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1 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 OBJETIVOS 1-Analisar a marcha fisiológica, destacando as fases e o seu mecanismo. 2- Analisar a ação da musculatura e outras estruturas responsáveis pela marcha fisiológica. REFERÊNCIAS • LECH, Tarcisio E. P. de Barros Filho Osvandré. Exame físico em ortopedia – 3º Ed • NEUMANN, Donald A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético – 3° Ed CONCEITOS MARCHA O ato de caminhar é uma atividade dinâmica e cíclica e serve como necessidade básica de indivíduo para se deslocar de um lugar para o outro, que envolve vários reflexos (postural, labiríntico, de endireitamento) e padrões motores sequenciais aprendidos (balanço do tronco, balanço dos membros superiores, movimento da cabeça) Um ciclo da marcha completo compreende os eventos que ocorrem entre dois contatos com o solo pelo mesmo membro. TIPOS DE CONTRAÇÃO Concêntrica: ocorre quando um músculo produz uma força de tração ao contrair-se (encurtar-se) Excêntrica: ocorre quando um músculo produz uma força de tração enquanto é alongado por outra força mais dominante. Isométrica: quando um músculo está produzindo uma força de tração enquanto mantém um comprimento constante. DESCRITORES ESPACIAIS DA MARCHA Comprimento da passada: distância compreendida entre 2 contatos consecutivos do calcanhar do mesmo pé. Em adultos saudáveis, um ciclo de marcha leva pouco mais de 1s e abrange cerca de 1, 44m (4,5 pés), resultando em uma velocidade de marcha de 1,37m/s Comprimento do passo: distância entre sucessivos contatos do calcanhar dos 2 pés (ex: entre os contatos do calcanhar esquerdo e direito). Normalmente corresponde à metade do comprimento da passada. Cadência: número de passos por minuto Velocidade da marcha: combina a medição temporal e espacial, ou seja, a distância percorrida em determinado período de tempo (m/s). Quando um aumento da velocidade da marcha é necessário, existem 2 estratégias disponíveis: aumento da passada ou do comprimento do passo e aumento da cadência. CICLO DA MARCHA No adulto normal, o ciclo da marcha faz-se em duas fases: Fase de apoio (ou fase de posição): quando o pé está em contato com o solo, apoiando o peso do corpo; Fase de balanço (ou fase de oscilação), quando o mesmo pé não está tocando o solo, e o peso do corpo está colocado no membro oposto. Marcha Fisiológica Problema 01 2 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 Dentro de um ciclo de marcha, o corpo experimenta 2 períodos de duplo apoio do membro (quando ambos pés estão em contato com o solo simultaneamente) e 2 períodos de apoio simples do membro (quando apenas 1 pé está no chão). 1º apoio duplo: 0 a 10% - quando o peso do corpo está sendo transferido do membro inferior esquerdo para o direito 1º apoio simples: 10 a 50% - o membro inferior esquerdo está na sua fase de oscilação, sendo empurrado para frente 2º apoio duplo: 50 a 60% - quando o peso do corpo está sendo transferido do membro inferior esquerdo para o direito. 2º apoio simples: 60 a 100% - o membro inferior direito está na sua fase de oscilação, sendo empurrado para frente Observações: Durante a corrida, os períodos de duplo apoio do membro desaparecem e são substituídos por períodos em que ambos os pés estão fora do chão simultaneamente. Já na velocidade de marcha lenta, os períodos de duplo apoio dos membros ocupam uma porcentagem cada vez maior do ciclo da marcha. Por isso uma marcha lenta proporciona maior instabilidade, já que ambos os pés tocam simultaneamento o chão em uma maior porcentagem do ciclo. A velocidade de marcha reduzida e o comprimento de passo mais curto e a cadência mais lenta em pacientes idosos com medo de cair ou com déficits de força, serve para melhorar a instabilidade da marcha e prevenir quedas. Padronizou-se o contato do calcanhar de um pé como o evento inicial, cujo ciclo se encerra pela ocorrência desse mesmo fato FASE DE APOIO A fase de apoio constitui os 60% iniciais do ciclo, e é dividida nas seguintes subfases: 1. Apoio do calcanhar (15%): instante em que há o contato do calcanhar no solo e o peso corporal vai sendo transmitido para a frente. Pé dorsofletido Joelho em total extensão Quadril em cerca de 25° de flexão 2. Aplanamento do pé (15%): instante em que toda a superfície plantar do pé entra em contato com o solo. Joelho em flexão de cerca de 15° Flexão do quadril em aproximadamente 25º 3. Médio apoio ou acomodação intermediária (25%): momento em que a pessoa está equilibrada sobre o membro inferior de apoio, com o membro contralateral em fase de balanço gerando força para a frente Tornozelo entre 0 e 5 graus de dorsiflexão Joelho a 0° Quadril também a 0o Com a progressão do corpo sobre o pé, o tornozelo pode chegar a 10° de dorsiflexão e o quadril a 20° de extensão. 4. Impulso: compreende ao desprendimento do calcanhar do solo (25%), seguido pelo desprendimento dos dedos (5%), ocorrendo a aceleração. Tornozelo assume uma posição de 20° de flexão plantar Joelho pode chegar a 40° de flexão FASE DE BALANÇO A fase de balanço compreende 40% do ciclo da marcha e subdivide-se em três períodos: 1. Aceleração (ou balanço inicial): Inicia-se após o desprendimento dos dedos e continua-se com o pé sendo elevado do solo em flexão plantar (10°). 3 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 2. Oscilação intermediária (ou balanço médio): começa quando o membro em balanço ultrapassa o membro oposto em apoio. Joelho estendido em cerca de 25° de flexão, Quadril em cerca de 25° de flexão. 