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ALIMENTOS TRANGÊNICOS UMA ANALISE ÉTICA E NUTRICIONAL SOB O CRITÉRIO DA SEGURANÇA ALIMENTAR

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1 
 
ALIMENTOS TRANGÊNICOS: UMA ANALISE ÉTICA E NUTRICIONAL SOB O 
CRITÉRIO DA SEGURANÇA ALIMENTAR 
TRANSGENIC FOODS: AN ETHICAL AND NUTRITIONAL ANALYSIS UNDER 
THE CRITERIA OF FOOD SAFETY 
 
Bárbara Holander Flismino 
Nina Sant`ana Santos Almeida 
Vithória Silva Brites* 
 
 
RESUMO 
O referido artigo analisa os alimentos transgênicos no brasil sob uma ótica de 
perspectiva ética e nutricional face ao critério da segurança alimentar, abordando, 
especialmente, os impactos na segurança alimentar e no meio ambiente, com seus 
consequentes riscos para a saúde das pessoas. Avaliando alguns dos principais 
benefícios e riscos potenciais inerentes à aplicação da manipulação gênica em 
alimentos destinados à alimentação humana, procurando verificar e entender como 
os alimentos transgênicos podem afetar a saúde das pessoas. Trazendo ainda um 
enfoque dos aspectos éticos e como eles influenciam na aceitação ou não de 
transgênicos na sociedade. Chegando ao ponto de avaliar que tanto os benefícios 
da utilização da biotecnologia para o melhoramento das características nutricionais 
de alimentos, como os riscos potenciais, são factíveis e realmente podem vir a 
ocorrer. 
PALAVRAS - CHAVE: Alimentos transgênicos, biotecnologia, ética, segurança 
alimentar. 
 
ABSTRACT 
This article analyzes transgenic foods in brazil from an ethical and nutritional 
perspective in view of the food safety criteria, especially addressing the impacts on 
food safety and the environment, with their consequent risks to people's health. 
Evaluating some of the main benefits and potential risks inherent to the application of 
genetic manipulation in foods intended for human consumption, seeking to verify and 
understand how transgenic foods can affect people's health. Also bringing a focus on 
ethical aspects and how they influence the acceptance or not of transgenics in 
society. Going to the point of evaluating that both the benefits of using biotechnology 
 
* Bárbara Holander Flismino, Nina Sant`ana Santos Almeida, Vithória Silva Brites. Acadêmicas do 
Curso de Nutrição e Farmácia da Faculdade Multivix. Cariacica / 2021. 
2 
 
to improve the nutritional characteristics of foods, as well as the potential risks, are 
feasible and can actually occur. 
KEYWORDS: Transgenic food, biotechnology, ethics, food safety. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os alimentos transgênicos no Brasil são amplamente discutidos sob a 
abordagem da segurança alimentar bem como a influência de aspectos éticos na 
aceitação ou não destes alimentos na vida dos brasileiros, sendo possível destacar 
as vantagens e desvantagens da utilização destes e a regulamentação sobre o 
cultivo de alimentos geneticamente modificados. 
Neste sentido, os transgênicos, são aqueles com material genético alterado 
pelo homem através da transferência de um gene de uma espécie para outra. 
Observa-se que os mesmos surgiram a bem a pouco tempo, na década de 70, e 
rapidamente alcançaram o mundo, principalmente os alimentos, apesar disso, ainda 
é grande a polêmica em torno do assunto tendo em vista que enquanto para alguns 
esta tecnologia é uma certeza de desenvolvimento, para outros muito ainda deve ser 
esclarecido sobre os reais impactos no meio ambiente, na saúde, política, economia 
e bioética de cada país. 
No Brasil, os transgênicos chegaram de forma clandestina e hoje tornaram-se 
uma realidade e em processo de legalização. Proibir ou aceitar? Seria esse o dilema 
a ser resolvido. 
A população, geralmente não conhece bem os efeitos que os alimentos 
geneticamente modificados podem acarretar em sua saúde. Igualmente não faz 
parte da cultura do brasileiro exercer um controle de segurança e qualidade sobre os 
alimentos que consomem, ou exigir dos órgãos competentes a fiscalização do 
cumprimento da legislação, referente a segurança alimentar. 
Questiona-se a garantia da segurança e qualidade alimentar e nutricional dos 
produtos, bem como, da solução da fome, isto é, como chegar à superação do 
problema alimentar no mundo. A segurança alimentar pressupõe o direito 
fundamental de acesso quantitativo e qualitativo de alimentos. Julga-se que não está 
3 
 
