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UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 1 SP2: Eu, fazer esses exames? Nem pensar 1. Identificar os fatores de risco e a epidemiologia do cân- cer de próstata. Fatores de risco são, como o próprio nome diz, fatores que au- mentam os riscos de ter determinada doença. Entretanto, tê-los não significa que obrigatoriamente ela se desenvolverá. Entre os fatores de risco, podemos citar: -IDADE: Como visto, indivíduos mais velhos têm maiores chances de desenvolver o câncer de próstata, especialmente acima da quinta década de vida; - ETNIA: Negros são grupo de risco para o desenvolvimento deste tipo de tumor; - FATORES HORMONAIS: A quantidade de hormônios andrógenos (por exemplo, a testosterona) tem impacto na formação tumoral, principalmente em relação ao envolvimento com a reformulação celular prostática. Níveis elevados de testosterona parecem corro- borar com o desenvolvimento da neoplasia. Entretanto, os estudos clínicos (estudos com pessoas) tiveram dificuldades em mostrar isso, especialmente em faixas próximas à normalidade. Um outro hormônio, chamado fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), em níveis elevados, também parece contribuir com a formação do câncer. Tem papel importante na história natural da doença, indicando inclusive, que o hormônio provoca proliferação celular. A DHT, um andrógeno mais potente que a TT e o principal hormônio trófico da próstata, liga-se com grande afinidade a receptores androgênicos (AR), uma proteína nuclear que é expressa na maioria das células prostáticas, incluindo as epiteliais e as do estroma. Em- bora a TT também possua a capacidade de ligar-se a tais recepto- res, seu papel parece ser secundário ao da DHT, uma vez que não ocorre o desenvolvimento da glândula em homens portadores de deficiência da enzima 5aredutase (metaboliza a TT em DHT no núcleo). O complexo DHT-receptor modula a expressão de vários genes através de sua ligação com sequências no genoma chamadas ele- mentos que respondem aos hormônios (HREs). Essas estruturas são formadas por centenas de pares de base e, geralmente, estão situadas nas regiões promotoras ou de enhancers. O AR, após sua ligação à DHT, exibe seus dois zinc fingers, que facilitam sua associ- ação aos HREs. Aparentemente, essa mudança conformacional ocorre porque o receptor libera a proteína 90 do choque térmico, à qual está ligado quando na sua forma inativa. Isso permite a sua dimerização e a consequente estabilidade necessária para o pro- cesso de transcrição gênica. Os genes sob controle do DHT-AR (ligação da diidrotestosterona com um receptor andrógeno) codificam várias proteínas, inclusive alguns fatores de crescimento importantes, que foram identifica- dos como estimuladores potenciais da proliferação celular prostáti- ca. Entre eles estão os fatores de crescimento epidérmico e de fibroblastos (EGF e EGF), o semelhante à insulina (IGF-I e II), o trans- formante b (TGFb), o derivado de plaqueta (PDGF) e o de queratinó- citos (KGF). Os sinais mitogênicos intrácrinos, autócrinos e parácri- nos são iniciados pela ligação desses fatores aos domínios externos dos seus receptores presentes na membrana celular, o que esti- mula a atividade de tirosina quinase situada no domínio intracelular do receptor e inicia uma cascata de sinais até o núcleo. Esses sinais regulam a transcrição de genes específicos, tais como do antígeno específico da próstata (PSA), ou de protoncogenes, como o C-MTC, CFOS ou C-JUN, que codificam proteínas envolvidas no processo normal de proliferação célula. - TABAGISMO: Sabe-se que o tabagismo é fator de risco para inúmeros tipos de câncer e isso não é diferente com o de próstata. O ato de fumar está envolvido principalmente na agressividade UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 2 tumoral: tabagistas têm, em média, 30% mais chances de morrer por câncer de próstata que um não-fumante - OBESIDADE: A obesidade parece ter relação tanto com a mortali- dade quanto com o aparecimento do câncer de próstata. No entan- to, o que é mais comprovado através dos estudos clínicos é o maior potencial de fatalidade nesse grupo de risco. Isso parece se dar principalmente por um hormônio chamado de Leptina, encontrado em altas concentrações nos obesos - CONSUMO DE SOJA: parece estar relacionado com um menor risco do desenvolvimento do câncer de próstata. - GENÉTICA: Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 mostraram ser risco independente para o desenvolvimento do câncer de próstata com chances aumentadas em duas e sete vezes, respectivamente. *Esses genes supressores de tumores normalmente reparam erros no DNA da célula. - INFLAMAÇÃO: Pacientes que desenvolvem prostatites parecem ter maior propensão ao desenvolvimento da neoplasia; -INGESTÃO DE GORDURA DE ORIGEM ANIMAL: Este nutriente eleva as taxas de androgênios e estrogênios, os quais, por sua vez, indu- ziriam ao desenvolvimento de tumores da próstata Estudo com camundongos portadores de câncer prostático que receberam dieta com 40% e 2,3% de gordura, demonstraram que após de- corrido algum tempo, o volume do tumor foi três vezes maior nos animais que receberam dieta com 40% de gordura, do que naque- les que receberam dieta com 2,3%. - HISTÓRICO FAMILIAR: Pessoas que têm histórico familiar de cân- cer de próstata têm grandes chances de desenvolvê-lo também. Quando um parente de primeiro grau possui esse histórico, o indiví- duo tem duas vezes mais chances de evoluir com a neoplasia. Além disso, aparentemente a agressividade do tumor também guarda correlação com esse histórico. Pacientes cujos parentes desenvol- veram a doença previamente aos 55 anos possuem uma propen- são ainda maior de desenvolver a doença, frequentemente em idades mais precoces do que outros indivíduos; O risco de CP aumenta 1,5 vezes quando um parente de primeiro grau (pai ou irmão) tem o tumor, cinco vezes quando são acometi- dos dois parentes de primeiro grau e 10,9 vezes quando três parentes de primeiro grau têm a doença. Recentemente, estudando 66 famílias com alta prevalência do CP, pesquisadores suecos identificaram no braço longo do cromossomo I o local onde, provavelmente, se aloja o principal protooncogene causador do câncer prostático, o HPCI “Hereditary Prostate Câncer I”. Tal descoberta permitirá, em futuro próximo, que um simples teste laboratorial de análise de DNA identifique indivíduos propensos a ter CP. Em médio prazo, é possível que os médicos possam inter- vir sobre este gene, neutralizando-o e impedindo a degeneração maligna das células prostáticas. Estudos de associação genômica têm identificado várias variantes genéticas que estão associadas ao risco aumentado, incluindo uma variante próxima do oncogene MYC no cromossomo 8q24, que aparenta ser responsável por alguma da incidência aumentada do câncer da próstata em homens afro-descendentes. Similarmente, em homens brancos dos Estados Unidos, o desenvolvimento do câncer da próstata tem estado ligado a um lócus de suscetibilidade no cromossomo Iq24-q25. - FATORES AMBIENTAIS: Substâncias químicas utilizadas na indús- tria de fertilizantes (ferro, cromo, cádmo, borracha e chumbo), embora tal capacidade não seja cientificamente comprovada. Re- centemente, a exposição ao arsênico inorgânico, um contaminante ambiental, também tem sido responsabilizado pela iniciação e/ou progressão do CP - OUTROS: O consumo de álcool, de gorduras e de vitamina D em alguns estudos mostrou-se maléfico, mas não foi possível chegar a uma conclusão definitiva. Da mesma forma, o consumo de licopeno, vitamina E e selênio pareceu se mostrar protetor, o que também não foi confirmado por outros estudos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o CP é a neoplasia maligna mais frequente nos homens e a segunda maior causador de mortes no Brasil (SBU, 2008). Raramente este tipo de câncerproduz sintomas até que se encontre em sua forma avançada. O CP é o tumor maligno de maior incidência em homens nos Estados Unidos, estima-se que 1:6 homens desenvolvam a doença. Cerca de 200.000 novos casos são diagnosticados todo ano. Esta patologia é a segunda principal causa de morte por câncer em homens, com uma mortalidade anual avaliada em 38.000 óbitos, tendo um impac- to devastador sobre a morbidade e a mortalidade na população masculina norte-americana a partir da meia-idade (ABDO et al., 2006). Dados do INCA (2008) mostram que o número de novos casos diagnosticados de CP no mundo é de aproximadamente 543 mil por ano, representando 15,3% de todos os casos incidentes de câncer em países desenvolvidos e 4,3% dos casos em países em desen- volvimento. O CP é o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, com estimativa de 1,5 milhões de casos diagnosticados nos últimos anos. Este tipo de câncer é raro antes dos 50 anos, mas a incidên- cia aumenta constantemente com a idade, atingindo quase 50% dos indivíduos com 80 anos, e quase 100% dos com 100 anos. Atualmente, o CP é a patologia maligna mais frequente e que mais aumenta em incidência no Brasil (52 novos casos a cada 100 mil homens). Estima-se que cerca de 140.000 novos casos de câncer prostático surjam a cada ano e que, desses, aproximadamente 10.000 resultem em óbito devido a complicações desta patologia. As regiões Sul e Sudeste, de maneira geral, apresentam as maio- res incidências de CP, enquanto as regiões Norte e Nordeste mos- tram as menores incidências. As taxas da região Centro Oeste UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 3 apresentam um padrão intermediário. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o CP é o mais frequente em todas as regi- ões, com risco estimado de 69/100.000 na região Sul, 63/100.000 na região Sudeste, 47/100.000 na região Centro- Oeste, 38/100.000 na região Nordeste, e 22/100.000 (INCA, 2008) O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequentemente encon- trado e representa mais de 95% dos casos de câncer de próstata. Os demais tipos histológicos são os sarcomas, o carcinoma epider- moide e o carcinoma de células transicionais Em termos de mortalidade, é a segunda causa de morte por cân- cer. De acordo com o INCA, no ano de 2013, houve 13.772 mortes em razão do câncer de próstata. Desde o início da aplicação do PSA (Antígeno Prostático Específico), na década de 1980, como forma de diagnóstico precoce, os números vêm decaindo, especialmente nas faixas etárias mais avançadas. Além do diagnóstico precoce, o tratamento de forma mais incisa tem contribuído muito para esses números. A taxa caiu de 31 mortes a cada 100.000 homens no ano de 1975 para 23 mortes no ano de 2005. De uma maneira geral, a taxa de mortalidade também é maior em países desenvolvidos, especialmente no continente americano. Diferentes etnias têm incidência diferente do câncer de próstata. Isso obviamente não tem relação apenas genética, mas também com vários outros fatores como meio-ambiente, estilo de vida e dieta. Negros têm maiores chances de desenvolver câncer de próstata, seguido pelos brancos, latinos, asiáticos e por último, os indígenas. Em comparação com os indivíduos brancos, negros têm 1,6 vezes mais chances de ter câncer de próstata e 2,4 vezes mais chances de morrer por esse tipo de câncer O câncer de próstata é um clássico tumor de populações mais idosas. Apenas 2% dos casos ocorrem em homens com menos de 50 anos. A média de idade dos pacientes é de 68 anos. REFERÊNCIAS DE SOUSA PENHA, Lucas et al. Câncer de Próstata: uma Revisão da Literatura. International Journal of Nutrology, v. 11, n. S 01, p. Trab234, 2018. SARRIS, Andrey Biff et al. Câncer de próstata: uma breve revisão atualizada. Visão Acadêmica, v. 19, n. 1, 2018. DAMIÃO, Ronaldo et al. Câncer de próstata. Revista Hospital Univer- sitário Pedro Ernesto v. 14, 2015. 2. Reconhecer a herança genética envolvida neste tipo de tumor. As alterações hereditárias no DNA de determinados genes são responsáveis por 10% dos casos de cânceres de próstata. O cân- cer causado por genes hereditários é denominado câncer hereditá- rio. Visto pela genética, o câncer de próstata pode ser classificado em três grupos: a) Hereditário, que é condicionado por um gene com transmissão mendeliana. b) Familiar, quando não se descobre o gene envolvido ou os porta- dores da doença não possuem os requisitos da hereditariedade, embora, na família, seja possível observar casos. c) Esporádico, quando se observam casos isolados nas famílias do paciente. A transmissão do Câncer de Próstata Hereditário é responsável por um gene autossômico dominante. Foram descobertos dois ge- nes: o HPC-1, ou gene do câncer de próstata hereditário – 1; e o HPC-2, ou gene do câncer de próstata hereditário – 2 . O HPC-1 é um gene raro e sua frequência genética varia nas populações em que o gene foi estudado. Tal gene é responsável por 10% das neoplasias prostáticas de um modo geral e por 45% das neoplasias que ocorrem antes dos 55 anos de idade. Provavelmente outros dois genes estão envolvidos com a suscepti- bilidade hereditária a doença, o RNASEL e o MSR1, que estão relaci- onados a sínteses de proteínas. Outros genes possivelmente envol- vidos com a câncer prostático são NKX3.1, PTEN e AR. O polifor- mismo dos genes AR, CYP17 e SRD5A2, influenciaram também no desenvolvimento e progressão do câncer de próstata e podem estar envolvidos na variação de risco associada à etnia O fato de que se um gêmeo monozigótico (idêntico) tem a neoplasia, o risco de seu irmão também desenvolver a doença é de 27%, enquanto entre gêmeos dizigóticos (não idênticos) esse risco é de apenas 7%. Três condições chamam a atenção para a presença da doença na família: três ou mais homens com a doença, a presença de pelo menos um homem com a doença em três gerações sucessivas (linhagem paterna ou materna), e a presença de dois ou mais ho- mens em uma mesma geração, cujo tumor foi diagnosticado antes dos 55 anos. Recentemente, estudando 66 famílias com alta prevalência do CP, pesquisadores suecos identificaram no braço longo do cromossomo I o local onde, provavelmente, se aloja o principal protooncogene causador do câncer prostático, o HPCI “Hereditary Prostate Câncer I”. Estudos de associação genômica têm identificado várias variantes genéticas que estão associadas ao risco aumentado, incluindo uma variante próxima do oncogene MYC no cromossomo 8q24, que aparenta ser responsável por alguma da incidência aumentada do câncer da próstata em homens afro-descendentes. Similarmente, em homens brancos dos Estados Unidos, o desenvolvimento do câncer da próstata tem estado ligado a um lócus de suscetibilidade no cromossomo Iq24-q25. Mutações genéticas hereditárias UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 4 BRCA1 e BRCA2. Esses genes supressores de tumores normalmente reparam erros no DNA da célula. As mutações hereditárias nesses genes causam comumente câncer de mama e câncer de ovário em mulheres. Mas as alterações nesses genes (principalmente no BRCA2) represen- tam uma pequena porcentagem dos cânceres de próstata. CHEK2, ATM, PALB2 e RAD51D. Mutações nesses genes podem ser responsáveis por alguns tipos de câncer de próstata hereditários. Genes de reparação de incompatibilidade do DNA (MSH2, MSH6, MLH1 e PMS2). Esses genes geralmente corrigem erros no DNA que são feitos quando uma célula está se preparando para se dividir em 2 novas células. Homens com mutações hereditárias nesses genes têm uma condição conhecida como síndrome de Lynch, também conhecida como câncer colorretal hereditário não poliposo e têm um risco aumentado para câncer colorretal, câncer de próstata e outros tipos de câncer RNASEL (antigo HPC1). A função normal desse gene supressor do tumor é ajudaràs células a morrer quando ocorrer algo errado dentro delas. As mutações hereditárias nesse gene permitem que células anormais vivam mais do que deveriam, o que pode levar a um risco aumenta- do de câncer de próstata. HOXB13 Esse gene é importante no desenvolvimento da próstata. As muta- ções nesse gene têm sido associadas ao câncer de próstata em estágio inicial. Felizmente, esta mutação é rara. Mutações somáticas adquiridas Uma classe importante de mutações somáticas são os rearranjos genéticos que criam genes de fusão que consistem no promotor regulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codifi- cadora dos fatores de transcrição da família ETS (o mais comum é o ERG). Os genes de fusão TMPRSS2-ETS estão presentes em aproximadamente 40-50% dos cânceres da próstata. É possível que a expressão aumentada e desregulada dos fatores de trans- crição ETS interfira na diferenciação das células epiteliais prostáti- cas. Outras mutações comumente levam à ativação da via sinalizadora do oncogene PI3K/AKT, entre as quais as mais comuns são as mutações que inativam o gene supressor de tumor PTEN, que atua como um freio à atividade do PI3K. Mutações genéticas adquiridas Algumas mutações genéticas ocorrem durante a vida de uma pes- soa e não são transmitidas os filhos. Essas alterações são encon- tradas apenas em células que vêm da célula mutante original e são denominadas mutações adquiridas. A maioria das mutações genéti- cas relacionadas ao câncer de próstata parece ser adquirida ao longo da vida, em vez de serem herdadas. Toda vez que uma célula se prepara para se dividir em duas novas células, deve copiar seu DNA. Esse processo não é perfeito e, às vezes, ocorrem erros, deixando o DNA defeituoso na nova célula. Não está claro com que frequência essas mudanças no DNA podem ser eventos aleatórios e com que frequência são influenciadas por outros fatores, como dieta e hormônios. Em geral, as células da próstata que crescem e se dividem mais rapidamente têm uma maior probabilidade de que ocorram mutações. O desenvolvimento do câncer de próstata pode estar ligado ao aumento das taxas de determinados hormônios. Níveis elevados de andrógenos (hormônios masculinos, como a testosterona) promo- vem o crescimento celular da próstata e podem contribuir para o risco de câncer de próstata em alguns homens. Alguns estudos mostraram que homens com níveis elevados de outro hormônio, o fator de crescimento da insulina 1 (IGF-1), são mais propensos a desenvolver câncer de próstata. No entanto, outros estudos não encontraram uma ligação entre o IGF-1 e o câncer de próstata. Ainda são necessários mais estudos para dar sentido a essas conclusões. Alguns estudos mostraram que a inflamação da próstata pode contribuir para o câncer de próstata. Uma das teorias é que a inflamação pode levar a uma alteração no DNA celular, o que pode contribuir para que uma célula normal se torne cancerígena. Entre- tanto, mais pesquisas são necessárias para comprovar essa teoria. A exposição às radiações ou substâncias cancerígenas pode causar mutações no DNA em muitos órgãos do corpo, mas esses fatores não foram comprovados como importantes causas de mutações nas células da próstata. REFÊNCIAS DA SILVA BRITO, Simone Fraga; DE MORAIS, Vanilda. Câncer de Próstata: Caracterização Epidemiológica e Riscos Hereditá- rios. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 4, n. 1, p. 247-257, 2012. 3. Relacionar a fisiopatologia do câncer de próstata com as manifestações clínicas. A próstata pode ser dividida em várias regiões biologicamente distintas, e as mais importantes delas são as zonas periférica e de transição. Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das lesões hiperplásicas surge na região mais interna da zona de transição, ao passo que a maioria dos carcinomas (entre 70-80%) surge nas zonas periféricas. UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 5 A próstata normal contém glândulas com duas camadas de células: uma camada de célula basal plana e uma sobrejacente de célula secretora colunar. O estroma que envolve a próstata contém uma mistura de músculo liso e tecido fibroso. Ela é acometida por distúr- bios infecciosos, inflamatórios, hiperplásicos e neoplásicos, dos quais o câncer de próstata é, de longe, o mais importante clinicamente. À medida que o homem envelhece sua próstata vai aumentando de tamanho. Em razão deste aumento, é comum que a partir dos 50 anos os homens sintam o fluxo urinário mais lento e um pouco menos fácil de sair. Por isso, quando aumenta de volume, a prósta- ta se transforma em uma verdadeira ameaça para o bem-estar do homem, pois começa a comprimir a uretra e a dificultar a passa- gem da urina: o jato urinário se torna gradativamente fino e fraco. A próstata é uma pequena glândula localizada na pelve masculina, cujo peso normal é aproximadamente 20g. Ela é responsável em produzir 40% a 50% dos fluidos que constituem o sêmen ou es- perma, tendo uma função biológica importante na fase reproduto- ra do homem, conferindo proteção e nutrientes fundamentais à sobrevivência dos espermatozoides. Além disso, a próstata é muito importante na prática urológica, já que é sede de vários processos que causam transtornos a pacientes de idades variadas. A próstata é composta por células, que normalmente se dividem e se reproduzem de forma ordenada e controlada, no entanto, quan- do ocorre uma disfunção celular que altere este processo de divi- são e reprodução, produz-se um excesso de tecido, que dá origem ao tumor, podendo este ser classificado como benigno ou maligno. A próstata pode ser sede desses dois processos: o crescimento benigno, chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB), e o ma- ligno, denominado CP, podendo este último surgir associado ou não ao crescimento benigno. A velocidade de crescimento do CP é lento, sendo necessário entre 4 a 10 anos para que uma célula produza um tumor de 1 cm (MI- RANDA et al., 2004), todavia, esse crescimento leva a próstata a atingir volumes de 60g ou mesmo de 100g, passando a exigir quase sempre tratamento cirúrgico.. Nos estágios iniciais, o câncer limita- se à próstata, entretanto, se deixado sem tratamento, poderá invadir órgãos próximos como vesículas seminais, uretra e bexiga, bem como espalhar-se para órgãos distantes como ossos, fígado e pulmões, quando se torna incurável e de nefastas consequências. Fisiopatologia A causa exata do câncer de próstata não está definida. Como ocorre com outros cânceres, seu desenvolvimento aparentemente é um processo que se estende por várias etapas e envolve genes que controlam a diferenciação e a proliferação celulares. Vários fatores de risco como idade, raça, hereditariedade e influências ambientais (p. ex., dieta com alto teor de gorduras) parecem de- sempenhar um papel importante. Os níveis dos hormônios masculi- nos também influenciam. Existem poucas evidências relacionando a patogênese desse câncer com nível socioeconômico, agentes infec- ciosos, tabagismo, vasectomia, comportamento sexual ou HPB. Em termos de influência hormonal, os androgênios parecem de- sempenhar um papel importante na patogênese do câncer de próstata.. Entre as evidências a favor dessa influência estão a existência de receptores esteroides na próstata; a necessidade dos hormônios sexuais para o crescimento e o desenvolvimento normal da glândula; e o fato de esse tipo de câncer quase nunca se desenvolver nos homens castrados. A resposta do câncer de próstata à administração de estrogênio ou à privação androgênica também reforça uma correlação entre a doença e os níveis de testosterona. A maioria dos homens com câncer de próstata em estágios iniciais é assintomática. Em geral, sintomas sugerem doença localmente avançada ou metastática. Dependendo do tamanho e da localizaçãopor ocasião do diagnóstico, o paciente pode ter queixas associadas às alterações do padrão miccional semelhantes às referidas pelos pacientes com HPB, como urgência miccional, aumento da frequên- cia urinária, noctúria, tenesmo, disúria, hematúria ou sangue no material ejaculado. Ao toque retal, a próstata pode ser nodular e imóvel. Adenocarcinoma O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer em homens, representando 29% dos casos de câncer nos Estados Unidos em 2012. Fisiopatologia Os andrógenos desempenham um papel importante no câncer de próstata. Como seus equivalentes normais, o crescimento e a so- brevida das células do câncer de próstata dependem de andróge- nos, que se ligam ao receptor androgênico (RA) e induzem a ex- pressão de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. Andrógenos => RA => expressão de genes pró cresc e sobrevida UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 6 É interessante observar, em relação às diferenças no risco de câncer de próstata entre as raças, que o gene de RA relacionado ao cromossomo X contém uma sequência polimórfica composta por repetições do códon CAG (que codifica a glutamina). Expansões muito grandes dessa sequência de CAGs causam um distúrbio neu- rodegenerativo raro, a doença de Kennedy, caracterizada por cãibras musculares e fraqueza. Contudo, mesmo em indivíduos normais, existe variação suficiente na extensão de repetições CAG para afetar a função de RA. RAs com extensões mais curtas de poliglutamina apresentam maior sensibilidade aos andrógenos. As repetições mais curtas de poliglu- tamina são encontradas em geral em afro-americanos, enquanto caucasianos possuem uma extensão intermediária e os asiáticos possuem a mais longa, o que corresponde à incidência e à mortali- dade por câncer de próstata nesses grupos. A importância dos andrógenos na manutenção do crescimento e sobrevida das células do câncer de próstata pode ser observada no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandro- gênicos, que geralmente induzem regressão da doença. Infelizmen- te, a maioria dos tumores eventualmente se torna resistente ao bloqueio androgênico. Os tumores escapam por uma variedade de mecanismos, incluindo uma hipersensibilidade em níveis baixos de andrógeno (p. ex., amplificação do gene de RA), ativações de RA independente de ligante (p. ex., via ligações variantes que bloqueiam o domínio de ligação do ligante), mutações em RA que permitem sua ativação por ligantes não androgênicos, e outras mutações ou alterações epigenéticas que ativam as vias de sinalização alternati- vas, que podem evitar completamente a necessidade de RA. Entre essas últimas estão as alterações que levam a um aumento da ativação da via de sinalização PI3K/AKT (tal como a perda do gene supressor de tumor PTEN), que é observada mais frequentemente em tumores que se tornaram resistentes à terapia antiandrogêni- ca. Existe um grande interesse no papel de outros polimorfismos hereditários no desenvolvimento do câncer de próstata. Em compa- ração aos homens sem história familiar, aqueles que possuem parentes de primeiro grau com câncer de próstata apresentam o dobro de risco e aqueles com dois parentes de primeiro grau pos- suem cinco vezes o risco de desenvolver câncer de próstata. Homens com uma forte história familiar de câncer de próstata também tendem a desenvolver a doença em idade mais precoce. Homens com mutações de linha germinativa do supressor tumoral BRCA2 possuem um risco 20 vezes maior de desenvolver câncer de próstata, e uma mutação hereditária no HOXB13, um gene ho- meobox que codifica um fator de transcrição que regula o desen- volvimento da próstata, também confere um risco substancialmen- te aumentado na pequena porcentagem de famílias que os carrega. Entretanto, a vasta maioria dos cânceres de próstata familiares é decorrente de variações em outros loci, que conferem um pequeno aumento no risco de câncer. Estudos de associação ampla entre família e genoma identificaram mais de 40 loci associados ao risco, que explicam cerca de 25% do risco familiar. De possível interesse, vários genes propostos nessas regiões estão envolvidos na imuni- dade inata, levando à especulação de que a inflamação, uma carac- terística emergente do câncer, pode preparar o cenário para o desenvolvimento do carcinoma prostático. Outros trabalhos focalizam o papel de mutações adquiridas e alte- rações epigenéticas específicas para o tumor. Uma mudança gené- tica estrutural muito comum no câncer de próstata são os rear- ranjos cromossômicos que justapõem a sequência de codificação do gene de um fator de transcrição da família ETS (mais comumente ERG ou ETV1) próximo ao promotor TMPRSS2 regulado por andro- gênio. Esses rearranjos, que ocorrem em aproximadamente metade dos casos de câncer de próstata em coortes caucasianas, colocam o gene ETS envolvido sob o controle do promotor TMPRSS2 e levam à sua superexpressão de modo dependente de andrógenos. A superexpressão dos fatores de transcrição ETS não transforma diretamente as células epiteliais da próstata, mas torna as células epiteliais prostáticas normais mais invasivas, possivelmente pela suprarregulação de metaloproteases da matriz. Em contraste com câncer de mama e de cólon, os esforços recen- tes de sequenciamento do genoma completo têm demonstrado que as deleções e amplificações genômicas são mais comuns no câncer da próstata do que