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1 UC1 – Proliferação Celular 1. Descrever a epidemiologia dos tumores malignos de pulmão (fatores de risco, protetores, locais de acometimento pulmonar, relação genética e quais os genes envolvidos). Epidemiologia Uma variedade de tumores benignos e malignos pode surgir no pulmão, porém 90% a 95% são carcinomas, aproximadamente 5% são carcinoides brônquicos e 2% a 5% são neoplasias mesenquimais e outros tipos diversos O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão. A última estimativa mundial (2012) apontou incidência de 1,8 milhão de casos novos, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em mulheres. A taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos No Brasil, a doença foi responsável por 26.498 mortes em 2015. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015 diminuiu 3,8% ao ano em homens e, 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na prevalência do tabagismo. A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%. Atenção: A informação existente neste portal pretende apoiar e não substituir a consulta médica. Procure sempre uma avaliação pessoal com o Serviço de Saúde. Estimativas de novos casos: 30.200, sendo 17.760 homens e 12.440 mulheres (2020 - INCA); Número de mortes: 29.354, sendo 16.733 homens e 12.621 mulheres (2019 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). Carcinomas O número de novos casos de câncer de pulmão em 2012 nos Estados Unidos foi estimado em 226.160 (observe que, em 1950, esse número correspondia a 18.000), representando aproximadamente 14% dos diagnósticos de câncer e 160.340 mortes, aproximadamente 28% das mortes por câncer. Como podemos perceber nesses fatos, em que a mortalidade anual é praticamente igual à incidência anual, o prognóstico geral para pacientes afetados permanece sombrio. Desde o início dos anos 1990, a incidência e a mortalidade do câncer pulmonar têm diminuído em homens devido à queda das taxas de tabgismo nos últimos 35 anos. Contudo, a diminuição dos padrões de tabagismo entre as mulheres está bem atrás da observada nos homens. Desde 1987, a cada ano, mais mulheres morreram mais de câncer de pulmão do que de câncer de mama, que por mais de 40 anos tinha sido a principal causa de morte por câncer em mulheres. O câncer de pulmão ocorre mais frequentemente entre as idades de 40 e 70 anos, com um pico de incidência entre os 50 ou 60 anos. Apenas 2% de todos os casos aparecem antes dos 40 anos de idade. Câncer de Pulmão em Não Fumantes A OMS estima que 25% dos casos de câncer de pulmão no mundo ocorrem em indivíduos que nunca fumaram. Essa porcentagem provavelmente se aproxima dos 10%-15% em países ocidentais. Esses cânceres ocorrem mais comumente em mulheres, e a maioria é de adenocarcinomas. Os cânceres em não fumantes provavelmente apresenta mutações no EGFR, e quase nunca têm mutações KRAS; as mutações TP53 não são incomuns, mas ocorrem com menos frequência do que em cânceres relacionados ao tabagismo Fatores de Risco Idade e sexo Nos Estados Unidos, as taxas de incidência idade ajustada, no homem, atingiu platô e começou declinar em 1980, enquanto que, na mulher, continuou aumentando na década de 90. A incidência idade- específica, no homem, foi máxima - 576,7/100000 – na faixa etária de setenta e cinco (75) a setenta e nove (79) anos e, na mulher, similar padrão foi evidenciado com risco de 233,4/100000 nas idades de setenta (70) a setenta e quatro (74) anos. O platô e declínio, após a idade de oitenta (80) anos para os homens e setenta (70) anos para as mulheres, é explicado pela baixa prevalência de tabagismo entre os homens antes de 1910, e para as mulheres, antes de 1920. 2 UC1 – Proliferação Celular Raça Risco de câncer, em homens negros, foi 50% maior em homens brancos nos últimos dez (10) a quinze (15) anos. Enquanto que o risco, para mulheres negras, é de 10 a 20% maior que para mulheres brancas. A razão homem/mulher, nas taxas de incidência, reflete elevados riscos no homem entre 2,5 a 3,5/1. As diferenças raciais nas taxas de incidência, são devidas ao padrão do cigarro fumado, com maior percentagem de nicotina, alcatrão e cigarros mentolados, assim como ao tempo de tabagismo. Tabaco Com relação aos agentes carcinogênicos, há fortes evidências de que o consumo de cigarros e, em menor proporção, outros fatores ambientais sejam os principais fatores causadores de mutações genéticas que conduzem ao desenvolvimento do câncer de pulmão. Cerca de 90% das neoplasias de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou em pacientes que deixaram de fumar recentemente. Atualmente reconhece-se uma correlação quase linear entre quantidade/tempo de consumo de cigarro e a frequência de câncer de pulmão. O aumento no risco de neoplasias aumenta 60 vezes quando são comparados fumantes inveterados (dois maços/dia por 20 anos) e não fumantes. Apesar disso, apenas 11% dos fumantes inveterados desenvolvem câncer de pulmão, sugerindo que outros fatores estejam relacionados com a patogenia da doença. Por motivos ainda desconhecidos, as mulheres apresentam maior suscetibilidade à carcinogênese pelo tabaco do que os homens. Na essência, há uma correlação linear entre a intensidade de exposição ao tabaco e o aparecimento de alterações epiteliais que se iniciam como hiperplasia das células basais e metaplasia escamosa, progridem para displasia escamosa e carcinoma in situ até culminar em câncer invasivo. Entre os subtipos histológicos principais de câncer de pulmão, os carcinomas escamosos e de células pequenas mostram a associação mais forte com a exposição ao tabaco. A relação causal entre o hábito de fumar e câncer de pulmão foi estabelecida por estudos epidemiológicos, realizados nas décadas de 50 e 60. A fumaça do cigarro tem mais de quarenta (40) agentes carcinogênicos, e essa combinação depende das condições ambientais do local onde o indivíduo está fumando, do uso de filtros, aditivos e do tipo de papel do cigarro. A prevalência do hábito de fumar, para homens maiores de dezoito (18) anos, diminuiu de aproximadamente 54% em 1985, para 28%, em 1991; enquanto que, para mulheres, a diminuição da prevalência foi menor, passando de 33%, em 1953, para 24% em 1991, nos Estados Unidos. O método eficaz para redução da incidência da neoplasia de pulmão é estimular as pessoas não fumantes a continuarem não fumando e aos fumantes a pararem de fumar. O risco de câncer de pulmão diminui em ex-fumantes, sendo que, cinco anos após cessar o tabagismo, o risco cai pela metade, e, após dez (10) anos, cai a 1,4. Sabemos que, mesmo quinze (15) anos após parar de fumar, o ex fumante ainda tem um risco para câncer de pulmão de 1,4 e 4 v Fumante passivo O risco de não fumantes, expostos a fumaça de cigarro, para câncer de pulmão é de 1,2 a 1,5 maior que o do não fumante não exposto ao fumo dos seus pais ou cônjuges. A exposição de não fumantesà fumaça do tabaco, em ambiente de trabalho, é difícil de ser determinada. Embora a cessação do hábito de fumar diminua o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão ao longo do tempo, os níveis basais jamais poderão ser retomados. De fato, as mudanças genéticas que antecedem o câncer de pulmão podem persistir por muitos anos no epitélio brônquico de ex- fumantes. Fumantes passivos (os que vivem próximos de