nos alimentos transgênicos a solução para a erradicação da fome, bem como do 
oferecimento da segurança alimentar para a população. 
Outrossim resta necessário as discussões sobre a relação entre a segurança 
alimentar e os alimentos geneticamente modificados, de forma que a biotecnologia e 
a engenharia genética têm sido encaradas como algo revolucionário, justificando-se, 
entre outras prerrogativas, o uso de alimentos transgênicos como solução do 
problema da fome no mundo, sem risco à saúde da população e ao meio ambiente. 
Face a essa premissa, discute-se a segurança alimentar sob os enfoques 
qualitativos e quantitativos, destacando as atribuições dos órgãos responsáveis e 
suas interfaces com alimentos geneticamente modificados. Acredita-se que os 
alimentos transgênicos não sejam a solução para o problema da fome no mundo. 
 
1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIOTECNOLOGIA E OS ALIMENTOS 
TRANSGÊNICOS 
 
Inicialmente, para uma melhor abordagem dos alimentos transgênicos importa 
ressaltar o papel da biotecnologia na introdução desses transgênicos bem como sua 
relação entre ciência, tecnologia e a nutrição. 
Na genética, o termo biotecnologia refere-se ao uso de organismos vivos ou 
substâncias biológicas na produção de uma variedade de substâncias que podem 
ser úteis ao ser humano. A biotecnologia é fruto da evolução do estudo da célula, o 
conhecimento de seu funcionamento e mecanismo genético é imprescindível para 
compreensão da evolução da ciência e tecnologia. Tal pratica tem evoluído muito 
nos últimos anos, isto claro, é fruto de muitas pesquisas, e assim, tornou-se uma 
ferramenta imprescindível para obtenção de novos produtos que atendem à 
demanda da população (CÂMARA, 2016). 
Outrossim, a biotecnologia remete hoje a nova fronteira da ciência. Visto que 
além da pesquisa e produção de produtos transgênicos mantem uma acentuada 
relação de interação com diversos outros setores da ciência e da tecnologia, tais 
como a biologia molecular, a fisiologia, a microbiologia, as engenharias química, 
ambiental e genética (CÂMARA, 2016). 
4 
 
Deste modo, o aumento da produtividade, a maior resistência às doenças e às 
pragas, o decréscimo no tempo necessário para produzir e distribuir novos cultivares 
de plantas, provavelmente com produção de novos organismos vegetais e animais, 
são alguns ícones que a biotecnologia e a engenharia genética estão criando. 
Alguns questionamentos são levantados e postos em discussão dos quais serão 
tratados nos demais capítulos. 
 
1.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO 
 
Os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), também conhecidos 
como transgênicos constituem uma das inovações da biotecnologia e da engenharia 
genética trazida pela Revolução Verde na década de 1966, nos Estados Unidos, 
cujo processo consiste na transferência de um ou mais genes responsáveis por 
determinada característica em um organismo para outro organismo ao qual é 
desejável incorporar tal característica (ESPLAR, 2012). 
Dentre os discursos e as expectativas dos idealizadores desta revolução no 
campo destaca-se entre outras prerrogativas o uso de agrotóxicos e outros produtos 
químicos, aumento da produtividade, diminuição da fome mundial, preservação do 
meio ambiente, redução de custos para o produtor e preços dos alimentos básicos 
para a população (YUNTA, 2013). 
Contudo, a diminuição da fome mundial não aconteceu, e os organismos 
geneticamente modificados trouxeram incertezas e controvérsias entre grupos de 
cientistas, governantes e população em geral quanto aos impactos gerados à saúde 
das pessoas e ao meio ambiente. À vista disso, para que os alimentos transgênicos 
possam ser desfrutados com segurança é preciso que haja uma análise dos riscos 
alimentares com embasamento científico (RIBEIRO; MARIN, 2012).A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito ao 
acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e que seu alcance 
implique na promoção à alimentação adequada, requerendo práticas alimentares 
promotoras da saúde, que respeitem às normas ambiental, cultural, econômica e 
socialmente sustentáveis. Os programas de segurança alimentar devem propiciar 
um controle de qualidade efetivo de toda a cadeia alimentar, desde a produção, 
armazenagem, distribuição até o consumo do alimento in natura ao processado, 
5 
 
