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4 TUTORIA 1.5 – Alícia Camyle (MEDICINA FITS-PE) Objetivos: 1. Compreender o câncer de pele (epidemiologia, classificação, fatores de risco, quadro clínico e fisiopatologia); 2. Entender o diagnóstico e tratamento do câncer de pele; 3. Conhecer a classificação (Breslow e Clark); 4. Discutir a prevenção do câncer de pele; 5. Diferenciar os sinais quanto a benignidade e malignidade. Câncer de Pele Epidemiologia No Brasil, o número de casos novos de câncer de pele não melanoma esperados, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 83.770 em homens e de 93.170 em mulheres. Em homens é mais incidente nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, com risco estimado de 123,67 casos por100 mil habitantes, 89,68/100 mil e 85,55/100 mil, respectivamente. Nas regiões Nordeste e Norte, ocupa a segunda posição, com risco estimado de 65,59/100 mil e 21,28/100 mil, respectivamente. No que diz respeito às mulheres, é mais incidente em todas as regiões brasileiras, com risco estimado de 125,13/100 mil (Centro-Oeste), 100,85/100 mil (Sudeste), 98,49/100 mil (Sul), 63,02/100 mil (Nordeste) e 39,29/100 mil (Norte). Fatores de risco Não melanoma A exposição excessiva e crônica ao sol constitui o principal fator de risco para o surgimento dos cânceres de pele não melanoma. Melanoma • Presença de nevo transformado ou em transformação; • Idade adulta; • Existência de lesões pigmentares irregulares (inclusive nevo displásico e lentigo maligno); • Existência de um nevo congênito; • Ser de raça caucasiana; • História de melanoma cutâneo prévio; • Relato de melanoma cutâneo na família; • Imunodepressão Classificação Carcinoma Basocelular (CBC) Câncer de pele mais comum; Menos agressivo – risco de metástase < 1% Deriva das células da camada basal da epiderme; Epidemiologia - Acomete mais homens, na faixa a partir dos 40 anos, principalmente nos 2/3 superiores da face (pálpebras, orelhas, nariz) sob formas diferentes: • Nodular - nódulo eritematoso, brilhoso (perláceo) com telangiectasias; • Nódulo-ulcerativo – possui as mesmas características do anterior, entretanto com ulceração central; 4 TUTORIA 1.5 – Alícia Camyle (MEDICINA FITS-PE) • Pigmentado – caracteriza-se pela hipercromia. • Esclerodermiforme – placa hipocrômica, semelhante à esclerose. É o subtipo de CBC mais agressivo. • Superficial – placa fina de coloração rosa ou vermelha, que pode apresentar borda filiforme fina e telangiectasias. • Plano-cicatricial – caracteriza-se pela extensão em superfície da forma ulcerativa, com cicatrização central. • Metatípico ou carcinoma basoescamoso – caracteriza-se por ser uma lesão constituída pelos carcinomas basocelular e espinocelular. Fator de risco – Radiação UV Diagnóstico – Biópsia Tratamento – Cirúrgico (exérese da lesão) Carcinoma Espinocelular (CEC) Deriva dos queratinócitos da camada espinhosa. Fatores de risco: • Radiação ultravioleta; • Áreas de queimadura ou úlceras crônicas (úlcera de Marjolin); • Imunosupressão; • Infecção pelo HPV. Risco de metástase é de 6%, mas, quando ocorre sobre cicatrizes, este risco aumenta para 40%. Epidemiologia: • Acomete mais homens na faixa etária a partir dos 55 anos; 4 TUTORIA 1.5 – Alícia Camyle (MEDICINA FITS-PE) • Segundo câncer de pele mais comum, um pouco mais agressivo que o CBC. Quadro clínico: Surgindo principalmente em: lábio inferior, hélice das orelhas, tronco, antebraços e mãos, região genital e pernas (preferencialmente em mulheres). Entre as formas de apresentação: • CEC clássico – nódulo eritematoso com crosta superficial, podendo ter ulceração ou infiltração. • CEC verrucoso; • Leucoplasia - placa esbranquiçada aderida a mucosas. Diagnóstico – Biopsia Tratamento – Exérese por meio de cirurgia Melanoma Origina-se dos melanócitos da epiderme, células pigmentadas e dendríticas localizadas na camada basal. É mais raro, mas é o tumor maligno mais agressivo da pele, já que possui alto poder metastático, podendo atingir cérebro, ossos, pulmão e vários outros órgãos. Fatores de risco: • Acomete os fototipos mais baixo; • Adultos jovens (pico entre 30 e 40 anos); • Localidades equatoriais; • Lesões em áreas expostas (nas mulheres, as lesões surgem nas pernas, e nos homens, no tronco); • Exposição à radiação UV – principal; • História pessoal (aumenta 9 vezes o risco); • História familiar (aumenta 5 vezes o risco). • As câmeras de bronzeamento artificial também são fontes da radiação UV e estão fortemente associadas ao melanoma. O melanoma apresenta-se sob algumas formas: • Extensivo superficial – cresce horizontalmente, mas apresenta crescimento vertical nas fases mais tardias; • Lentigo maligno – aparece em áreas que já tem danos solares; • Nodular – cresce verticalmente, é mais agressivo que os outros; 4 TUTORIA 1.5 – Alícia Camyle (MEDICINA FITS-PE) • Lentiginoso acral – surge nas palmas das mãos, nas