fumantes) aumentam o risco de câncer de pulmão em aproximadamente duas vezes quando comparados a não fumantes. Fumantes de cachimbos e charutos também têm o risco aumentado, mas em menor grau que os fumantes de cigarro. Radônio O radônio é um gás inerte, cujos produtos de degradação liberam partículas radioativas alfa, que interagem com o epitélio brônquico, aumentando a incidência de câncer de pulmão, tendo um risco de 1,3, em casos de exposição a concentração média, e de 1,8, em casos de concentração mais elevada de radônio, em residências nos Estados Unidos, incidências estas similares às dos trabalhadores em usinas. Exposição ocupacional Trabalhadores expostos ao asbesto têm risco quadruplicado para câncer de pulmão e mesotelioma, que é ainda maior, quando associado ao hábito tabágico. Outras substâncias químicas industriais, as sociadas ao câncer de pulmão, são: arsênico, berilio, cadmio, clorometila-éter, hidrocarbrometos, gás mostarda e níquel. Outras influências podem atuar em conjunto com o tabagismo ou por si sós serem responsáveis pelo câncer de pulmão, como observado em trabalhadores de minas radioativas, que lidam com asbesto ou arsênico, cromo, urânio, níquel, cloreto de vinil e gás mostarda. A exposição ao asbesto aumenta em cinco vezes o risco em não fumantes. Por outro lado, fumantes expostos ao asbesto apresentam 55 vezes maior chance de desenvolver câncer pulmonar do que os não fumantes e os não expostos ao asbesto Pré-disposição genética O risco pessoal para câncer de pulmão é aumentado mais que cinco (5) vezes, se pelo menos um dos pais morreu de câncer de pulmão. Em um estudo de famílias de mulheres com câncer de pulmão, foi observado: pessoas que nunca fumaram, com história familiar positiva, tinham risco de 5,7; fumantes com história familiar negativa, risco de 15,1, e fumantes com história familiar positiva, risco 30,0. Tal susceptibilidade pode ser dependente da interação gene-enzima competitiva, que afeta a ativação de pró-oncogenes e níveis de formação de apresentação do DNA. 3 UC1 – Proliferação Celular Observa-se polimorfismo do DNA no citocromo P450A1, relacionado ao carcinoma espinocelular, e pessoas com esta susceptibilidade genotípica tiveram risco relativo de 7,3, após ajuste para sua história tabágica. É muito provável que o efeito mutagênico de algumas substâncias cancerígenas esteja condicionado a fatores hereditários (genéticos). Vale lembrar que muitos produtos químicos (pró- carcinógenos) requerem ativação metabólica pelo sistema enzimático monoxigenase P-450, para conversão em um carcinógeno definitivo. Existem evidências de que pessoas com determinados polimorfismos gênicos envolvendo os genes P-450 têm maior capacidade de metabolizar pró-carcinógenos derivados do tabaco e, portanto, correm maior risco de desenvolver câncer de pulmão. Do mesmo modo, pessoas cujos linfócitos do sangue periférico sofrem quebras cromossômicas após exposição a cancerígenos relacionados com o tabaco (genótipo de sensibilidade a mutágenos) têm risco 10 vezes maior de desenvolvimento de câncer de pulmão em relação a outros indivíduos. Prevenção As seguintes práticas contribuem para prevenção do câncer de pulmão: Não fumar Evitar o tabagismo passivo Evitar a exposição a agentes químicos (como arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil), presentes em determinados ambientes de trabalho. → AGOSTO BRANCO Mês de conscientização e alerta para o câncer de pulmão → DIA MUNCIAL SEM TABACO 31 de maio – foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o INCA é o responsável pela divulgação e elaboração do material técnico para subsidiar as comemorações em níveis federal, estadual e municipal. Para 2019, a OMS definiu o tema “Tabaco e saúde pulmonar” para ser trabalhado internacionalmente no Dia Mundial sem Tabaco para aumentar a conscientização sobre: • O impacto negativo que o uso do tabaco e a exposição ao fumo passivo exercem sobre a saúde pulmonar, do câncer de pulmão às doenças respiratórias crônicas como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (que inclui bronquite e efisema); • O tabaco fumado, em qualquer uma de suas formas, é responsável por até 90% de todos os cânceres de pulmão; • O papel fundamental que os pulmões desempenham na saúde e no bem-estar de todas as pessoas. → RESPIRE AGOSTO Agosto é o mês de conscientização sobre câncer de pulmão. A campanha Respire Agosto, uma realização do Instituto Lado a Lado pela Vida, foi criada para chamar a atenção para esse tipo de neoplasia, cuja incidência global pode chegar a 2,09 milhões de novos casos por ano e cujo tumor é o que mais mata no mundo, com 1,76 milhão de mortes. A campanha visa a contribuir para a conscientização quanto à importância da saúde dos pulmões e à prevenção desse tipo de câncer, uma doença silenciosa e que pode ser fatal. O câncer de pulmão é normalmente diagnosticado em estágios avançados, já que os sintomas iniciais da doença não são muito claros. No Brasil, esse câncer é o 2º mais incidente nos homens e o 4º mais incidente nas mulheres REFERÊNCIA INCA. Instituto Nacional de Câncer. Câncer de pulmão. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao>. Acesso em: 26 ago. 2021. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; 2. Descrever a fisiopatologia do câncer de pulmão e relacionada com as manifestações clínicas. O termo câncer de pulmão refere-se a tumores que surgem do epitélio respiratório (brônquios, bronquíolos e alvéolos). Mesoteliomas, linfomas e tumores do estroma (sarcomas) são diferentes dos cânceres de pulmão epiteliais. De acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde, os cânceres de pulmão epiteliais originam-se em quatro tipos principais de células: câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) e as chamadas histologias de câncer de pulmão não pequenas células ( CPNPC), como o adenocarcinoma, carcinoma espinocelular e carcinoma de células grandes. Essas quatro histologias são responsáveis por aproximadamente 90% de todos os cânceres de pulmão epiteliais. O restante inclui carcinomas indiferenciados, carcinoides, tumores das glândulas brônquicas (como os carcinomas císticos adenoides e tumores mucoepidermoides) e tipos mais raros de tumor. Os tumores podem ocorrer como histologia de tipo único ou misto. Patogenia molecular O câncer é uma doença que envolve alterações dinâmicas no genoma. 