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DISFUNÇÕES DERMATOLÓGICAS APLICADAS À ESTÉTICA Fernanda Ribeiro de Oliveira Revisão técnica: Mônica Kuplich Mestre em Genética e Toxicologia Fisioterapeuta Dermatofuncional Lucimar Filot da Silva Brum Doutora em Ciências Biológicas (Bioquímica) Mestre em Farmácia Graduada em Farmácia Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 D611 Disfunções dermatológicas aplicadas à estética / Daniela Fassheber ... [et al.] ; [revisão técnica : Mônica Kuplich, Lucimar Filot da Silva Brum]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 367 p. : il. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-341-3 1. Dermatologia. 2. Estética. I. Fassheber, Daniela. CDU 616.5 BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 2 16/02/2018 13:33:11 Psoríase e erisipela Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a fisiopatologia da psoríase. Identificar os tipos de psoríase. Entender as causas e fatores agravantes de erisipela. Introdução A psoríase e a erisipela apresentam diferentes particularidades. A psoríase é um tipo de doença autoimune e não contagiosa, porém não tem causa totalmente conhecida; já a erisipela é transmitida através de picadas de insetos, devido a bactérias que penetram rapidamente na pele. Os tratamentos para cada uma destas afecções são realizados de maneiras diferenciadas, mas ambos precisam ser orientados pelo médico. Neste capítulo, você vai conhecer mais sobre sintomas, fatores agra- vantes e os tratamentos de maneira mais abrangente. Psoríase Doença infl amatória não contagiosa e crônica, que pode atingir mais de um sistema, mas acomete com mais frequência a pele e as articulações. A sua causa é desconhecida, mas sabe-se que está ligada à genética e ao sistema imunológico. Acredita-se que a patologia se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos, que, por sua vez, dão início a respostas imunológicas que incluem vasodilatação da pele e infiltração de neutrófilos. Em razão desse processo, o ciclo germinativo epidérmico aumenta, en- curtando o tempo da renovação celular e aumentando a proliferação. Em consequência disso, há uma grande produção de escamas, em razão da imatu- ridade das células. Todo esse evento faz com que as células mortas não sejam eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 333 15/02/2018 17:20:49 Mesmo sendo uma doença conhecida, ela atinge apenas de 1% a 3% da população, não tendo preferência entre homens e mulheres. Mesmo podendo ocorrer em qualquer faixa etária, tem picos nos indivíduos entre 20 a 30 anos e também entre 50 a 60 anos. Sintomas Os sintomas podem ter variações de acordo com cada tipo e paciente, mas podemos destacar alguns: coceira, queimação e dor; manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas; pequenas manchas brancas ou escuras residuais pós-lesões; pele ressecada e rachada, às vezes com sangramento; unhas grossas, descoladas e com depressões puntiformes; inchaço e rigidez nas articulações. Esses sintomas podem ser apresentados de maneira leve, moderada e até mesmo grave, alterando o quadro clínico e também a qualidade de vida do indivíduo, pois não causam apenas desconforto, como nos casos moderados, podem ser dolorosos e inestéticos nos casos mais graves (Quadro 1). Fonte: adaptado de Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017). Leve Moderada Grave Acomete apenas 2% do corpo e não há mudança na qualidade de vida. A qualidade de vida já se altera, pois acomete de 2% a 10% do corpo. Atinge mais que 10% do corpo e o indivíduo tem a qualidade de vida consideravelmente alterada. Quadro 1. Sintomas da psoríase. Sabe-se que alguns fatores podem aumentar as chances de uma pessoa desencadear a doença ou até mesmo piorar o quadro naquelas que já tem. Podemos destacar: vírus do HIV – sistema imunológico debilitado; Psoríase e erisipela334 BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 334 15/02/2018 17:20:49 hereditariedade (entre 