plantas dos pés e em região subungueal. É o tipo mais comum em negros. • Amelanocítico – caracterizado pela ausência da coloração característica dos melanomas. O melanoma consegue fugir do sistema imunológico através de vários mecanismos: • Perda de antígenos específicos de tumores • Perda de moléculas MHC de classe I • Secreção de citocinas imunoinibidoras → IL- 10 e TGF-β • A regulação negativa da resposta imune pode envolve a ocorrência natural de células TCD4+/CD25+ (é um Th3 → linfócito regulador), células T reguladoras que produzem IL-10 indutivel ou sinais negativos através da superfície das células CTLA-4. A suspeita diagnóstica é levantada através do exame clínico associado a sinais e sintomas (prurido, ulceração e sangramento) e à dermatoscopia. Porém, a confirmação diagnóstica só é possível com a biopsia. Para a realização do exame anatomopatológico, deve-se submeter o paciente a uma biopsia excisional (retirada da lesão completa com margem entre 2 e 3 mm e com profundidade até a hipoderme). Excetua-se a isso, algumas situações, como em lesões na face ou muito grandes, quando se faz a biopsia incisional (retirada de um fragmento da lesão). Tratamento: • Cirurgia com margem de segurança; • Pesquisa do linfonodo sentinela: ➢ >1 mm ➢ Lesão de alto risco (ulceração, áreas de regressão, áreas de mitose intensa) Essa pesquisa consiste em injetar um corante azul ou material radioativo no tumor e retirar o primeiro linfonodo da cadeia que drena aquela região do tumor, sendo esta cadeia identificada pela aquisição da cor do corante utilizado. Se este linfonodo, na biopsia, estiver comprometido, significa que já há metástase e que os demais linfonodos da cadeia também devem ser removidos. • Metástase – quimioterapia (óssea ou cerebral – radioterapia). Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista ou cirurgião, por meio de exame clínico. Em algumas situações, é necessário o exame que permite visualizar algumas camadas da pele não vistas a olho nu. Alguns casos exigem um exame invasivo, que é a biópsia. 4 TUTORIA 1.5 – Alícia Camyle (MEDICINA FITS-PE) A cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas, dependendo do estágio da doença. Quando há metástase (o câncer já se espalhou para outros órgãos), o melanoma é tratado com novos medicamentos, que apresentam altas taxas de sucesso. BRESLOW e CLARK Além de confirmar a malignidade, a biopsia determina a profundidade do tumor. A profundidade do melanoma é o principal fator preditivo de prognóstico e de tratamento, já que é pelo contato com as estruturas mais profundas que ele se metastatiza. Assim, os melanomas mais profundos são os mais agressivos. Os Níveis de Clark mensurama profundidade dos melanomas: • Nível I – Epiderme (in situ) • Nível II – Chega à derme papilar (mais superficial) • Nível III – Transição da derme papilar e derme reticular • Nível IV – Derme reticular • Nível V – Hipoderme Há ainda os Níveis de Breslow: • ≤ 1 mm • 1,01 a 2 mm • 2,01 a 4 mm • > 4 mm O estadiamento é fundamental para estabelecer o prognóstico dos pacientes. Prevenção do Câncer • Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h. • Procurar lugares com sombra. • Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas. • Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de proteção 30, no mínimo. É necessário reaplicar o filtro solar a cada duas horas, durante a exposição ao sol, bem como após mergulho ou grande transpiração. Mesmo filtros solares “à prova d’água” devem ser reaplicados. • Usar filtro solar próprio para os lábios. • Em dias nublados, também é importante o uso de proteção. • As tatuagens podem esconder lesões, portanto, merecem atenção. • Nas atividades ocupacionais, pode ser necessário reformular as jornadas de trabalho ou a organização das tarefas desenvolvidas ao longo do dia Sinais quanto a Benignidade e Malignidade O melanoma faz diagnóstico diferencial com lesões melanocíticas, os nevos, que são a neoplasia benigna mais comum da pele e são resultado da proliferação controlada de melanócitos. Para diferenciá-los, há algumas características que sugerem a malignidade das lesões e elas podem ser sumarizadas pelo mnemônico ABCDE: • Assimetria • Bordas irregulares 4 TUTORIA 1.5 – Alícia Camyle (MEDICINA FITS-PE) • Coloração múltipla (mais de uma cor) • Diâmetro > 6 mm • Evolução – aumento em tamanho, surgimento de prurido, sangramento e formação de crosta Em alguns casos há maior risco de evolução do nevo para o melanoma: • Pessoas com mais de 50 nevos; • Nevo congênito gigante (mais de 20 cm) Nestes casos, os pacientes devem ser acompanhados com certa frequência, de modo a verificar a evolução das características do ABCDE. Entretanto, algumas vezes, essa caracterização clínica deixa dúvidas entre nevo displásico (com atipia) e melanoma. Nestes casos, deve-se proceder com a biopsia.
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