4 UC1 – Proliferação Celular Como proposto por Hanahan e Weinberg, praticamente todas as células cancerosas adquirem seis capacidades marcantes: a autossuficiência em sinais de crescimento, a insensibilidade para com sinais anticrescimento, a evasão de apoptose, o potencial replicativo ilimitado, a angiogênese sustentada e a invasão tecidual e metástase. A ordem em que essas capacidades marcantes são adquiridas parece bastante variável e pode diferir de tumor para tumor. Eventos que levaram à aquisição dessas características podem variar amplamente; embora em geral os cânceres surjam como resultado de acúmulos de mutações de ganho de função em oncogenes e mutações de perda de função nos genes supressores de tumor. Para complicar ainda mais o estudo do câncer de pulmão, a sequênciade eventos que levam à doença é claramente diferente para as diversas entidades histopatológicas. A célula exata de origem dos cânceres de pulmão não é conhecida. Não se sabe se uma célula de origem leva a todas as formas histológicas de câncer de pulmão. Entretanto, pelo menos para o adenocarcinoma de pulmão, as células epiteliais de tipo II (ou células epiteliais alveolares) têm a capacidade de produzir tumores. Para CPPC, as células de origem neuroendócrina foram implicadas como precursoras. Para cânceres em geral, uma teoria afirma que um subgrupo pequeno das células dentro do tumor (ou seja, "células- tronco") é responsável por todo o comportamento maligno do tumor. Como parte desse conceito, o grande volume de células em um câncer é a "prole" de tais células-tronco cancerosas. Embora tenha uma relação clonai com a subpopulação de células-tronco cancerosas, a maioria das células por si mesmas não pode regenerar todo o fenótipo maligno. O conceito de célula-tronco pode explicar a falha das terapias clínicas padrão em erradicar cânceres de pulmão, mesmo quando há uma resposta clínica completa. A doença recidiva porque as terapias não eliminam o componente da célula-tronco, que pode ser mais resistente à quimioterapia. Ainda há necessidade de se identificar as células-tronco do câncer de pulmão humano. Os carcinomas relacionados com o tabagismo podem surgir pelo acúmulo de sucessivas alterações genéticas (estimadas em 1.000 no carcinoma de pequenas células). Essas alterações resultam na transformação de células progenitoras pulmonares em células neoplásicas. O câncer de pulmão é tido atualmente como uma doença de bases genéticas. Uma variedade de experimentos recentes conduz inexoravelmente à conclusão de que as células cancerosas do pulmão acumulam uma série de alterações genéticas (“eventos iniciantes”) que ativam proto-oncogenes (dominantes – famílias myc e ras) de um lado, enquanto uma série de outras alterações parece inativar ou perder informações de uma segunda classe de genes, referidos como genes de deleção ou genes supressores tumorais (recessivos-P53). Alterações em ambos os tipos de genes parecem ser necessárias para a transformação de células epiteliais brônquicas em células malignas cancerosas do pulmão. A sequência de alterações moleculares não é aleatória, mas segue uma sequência previsível que se assemelha à progressão histológica para o câncer. Assim, a inativação dos genes supressores de tumores localizados no braço curto do cromossomo 3 (3p) é um evento muito precoce, ao passo que mutações no TP53 ou a ativação do oncogene KRAS ocorre relativamente tarde. As mutações observadas no câncer de pulmão associado ao fumo, tanto no lócus K-ras quanto no lócus p53, têm sido atribuídas a uma transgressão nas bases glicina (um dos aminoácidos codificados pelo código genético) para timidina (molécula formada quando uma timina é ligada a um anel de desoxirribose), enquanto alterações em outros tumores, predominantemente gastrointestinais, têm sido atribuídas a transgressões nas bases guanidina. Ao que parece, certas modificações genéticas, como a perda de material cromossômico em 3p, podem ser encontradas no epitélio brônquico de pessoas com câncer de pulmão, bem como no epitélio respiratório de tabagistas sem câncer de pulmão, o que sugere que grandes áreas de mucosa respiratória sofrem mutação após a exposição a agentes cancerígenos (“efeito de campo”). Nesse solo fértil, as células que acumulam mutações desenvolvem-se originando o câncer. Carcinoma epidermoide O carcinoma epidermoide, subtipo histológico de câncer de pulmão mais frequente até meados da década de 80, origina-se nas porções proximais da árvore traqueobrônquica em 60 a 80% dos casos e em áreas periféricas do pulmão nos demais. Pode exibir extensa necrose central, formando cavitações. O diagnóstico é basicamente histológico, geralmente não dependendo de complementação imunoistoquímica, sendo dado pela produção de queratina e/ou desmossomos intercelulares (conhecidos como pontes intercelulares). Do ponto de vista imunoistoquímico. Os carcinomas epidermoides tipicamente não expressam CK7 e CK20, embora alguns poucos casos possam expressar CK718. A grande maioria dos casos não expressa o TTF-1 (thyroid transcription factor tipo 1), podendo o mesmo ocorrer em 7% dos casos. Podem 5 UC1 – Proliferação Celular expressar, porém, citoqueratinas de baixo peso molecular, como AE1/AE3 e CK5/6. Adenocarcinoma Na atualidade, costumam ter origem nas porções mais distais da árvore respiratória, tendo localização periférica na maior parte dos casos. O diagnóstico histológico se faz pela visualização de arranjo glandular das células neoplásicas ou pela presença de mucina intracitoplasmática. Há contudo, uma grande variabilidade desses achados, sobretudo entre tumores bem diferenciados e outros pouco diferenciados ou indiferenciados. Nesse contexto, a utilização de técnicas imunoistoquímicas pode ser útil na confirmação diagnóstica. O perfil imunoistoquímico característico é dado pela positividade de CK7 e TTF-1 e negatividade de CK20, embora variações possam ocorrer dentro dos subtipos de adenocarcinoma1 Carcinoma de células grandes O carcinoma de grandes células caracteriza-se pela ausência, à microscopia óptica, de diferenciação glandular ou escamosa, bem como ausência de achados citológicos compatíveis com carcinoma de pequenas células, sendo, portanto, um diagnóstico de exclusão. Quando são utilizadas técnicas de microscopia eletrônica ou imunoistoquímica, evidências de diferenciação escamosa, glandular ou neuroendócrina se fazem presentes em mais de 90% dos casos, mas não parecem agregar informações prognósticas significativas Sua apresentação mais típica é a de uma massa pulmonar periférica com extensas áreas de necrose. Subtipos de neuroendócrinos de NSCLC Estão presentes nessa categoria os tumores carcinoides típicos e atípicos, e o carcinoma de grandes células neuroendócrino. Os tumores carcinoides tendem a acometer indivíduos mais jovens, com lesões predominantemente centrais e ausência de envolvimento linfonodal. O carcinoide típico caracteriza-se, do ponto de vista histológico, pela presença de células de formato poligonal com núcleos redondos ou ovais e nucléolos pequenos. São ainda requisitos para a sua identificação: ausência de necrose e presença de < 2 mitoses por campo de grande aumento, sendo considerado um tumor de baixo grau. Em contrapartida, os carcinoides atípicos apresentam características celulares semelhantes aos típicos, porém, com a presença de 2 a 10 mitoses por campo de grande aumento, e/ou presença de necrose. O carcinoma de grandes células neuroendócrino caracteriza-se histologicamente pela presença de uma arquitetura celular que sugere diferenciação neuroendócrina, como arranjo celular em padrões organoide, trabecular ou em paliçada. Necrose é geralmente proeminente e marcadores neuroendócrinos são identificados na imunoistoquímica. Sua apresentação clínica e história natural são semelhantes ao do carcinoma de pequenas células de pulmão. Do ponto de vista imunoistoquímico, os tumores neuroendócrinos caracterizam-se pela expressão de marcadores neuroendócrinos como cromogranina, sinaptofisina e CD56. Além disso, costumam não expressar CK7 e CK20, ainda que uma minoria possa ter expressão do primeiro. O TTF-1 costuma ser positivo no carcinoma de grandes células neuroendócrino e negativo nos carcinoides. A avaliação da taxa de proliferação celular através do Ki-67 pode ser útil em sua classificação. Vale ressaltar que tumores pulmonares de histologia convencional (por exemplo, carcinoma epidermoide e adenocarcinoma) podem apresentar marcadores ultraestruturais ou imunoistoquímicos de diferenciação neuroendócrina em 10 a 40% dos casos, sendo essa situação denominada NSCLC, com diferenciação neuroendócrina. O significado prognóstico desse achadoé incerto. Alguns autores descreveram um comportamento mais agressivo desses tumores, ao passo que outros relataram sobrevida semelhante ou até melhor quando comparado com tumores de mesmo estadiamento, mas sem características neuroendócrinas Sinais e sintomas Apresenta-se sintomática no momento do diagnóstico. Os sintomas e sinais podem decorrer dos efeitos locais do tumor, da disseminação regional e/ou sistêmica, ou ainda, da presença de alterações paraneoplásicas. 