bem como os processos de manipulação que se fizerem necessários (SANTOS; 
TORRES,2017). 
Dado o interesse das empresas, agricultores e governos em investir em 
pesquisa e comercialização dos alimentos transgênicos foi preciso regulamentar seu 
uso, para que a exploração do novo recurso acontecesse de forma ética e segura 
para todas as esferas afetadas pelos transgênicos. 
Embora existam muitas controvérsias e dúvidas, a produção e a 
comercialização dos transgênicos no Brasil é regulamentada pela Lei de 
Biossegurança desde 2005 e reconhecida como uma das mais seguras e completas 
mundialmente. A Lei de Biossegurança regula todos os processos de produção dos 
OGMs, com ações que envolvem desde a pesquisa até a comercialização, tais 
medidas objetivam garantir que estes alimentos ofereçam segurança para o 
consumo humano e ao ambiente. 
A publicação da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) 
estabeleceu o conceito de segurança alimentar e nutricional e criou as bases de 
construção e funcionamento do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e 
Nutricional (SISAN), alinhando políticas e ações aos objetivos da segurança 
alimentar e nutricional (CÂMARA; NODARI; GUILAM, 2013). 
O processo de evolução e seleção natural tem sido responsável ao logo dos 
tempos pelas modificações naturais dos seres vivos através de processos genéticos 
como mutações, interações gênicas e outros. Na atualidade a biotecnologia tem 
exercido esse papel de uma forma que requer reflexões e ponderações, desta forma 
é preciso ter consciência que não existe tecnologia sem risco, os transgênicos, fruto 
da tecnologia, já são uma realidade inevitável a primeira vista. 
No Brasil os alimentos transgênicos chegaram de forma ilegal e passaram por 
um processo de legalização. Sendo ainda muito forte o movimento em oposição a 
esses alimentos, o que se revela uma consequência natural da falta de informações 
verídicas sobre os seus efeitos benéficos e maléficos. 
Existem aspectos positivos que fazem com que os transgênicos sejam objeto 
de intensa especulação por parte dos cientistas, empresários e políticos, porém, 
como foi visto, estamos ainda diante de um processo de consolidação de uma nova 
tecnologia que pode produzir efeitos adversos. 
6 
 
 
1.2 PAPEL DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS 
 
A existência ou não de alternativa ao uso de transgênicos capaz de satisfazer 
a demanda mundial por alimento e nutrientes é uma questão que permanece aberta 
à investigação científica. A importância dos transgênicos ainda não está bem 
fundamentada no conhecimento científico disponível, em parte porque as conquistas 
e o potencial da agroecologia não foram objeto de atenção científica suficiente. 
Segundo Alves (2004) poucas pessoas sabem que, se bem utilizada, a 
engenharia genética tem um enorme potencial para dar mais qualidade de vida às 
populações, pois no mundo em que vivemos, com uma população desse porte, é 
impossível saciar a fome apenas através da coleta de alimentos. Não se tratando 
neste caso de tentar acabar com a fome através dos transgênicos, mas, ver neles 
um elemento a mais nessa luta pela sustentabilidade na tão complicada rede de 
relações da sociedade humana. 
Consoante o entendimento de Hugh Lacey (2007, p. 33): 
Os transgênicos são claramente objetos biológicos e uma boa 
quantidade de conhecimentos sobre eles e suas potencialidades 
pode ser obtida por pesquisas que adotam a abordagem 
descontextualizada. Entretanto, os transgênicos não são apenas 
objetos biológicos, mas também socioeconômicos: são, na maior 
parte, mercadorias ou detentores de direitos de propriedade 
intelectual. Não levar em consideração o contexto socioeconômico 
impede que os benefícios, os riscos e as alternativas sejam 
investigados de forma apropriada. Embora as pesquisas moleculares 
e biotecnológicas subjacentes ao desenvolvimento e à 
implementação da tecnologia de transgênicos sejam indispensáveis 
à investigação, não são suficientes, pois estão alienadas dos seus 
contextos. 
Sob esta ótica, embora o desenvolvimento dos transgênicos fundamente-se 
nos resultados comprovados da biologia molecular e da biotecnologia, a tendência 
da sua aplicação prática é pressupor, sem investigações pertinentes terem sido 
realizadas, que a disseminação rápida e ampla da agricultura baseada em 
transgênicos tenha um valor social geral. 
Os proponentes do uso de transgênicos preferem concentrar-se nas 
discussões sobre as questões especificamente relacionadas aos transgênicos, e não 
considerar a questão mais abrangente proposta no parágrafo anterior, que não 
7 
 
pressupõe a importância dos transgênicos, dando a entender que essa é a maneira 
“científica” a ser adotada. 
Em ato continuo, atualmente o Brasil é o segundo país no ranking mundial em 
plantações transgênicas. Cultiva-se soja, milho, algodão e, mais recentemente, 
cana-de-açúcar resistentes a herbicidas e aos ataques de insetos e doenças. O 
feijão e o eucalipto, embora já estejam liberados para plantio, ainda não foram 
plantados comercialmente. Entre as culturas já autorizadas para o plantio a soja 
(96%) é a que tem maior taxa de adoção (CÉLERES, 2019). 
Figura 1 – Aprovação de plantas transgênicas no Brasil 
 
Fonte: ISAAA, 2019. 
 