mutações pontuais envolvendo oncogenes. Alterações genéticas mais comuns no câncer da próstata incluem amplificação do locus 8q24 contendo o oncogene MYC e deleções envolvendo o supressor tumoral PTEN. Nos estágios avançados da doença são comuns tanto a perda de TP53 (por deleção ou muta- ção) como deleções envolvendo RB, dado que são ampliações do locus do gene do receptor de androgênio. A alteração epigenética mais comum no câncer de próstata é a hipermetilação no gene da glutationa S-transferase (GSTP1) que infrarregula a expressão de GSTP1. O gene GSTP1 está localizado no cromossomo 11q13 e é uma parte importante da via que previne a lesão decorrente de uma grande variedade de carcinógenos. Morfologia Quando os termos “câncer de próstata” ou “adenocarcinoma pros- tático” são usados sem qualificações, eles se referem à variante comum ou acinar do câncer de próstata. Em aproximadamente 70% dos casos, o carcinoma da próstata surge na zona periférica da glândula, classicamente em uma localização posterior, onde pode ser palpável ao exame retal. Caracteristicamente, no corte trans- versal da próstata, o tecido neoplásico é granuloso e firme, mas, quando incrustado no interior da substância prostática, sua visuali- zação pode ser extremamente difícil, sendo mais facilmente apa- rente à palpação. A extensão local envolve mais frequentemente o tecido periprostático, as vesículas seminais e a base da bexiga UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 7 urinária, o que pode produzir obstrução ureteral na doença avança- da. Adenocarcinoma da próstata. O tecido carcinomatoso é visto na face posterior (inferior esquerda). Observe o tecido sólido mais branco do câncer em contraste com aparência esponjosa da zona periférica benigna no lado oposto. As metástases se disseminam via linfática, inicialmente para os linfonodos obturadores, e eventualmente para os linfonodos paraa- órticos. A disseminação hematogênica ocorre principalmente para os ossos, em particular para o esqueleto axial, porém algumas lesões disseminam-se amplamente para as vísceras. A disseminação visceral maciça é uma exceção, e não a regra. As metástases ósseas são tipicamente osteoblásticas, uma característica que em homens aponta fortemente para uma origem prostática. Os ossos comumente envolvidos, em ordem descendente de frequência, são a coluna lombar, o fêmur proximal, a pelve, a coluna torácicae as costelas. Carcinoma prostático osteoblástico metastático dentro de corpos vertebrais. Histologicamente, a maioria das lesões consiste em adenocarcino- mas que produzem um padrão glandular bem definido. As glândulas tipicamente são menores que as glândulas benignas e estão reves- tidas por uma camada única e uniforme de epitélio cuboide ou colu- nar baixo. Em contraste com as glândulas benignas, as glândulas do adenocarcinoma de próstata são mais aglomeradas e caracteristi- camente não possuem ramificações e dobras papilares. A camada de células basais externas típicas de glândulas benignas está ausen- te. O citoplasma das células tumorais varia de pálido-claro até um aspecto anfofílico nítido. Os núcleos são grandes e muitas vezes contêm um ou mais nucléolos grandes. Existe alguma variação no tamanho e na forma do núcleo, mas em geral o pleomorfismo não é acentuado. Figuras mitóticas são raras. A. Fotomicrografia de pequenos focos de adenocarcinoma da prós- tata, demonstrando pequenas glândulas aglomeradas entre glându- las benignas maiores. B, Maior ampliação mostra várias pequenas glândulas malignas com núcleos aumentados, nucléolo proeminente e citoplasma escuro, em comparação com a glândula benigna maior. Carcinoma de próstata mostrando invasão perineural pelas glându- las malignas. Compare à glândula benigna (à esquerda). Sintomatologia Nos estágios iniciais, o CP é completamente assintomático. No en- tanto, com o decorrer do tempo podem surgir dificuldades para UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 8 expelir a urina, jato urinário fraco, aumento do número de micções, necessidade imperiosa de urinar, presença de sangue na urina ou ainda dor e queimação durante a micção. Um em cada nove homens com CP pode apresentar manifestações clínicas, entretanto, tais sintomas são comuns nos casos de crescimento benigno, de modo que a presença deles não indica, necessariamente, a existência de câncer, exigindo, no mínimo, uma melhor avaliação médica Cada homem apresenta um tempo variável para o aparecimento dos sintomas, uma vez que o câncer geralmente se inicia na peri- feria da próstata, podendo não provocar nenhuma mudança no ritmo urinário, fato que acaba por não conduzir o indivíduo ao médi- co e, assim, retardando o diagnóstico da doença. O CP avançado pode se disseminar pelo corpo, provocando sinto- mas diferentes dos urinários. Dores no períneo, alterações do funcionamento intestinal, dores ao nível dos rins e nos ossos, can- saço, perda de força e de peso, são algumas das manifestações clínicas provocadas pela extensão do CP a órgãos vizinhos ou à distância (metástases). Muitas vezes indivíduos apresentam fratura espontânea do fêmur sem qualquer tipo de trauma, o que pode ser considerado uma fratura patológica, esta provocada pela dissemi- nação do tumor prostático. Diagnóstico O diagnóstico confirmatório de câncer de próstata é feito a partir da biópsia guiada pelo ultrassom transretal. São retirados 12 “peda- ços” da próstata para avaliação. Um médico patologista avalia o tecido (com as células) e define se é aquilo é normal, se é benigno ou se é canceros. Caso seja câncer, o patologista expressa o laudo na chamada Gra- duação Histológica do Sistema de Gleason. De maneira simplificada, ele avalia duas áreas mais frequentes do tumor dando um número de 1 a 5 para cada uma delas (sendo o 1 o menos agressivo e o 5 mais agressivo) (LOEB et al, 2012). Ele soma os números dados, o que gera a escala de Gleason (variando, portanto, de 2 a 10). Com base em Gleason, podemos estabelecer: - Gleason de 2 a 4: Aproximadamente 25% de chance de o tumor disseminar-se para fora da próstata em anos, afetando a sobrevi- da; - Gleason de 5 a 7: Aproximadamente 50% de chance; - Gleason de 8 a 10: Aproximadamente 75% de chance. REFERÊNCIAS DE SOUSA PENHA, Lucas et al. Câncer de Próstata: uma Revisão da Literatura. International Journal of Nutrology, v. 11, n. S 01, p. Trab234, 2018. V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen- ças. Grupo GEN, 2016. STANDRING, S. (Ed.). Gray's anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 SARRIS, Andrey Biff et al. Câncer de próstata: uma breve revisão atualizada. Visão Acadêmica, v. 19, n. 1, 2018. 4. Caracterizar os diagnósticos diferenciais do câncer de próstata (prostatite, hiperplasia benigna de próstata), identificando os achados clínicos e laboratoriais que subsi- diem a identificação. Hiperplasia prostática benigna (HPB) ou hiperplasia nodular da prós- tata é um crescimento benigno da glândula prostática associado ao envelhecimento. Caracteriza-se pela formação de lesões volumosas e bem demarcadas na região periuretral da próstata, em vez de afetar as zonas periféricas invadidas comumente pelo câncer de próstata. HPB é uma das doenças mais comuns dos idosos, e, de acordo com alguns relatos, mais de 75% dos homens com idade acima de 80 anos têm esse distúrbio. Homens com menos de 40 raramente são acometidos. Hiperplasia nodular da próstata. Superfície de corte de uma prósta- ta aumentada por hiperplasia nodular mostrando vários nódulos de tecido prostático bem demarcados. A uretra prostática (clipe de papel) estava comprimida e consistia em uma fenda estreita Etiologia UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 9 A causa exata da HPB é desconhecida. Entre os fatores de risco potencial estão idade, história familiar, raça, etnia, ingestão dietéti- ca de carnes e gorduras e influências hormonais. A incidência au- menta com a idade e é mais alta entre os afro-americanos e mais baixa entre os japoneses nativos. De acordo com alguns estudos, homens com história familiar de HPB têm próstatas maiores que seus controles, e índices mais altos dessa doença foram revelados sobretudo em gêmeos monozigóticos que nos dizigóticos. Os androgênios (testosterona e di-hidrotestosterona) e os estrogê- nios parecem contribuir para o desenvolvimento de HPB. A próstata é formada por uma rede de elementos glandulares embebidos em musculatura lisa e tecidos de sustentação, e a testosterona é o fator mais importante para a proliferação da próstata. A di- hidrotestosterona (DHT) – metabólito biologicamente ativo da tes- tosterona – parece ser o mediador final da hiperplasia prostática, enquanto o estrogênio atua como sensibilizador dos tecidos prostá- ticos aos efeitos proliferativos da DHT. A descoberta de que a DHT é o fator ativo da patogênese da HPB é a razão para a utilização dos inibidores de 5α-redutase (p. ex., finasterida, dutasterida) para tratar essa doença. Embora a fonte exata de estrogênio seja desconhecida, quantidades pequenas desse hormônio são produzidas nos homens. Alguns estudos sugeri- ram que o aumento relativo dos níveis de estrogênio, que ocorre com o envelhecimento, possa facilitar a ação dos androgênios na próstata, apesar do declínio da produção testicular de testostero- na. A DHT se liga ao receptor de andrógeno (RA) nuclear presente tanto nas células prostáticas estromais quanto nas epiteliais. DHT é mais potente que a testosterona porque possui maior afinidade por RA e forma um complexo mais estável com o receptor. A ligação de DHT com RA estimula a transcrição dos genes dependentes de andrógenos, que inclui vários