6 UC1 – Proliferação Celular A tosse é o sintoma inicial mais comum em pacientes com câncer de pulmão e tende a acometer com maior frequência os pacientes com lesões centrais. O início ou mudança de padrão da tosse em paciente tabagista ou ex-tabagista deve sempre levantar a possibilidade de câncer de pulmão. A presença de hemoptise também deve ser sinal de alarme, demandando avaliação radiológica. A dispneia é outro sintoma frequente, podendo ser devida à compressão brônquica extrínseca ou intraluminal, atelectasia, pneumonite obstrutiva, linfangite carcinomatosa, derrame pleural ou derrame pericárdico. Os locais mais comuns de disseminação metastática são o fígado, adrenais, ossos e encéfalo. O acometimento hepático tende a ser inicialmente assintomático na maior parte dos pacientes, sendo detectado através de anormalidades nas provas hepáticas e exames de imagem. Dor na região dorsal, parede torácica ou extremidades (sobretudo membros inferiores), bem como elevação de fosfatase alcalina, são manifestações de metástases ósseas, que frequentemente são sintomáticas. Elevação do cálcio sérico pode ocorrer em casos de envolvimento ósseo extenso. O envolvimento adrenal é geralmente assintomático, ainda que em alguns casos possam haver sinais clínicos e/ ou laboratoriais de insuficiência glandular, em casos de acometimento bilateral. Metástases encefálicas geralmente causam cefaleia, vômitos, alterações de campo visual, hemiparesia e convulsões, sendo mais comuns nos adenocarcinomas. As síndromes paraneoplásicas mais comumente associadas aos carcinomas não pequenas células de pulmão são a hipercalcemia maligna, pela produção de peptídeo relacionada ao paratormônio (PTHrp)29, síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH)30, osteoartropatia hipertrófica31, dermatopolimiosite32, manifestações hematológicas (anemia, leucocitose, trombocitose, eosinofilia)33-35 e estados de hipercoagulabilidade com manifestações tromboembólica. Patologia A edição de 2004 da Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece dois subtipos de CPPC: câncer de pequena célula e carcinoma de pequenas células combinado (1 a 3% dos casos). CPPC é composto por células neoplásicas tipicamente dispostas em grupos, cordões ou trabéculas separadas por um estroma fibrovascular delicado. A tumoração, geralmente, se origina nas vias aéreas centrais, inicialmente infiltrando a submucosa e gradualmente obstruindo a luz brônquica As células geralmente possuem 1,5 a 2,5 vezes o diâmetro de linfócitos e apresentam citoplasma escasso e cromatina nuclear granulada. Índices mitóticos são altos e necrose celular é frequente. O segundo subtipo reconhecido pela classificação da OMS é o CPPC combinado, no qual coexistem carcinoma epidermoide e, mais raramente, adenocarcinoma ou outras histologias de carcinoma de pulmão não pequenas células menos frequentes. Em relação ao prognóstico e resposta aos tratamentos, não existe consenso sobre a influência dos diferentes subtipos histológicos. Apesar do diagnóstico de CPPC ser essencialmente morfológico, o papel da imunohistoquímica é muito importante e a eletromicroscopia é necessária somente em alguns casos. Praticamente todos os CPPC são imunorreativos para ceratina e antígeno de membrana epitelial, portanto, se essas reações forem negativas, outros diagnósticos devem ser considerados . Um ou mais marcadores de diferenciação neuroendócrina, tais como cromogranina, enolase específica do neurônio, Leu-7 e sinaptofisina são detectados em aproximadamente 75% dos casos de CPPC. No entanto, a presença desses marcadores não é obrigatória para o diagnóstico. Importante ressaltar que cerca de 10% dos carcinomas de pulmão não pequenas células (CPNPC) exibem diferenciação neuroendócrina. A eletromicroscopia revela células justapostas com alto índice entre o núcleo e o citoplasma, com a cromatina dispersa. Os principais diagnósticos diferenciais incluem CPNPC, outros tumores de células redondas e proliferação linfocítica. Apresentação clínica Em geral, a apresentação clínica do CPPC é semelhante a outras histologias de câncer de pulmão. Poucos pacientes são assintomáticos no momento do diagnóstico. A queixa inicial normalmente reflete a presença local do tumor, sendo tosse o sintoma mais comum. Dispneia e dor torácica são reportadas em 30 a 40% dos pacientes no momento do diagnóstico. Em função da localização em vias aéreas centrais, hemoptise, pneumonia pós- obstrutiva, sibilos ou rouquidão secundária à paralisia de cordas vocais podem estar presentes. Dos pacientes, 10% apresenta obstrução da veia cava superior no momento do diagnóstico e a sobrevida não é afetada pela presença desse evento. Imagens torácicas mostram invasão hilar e mediastinal e adenopatia regional com atelectasia em cerca de um terço dos pacientes. Localização periférica ou invasão de parede torácica são incomuns, assim como cavitação. A maioria dos pacientes portadores de CPPC possui metástases clinicamente detectáveis no momento do diagnóstico. 7 UC1 – Proliferação Celular Metástases ósseas são geralmente caracterizadas por lesões osteolíticas e/ou elevação do cálcio e da fosfatase alcalina. Metástases hepáticas e adrenais costumam ser assintomáticas. Elevação de desidrogenase láctica, fosfatase alcalina ou transaminases hepáticas ocorrem na maioria dos pacientes portadores de metástases hepáticas. Metástases no sistema nervoso central são sintomáticas em mais de 90% dos pacientes. Embolia tumoral ou lesões linfangíticas podem causar dispneia. Sintomas constitucionais tais como perda de peso, anorexia e fadiga são comuns e estão relacionados à extensão da doença. A grande maioria dos pacientes portadores de câncer de pulmão que desenvolve síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIHAD), síndrome de Cushing ou paraneoplasia neurológica é portadora de CPPC. Pacientes diagnosticados com CPPC representam aproximadamente 75% dos tumores associados com SIHAD, mas apenas 10% dos pacientes portadores de CPPC preenchem os critérios para SIHAD, com 5% dos pacientes sintomáticos. Aumento do hormônio adrenocorticotrópico pode ser detectado em até 50% dos pacientes com câncer de pulmão, mas síndrome de Cushing somente ocorre em 5% dos pacientes portadores de CPPC. A presença de síndrome de Cushing está associada à diminuição da sobrevida, menor resposta à quimioterapia e altas taxas de infecção. . São mais comuns em homens do que em mulheres e estão estreitamente correlacionados ao histórico de