Com a aprovação da nova Lei de Biossegurança (11.105/05), em 2005, a 
regulação dos transgênicos no Brasil se estabilizou e tornou-se uma referência 
global de rigor científico e eficiência. 
 
2 ASPECTOS ÉTICOS DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS 
8 
 
O tema dos alimentos transgênicos desperta questões de natureza ética. A 
manipulação genética envolvida na criação desses tipos de alimentos provoca 
reações de grupos que acusam a ciência de ocupar um papel divino que ignora 
riscos potenciais nos seres humanos e possíveis crises de moralidade e ética na 
sociedade. Enquanto a engenharia genética defende a metodologia como uma 
solução para a problemática da fome e da falta de alimentos, além de contribuir para 
a produção de insumos necessários ao bem-estar social, comparando com os 
fármacos (RESTA; ELISBÃO, 2020). 
Além desses grupos que possuem quase extremidades opostas, há aquele 
que tramita entre eles, formado pelas pessoas que defendem a comercialização e a 
produção dos alimentos transgênicos, porém, desde que os consumidores sejam 
informados adequadamente acerca daquilo que estão consumindo, utilizando como 
proposta a rotulação diferencial especificando a natureza transgênica dos alimentos 
e suas características. Esse grupo, portanto, demonstra característica mais liberal e 
possui a perspectiva de que o consumidor é responsável e consciente o suficiente 
para optar pelo consumo ou não consumo (RESTA; ELISBÃO, 2020). 
Essa última vertente culminou na inserção do símbolo identificador dos 
alimentos transgênicos nas embalagens de alimentos brasileiros. O Decreto nº 4.680 
de 2003 determinou que na comercialização de alimentos e ingredientes alimentares 
destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a 
partir de organismos geneticamente modificados, com presença acima do limite de 
um por cento do produto, o consumidor deverá ser informado da natureza 
transgênica desse produto (BRASIL, 2003). 
O Decreto dispõe, ainda que tanto nos produtos embalados como nos 
vendidos a granel ou in natura, o rótulo da embalagem ou do recipiente em que 
estão contidosdeverá constar, em destaque, no painel principal e em conjunto com 
o símbolo, uma das seguintes expressões, dependendo do caso: "(nome do produto) 
transgênico", "contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)" ou 
"produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico" (BRASIL, 2003). Eis o 
símbolo: 
9 
 
 
Figura 01. Símbolo identificador dos alimentos transgênicos. Disponível em: 
https://reporterbrasil.org.br/2013/11/empresas-ainda-lutam-para-evitar-a-rotulagem-de-transgenicos-
no-brasil/ 
Tal proposta e determinação está relacionada com o princípio bioético da 
autonomia, caracterizado pela “autodeterminação da pessoa em tomar decisões que 
afetem sua vida, sua saúde, sua integridade psicofísica, bem como suas relações 
sociais” (GARCIA, 2013, p.4). Ou seja, parte do pressuposto de que é ético, 
valendo-se do direito à informação do consumidor, deixar o poder da decisão em 
suas mãos. 
Mariconda e Ramos (2003, p.8) pontuam no sentido que a questão dos 
alimentos transgênicos pode ser elaborada a partir de dois grandes ramos do estudo 
da ética: a ética deontológica ou material e a ética consequencialista. De modo que 
o primeiro se fundamenta num conjunto de normas universais que possibilitam 
também julgamentos de cunho moral, enquanto o segundo ramo determina se uma 
ação é ética a partir dos resultados obtidos com ela. Neste sentido: 
Há uma ética deontológica ou material que procura por um fundamento para 
as ações éticas. Tal fundamento foi, tradicionalmente, procurado na 
natureza ou na divindade (ou em ambas combinadamente) e, com ele, 
busca-se erigir um conjunto de normas universais para os julgamentos 
morais. A moral cristã é um bom exemplo de ética deontológica: dado o 
caráter sagrado da vida humana em virtude de sua origem sobrenatural, o 
aborto sempre será considerado moralmente errado, não importam as 
circunstâncias nas quais ele seja praticado. A outra modalidade é dita uma 
ética conseqüencialista. Ela não parte de regras morais, mas de objetivos. A 
qualidade ética de uma ação está ligada à eficácia com a qual o objetivo é 
atingido. Uma vez que as conseqüências de uma ação variam segundo as 
circunstâncias, uma mesma ação poderá ser julgada boa ou má em função 
dessas circunstâncias. Mas isso não significa, como se pode incorretamente 
concluir, que tal orientação ética cai necessariamente em um relativismo 
10 
 