fatores de crescimento e seus recep- tores. Os mais importantes entre esses são os membros da família do fator de crescimento de fibroblastos (FGF, do inglês, fibroblast growth factor) e o fator transformante do crescimento (TGF)-β. FGFs, produzidos por células do estroma, são reguladores parácri- nos de crescimento epitelial estimulados por androgênio durante o desenvolvimento prostático embrionário, e algumas dessas vias podem ser ”redespertadas” na idade adulta para produzir o cres- cimento da próstata na HBP. Acredita-seque os fatores de cres- cimento induzidos por DHT atuem aumentando a proliferação das células estromais e diminuindo morte das células epiteliais. Morfologia Em um caso usual de aumento prostático, a próstata pesa entre 60 e 100 g. A hiperplasia nodular da próstata é originada quase exclusivamente na porção interna da glândula prostática (zona de transição). Os nódulos iniciais são compostos quase totalmente por células estromais e mais tarde surgem nódulos predominantemente epiteliais. A partir de sua origem nessa localização estratégica, os aumentos nodulares podem atingir as paredes laterais da uretra, que é comprimida, tornando-se um orifício em forma de fenda. Em alguns casos, o aumento nodular pode se projetar para cima até o assoalho da uretra como uma massa hemisférica diretamente abaixo da mucosa uretral, o que é chamado de hipertrofia do lobo mediano. Hiperplasia nodular da próstata. A, Nódulos bem definidos da hiper- trofia prostática benigna comprimem a uretra, que passa a ter uma luz em fenda. B, Uma visão microscópica de toda a próstata mostra nódulos das glândulas hiperplásicas em ambos os lados da uretra. C, Em maior aumento, a dupla população celular típica: po- dem ser vistas a camada de células colunares internas e a camada de células basais achatadas externas. Microscopicamente, a proliferação glandular assume a forma de agregados de glândulas cisticamente dilatadas pequenas ou grandes, UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 10 revestidas por duas camadas de células, uma camada colunar in- terna e uma camada externa cuboide ou achatada. Ocasionalmente, focos de metaplasia escamosa reativa que mimetizam o carcinoma urotelial podem ser observados em locais adjacentes a infartos prostáticos em próstatas com HPB proeminente. Fisiopatologia e manifestações clínicas A localização anatômica da próstata no colo da bexiga contribui para a fisiopatologia e a sintomatologia da HPB. Dois componentes da próstata suscitam as manifestações obstrutivas da HPB e o desenvolvimento de sintomas referidos às vias urinárias inferiores: o dinâmico e o estático. O primeiro está relacionado com o aumento das dimensões da glândula e acarreta sinais e sintomas como jato urinário fraco, gotejamento pós-miccional, aumento da frequência das micções e noctúria. O segundo está ligado ao tônus da muscula- tura lisa da próstata. Os receptores α1-adrenérgicos são os principais do componente muscular liso da glândula. O reconheci- mento de seu papel na função neuromuscular da próstata é a base da utilização dos bloqueadores α1-adrenérgicos para tratar HPB. Um terceiro componente – instabilidade do músculo detrusor e redução da contratilidade vesical – pode influenciar os sintomas dessa doença, independentemente da obstrução do orifício de saída da bexiga pela próstata aumentada. O significado clínico da HPB está em sua tendência de comprimir a uretra e causar obstrução parcial ou completa do fluxo urinário. À medida que a obstrução avança, o paciente pode ter retenção aguda com distensão extrema da bexiga. A urina residual da bexiga aumenta a frequência das micções e produz desejo constante de esvaziar a bexiga, que piora à noite. Havendo dilatação acentuada do órgão, o paciente pode ter incontinência de transbordamento quan- do ocorre aumento discreto da pressão intra-abdominal. A obstrução resultante do fluxo urinário pode causar infecção urinária, alterações destrutivas da parede da bexiga, hidroureter e hidronefrose. A hipertrofia e as alterações da estrutura da parede vesical ocorrem progressivamente. Nos estágios iniciais, as fibras hipertrofiadas formam trabéculas, depois hérnias ou dilatações saculares. Por fim, formam-se divertículos à medida que as hérnias estendem-se através da parede vesical.. A pressão retrógrada dos ureteres e do sistema coletor dos rins causa hidroureter, hidrone- frose e risco de insuficiência renal terminal. Diagnóstico Hoje em dia, parece estar claro que o fator único mais importante para a avaliação e o tratamento da HPB são as experiências do próprio indivíduo com seu problema. O AUASI (American Urological Association Symptom Index) consiste em sete perguntas quanto UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 11 aos sintomas relativos a esvaziamento incompleto, frequência urinária, intermitência, urgência, força do jato, esforço para urinar e noctúria. A cada pergunta é atribuído um escore de 0 (brando) a 7 (grave). O máximo de 35 indica sintomas graves. Escores totais menores que 7 são considerados brandos; valores entre 8 e 20 são moderados; e escores acima de 20 são graves. Uma última pergunta refere-se à qualidade de vida com relação aos problemas urinários. Durante a avaliação inicial dos homens com diagnóstico de HPB, os procedimentos realizados são história e exame físico, toque retal, exame simples de urina, dosagens sanguíneas de PSA (antígeno prostático específico) e determinação da taxa de fluxo urinário. Os exames de sangue e urina são utilizados como adjuvantes para determinar complicações da HPB. O exame simples de urina serve para detectar bactérias, leucócitos ou hematúria microscópica nos pacientes com infecção e inflamação. A dosagem do PSA é realiza- da como triagem do câncer de próstata. Em combinação com o AUASI, esses parâmetros de avaliação são empregados para des- crever o grau de obstrução, determinar se há necessidade de exames complementares e confirmar a necessidade de tratamen- to. O toque retal é realizado para examinar a superfície externa da próstata. Em geral, o crescimento prostático atribuído à HPB torna a glândula aumentada e palpável com superfície lisa em consistência de borracha. Áreas endurecidas sugerem câncer e devem ser examinadas por biopsia. Uma próstata aumentada ao toque retal nem sempre se correlaciona com o grau de obstrução urinária. Alguns homens podem ter próstatas acentuadamente aumentadas sem obstrução, enquanto outros podem referir sintomas graves sem crescimento palpável. A determinação da urina residual pode ser realizada por ultrasso- nografia ou cateterização pós-miccional de modo a determinar o volume residual. A urofluxometria fornece uma medida objetiva da taxa de fluxo urinário. O paciente é solicitado a urinar com a bexiga relativamente cheia (no mínimo 150 mℓ) em um dispositivo que mede eletronicamente a força do jato e a taxa de fluxo urinário. Taxas maiores que 15 mℓ/s são consideradas normais, enquanto taxas menores que 10 mℓ/s sugerem obstrução.26 A ultrassonografia diagnóstica transabdominal ou transretal pode ser realizada para examinar os rins, os ureteres e a bexiga. A uretrocistoscopia está indicada aos homens com história de he- matúria, doença estenótica, traumatismo uretral ou história de cirurgia das vias urinárias inferiores. Sua função é determinar o comprimento e o diâmetro da uretra, o tamanho e a configuração da próstata e a capacidade da bexiga. TC, RM e cintigrafia radionu- clídica são reservadas para os casos graves em que são detecta- dos tumores. Tratamento É determinado pela gravidade dos sintomas que a HPB causa e as complicações associadas à obstrução. Quando um paciente tem sintomas brandos devido à doença, a conduta de “espera cautelosa” geralmente é adotada. O problema nem sempre tem evolução previsível, ou seja, pode manter-se estável ou até mesmo melhorar. Atualmente, as abordagens terapêuticas menos invasivas são enfa- tizadas, inclusive o uso de fármacos. Contudo, quando o paciente tem sinais e sintomas mais graves de obstrução, a cirurgia é indica- da para proporcionar conforto e evitar danos graves aos rins. O tratamento farmacológico inclui o uso de inibidores da 5α- redutase e bloqueadores α1-adrenérgicos. Os fármacos do pri- meiro grupo (p. ex., finasterida) reduzem as dimensões da próstata bloqueando oefeito dos androgênios na glândula. A existência de receptores α-adrenérgicos na musculatura lisa da próstata levou à utilização de bloqueadores α1-adrenérgicos (p. ex., prazosina, terazosina) para aliviar a obstrução prostática e aumentar o fluxo urinário. As combinações de inibidores da 5α-redutase e bloquea- dores α1-adrenérgicos parecem mais eficazes que o uso isolado de um desses fármacos. A ressecção cirúrgica da próstata aumentada pode ser realizada por abordagem transuretral, suprapúbica ou perineal. Hoje em dia, a transuretral é a abordagem mais utilizada. Com essa técnica, um instrumento é introduzido pela uretra e os tecidos prostáticos são removidos por meio de um ressectoscópio e um eletrocautério. As complicações imediatas da RTUP são incapacidade de urinar, hemor- ragia pós-operatória ou retenção de coágulos e infecção urinária. As complicações tardias são disfunção erétil, incontinência e con- traturas do colo vesical. Ejaculação retrógrada é outro problema UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 12 que pode ocorrer como consequência da ressecção dos tecidos do colo vesical. Para os pacientes com doença cardíaca ou pulmonar ou algum distúrbio que impeça procedimento cirúrgico de grande porte, pode- se colocar um stent para ampliar e manter a uretra pérvia. Stent