tabagismo. Tendem a surgir centralmente nos brônquios principais e eventualmente se espalham para linfonodos hilares; entretanto, apresentam disseminação para fora do tórax mais tardiamente do que os outros tipos histológicos. Tumores maiores podem apresentar necrose central, originando cavitações. As lesões pré-neoplásicas que antecedem, e normalmente acompanham o carcinoma de células escamosas invasivo, estão bem 8 UC1 – Proliferação Celular caracterizadas. Esses tumores muitas vezes são precedidos por desenvolvimento duradouro de metaplasia escamosa e displasia do epitélio brônquico, que, em seguida, transforma-se em carcinoma in situ, uma fase que pode durar vários anos. Nesse tempo, células atípicas podem ser identificadas no exame citológico de esfregaços de escarro, lavados ou escovados brônquicos, embora sejam assintomáticas e não detectáveis ao exame radiográfico. Eventualmente,pequenos tumores tornam-se sintomáticos, quando obstruem grandes brônquios, frequentemente produzindo atelectasia distal e infecções. Simultaneamente, a lesão pode invadir o tecido pulmonar circundante. Ao exame histológico, os carcinomas de células escamosas variam de neoplasias bem diferenciadas exibindo pérolas de queratina e pontes intercelulares a neoplasias mal diferenciadas, exibindo apenas o mínimo de características de células escamosas residuais. Com frequência, afetam partes periféricas dos pulmões, como um único nódulo. As principais características do AIS são diâmetro menor que 3 cm, crescimento ao longo de estruturas preexistentes e preservação da arquitetura alveolar. As células tumorais, que podem ser não mucinosas, mucinosas ou mistas, crescem em uma monocamada ao longo dos septos alveolares, que serve como um andaime (chamado de padrão de crescimento “lepídico”, uma alusão à semelhança das células neoplásicas com borboletas pousadas em uma cerca). Por definição, o AIS não demonstra destruição da arquitetura alveolar ou invasão estromal com desmoplasia, características típicas de adenocarcinoma. Por analogia com a sequência de adenoma − carcinoma de cólon, propõe-se que alguns adeno- carcinomas invasivos do pulmão possam surgir através de uma sequência de hiperplasia adenomatosa típica – adenocarcinoma in situ− adenocarcinoma invasivo. Estudos em modelos de lesão pulmonar de ratos identificaram uma população de células multipotentes na junção bronquooloalveolar, denominadas células-tronco bronquioloalveolares (CTBA). Após a lesão pulmonar periférica, as CTBA multipotentes sofrem expansão nos tipos célulares normais (células bronquiolares e células alveolares) encontrados nesse local, o que facilita a regeneração epitelial. Postulase que as CTBA incorrem no evento inicial oncogênico (p. ex., uma mutação somática no K-RAS) que permite que essas células “escapem” dos mecanismos normais de checagem, resultando em adenocarcinomas pulmonares. REFERÊNCIAS LONGO, Dan L. Hematologia e Oncologia de Harrison 2ª Ed.Artmed, 2013.Porto Alegre. HOFF, Paulo Marcelo Gehm; KATZ, Artur. Tratado de oncologia. São Paulo, SP: Atheneu, 2013. 3. Diferenciar os tipos de câncer de pulmão correlacionando com a clínica encontrada. A classificação do tumor é importante para a consistência no tratamento do paciente e porque fornece uma base para estudos epidemiológicos e biológicos. Diversas variantes histológicas de cada tipo de câncer de pulmão são descritas; contudo, sua importância clínica ainda não foi determinada, exceto conforme mencionado aqui. Os dois principais são o câncer de células não pequenas, que é o mais comum, e o câncer de células pequenas. O câncer de pulmão de células não pequenas se subdivide em três categorias: o adenocarcinoma, que tem origem nas células dos alvéolos, que produzem muco, e é mais comum em não fumantes; o câncer de células escamosas, ou epidermoides, que começa nas células achatadas dos pulmões e é causado pelo fumo; e o câncer de células grandes, que começa em células grandes do pulmão. Já o câncer de pulmão de células pequenas representa menos de 20% dos casos e quase sempre está associado ao uso de tabaco. Geralmente começa nos brônquios, mas cresce rapidamente e se espalha para outras partes do corpo, incluindo os gânglios linfático As proporções relativas das principais categorias são: • Adenocarcinoma (38%). • Carcinoma de células escamosas (20%). • Carcinoma de pequenas células (14%). • Carcinoma de grandes células (3%). • Outros (25%) Carcinoma de não pequenas céls SINTOMAS • Tosse que não passa ou piora com o tempo • Dor no peito que não passa e piora quando a pessoa respira fundo, tosse ou dá risada • Dor no braço ou no ombro • Tossir sangue ou catarro com cor de ferrugem • Falta de ar, chiado no peito ou rouquidão • Crises repetidas de bronquite ou pneumonia • Inchaço do rosto ou pescoço • Perda de apetite ou de peso inexplicáveis • Fraqueza ou cansaço Quando o câncer de pulmão se dissemina para outras partes do corpo, ele pode causar outros sintomas, entre eles: • Dor nos ossos • Fraqueza ou dormência nos braços ou nas pernas • Dor de cabeça, tontura ou convulsões • Icterícia • Inchaço nos gânglios linfáticos do pescoço ou ombros Adenocarcinoma O adenocarcinoma in situ (anteriormente chamado carcinoma bronquioloalveolar) é uma lesão de menos de 3 cm, 9 UC1 – Proliferação Celular composta inteiramente por células displásicas que crescem ao longo do septo alveolar preexistente. As células exibem mais displasia que na hiperplasia adenomatosa atípica e podem ter ou não mucina intracelular Adernocarcinomas mucinosos tendem a se espalhar pelos espaços aéreos, formando tumores satélites. Estes podem apresentar-se como nódulos solitários ou múltiplos, ou um lobo inteiro pode estar consolidado pelo tumor, lembrando uma pneumonia lobar, e, portanto, com menor probabilidade de cura por cirurgia. Com frequência, afetam partes periféricas dos pulmões, como um único nódulo. Carcinoma de células escamosas O carcinoma de células escamosas é visto mais comumente em homens e é fortemente associado ao tabagismo. As lesões precursoras que originam o carcinoma de células escamosas invasivo são bem caracterizadas. Os carcinomas de células escamosas frequentemente são precedidos por metaplasia escamosa ou displasia do epitélio brônquico, que então se transforma em um carcinoma in situ, uma fase que pode durar vários anos Carcinoma de grandes células O carcinoma de grandes células é um tumor epitelial maligno indiferenciado sem as características citológicas ou outras formas de câncer de pulmão O carcinoma de grandes células é um diagnóstico de exclusão, já que não expressa os marcadores associados com o adenocarcinoma (TTF-1, napsina A) e o carcinoma de células escamosas (p63, p40) A disseminação a distância do carcinoma pulmonar ocorre pelas vias linfáticas e hematogênica. Esses tumores muitas vezes se disseminam precocemente por todo o corpo, com exceção do carcinoma de células escamosas, que metastatiza para fora do tórax tardiamente. A metástase pode ser a primeira manifestação de uma lesão pulmonar oculta subjacente. Nenhum órgão ou tecido é poupado na disseminação dessas lesões, porém as adrenais, por motivos obscuros, estão envolvidas em mais da metade dos casos. O fígado (30% a 50%), o cérebro (20%) e os ossos (20%) são, adicionalmente, locais preferenciais de metástases Carcinoma de Pequenas Células Os carcinomas de pequenas células são tumores altamente malignos com uma forte relação com o tabagismo; apenas cerca de 1% ocorre em não fumantes. Podem surgir nos brônquios principais ou na periferia do pulmão. Não há fases pré-invasivas conhecidas. Esses são os tumores pulmonares mais agressivos, amplamente metastáticos, e virtualmente sempre provam ser fatais. Os sintomas incluem catarro com sangue, tosse, dor no peito e falta de ar Síndromes Paraneoplásicas Os carcinomas de pulmão podem ser associados a várias síndromes para-neoplásicas, algumas das quais podem preceder o desenvolvimento de uma lesão pulmonar detectável. Os fatores hormonais ou semelhantes a hormônios elaborados incluem: Hormônio antidiurético (ADH, do inglês, antidiuretic hormone), induzindo hiponatremia decorrente de secreção inapropriada de ADH. Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, do inglês, adrenocorticotropic hormone), produzindo síndrome de Cushing. Paratormônio, peptídio relacionado ao hormônio da paratireoide, prostaglandina E e algumas citocinas, todos implicados na hipercalcemia frequentemente observada no câncer de pulmão. Calcitonina, causando hipocalcemia. Gonadotrofinas, causando ginecomastia. Serotonina e bradicinina, associadas à síndrome carcinoide. Aincidência de síndromes clinicamente significativasrelacionadas a esses fatores em pacientes com câncer de REFERÊNCIA KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; 5. Defina os exames diagnósticos para as neoplasias pulmonares (especificidade e sensibilidade dos exames). . Radiografia de Tórax Ainda é a "chave para detecção de câncer de pulmão. Tem alta sensibilidade para tumores periféricos, baixo custo e risco insignificante. Deve ser pedido sempre nas posições póstero- anterior e perfil. As imagens radiológicas são variáveis, e carcinoma de pulmão deve ser considerado como diagnóstico diferencial para qualquer nódulo pulmonar não calcificado, em especial, em homens fumantes, lembrando que a presença de cálcio na lesão não é sinônimo de benignidade. Para se confirmarem lesões em costelas, será necessária a técnica com baixa kilovoltagem (60 a 80) em posição obliqua. Tomografia Computadorizada de Tórax Acrescenta muito para o diagnóstico e estadia mento em neoplasias de pulmão. Este exame nos dá noções precisas do tamanho, localização e níveis de invasão do tumor; também em relação aos diferentes níveis das cadeias ganglionares do mediastino. No estudo tomográfico, abrangendo andar superior do abdome, analisar-se-ão o fígado e as supra-renais, que são sítios importantes, pela frequência, de lesões metastáticas. 10 UC1 – Proliferação Celular Ressonância Magnética No momento atual, este exame acrescenta muito pouco à tomografia computadorizada de tórax, e é um equipamento caro. A principal vantagem é distinguir estruturas vasculares de estruturas sólidas, sem o uso de contraste, dando maior precisão ao estudo do mediastino. Também identifica muito bem a extensão do tumor no forame mural, assim como invasão tumoral em parede torácica e pericárdio Citologia de Escarro A coleta do material deve ser feita pela manhã, em dias consecutivos. É mais sensível para os tumores centrais. Um citopatologista experiente consegue determinar o tipo histológico em 80% dos casos positivos. A diferenciação entre carcinoma de pequenas células e do grupo carcinoma não pequenas células têm alto nível de confiabilidade. Broncofibroscopia É a técnica definitiva para o diagnóstico, pois permite a visualização da lesão, quer seja em traquéia, quer em brônquios, como também colher material em forma de lavado broncoalveolar, escovado brônquico e biópsias brônquicas e transbrônquicas. Em casos de lesões subsegmentares, a escova ou pinça de biópsia podem ser locadas com o auxílio de fluoroscopia, aumentando o rendimento do exame. O broncofibroscópio é usado em 95% dos exames, enquanto o aparelho rígido é reservado para situações especiais. A acurácia do exame é alta para os tumores centrais, variando de 55 a 80% para todos os tumores. As lesões metastáticas, em pulmão, são menos sensíveis ao diagnóstico broncoscópico. A punção realizada por agulha de aspiração transbrônquica permite a obtenção de material de gânglio subcarinal e nódulos periféricos para análise citológica. Biópsia por Agulha Transcutânea A fluoroscopia e a tomografia computadorizada de tórax são os principais auxiliares para este procedimento. Tem grande acurária (74 a 96%) em mãos experientes. Assim, a sensibilidade do exame depende do médico que o executa, do citologista e da seleção da lesão. O risco de pneumotorax está entre 20 a 35%, mas apenas 5 a 10% necessitam de drenagem torácica. Como contraindicação, temos pacientes com risco aumentado para pneumotorax (inabilidade para colaborar com o exame, tosse incontrolável, lesão central) e com risco aumentado de hemorragia (diátese hemorrágica e hipertensão pulmonar). Mediastinoscópio Método usado para melhorar o estadiamento ao mediastino, em casos de suspeita de lesão ganglionar em mediastino (N2). Biópsia a céu aberto Está indicada todas as vezes que os métodos anteriores, menos invasivos, falharam em dar o diagnóstico. Toracocentese Indicado em casos de derrame pleural, para realização de citologia do líquido, com sensibilidade entre 40 a 70%, principalmente para adenocarcinoma (por ter mais esfoliação das células pleurais). A sensibilidade do citológico será tanto melhor quanto maior for o número de técnicas utilizadas para a coloração das lâminas (HE, Leisheman) e o número de lâminas feitas. Outra técnica a ser realizada é a morfometria pelo sistema analisador de imagem computadorizada, assim como quantificar as regiões organizadoras nucleolares (Ag. Nor). REFERÊNCIA UEHARA C; JAMNIK S & SANTORO IL. Câncer de pulmão. Medicina, Ribeirão Preto, 31: 266-276, abr./jun. 1998 6. Discutir sobre a ocorrência de metástases pulmonar (tumor de Pancoast e síndrome da veia cava inferior) A síndrome de Pancoast é definida por um conjunto de sinais e sintomas secundários ao acometimento neoplásico do plexo braquial, pleura parietal, primeiro e segundo arcos costais e corpos vertebrais adjacentes, primeiro e segundo nervos torácicos, cadeia simpática paravertebral e gânglio estrelado, devido a tumor inserido no sulco superior do tórax, também denominado tumor de Pancoast. Clinicamente, expressa-se por dor em ombro e na face dorsal do braço ipsilateralmente acometido, dormência no cotovelo e antebraço, evoluindo com fraqueza e hipotrofia muscular, inclusive com atrofia de quarto e quinto quirodáctilos. A síndrome de ClaudeBernard-Horner (ou simplesmente Horner) pode fazer parte do cortejo da síndrome de Pancoast, onde há acometimento do gânglio estrelado, clinicamente manifestando-se por miose e ptose palpebral, enoftalmia e anidrose. A maioria dos pacientes com estes tumores possuem um carcinoma broncogênico de não-pequenas células, mais frequentemente o epidermoide e o adenocarcinoma. Causas menos comuns de tumor de sulco superior do tórax foram descritas, tais como outras neoplasias malignas primárias do tórax, doenças malignas metastáticas e patologias benignas A apresentação de um carcinoma de pequenas células de pulmão como um tumor de Pancoast é rara. Tumor Pancoast-like (pancostoide): tumores que acometem a região apical da caixa torácica, primários