ingênuo. Aqui também a ação é orientada por princípios universais, como 
no utilitarismo, uma doutrina ética conseqüencialista de grande influência no 
pensamento moderno. De modo geral, para o utilitarista uma ação será 
correta quando ela puder aumentar ou, pelo menos, manter a felicidade 
daqueles que são atingidos por essa ação. Opera aqui um forte princípio de 
igualdade: todos os humanos são iguais no que se refere à satisfação de 
seus interesses e de suas necessidades. Não há princípios a priori que 
justifiquem privilegiar certos interesses em detrimento de outros. 
A questão dos alimentos transgênicos também pode ser discutida sob a égide 
da ética utilitarista, tratando-se do princípio da máxima felicidade, aquele que visa 
agradar o máximo de pessoas de um determinado grupo ou da sociedade (SANDEL, 
2012). Supondo que os alimentos transgênicos podem ser capazes de favorecer o 
aumento de produção alimentícia devido aos seus métodos, há de se pensar que, no 
curto prazo, há possibilidade de tornar uma maior quantidade de pessoas felizes, 
desde que haja um acesso democrático ao alimento. Não obstante, no longo prazo, 
pode ocasionar os riscos que não são conhecidos até então e os que são. 
De outro modo, também é possível realizar uma análise ética do ponto de 
vista da lógica libertária. Nessa visão, diante da ausência de evidências justificadas 
de danos às pessoas e à sociedade, não deve existir paternalismo. Como leciona 
Sandel (2012, p. 79), para a ética libertária “o Estado não tem o direito de ditar a que 
riscos eles podem submeter seu corpo e sua vida”, além disso “os libertários são 
contra o uso da força coercitiva da lei para promover noções de virtude ou para 
expressar as convicções morais da maioria”. 
Outra questão ética se refere à questão política, comercial e social do uso de 
alimentos transgênicos. Sobre esse tema, Yunta (2013, p.1) entende que “cada país 
deve buscar a sua própria forma de regularizar o tema dos alimentos transgênicos 
para evitar abusos por empresas transnacionais, evitar riscos e proteger setores 
vulneráveis da agricultura e pecuária”. 
Para o autor, para a comercialização ética dos alimentos transgênicos é 
necessário um debata que tenha a participação de agricultores, pecuaristas e 
consumidores, limitando os interesses políticos e de empresas transnacionais. 
Disserta ainda sobre os princípios da precaução e responsabilidade, defendendo o 
monitoramento e avaliação de riscos ambientais e sociais (YUNTA, 2013) 
Além disso, ele também pontua que não rotular que um alimento contém uma 
porcentagem de transgênicos viola os direitos dos consumidores. Por fim, também 
aduz que a reflexão bioética poderia mediar os diferentes interesses, a favor e 
contra, que alimentos transgênicos geram no campo política, científica, comércio, 
11 
 
religiões, grupos de pressão e cidadãos comuns, usando filosofia, bom senso e 
dados científicos (YUNTA, 2013). 
Nesta esteira, Oliveira (2016, p. 73), em análise do agir ético perante a 
sustentabilidade ambiental com a comercialização de alimentos transgênicos reflete 
que é necessária a adoção de medidas que equilibrem os interesses da geração 
presente e das gerações futuras, considerando um sistema internacional de 
concretização da ética no meio ambiente, traduzindo-se num pacto: 
Existe uma necessidade premente na justa integração entre três 
elementos básicos: meio ambiente, sociedade e desenvolvimento 
econômico, para que os recursos naturais possam ser devidamente 
respeitados e aproveitados, por meio da ação do homem, com vista à 
transformação de riqueza natural em econômica. A real transformação deve 
ocorrer em relação à acumulação descabida, ao “ter” sem medidas, 
instaurados na cultura de quase toda a humanidade. Percebem-se tímidos 
avanços em relação à política ambiental global. A ética, na busca de 
conduzir os passos da humanidade rumo a um seguro futuro, lança o 
ensinamento sobre a necessidade de coexistência de interesses, fazendo 
com que a sustentabilidade seja o guia norteador de tal jornada139. Da 
sustentabilidade consegue-se extrair ensinamentos e direcionamentos 
suaves e rígidos. Questões suaves e harmoniosas sobre sustentabilidade – 
emitidas por fontes secundárias de direito – expressam a necessidade de 
ação, considerando-se o cuidado, o respeito, a responsabilidade ilimitada 
e a solidariedade. Essas vertentes possuem o propósito de uma maior 
aproximação entre homem e natureza, especificamente no que tange à 
percepção humana para consigo mesma e para com o meio. Há uma 
necessidade natural em se evitar danos futuros e buscar a reparação 
de danos ocasionados. O cuidado é fator imprescindível para a 
concretização da ética, pois demonstra preocupação, prudência e zelo para 
com o outro e para com o meio ambiente. O respeito faz com que não 
se deseje ou pratique algo desagradável, devendo-se considerar o 
solicitado pela dignidade, tanto para a pessoa humana, quanto para o 
próprio ambiente. 
 