é um dispositivo tubular entrelaçado introduzido com anestesia local ou regional. Depois de alguns meses, o revestimento da uretra prolifera e cobre a superfície interna do stent. O termo prostatite refere-se a vários distúrbios inflamatórios da próstata, alguns de etiologia bacteriana e outros não. Pode ocorrer espontaneamente como consequência de cateterização ou instru- mentação ou pode ser secundária a outras doenças do sistema geniturinário masculino. Existem quatro grupos de síndromes de prostatite: prostatite bacteriana aguda, prostatite bacteriana crônica, síndrome de prostatite/dor pélvica crônica e prostatite inflamatória assintomática. Os homens com este último tipo não referem queixas subjetivas, e o problema é detectado incidental- mente por biopsia ou exame do líquido prostático. (1) prostatite bacteriana aguda (2- 5% dos casos), causada pelos mesmos organismos associados às infecções agudas do trato uriná- rio; (2) prostatite bacteriana crônica (2-5% dos casos), também cau- sada por uropatógenos comuns; (3) prostatite crônica não bacteriana, ou síndrome da dor pélvica crônica (90-95% dos casos), em que, apesar da presença dos sintomas locais, nenhum uropatógeno é identificado; (4) prostatite inflamatória assintomática (taxa de incidência desco- nhecida), associada à identificação incidental de leucócitos nas se- creções prostáticas sem uropatógenos. No exame retal, a próstata é intensamente macia e esponjosa. Prostatite bacteriana aguda Em geral, a prostatite bacteriana aguda é considerada um subtipo de infecção urinária. A causa mais provável é uma infecção uretral ascendente, ou refluxo de urina infectada (E. coli) para os ductos prostáticos. Bactérias gram-negativas (espécies de Proteus, Klebsi- ella, Pseudomonas e Serratia) e enterococos são patógenos menos comuns. Bactérias anaeróbias e gram-positivas raramente causam prostatite aguda. As manifestações clínicas incluem febre e calafrios, mal-estar, desejo frequente e urgente de urinar e disúria. Em muitos casos, os pacientes referem dor perineal difusa e persistente. A urina pode estar turva e com odor fétido em razão da infecção urinária. O toque retal detecta próstata edemaciada, dolorosa e quente com áreas macias dispersas. A massagem da próstata elimina secreção espessa com leucócitos e, quando semeada em cultura, revela grandes quantidades de patógenos. O tratamento da prostatite bacteriana aguda depende da gravidade dos sintomas. Em geral, envolve antibióticos, repouso ao leito, hidra- tação adequada, antipiréticos, analgésicos (de preferência anti- inflamatórios não esteroides) para aliviar a dor e emolientes fecais. Os pacientes em estado grave, inclusive em sepse, podem necessi- tar de internação hospitalar. Se houver dor ou dificuldade de urinar, pode ser preciso um cateter suprapúbico. A prostatite aguda geralmente melhora com antibióticos escolhidos com base nos resultados dos testes de sensibilidade dos patógenos isolados da secreção uretral. Dependendo dos resultados da urino- cultura, em geral, a antibioticoterapia é mantida por 4 semanas no mínimo. Como essa doença costuma estar associada a algumas anormalidades anatômicas, um exame urológico detalhado geralmen- te é realizado depois de concluir o tratamento. Febre persistente indica a necessidade de exames complementares para determinar outros focos de infecção. TC e ultrassonografia transretal da próstata ajudam a firmar o diagnóstico de abscessos prostáticos. Prostatite bacteriana crônica Ao contrário da prostatite bacteriana aguda, a prostatite bacteria- na crônica é uma doença sutil e difícil de tratar. Nos casos típicos, os homens têm infecções urinárias repetidas com persistência da mesma cepa de bactéria patogênica no líquido prostático e na urina. Os microrganismos causadores geralmente são enterobactérias UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 13 gram-negativas. Cálculos prostáticos infectados também se for- mam e contribuem para a infecção crônica. Os sintomas da prostatite crônica são variáveis e incluem micções urgentes e frequentes, disúria, desconforto perineal e dor lombar baixa. Em alguns casos, mialgia e artralgia acompanham os outros sintomas. Por vezes, a epididimite secundária está associada à prostatite. Alguns pacientes têm infecções repetidas das vias urinárias superiores ou inferiores, em razão da invasão recidivante da bexiga pelas bactérias da próstata, as quais podem permanecer mesmo quando o líquido prostático é estéril. O método mais preciso para estabelecer o diagnóstico são culturas localizadoras Essa técnica baseia-se em coletas sequenciais da primeira parte do jato urinário (espécime uretral), do meio do jato (espécime da bexiga), da secreção prostática espremida (obtida por massagem da próstata) e da urina emitida depois da massagem prostática. Essas duas últimas amostras são consideradas repre- sentativas da urina prostática. Uma amostra positiva da secreção prostática espremida confirma o diagnóstico de prostatite bacteri- ana e exclui a possibilidade de prostatite não bacteriana. Mesmo depois de estabelecer o diagnóstico exato, o tratamento da prostatite crônica geralmente é muito difícil. Ao contrário de sua ação na forma aguda, os fármacos antibacterianos não penetram satisfatoriamente a próstata com inflamação crônica. Em geral, a infecção é tratada por períodos longos (3 a 4 meses) com um antimicrobiano oral em doses baixas. Prostatectomia transuretral (RTUP) tem sido realizada para tratar pacientes com doença resis- tente. Síndrome de prostatite ou dor pélvica crônica A síndrome de prostatite ou dor pélvica crônica é a mais comum e também a menos compreendida dentre as síndromes de prostatite. É dividida em dois grupos – inflamatória e não inflamatória – com base na existência de leucócitos no líquido prostático. No passado, o tipo inflamatório era conhecido como prostatite não bacteriana, enquanto o tipo não inflamatório, como prostatodinia. Prostatite inflamatória. Um grupo numeroso de homens com prostatite não tem bactérias no sistema urinário, mas ainda assim refere dor ao longo do pênis, nos testículos e no escroto; ejaculações dolorosas; dor lombar baixa; dor retal na extensão das superfícies internas das coxas; queixas urinárias; perda de libido; e impotência. Os homens com prostatite não bacteriana geralmente têm infla- mação da próstata com contagens altas de leucócitos e células inflamatórias anormais nas secreções prostáticas. A causa da doença é desconhecida, e a maioriadas tentativas de comprovar a existência de patógenos incomuns (p. ex., micoplasmas, Chlamydia, Trichomonas ou vírus) tem sido infrutífera. Aparentemente, a prostatite não bacteriana pode ser uma doença autoimune. Prostatite não inflamatória. Os homens acometidos por essa doença referem sintomas seme- lhantes aos da prostatite não bacteriana, mas têm urinoculturas negativas e não apresentam indícios de inflamação da próstata (i. e., contagem de leucócitos normal). A causa da prostatite não inflamatória é desconhecida, mas, consi- derando a inexistência de inflamação, a busca por definir o que ocasiona os sintomas tem sido dirigida para fontes extraprostáti- cas. Em alguns casos, há uma obstrução funcional aparente no colo vesical perto do esfíncter uretral externo. Durante a micção, essa obstrução gera pressões maiores que as normais na uretra pros- tática que acarretam refluxo intraprostático da urina e irritação química da próstata pela urina. Em outros casos, há mialgia aparen- te (i. e., dor muscular) associada à tensão prolongada dos músculos do assoalho pélvico. Tratamento. As abordagens ao tratamento da síndrome de prostatite ou dor pélvica crônica são amplamente variadas e precisam ser mais bem estudadas. Antibióticos são usados quando há suspeita de infecção oculta. Em geral, o tratamento é voltado para o controle dos sinto- mas. Banhos de assento e anti-inflamatórios não esteroides podem oferecer algum alívio. Nos homens com sintomas miccionais irritati- vos, anticolinérgicos (p. ex., oxibutinina) ou bloqueadores α- adrenérgicos podem ser eficazes. REFERÊNCIAS DIRETRIZES, Projeto. Hiperplasia Prostática Benigna. Disponível em: <https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/hiperplasia- prostatica-benigna.pdf>. DE, F.E.V.; (EDS.), P.L. Tratado de Geriatria e Gerontologia, 4ª edição. Grupo GEN, 2016. GROSSMAN. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2015 Alan J. Wein. Campbell-Walsh Urologia. Grupo GEN, 2018. V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen- ças. Grupo GEN, 2016. STANDRING, S. (Ed.). Gray's anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 5. Explicar o significado clínico da escala de Gleason na avali- ação do tumor de próstata. A gradação é particularmente importante no câncer de próstata, porque o grau e o estádio são os melhores indicadores de prognós- tico. O adenocarcinoma de próstata é graduado de acordo com o sistema de Gleason, que estratifica o câncer de próstata em cinco graus com base nos padrões glandulares de diferenciação. Os padrões de arquitetura são identificados e se atribui a eles um grau de 1 a 5, sendo 1 o mais diferenciado e 5 o mais indiferencia- do UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 14 A maioria dos tumores contém mais de um padrão; em tais casos, um grau primário é atribuído ao padrão dominante e um grau se- cundário ao segundo padrão mais frequente. Os dois graus numéri- cos são então somados para obter um grau ou pontuação de Glea- son combinado. Então, por exemplo, um tumor com grau dominante 3 e um grau secundário 4 obteria uma pontuação de Gleason de 7. *Tumores com apenas um padrão são tratados como se seus graus primários e secundários fossem os mesmos e consequente- mente o número é dobrado. *Uma exceção a essa regra ocorre se três padrões estiverem presentes na biópsia, em que o grau mais comum e o maior são somados para chegar à pontuação de Gleason. Portanto, nesse esquema, os tumores mais bem diferenciados apresentam uma pontuação de Gleason de 2 (1 + 1) e os tumores menos diferencia- dos recebem uma pontuação de 10 (5 + 5). PADRÃO 1 Nódulo circunscrito de ácinos de tamanho médio, arredondados a ovais, estreitamente aglomera- dos, porém separados, uniformes (glândulas maiores que no padrão 3 PADRÃO 2 Tal como no padrão 1, razoavel- mente circunscritos, porém na borda do nódulo tumoral pode haver uma infiltração mínima. As glândulas se mostram mais frou- xamente dispostas e não tão uniformes quanto no padrão Gleason 1 PADRÃO 3 Unidades glandulares discretas Tipicamente glândulas menores do que aquelas vistas no padrão Gleason 1 ou 2. Infiltra-se em ácinos prostáticos não neoplási- cos e em torno dele. Variação acentuada no tamanho e na forma PADRÃO 4 Glândulas microacinares em fusão. Glândulas mal definidas com luz glandular malformada Glândulas cribriformes grandes Hipernefromatoide PADRÃO5 Nenhuma diferenciação glandular, constituído de folhetos sólidos, cordões ou células isoladas Comedocarcinoma com necrose central circundada por massas papilares, cribriformes ou sólidas Escore Gleason inferior ou igual a 6: Grupo de Grau 1 Escore Gleason 3 + 4 = 7: Grupo de Grau II Escore Gleason 4 + 3 = 7: Grupo de Grau III Escore Gleason 8: Grupo de Grau IV Escore Gleason 9 a 10: Grupo de Grau V Gleason de 2 a 4 – câncer com crescimento provavelmente lento; cerca de 25% de chance de disseminação do câncer para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 5 a 7 – câncer de crescimento lento ou rápido, a de- pender de outros fatores; cerca de 50% de chance de dissemina- ção do câncer para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 8 a 10 – câncer de crescimento muito rápido; cerca de 75% de chance de disseminação do câncer para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. REFERÊNCIAS V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen- ças. Grupo GEN, 2016. Alan J. Wein. Campbell-Walsh Urologia. Grupo GEN, 2018. 6. Caracterizar o estadiamento no CA próstata. UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 15 A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. Estadiar um caso de câncer significa avaliar seu grau de disseminação. Para tal, há regras internacionalmente estabelecidas, as quais estão em constante aperfeiçoamento. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), denomi- nado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Sistema TNM Esse sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases a distância (M). Estes parâmetros recebem gradua- ções, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respec- tivamente. Além das graduações numéricas, as categorias T e N po- dem ser subclassificadas em graduações alfabéticas (a, b, c). Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas expressam o nível de evolução do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadia- mento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares pertinentes ao caso. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anatomo- patológico da peça operatória. É estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. O estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores. A determinação da extensão da doença e a identificação dos órgãos por ela envolvidos auxiliam nas seguintesetapas: a) informações sobre o comportamento biológico do tumor; b) escolha da terapêutica; c) previsão das complicações; d) obtenção de informações sobre o prognóstico do caso; e) avaliação dos resultados do tratamento; f) investigação em oncologia: pesquisa clínica, publicação de resulta- dos e troca de informações. Os parâmetros de estadiamento devem incluir os fatores relacionados ao tumor e ao hospedeiro, quais sejam: a) órgão e tecido de origem do tumor; b) classificação histopatológica do tumor; c) extensão do tumor: tamanho ou volume; invasão de tecidos adja- centes; comprometimento de nervos, vasos ou sistema linfático; d) locais das metástases detectadas; e) dosagem de marcadores tumorais; f) estado funcional do paciente UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 16 REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Estadi- amento. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/estadiamento>. V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doen- ças. Grupo GEN, 2016. 7. Citar as formas atuais de prevenção e detecção precoce (rastreamento) de câncer de próstata, relacionadas às políticas públicas de saúde. A prevenção primária do câncer de próstata apresenta- da pelo conjunto das fontes estudadas se estrutura a partir dos seguintes temas: ausência de um conhecimento sólido; fatores de risco; adoção de hábitos saudáveis; uso de drogas e o poder da informação Na maioria das fontes estudadas, verifica-se que não há como se precisar medidas preventivas contra o câncer de prósta- ta: "O aparecimento do câncer de próstata não pode ser evitado, porque ainda não são perfeitamente conhecidos os mecanismos que modificam a maquinaria das células normais da glândula a prós- tata, tornando-as malignas". No entanto, em algumas, de certa forma, relativiza tal desconhecimento: Todo homem nasce progra- mado para ter câncer de próstata, pois todos carregam em seu código genético os chamados 'proto-oncogens', que dão a ordem para uma célula normal se transformar em outra maligna. Isto só não ocorre indiscriminadamente porque a função dos proto- oncogens é antagonizada por outro grupo de gens protetores, chamados de 'supressores' Com o decorrer dos anos acumulam-se perdas dos gens supressores, que libera a atividade dos proto- oncogens e permite a degeneração das células prostáticas. Embora, em geral, os materiais consultados não tenham esse tom enfático do posicionamento de que todos os homens nascem programados para ter o câncer de próstata, algumas fontes estudadas observam que, com o aumento da expectativa de vida dos homens, as possibilidades de se ter câncer de próstata podem ser aumentadas. "Estima-se que, aos 80 anos, cerca de 50% dos homens sejam atingidos pelo câncer de próstata". Assim, é comum considerar que o risco de se desenvolver o câncer de próstata aumenta à medida que o homem envelhece. A ausência de conhecimentos sólidos para a recomenda- ção de medidas preventivas para o câncer de próstata também pode ser explicada pelo fato de os fatores de risco para câncer de próstata são, na maioria, desconhecidos e inevitáveis. Os dois fato- res que apresentam certo consenso entre as fontes no que ser refere ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a idade e história familiar. A grande maioria dos casos ocorre em homens com idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai ou irmão com câncer de próstata. A "dieta rica em gordura saturada (especialmente gordura animal) e pobre em fibra aumenta o risco de câncer de próstata" O consumo abundante de tomate cozido e seus derivados parece diminuir em 35% os riscos de CaP, segundo estudo realizado na Universidade de Harvard, pensando com que a adoção de hábitos saudáveis aparece em algumas fontes consultadas como uma for- ma de prevenir as doenças em gerais, aí podendo se incluir o cân- cer de próstata, tais como comer adequadamente, controlar o peso, beber com moderação, limitar o uso de açúcar e sal, não fumar e praticar exercícios físicos. Dentre esses hábitos, dietas consideradas saudáveis ocupam um espaço significativo. O efeito benéfico do tomate resultaria da presença de grandes quantidades de licopeno, um betacaroteno natural precursor da vitamina A. Finalmente, complementação dietética com vitamina E (800 mg ao dia) e com selenium (200 µg ao dia) talvez tenha um efeito prote- tor contra o CaP, reduzindo riscos de ocorrência da doença em 32 a 63% dos pacientes analisados em dois estudos caso-controle. Um ambiente em que haja pouca exposição ao sol também é considerado um fator de risco para desenvolvimento do câncer de próstata. A teoria é que a exposição à irradiação ultravioleta do sol tem efeito protetor contra o câncer de próstata. Em países mais frios, onde os homens recebem menos irradiação solar, casos dessa doença costumam ser mais freqüentes Ainda sobre o conhecimento dos fatores de risco como forma de prevenção, o National Cancer Institute dos Estados Unidos da América – NCI observa que alguns fatores de riscos podem ser evitados; nesse caso, estaria a idéia de prevenção primária propri- amente dita, mas muitos não são evitáveis. UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 17 Também conhecido como prevenção secundária, o ras- treamento é realizado para diagnosticar o câncer antes que o paciente apresente qualquer sintoma da doença. No entanto, não está claro, se para a maioria dos homens, os benefícios do rastre- amento do câncer de próstata superem os riscos desses exames. Ainda assim, após discutir os prós e os contras do rastreamento com seus médicos, alguns homens podem optar por fazer o ras- treamento. Aqui são discutidos os exames de rastreamento usados para diagnosticar possíveis sinais de câncer de próstata. Entretan- to, esses exames não são conclusivos para o diagnóstico definitivo de câncer de próstata. Se o resultado de um desses testes for anormal, provavelmente será necessária a realização de uma bióp- sia da próstata para elucidação diagnóstica do câncer