ou metastáticos, de origem outra que não pulmonar, associados a quadro álgico no entorno do ombro com irradiação para o membro superior. Aspectos gerais 11 UC1 – Proliferação Celular Tumor raro: 2.7 a 8.5% carcinomas pulmonares (< 5% em média) Maior fator de risco: tabagismo Mais comum em homens, 6ª década de vida Biologicamente similar aos demais carcinomas pulmonares não pequenas células Adenocarcinoma de pulmão é o tipo histológico mais comum, seguido do carcinoma epidermoide de pulmão Raramente o carcinoma de células pequenas pode comportar-se como tumor de Pancoast Menos de 50% são considerados ressecáveis ao diagnóstico 10 a 20% possuem acometimento linfonodal mediastinal (N2) Não sempre relacionado à síndrome de Tobias-Pancoast Evidência na literatura na sua abordagem ainda é limitada Idealmente tratado em centros especializados (≥2 casos/ ano) Acomete principalmente os compartimentos médio e posterior (2/3 casos) As características do tumor estão correlacionadas com sua localização anatômica e não com seu comportamento biológico Tratamento trimodal para pacientes adequadamente selecionados é o que oferece melhores resultados curativos Sintomas clássicos de neoplasia pulmonar (hemoptise, tosse, dispneia) não costumam ser frequentes, dada a localização periférica do tumor – Fraqueza e atrofia dos músculos intrínsecos da mão – Edema do membro superior (por trombose da veia subclávia) – Paralisia diafragmática (por acometimento do nervo frênico) – Disautonomia localizada em face (hipertermia, eritema, anidrose) O conjunto de sinais, sintomas e manifestações radiológicas decorrentes da estase venosa nosegmento braquiocefálico devido à obstrução da veia cava superior é denominado síndrome da veia cava superior (SVCS). Pode ter sua origem por trombose, compressão extrínseca, invasão direta da veia por processos patológicos adjacentes ou pela combinação desses fatores. Anatomia e fisiopatologia A veia cava superior é formada pela fusão das veias braquiocefálicas direita e esquerda, na porção superior do mediastino médio. É responsável pela drenagem venosa da cabeça, pescoço, membros superiores e caixa torácica. Tem cerca de 7 cm de extensão e desemboca no átrio direito. Recebe a veia ázigos na transição de seu terço médio para caudal. Relaciona-se com a aorta ascendente (medialmente), traqueia e linf nodos paratraqueais (posteromedialmente), timo e linfonodos mediastinais anteriores (anteriormente), artéria pulmonar (posteriormente em seu terço caudal) e pleura mediastinal (lateralmente). Por apresentar paredes finas e sistema de baixa pressão, torna-se facilmente compressível por processos expansivos em estruturas adjacentes. A severidade da obstrução varia conforme o nível em que se instala (acima ou abaixo da veia ázigos) e da velocidade em que ocorre. Em obstruções supra-ázigos, as colaterais mais utilizadas são o arco venoso jugular, as veias torácicas laterais, as veias torácicas internas e o plexo venoso vertebral, que, por meio do sistema ázigos e hemiázigos, levam o sangue ao átrio direito . Quando a oclusão envolve a veia ázigos, a drenagem se faz pela veia cava inferior, utilizando principalmente os sistemas torácica lateral e epigástrica superior, torácica interna e epigástrica inferior, plexo cervicovertebral e ázigos e torácica lateral, intercostal posterior e ázigos. 12 UC1 – Proliferação Celular O desenvolvimento das vias colaterais é um processo lento e gradual. Quando estas ainda não se formaram, por obstrução aguda, ou não dão vazão ao fluxo sanguíneo, ocorre hipertensão do sistema venoso braquiocefálico e os sintomas se instalam. Etiologia A obstrução da veia cava superior pode ser causada por trombose, compressão extrínseca ou invasão direta da veia e, frequentemente, por uma associação desses fatores. Há uma variação significativa na etiologia da SVCS ao longo da história. Na primeira metade do século XX, as principais causas eram etiologias benignas, como aneurisma de aorta sifilítico, mediastinite fibrosante por tuberculose ou histoplasmose e flebite com formação de trombo. Com o passar dos anos, as etiologias malignas, especialmente neoplasias pulmonares, mediastinais e linfomas, foram ganhando importância até tornarem-se maioria na década de 19603. Nos dias atuais, as neoplasias são a principal origem da SVCS, porém as etiologias benignas voltaram a crescer em virtude do uso de dispositivos vasculares como marca-passos e cateteres venosos de longa permanência que podem gerar trombose venosa Entre as causas malignas mais frequentes, observamos: neoplasia de pulmão (70 a 80%), linfoma (5 a 15%), neoplasia de células germinativas (2%), timoma (2%) e neoplasia metastática (4%)6-9. Quanto aos tipos histológicos de neoplasia pulmonar causando SVCS, o carcinoma de pequenas células é o mais associado (40%), seguido pelo carcinoma de células escamosas (18%), pelo adenocarcinoma (9%) e pelo carcinoma de grandes células (7%); os outros 26% estão associados a subtipos histológicos ou casos em que não se conseguiu estabelecer o tipo do câncer pulmonar10. O linfoma, em particular o não Hodgkin, é a segunda principal causa de SVCS, seguido por doença metastática, tumores germinativos e timomas Apresentação clínica Inicialmente, a SVCS era considerada uma emergência médica, com potencial risco de morte para o paciente. Em 1953, Roswitt et al.11 descreveram a evolução clínica da SVCS de forma ilustrativa: “A SVCS é um conjunto de sintomas que se agravam conforme o aumento da pressão na veia cava superior e suas tributárias. O paciente sofre dispneia progressiva, ortopneia e tosse que se agravam em posição prona. Em pouco tempo, é capaz de respirar apenas em posição ereta e fica impossibilitado de deitar-se. Ocorre edema progressivo da face, pescoço e membros superiores e nota-se coloração cianótica característica da pele que se torna mais evidente no decúbito. Conforme o aumento da pressão venosa intracraniana observa- -se o aparecimento de cefaleia, vertigem, confusão mental, estupor e até perda da consciência. A menos que uma medida descompressiva eficiente seja instaurada sobrevém o óbito por anóxia cerebral e/ou insuficiência respiratória”. Embora muito ilustrativa, essa descrição está longe de ser a realidade na maioria dos casos. Publicações mostraram que a morte direta pela SVCS é muito rara, sendo vista somente em 1 paciente num total de quase 2.000 casos. Os sintomas neurológicos tão bem descritos estão, na maioria das vezes, relacionados a metástases cerebrais. 