• Regulamentação dos níveis de toxinas em alimentos: 
o EUA: 20 ppb (partes por bilhão) 
2.00 ppb (ocratoxina- Ex: café) 
0.05 ppb (leite e derivados) 
o CCE: 4ppb 
0.05 ppb (leite e derivados) 
o Mercosul: 20 ppb 
o Brasil: 20-30 ppb (CCAB / INMETRO) 
 
2- Micetismo: 
• Micotoxinas são toxinas endógenas produzidas por fungos que agem sobre o sistema nervoso 
central, alterando as sensações visuais e auditivas. 
• São substâncias solúveis em água produzidas por cogumelos (fungos basidiomicetos). 
• Existem cerca de 200 espécies de fungos produtores de substâncias alucinógenas. 
 
Principais agentes 
1. Coprinus/Clitocybe 
 - Aumentam a sensibilidade ao álcool. 
 - Sintomas aparecem de 30 minutos a 1 hora após o consumo. 
 - Principais sintomas = vermelhidão na face e pescoço; protrusões e trombose das veias do 
pescoço; inchaço; dor no peito; náuseas; vômitos. 
 - Toxina = COPRINA (derivado do aminoácido L-glutamina). 
 - Atividade = bloqueia a atividade da enzima acetaldeído desidrogenase e interrompe o 
metabolismo do etanol em seu estágio inicial. 
 
2. Amanita muscaria 
 - Ritos religiosos. 
 - Sintomas aparecem de 1 a 6 horas após o consumo. 
- Sintomas = salivação; náuseas; vomito; dor abdominal; sede em excesso; hemorragia 
interna; hipotensão; diminuição na produção de urina; aumento da destreza física; delírios; alucinações; 
convulsões; perda da consciência; sono profundo. 
- Casos fatais (1%) = parada respiratória; coma hepático; falha renal. 
- Toxinas = ÁCIDO IBOTÊNICO (aminoácido instável e termolábel que pode ser 
descarboxilado em Muscimol); MUSCIMOL (afeta as funções psicomotoras, pois penetra no cérebro. 
Passa pelos rins de forma praticamente inalterada – ingestão da urina); MUSCARINA (amina de estrutura 
semelhante a acetilcolina, se liga aos receptores nas sinapses de músculos lisos e glandulas – ação no 
sistema nervoso parassimpático); AMATOXINAS (mais perigoso dos venenos, ciclopeptídeos construídos 
de 8 aminoácidos, representando uma família de cerca de 9 toxinas. Uma dose de 5mg é letal para um 
adulto. Causam morte celular e danos irreversíveis ao fígado, rins e trato gastrointestinal. Entram nas 
células e danificam cromatina, nucléolo e diminuem o RNA nuclear, inibem a RNA polimerase em células 
de fígado). 
 
3. Psilocybe 
- Cogumeloa “sagrados” – Maias e Astecas. 
- Toxinas = PSILOCIBINA E PSILOCINA (componente orgânico semelhante a serotonina). 
- Sintomas = relaxamento/tensão; ansiedade; tontura; vômitos; diarréia; efeitos visuais, como 
percepção de cores brilhantes, percepção de objetos; pânico/medo da morte/insanidade; alucinações. 
- Ação = estímulo ao SNC ou simpático = dilatação das pupilas, aumento dos batimentos 
cardíacos, aumento da pressão sanguínea, diminuição da glicose no sangue, queda da temperatura corporal. 
 
MINI-AULA 2: PRINCÍPIOS DA TERAPIA ANTIMICÓTICA 
 
Nas doenças causadas por bactérias temos uma célula eucariota sendo infectada por uma célula 
procariota, neste caso diversas diferenças fisiológicas podem ser exploradas na terapia. Com os fungos 
temos uma célula eucariota infectando outra célula eucariota; por isso, o uso de inibidores da biossíntese 
de proteínas, RNA, DNA é limitado. 
 
Principais grupos de antifúngicos: 
1. Relacionados ao Ergosterol: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
► Poliênicos = Fungicidas. Se complexam com ao ergosterol da membrana plasmática e rompem 
a integridade da membrana. Alta toxicidade, nefrotóxicos, anemia. Ex: Anfotericina B, Nistatina (pomada). 
 
► Anfotericina B Lipossomal = aumento da especificidade por Ergosterol. 
 
►Alilaminas e Tiocarbonatos = Inibem a síntese do ergosterol inibindo a esqualeno epoxi. Nâo é 
citocromo P-450 dependente. Ex: Binafina e Tolnaftato (ação em dermatófitos). 
 
►Azóis = Inibem a síntese do ergosterol inibindo a demetilação do lanosterol se ligando ao grupo 
heme da enzima citocromo P-450. Efeitos colaterais no sistema endócrino. Ex: Cetoconazol, Itraconazol, 
Fluconazol, Sertoconazol, Voriconazol, Ravuconazol. 
 
 
2. Não relacionados ao Ergosterol: 
►Inibidores da Síntese de Parede Celular 
• Nicomicinas: Inibidores de quitina sintase (Nicomycin Z– uso tópico). 
• Equinocandinas: Inibidores de glucana sintase. Ex: Caspofungin (age competitivamente no sítio 
GTP ligante da β (1,3) glucana sintase. 
 
►Griseofulvina = Inibe a divisão celular, desarranja microtúbulos (ação em dermatófitos). 
 
►Análogos de RNA: Fungicida. Parada na síntese proteíca e inibição da síntese de DNA. Ex: 5-
Fluorocitosina (alta resistência). 
 
 
Resistência: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
►Sistemas de Efluxo

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