de próstata. Exame do antígeno prostático específico (PSA) O nível de PSA no sangue é medido em unidades de nano- gramas por mililitro (ng/ml). A chance de ter câncer de próstata aumenta à medida que o nível de PSA aumenta, mas não existe um ponto de corte definido que se possa afirmar com certeza se um homem tem (ou não) câncer de próstata. Muitos médicos definem o valor de PSA de 4 ng/ml ou superior para decidir se um homem pode precisar de mais exames, enquanto outros podem recomen- dar realizar outros exames a partir de um nível mais baixo, como 2,5 ou 3. A maioria dos homens que não tem câncer de próstata tem um nível de PSA abaixo de 4 ng/ml no sangue. Quan- do o câncer de próstata se desenvolve, o nível de PSA geralmente ultrapassa esse valor. Ainda assim, um nível abaixo de 4 não garante que o homem não tenha câncer. Cerca de 15% dos homens com PSA abaixo de 4 terão câncer de próstata se fizerem uma biópsia. Homens com nível de PSA entre 4 e 10 ng/ml têm cerca de 1 em 4 chances de ter câncer de próstata Se o PSA for superior a 10, a chance de ter câncer de próstata é superior a 50% FATORES QUE AFETAM OS NÍVEIS DO PSA Uma das razões pela qual é difícil usar um ponto de corte definido para o PSA no diagnóstico do câncer de próstata é que vários outros fatores, além do câncer também podem afetar os nível de PSA. Fatores que podem aumentar os níveis de PSA incluem: Próstata aumentada. Condições como hiperplasia prostáti- ca benigna, aumento benigno da próstata que afeta mui- tos homens conforme envelhecem pode aumentar o nível do PSA. Idade avançada. Os níveis de PSA normalmente aumentam lentamente com a idade, mesmo que não haja qualquer anormalidade na glândula. Prostatite. Infecção ou inflamação da próstata, que pode aumentar o nível do PSA. Ejaculação. Issopode aumentar o nível do PSA por um curto período de tempo. Por essa razão alguns médicos sugerem que os homens não ejaculem um dia ou dois an- tes da realização do teste. Andar de bicicleta. Alguns estudos sugerem que o ciclismo pode aumentar o nível do PSA por um curto período de tempo, possivelmente porque o assento pressiona a próstata. Determinados procedimentos urológicos. Alguns procedi- mentos clínicos, como biópsia, cistoscopia ou exame de toque retal, podem provocar um aumento no nível do PSA por um curto período de tempo. Determinados medicamentos. O uso de hormônios mascu- linos, como a testosterona ou outros medicamentos que aumentam o nível da testosterona, pode provocar um aumento no nível do PSA. Fatores que podem diminuir os níveis do PSA, mesmo que um homem tenha câncer de próstata: Inibidores da 5-alfa redutase. Certos medicamentos usa- dos para tratar a hiperplasia prostática benigna ou sin- tomas urinários, como finasterida ou dutasterida, podem diminuir o nível do PSA. Esses medicamentos também po- dem afetar o risco de câncer de próstata. Ervas. Algumas misturas de ervas vendidas como suple- mentos alimentares podem mascarar o nível do PSA. In- forme seu médico se estiver tomando algum tipo de su- plemento, mesmo aqueles que não são necessariamente para a próstata. Outros medicamentos. Algumas pesquisas sugeriram que o uso a longo prazo de certos medicamentos, como aspiri- na, estatinas e diuréticos pode diminuir o nível do PSA. Tipos de exames de PSA PSA livre. O PSA se apresenta de duas formas principais no sangue. Uma delas está relacionada às proteínas do sangue e a outra circula livre (não ligada). O PSA livre é a proporção de PSA que circula livre em comparação com o nível total de PSA. A porcentagem de PSA livre é menor em homens que têm câncer de próstata do que em ho- mens que não têm a doença. Se o resultado do teste está na faixa limítrofe (entre 4 e 10), o PSA livre pode ser usado para decidir se o paciente deve fazer a biópsia da próstata. Um PSA livre mais baixo significa que a chance de ter câncer de próstata é maior e o paciente prova- velmente deve fazer uma biópsia. UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 18 PSA complexado. Esse teste mede a quantidade de PSA que é anexada a outras proteínas. Ele substitui o PSA to- tal e livre, podendo fornecer a mesma quantidade de in- formações, mas não é amplamente utilizado. Exames que combinam diferentes tipos de PSA. Alguns testes mais recentes combinam os resultados de diferen- tes tipos de PSA para obter uma pontuação geral que reflete a chance de um paciente ter câncer de próstata: PHI (Prostate Health Index). O índice de saúde prostático combina os resultados do PSA total, PSA livre e proPSA (precursores inativos de PSA secretados pelas células prostáticas). Teste 4Kscore. Combina os resultados do PSA total, PSA livre, PSA intacto e calicreína humana 2 (hK2), além de alguns outros fatores. Exame de toque retal Para o exame de toque retal, o médico insere um dedo com luvas e lubrificado no reto do paciente para determinar qual- quer inchaço ou áreas endurecidas na próstata que possam even- tualmente ser um câncer. O câncer de próstata geralmente come- ça na parte posterior da glândula e, às vezes, pode ser sentido durante o toque retal. Esse exame pode ser desconfortável, princi- palmente para homens que têm hemorroidas, mas geralmente não é doloroso e dura apenas alguns minutos. O exame de toque retal é menos eficaz que o exame do PSA no sangue para a detecção do câncer de próstata, mas às vezes pode sugerir a possibilidade de câncer em homens com níveis normais de PSA. Por essa razão, pode ser incluído como parte do rastreamento do câncer de próstata. Resultados anormais do rastreamento Se o resultado inicial no nível do PSA no sangue durante o rastreamento for mais alto do que o normal, isso nem sempre significa que o homem tem câncer de próstata. Muitos homens com níveis de PSA acima do normal não têm câncer. Ainda assim, serão necessários mais exames para verificar o que está ocorren- do. O médico pode sugerir uma das opções abaixo: Aguardar um pouco e refazer o PSA. Fazer outro tipo de exame para verificar se o homem apresenta alguma alteração e posteriormente fazer uma biópsia da próstata. Fazer uma biópsia da próstata para diagnosticar se o homem tem câncer. REPETINDO O EXAME DE PSA O nível de PSA no sangue de um homem pode variar ao longo do tempo. Por essa razão, alguns médicos recomendam repe- tir o teste após um mês ou mais, se o resultado inicial for anormal. Essa é uma opção razoável se o nível do PSA estiver na extremida- de inferior da faixa limítrofe (geralmente de 4 a 7 ng/ml). Para níveis mais altos do PSA o mais provável é que os médicos solicitem a realização de outros exames ou uma biópsia da próstata. OUTROS EXAMES Exame de toque retal, se ainda não foi realizado. Um ou mais dos tipos de PSA citados acima, como o índice de saúde prostática (PHI), 4Kscore ou PSA livre ou outros exames de laboratório. Exame de imagem da próstata, como ressonância magné- tica ou ultrassom transretal. Biópsia da próstata Para alguns homens, a biópsia da próstata pode ser a melhor opção, principalmente se o nível inicial de PSA estiver alto . Na biópsia pequenas amostras da próstata são removidas e envia- das para análise em um laboratório de patologia. A biópsia é a única maneira de saber com certeza se um homem tem câncer de prós- tata. REFERÊNCIAS GOMES, Romeu et al. A prevenção do câncer de próstata: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 235-246, 2008. Hoff, Paulo Marcelo Gehm (ed). Tratado de oncologia. SÃO PAULO: ATHENEU, 2013. 2829p. Data: 2013 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer. INCA lança livro sobre detecção precoce do câncer. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/imprensa/inca-lanca-livro-sobre- deteccao-precoce-do-cancer>. Acesso em: 7 ago. 2021. 8. Conceituar metástases, explicar como elas ocorrem e discutir seus significados na evolução de uma neoplasia (Ex: Escala T; N; M). A metástase é definida pela propagação de um tumor pa- ra áreas que são fisicamente descontínuas com o tumor primário e de forma inequívoca marca um tumor como maligno, pois, por definição, neoplasias benignas não formam metástases. Ainvasividade dos tumores malignos permite que eles pe- netrem nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corpóreas, provendo a oportunidade para a disseminação. Todos os tumores malignos podem formar metástase, mas alguns o fazem muito raramente. Alguns exemplos incluem neoplasias malignas das células gliais do sistema nervoso central, denominados gliomas, e os carci- nomas basocelulares da pele. Estes tipos de câncer fazem a inva- são no início de seu curso, mas raramente formam metástase. É evidente então que as propriedades de invasão e metástases são distintas Em geral, a probabilidade de um tumor primário formar metástase está correlacionada à falta de diferenciação, invasão local agressiva, crescimento rápido e tamanho grande. Contudo, há inúmeras exceções. Lesões pequenas, bem diferenciadas, de cres- cimento lento algumas vezes metastatizam amplamente; ao contrá- UC2 – Proliferação celular – 4ª fase 19 rio, algumas lesões grandes e de crescimento rápido permanecem localizadas durante anos. Muitos fatores relacionados tanto ao invasor quanto ao hospedeiro estão envolvidos. Antes das células cancerígenas se disseminarem para ou- tras partes do corpo, elas passam por várias mudanças: Precisam se desprenderem do tumor primário e entrar na corrente sanguínea ou sistema linfático, que as trans- portará para outra parte do corpo. Em algum momento, elas precisam aderir à parede de um vaso sanguíneo ou linfático e alcançar um novo órgão. Precisam ser capazes de crescer e
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