3. Desaceleração (ou balanço final): quando as forças de gravidade e da musculatura do membro travam suavemente o movimento de balanço para a frente. Tornozelo e o joelho encontram-se a 0° Quadril a 25° de flexão . O calcâneo, então, volta a tocar o solo e a sequência total do ciclo da marcha está completa. DESLOCAMENTO DO CENTRO DE GRAVIDADE A deambulação é iniciada ao permitir que o corpo se incline para frente. Para as quedas serem evitadas, as recuperações momentâneas do equilíbrio são alcançadas pelo movimento da frente do pé para um novo local. Uma vez que a marcha é iniciada, o impulso do corpo para frente leva o centro de massa (CM) do corpo além do novo local do pé, necessitando de um passo a frente com o outro pé. A deambulação cessa quando a colocação do pé detém o movimento para frente do corpo e o equilíbrio do corpo é restabelecido sobre a base estática do corpo. O centro de massa (CM) do corpo está localizado anteriormente à 2° vertebra sacral, mas a melhor visualização do CM é acompanhar o deslocamento da cabeça ou do tronco. Claramente, o deslocamento mais notável do corpo durante a marcha é na direção para frente (horizontal). No entanto, há ainda 2 padrões de movimento do CM nas direções vertical e lateral. No sentido vertical, o CM oscila para cima e para baixo durante o ciclo de marcha. A altura mínima do CM ocorre no ponto médio de ambos os períodos de duplo apoio do membro (5% e 55% do ciclo da marcha). A altura máxima do CM ocorre no ponto médio de ambos os períodos de apoio simples do membro. No sentido lateral, o CM é deslocado alternadamente do membro inferior direito para o esquerdo, durante a dambulação criando um padrão sinusoidal lado a lado ( da direita para esquerda) por ciclo de marcha. Obs: a quantidade de deslocamentos aumenta quando o individuo caminha com os pés mais afastados entre si e diminui quando caminha com os pés mais juntos. As pessoas com distúrbios do equilíbrio, por exemplo, muitas vezes escolhem caminhar com uma base mais ampla de apoio como um meio paramelhorar sua estabilidade. Padrão de movimento total do CM durante um ciclo completo da marcha Logo após o contato do calcanhar direito, o CM move-se para frente, para cima e em direção ao pé direito (durante 30% do ciclo) Na posição de médio apoio, o CM alcança sua posição mais alta e lateral para a direita. Logo após o médio apoio, o CM continua em frente, mas começa a se mover em um sentido descendente e para o lado esquerdo do corpo. Logo após o contato do calcanhar esquerdo, durante a fase de duplo apoio do membro inferior, o CM está localizado a meio caminho entre os pés e alcança sua posição mais baixa, uma vez que contia a avançar para o MI esquerdo. Do desprendimento dos dedos do pé direito para o médio apoio do MI esquerdo, a CM avança para cima e em direção ao MI esquerdo, que agora está apoio. A menos de 80% o CM está novamente em seu ponto mais alto, porém em sua posição lateral para a esquerda. 4 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 Pouco depois do médio apoio à esquerda, o movimento do CM se desloca para baixo e para o lado direito do corpo. O ciclo da marcha de conclui e o processo é repetido quando o calcanhar direito entra em contato com o solo. POSIÇÕES DO JOELHO NA MARCHA No instante do choque do calcâneo, o joelho se encontra em extensão completa. No aplanamento do pé o joelho se encontra em flexão (em média de 15°) que dura até que o pé esteja plano no solo. Logo após a acomodação intermediária, o joelho passa para a extensão por um período muito curto e volta a flexionar-se ao iniciar a elevação do calcanhar. MOVIMENTOS COMBINADOS DO TORNOZELO E JOELHO No impacto do calcâneo, com o tornozelo dorsifletido e o joelho estendido, o centro de rotação do tornozelo encontra-se elevado. O joelho, então, começa a fletir, inferiorizando seu centro de rotação compensatoriamente. A seguir, ocorre aplanamento do pé, inferiorizando o centro de rotação do tornozelo, o que é compensado por rápida AÇÃO MUSCULAR NA MARCHA Na marcha, os músculos podem contrair-se concentricamente (encurtando a distância entre a origem e a inserção) para proporcionar força motora; contrair-se excentricamente (alongando a distância entre a origem e a inserção) para desacelerar um segmento resistindo às forças passivas que o movem; ou contrair-se isometricamente (sem alteração na distância entre a origem e a inserção) para atuar como estabilizadores. CICLO DA MARCHA MUSCULOS Toque do calcanhar Dorsiflexores do tornozelo: m. tibial anterior Extensores do quadril: m. glúteo máximo* Flexores do joelho: m. isquiotibial Apoio completo do pé Flexores plantares do tornozelo: m. tríceps sural Abdutores do quadril: m. glúteo médio, m. glúteo mínimo, m. tensor da fáscia lata* Extensores do joelho: m. quadríceps femoral Apoio médio Flexores plantares do tornozelo: m. tríceps sural Saída do calcanhar Flexores plantares do tornozelo: m. tríceps sural Saída dos dedos Flexores do quadril: m. iliopsoas, m. reto femoral Aceleração Dorsiflexores do tornozelo: m. tibial anterior Flexores do quadril: m. iliopsoas, m. reto femoral Balanço médio Dorsiflexores do tornozelo: m. tibial anterior Desaceleração Dorsiflexores do tornozelo: m. tibial anterior Extensores do quadril: m. glúteo máximo, m. isquiotibial Flexores do joelho: m. isquiotibial* Extensores do joelho: m. quadríceps femoral
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