Portanto, verifica-se que existem dilemas éticos envolvendo a questão dos 
transgênicos, bem como conflitos de interesses comerciais, de saúde, políticos, 
ideológicos, científicos e morais que perpassam a liberação do consumo de forma 
limitada ou ilimitada. Contudo, esses interesses devem ser equilibrados e sopesados 
com base nos princípios bioéticos. 
 
3 SEGURANÇA ALIMENTAR DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS 
 
A segurança alimentar e nutricional é considerada efetivada quando há 
condiçõesde acesso das pessoas aos nutrientes necessários à sua sobrevivência e 
bem-estar que sejam livres de contaminações de quaisquer naturezas. Portanto, 
12 
 
pode ser medida não apenas pela quantidade de alimento que se produz, mas 
sobretudo, pela qualidade dos alimentos que se destinam ao consumo. 
Quanto à correlação entre os alimentos transgênicos com o conceito de 
segurança alimentar e nutricional, é fundamental compreender que o 
desenvolvimento científico, a produção e a comercialização desses alimentos, 
possui uma diversidade de etapas e normas, que envolvem desde a biotecnologia e 
a engenharia genética à saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente 
(SILVA, 2015) 
No entendimento de Hoffmann (1996) o aumento da produção de alimentos 
por si só não possibilita a segurança alimentar e nutricional da população, pois o 
problema da fome não está na disponibilidade alimentar global, mas sim na pobreza 
de uma grande parte da população 
Para Sachs (2000), a luta contra a fome não se reduz ao aumento da oferta 
de alimentos, mas em fornecer condições à população para adquirir ou autoproduzir 
o seu sustento, o que remete ao emprego gerador de renda, ao auto--emprego e à 
reforma agrária. 
A biotecnologia e engenharia genética como novas tecnologias para a cadeia 
produtiva, em particular para as companhias desse mercado, são propagadas sob o 
argumento de não agredirem o ambiente contribuírem para a saúde, inclusive por 
contribuírem para o fim do uso de pesticidas e da fome no mundo. 
Os alimentos geneticamente modificados, bem como a biotecnologia, se 
sustentam sobre tais argumentos e pela disputa entre as corporações do mercado 
internacional pelos produtos oriundos destas tecnologias, modificando o comércio e 
o controle específico das cadeias agroalimentares do cenário mundial. 
A biotecnologia com seus avanços, além de contribuir nas diversas áreas da 
medicina, agricultura e economia, também apresenta riscos. A presença de riscos 
indica a necessidade de haver normas de segurança para a análise e o 
desenvolvimento de estratégias para reduzi-los, que é a principal função da 
biossegurança. Para que as ações de biossegurança sejam eficazes é importante 
que todos os envolvidos em atividades de risco estejam aptos acerca das diretrizes 
de suas práticas (THUSWOHL, 2013). 
13 
 