13 UC1 – Proliferação Celular A identificação clínica do paciente com SVCS costuma ser simples, uma vez que os sintomas e sinais são típicos, e o exame físico, rico. Os sintomas mais comuns são dispneia (54%), tosse (29%) e edema de face ou membros superiores (23%). Menos vistos incluem dor torácica, síncope, disfagia, embotamento, hemoptise, cefaleia e tontura. Os sintomas neurológicos podem se exacerbar por aumento transitório da pressão venosa, quando o paciente tosse ou abaixa ou pende o corpo para frente. Os sinais mais frequentemente vistos são edema facial ou de extremidades (66%), ingurgitamento de veias cervicais (60%) e torácicas (58%), cianose (21%) e pletora (17%). Sinais menos comuns incluem síndrome de Horner, disfonia e alteração nos murmúrios cardíacos. Os sintomas e sinais descritos previamente são diretamente relacionados à SVCS, porém, durante a história clínica, outros já devem ser pesquisados ativamente por estarem relacionados a possíveis causas da SVCS. Na maioria dos casos, a instalação da síndrome se dá de forma insidiosa. O tempo médio de evolução entre o aparecimento de sintomas e a procura por atendimento médico varia entre 3,2 e 6,5 semanas para doenças malignas e 60 e 168 semanas para doenças benignas (excluindo trombose por cateteres); assim, o tempo de evolução é dado significativo para a investigação diagnóstica. Tratamento O diagnóstico preciso baseado em história clínica, exames de imagem e análises cito-histológicas é fundamental para guiar o melhor tratamento da SVCS. As opções terapêuticas incluem: tratamento clínico, tratamento radio e quimioterápico, tratamento endovascular e tratamento cirúrgico. REFERÊNCIAS BRESCIANI, Alisson Pittol et al. Síndrome de Pancoast-perdendo o melhor momento de diagnosticar Pancoast Syndrome-losing the best time to diagnose. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 40, n. 4, 2011. SILVA, Jefferson Fontinele; BARBOSA, Melânio de Paula; VIEGAS, Cláudio Luiz. Carcinoma de pequenas células na síndrome de Pancoast. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 35, p. 190-193, 2009. HOFF, Paulo Marcelo Gehm; KATZ, Artur. Tratado de oncologia. São Paulo, SP: Atheneu, 2013. 7. Definir e caracterizar cuidados e identificar as entidades que realizam os cuidados paliativos. Os cuidados paliativos defendem o emprego de terapêuticas de alívio do sofrimento de pacientes com doenças ameaçadoras da vida, respeitando suas dimensões física, psíquica, social e espiritual. Pela definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Cuidados Paliativos, todos os pacientes portadores de doenças 14 UC1 – Proliferação Celular graves, progressivas e incuráveis, que ameacem a continuidade da vida, deveriam receber a abordagem dos Cuidados Paliativos desde o seu diagnóstico. O Dia Mundial de Cuidados Paliativos é uma data de ação unificada para comemorar e apoiar os Cuidados Paliativos em todo o mundo. A celebração ocorre no segundo sábado de outubro de cada ano, e este ano é no dia 12 de outubroPrincípios → Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis → Afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida → Não acelerar nem adiar a morte → Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente → Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte → Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e o luto, → Oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto → Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença → Iniciar o mais precocemente possível o Cuidado Paliativo, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes Brasil No Brasil, iniciativas isoladas e discussões a respeito dos Cuidados Paliativos são encontradas desde os anos 70. Contudo, foi nos anos 90 que começaram a aparecer os primeiros serviços organizados, ainda de forma experimental. Vale ressaltar o pioneirismo do Prof. Marco Túlio de Assis Figueiredo, que abriu os primeiros cursos e atendimentos com filosofia paliativista na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP/EPM. Outro serviço importante e pioneiro no Brasil é o do Instituto Nacional do Câncer – INCA, do Ministério da Saúde, que inaugurou em 1998 o hospital Unidade IV, exclusivamente dedicado aos Cuidados Paliativos. Contudo, atendimentos a pacientes fora da possibilidade de cura acontecem desde 1986. Em dezembro de 2002, o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – HSPE/SP inaugurou sua enfermaria de Cuidados Paliativos, comandada pela Dra. Maria Goretti Sales Maciel. O programa, no entanto, existe desde 2000. Em São Paulo, outro serviço pioneiro é do Hospital do Servidor Público Municipal, comandado pela Dra. Dalva Yukie Matsumoto, que foi inaugurado em junho de 2004, com início do projeto em 2001. A primeira tentativa de congregação dos paliativistas aconteceu com a fundação da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos – ABCP pela psicóloga Ana Geórgia de Melo, em 1997. Contudo, com a fundação da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, em 2005, os Cuidados Paliativos no Brasil deram um salto institucional enorme. Com a ANCP, avançou a regularização profissional do paliativista brasileiro, estabeleceu-se critérios de qualidade para os serviços de Cuidados Paliativos, realizou-se definições precisas do que é e o que não é Cuidados Paliativos e levou- se a discussão para o Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Conselho Federal de Medicina – CFM e Associação Médica Brasileira – AMB. Participando ativamente da Câmera Técnica sobre Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos do CFM, a ANCP ajudou a elaborar duas resoluções importantes que regulam a atividade médica relacionada a esta prática. Em 2009, pela primeira vez na história da medicina no Brasil, o Conselho Federal de Medicina incluiu, em seu novo Código de ética Médica, os Cuidados Paliativos como princípio fundamental. A ANCP luta pela regularização da Medicina Paliativa como área de atuação médica junto à Associação Médica Brasileira e a universalização dos serviços de Cuidados Paliativos no Ministério da Saúde. No Brasil, as atividades relacionadas a Cuidados Paliativos ainda precisam ser regularizadas na forma de lei. Ainda imperam no Brasil um enorme desconhecimento e muito preconceito relacionado aos Cuidados Paliativos, principalmente entre os médicos, profissionais de saúde, gestores hospitalares e poder judiciário. Ainda se confunde atendimento paliativo com eutanásia e há um enorme preconceito com relação ao uso de opióides, como a morfina, para o alívio da dor. Entidades de Cuidado Paliativo O Cuidado Paliativo no Brasil teve seu início na década de 1980 e conheceu um crescimento significativo a partir do ano 2000, com a consolidação dos serviços já existentes e pioneiros e a criação de outros não menos importantes. Hoje já somos mais de 40 iniciativas em todo o Brasil. Ainda é pouco, levando-se em consideração a extensão geográfica e as necessidades do nosso país. Assim, será maior a nossa responsabilidade em firmarmos um compromisso para, unidos num único propósito, ajudarmos a construir um futuro promissor para os Cuidados Paliativos, a fim de que um dia, não muito distante, todo cidadão brasileiro possa se beneficiar dessa boa prática 8. Identificar as políticas públicas de prevenção do câncer de pulmão. As populações estão aumentando, envelhecendo e se tornando cada vez mais sedentárias. Os casos de câncer e morte pelo câncer estão 15 UC1 – Proliferação Celular aumentando. Todavia, a maioria dos cânceres pode ser prevenida. A melhor evidência mostra que políticas inteligentes e ações combinadas em todos os níveis reduzirão o risco de muitos cânceres. Jornada do paciente com CaP Consiste na realização de um grupo focal, de aproximadamente 6 horas de duração, com a participação de pacientes para levantamento das principais barreiras e desafios enfrentados pelos pacientes quanto aos sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e o vivendo com a doença. Durante o encontro uma equipe de profissionais realizam o registro gráfico dos principais pontos ressaltados pelo grupo
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