A transgenia é uma técnica que foi elaborada para contribuir de forma 
significativa com o melhoramento genético das plantas em vários aspectos, 
principalmente nutricionais e de resistência. O cultivo das plantas transgênicas, por 
exemplo, requer uma análise de risco. 
Determinar um risco se dá na probabilidade de um evento (aleatório, futuro ou 
independente da ação humana) a partir de suas consequências (positivas ou 
negativas). Um acidente envolvendo técnicas de engenharia genética, poderá 
ocorrer e, como em toda análise de previsão prudente, não é possível saber quando 
nem em que intensidade irá acontecer (GAVIOLI; NUNES, 2015). 
A questão alimentar, por sua amplitude e abrangência implica em 
compromissos políticos de segurança alimentar, a garantia do acesso e da 
qualidade nutricional e sanitária dos alimentos e o controle e conservação da base 
genética. Assim, a biossegurança envolve regulamentações que se destinam à 
análise e ao manejo dos riscos potenciais de alimentos transgênicos, para o 
desenvolvimento saudável de plantas e para a preservação do ambiente agrícola ou 
da biodiversidade como um todo (THUSWOHL, 2013). 
Pela existência de possíveis efeitos decorrentes dos transgênicos, esses 
organismos são avaliados pela biossegurança alimentar desde as suas 
características e propriedades até suas funções, a fim de encontrar eventuais riscos 
existentes para a saúde. 
Busca-se uma equivalência substancial entre os transgênicos com os 
organismos convencionais, observando a sua composição bioquímica e nutricional. 
Esta análise auxilia na identificação de diferenças entre os dois organismos que são 
analisadas e estudadas através de diversos experimentos que englobam 
características nutricionais, digestivas, alergênicas e toxicológicas (GAVIOLI; 
NUNES, 2015). 
No que se refere aos efeitos clínicos que o intoxicado, tanto no uso dos 
agrotóxicos quanto no consumo dos transgênicos, pode ter variados tipos de 
irritação em mucosa até o desenvolvimento de vários tipos de cânceres. As 
pesquisas sobre os desdobramentos do glifosato, segundo Samsel e Seneff (2013), 
princípio ativo do Roundup, tende a causar 50% do autismo em crianças até 2025, e 
14 
 
outras doenças modernas, como depressão, infertilidade, alzheimer, câncer e 
doenças cardíacas. 
No Brasil, agências de saúde e movimentos sociais tem se esforçado para 
conscientizar a população, sobretudo nas áreas onde o agronegócio impõe a 
exposição do corpo do trabalhador ao veneno. Segundo o Guia de prevenção, 
notificação e tratamento das intoxicações por agrotóxicos (MATO GROSSO DO 
SUL, 2013) os agrotóxicos com o princípio ativo Carbamato, como o Furazin e o 
Furadan (Carbofuran), tendem a provocar edema pulmonar, depressão, paralisia 
respiratória, perda de memória e até dificuldade motora nos intoxicados. 
Considerando o conceito de alimentação saudável pelo Ministério da Saúde, 
deve-se incluir entre outros, a qualidade dos alimentos consumidos e a segurança 
contra contaminação físico-química e biológica. A discussão levantada a respeito 
dos alimentos transgênicos é a de que ao manipular os genes, de um organismo 
para o outro, se será preservada a qualidade alimentar e nutricional, pois, ainda, não 
foi comprovado cientificamente, que esses alimentos são saudáveis ou não e se 
trarão, no futuro, prejuízos à saúde do consumidor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
Realizar boas escolhas alimentares, além de proporcionar uma saúde melhor 
para as pessoas, também significa buscar a efetividade da segurança alimentar. 
Não basta apenas alimentar as pessoas, é necessário garantir que todos tenham 
acesso a alimentos saudáveis e ricos em nutrientes (CFN, 2012). 
Vários produtos geneticamente modificados já estão nos supermercados e já 
fazem parte da dieta do consumidor brasileiro, um fato quase imperceptível pelos 
consumidores, devido à discreta rotulagem que esses produtos possuem, conforme 
apresenta a Tabela 2, (BBC Brasil, 2013). 
Tabela 2: Principais alimentos transgênicos que fazem parte da dieta do 
consumidor brasileiro 
15 
 
 
Fonte: BBC Brasil, 2013. 
Apesar de organizações representativas da sociedade civil que atuam contra 
a disseminação dos cultivos geneticamente modificados criticarem o pouco rigor dos 
testes de biossegurança, o Departamento de Segurança Sanitária dos Alimentos da 
OMS assegura que nenhum caso de efeito nocivo sobre a saúde humana resultante 
do seu consumo fora identificado. 
Segundo um estudo publicado em parceria com a FAO em 2005, e acatado 
até hoje, os efeitos potenciais diretos dos alimentos geneticamente modificados 
sobre a saúde são em geral comparáveis aos riscos conhecidos associados aos 
alimentos tradicionais no que diz respeito ao seu potencial alergênico e a toxidade 
de seus constituintes, como também à qualidade nutricional do alimento e sua 
segurança sanitária (THUSWOHL, 2013). 
Deste modo a ciência não provou, ainda, nenhum mal letal ou riscos à vida 
relacionado ao seu consumo, porém existem situações que requerem orientações 
jurídicas específicas e/ou pesquisas direcionadas, como no caso do aparecimento 
supostos danos ao meio ambiente e a vida. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com base nas informações obtidas face as pesquisas do presente trabalho, é 
possível entender que como consequência das mudanças da sociedade referente ao 
16 
 
desenvolvimento do meio técnico científico e informacional a revolução verde e o 
desenvolvimento da transgenia impactaram na forma de produção, quantidade e 
qualidade, exigindo novas análises tanto nareorganização do espaço rural 
como nos padrões e controle de qualidade de alimentas a fim de garantir a 
segurança alimentar. 
Apesar da maior disponibilidade dos alimentos no mercado de consumo, uma 
parte significativa da população na realidade brasileira ainda passa fome. Esses 
avanços além de causarem impactos na saúde humana também tem gerado ônus 
para a natureza, ambas veem sendo desgastadas a cada dia mais com o 
perpetuamento desse modo de produção que já apresenta sinais de crise. 
A pesquisa abordou o papel da biotecnologia na introdução dos alimentos 
transgênicos e sua relação com ciência, tecnologia, política e nutrição. Avaliando 
que o aumento da produtividade, a maior resistência às doenças e às pragas, o 
decréscimo no tempo necessário para produzir e distribuir novos cultivares de 
plantas, provavelmente com produção de novos organismos vegetais e animais, são 
alguns ícones que a biotecnologia e a engenharia genética estão criando. 
Foi avaliado que a segurança alimentar busca a realização do direito ao 
acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e que seu alcance 
implique na promoção à alimentação adequada, requerendo práticas alimentares 
promotoras da saúde, que respeitem às normas ambiental, cultural, econômica e 
socialmente sustentáveis. De modo que os alimentos transgênicos precisam atender 
os requisitos que satisfazem esses objetivos. 
Sob o prisma ético, verificou-se que o tema pode ser avaliado de diversos 
pontos de vista, desde a análise deontológica, passando pela consequencialista, ou 
trabalhada pelo utilitarismo, ou de um ponto de vista mais liberal. Percebeu-se que a 
manipulação genética envolvida na criação desses tipos de alimentos provoca 
reações de grupos que acusam a ciência de ocupar um papel divino que ignora 
riscos potenciais nos seres humanos e possíveis crises de moralidade e ética na 
sociedade. 
Desde o grupo da engenharia genética que defende a metodologia como uma 
solução para a problemática da fome e da falta de alimentos, além de contribuir para 
a produção de insumos necessários ao bem-estar social, comparando com os 
17 
 
fármacos. Até o grupo formado pelas pessoas que defendem a comercialização e a 
produção dos alimentos transgênicos, porém, desde que os consumidores sejam 
informados adequadamente acerca daquilo que estão consumindo, utilizando como 
proposta a rotulação diferencial especificando a natureza transgênica dos alimentos 
e suas características. 
Sob o prisma do conflito de interesses, observou-se que a comercialização 
ética dos alimentos transgênicos depende da participação de agricultores, 
pecuaristas e consumidores, limitando os interesses políticos e de empresas 
transnacionais. Além disso, a problemática deve levar em consideração os princípios 
bioéticos da autonomia e da justiça, além dos princípios da precaução e 
responsabilidade, defendendo o monitoramento e avaliação de riscos ambientais e 
sociais. 
Constatou-se que apesar das discussões e inseguranças acerca dos 
alimentos transgênicos, as pesquisas apontam que diversos produtos geneticamente 
modificados já estão nos supermercados e já fazem parte da dieta do consumidor 
brasileiro, um fato quase imperceptível pelos consumidores, devido à discreta 
rotulagem que esses produtos possuem. 
Acerca da segurança alimentar, entende-se que a discussão levantada a 
respeito dos alimentos transgênicos é a de que ao manipular os genes, de um 
organismo para o outro, se será preservada a qualidade alimentar e nutricional, pois, 
ainda, não foi comprovado cientificamente, que esses alimentos são saudáveis ou 
não e se trarão, no futuro, prejuízos à saúde do consumidor. 
De todo modo, a biotecnologia com seus avanços, além de contribuir nas 
diversas áreas da medicina, agricultura e economia, também apresenta riscos. 
Contudo, avaliou-se que a presença de riscos indica a necessidade de haver normas 
de segurança para a análise e o desenvolvimento de estratégias para reduzi-los, que 
é a principal função da biossegurança. 
 Apesar disso, a pesquisa constatou que a ciência não provou, ainda, de 
maneira cabal, nenhum mal letal ou riscos à vida relacionado ao seu consumo, 
porém existem situações que requerem orientações jurídicas específicas e/ou 
pesquisas direcionadas, como no caso do aparecimento supostos danos ao meio 
ambiente e a vida. Além disso, é necessário um debate plural entre os agentes 
18 
 
envolvidos na cadeia dos alimentos transgênicos, desde os produtos até os órgãos 
políticos e os consumidores finais. 
 
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