30% e 40% dos pacientes de psoríase têm histórico familiar da doença); estresse – diminui a imunidade; baixa temperatura – a pele fica mais ressecada; bebida alcoólica e cigarro – não se sabe o motivo ao certo, mas ambos pioram o quadro de psoríase. Tipos de psoríase A psoríase pode apresentar várias manifestações clínicas. Veremos a seguir quais são elas. Psoríase em placas ou vulgar Tipo de manifestação mais frequente – 90% dos casos. Apresenta lesões eritematosas e descamativas, formando placas secas, avermelhadas e com escamas prateadas ou esbranquiçadas; são bem delimitadas. Normalmente, atinge a região sacral, os membros inferiores e superiores, o tronco e o couro cabeludo (Figuras 1 e 2). Figura 1. Psoríase em placas ou vulgar. Fonte: sweetheart studio/Shutterstock.com. 335Psoríase e erisipela BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 335 15/02/2018 17:20:49 Figura 2. Psoríase em placas ou vulgar. Fonte: Lipowski Milan/Shutterstock.com. Psoríase ungueal É a psoríase que atinge as unhas, tanto dos pés, quanto das mãos. A unha muda de cor, fi ca mais grossa, escama, fi ca deformada e, em alguns casos, até se descola (Figuras 3 e 4). Figura 3. Psoríase ungueal. Fonte: sweetheart studio/Shutterstock.com. Psoríase e erisipela336 BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 336 15/02/2018 17:20:50 Figura 4. Psoríase ungueal. Fonte: sweetheart studio/Shutterstock.com. Psoríase gutata É menos frequente e atinge, em sua maioria, crianças e adultos antes dos 30 anos. Normalmente aparece após infecções e pode regredir em duas a três semanas, mas há casos que pode evoluir para placas. Neste tipo de psoríase, as feridas são pequenas (em forma de gotas), mais frequentes em membros e tronco. Psoríase invertida Mais frequente em negros e pessoas portadoras de HIV. São lesões que se localizam em dobras e regiões úmidas, como axilas, virilhas, embaixo dos seios e ao redor dos genitais. Psoríase pustulosa As lesões se apresentam um pouco diferente das outras manifestações. São lesões com pústulas, eritematosas, descamativas e com infl amação. Tem uma distribuição mais generalizada. Na piora do quadro, pode haver comprometi- mento sistêmico, como febre e perda de peso (Figura 5). 337Psoríase e erisipela BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 337 15/02/2018 17:20:50 Figura 5. Psoríase pustulosa. Fonte: Quayside/Shutterstock.com. Psoríase eritodérmica Menos comum, é acompanhada por outros sintomas, como febre e taquicardia, e pode ser desencadeada após queimaduras, infecções ou tratamentos a base de corticoides. As lesões apresentam grande descamação e vasodilatação generalizada, coçam e ardem (fi gura 6). Figura 6. Psoríase eritodérmica. Fonte: sweetheart studio/Shutterstock.com. Psoríase e erisipela338 BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 338 15/02/2018 17:20:51 Psoríase artropática Quando as lesões atingem articulações, causando grandes dores. Afeta mais frequentemente as articulações dos dedos dos pés e das mãos, a coluna e as juntas dos quadris. Pode causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes. Tratamentos O objetivo do tratamento da psoríase é o controle clinico, a remissão das lesões e a qualidade de vida do paciente. Hoje podemos destacar diferentes tipos de tratamento para essa patologia. Tratamento tópico: com cremes e pomadas medicamentosas aplicadas diretamente na pele. São usados hidratantes, emolientes, ceratolíticos, vitamina D e corticosteroides. Tratamentos sistêmicos: com medicamentos em comprimidos ou injeções a base de metotrexato, ciclosporina e actretina. Tratamentos biológicos: com injetáveis, como adalimumabe, eta- nercepte e infliximabe, anti-interleucina 12 e 23 (ustequinumabe) ou anti-interleucina 17 (secuquinumabe). Fototerapia: exposição à luz ultravioleta (UVA e UVB) de forma moderada e com supervisãomédica. Para cada grau da manifestação das doenças, pode-se utilizar trata- mentos diferenciados. No Quadro 2, veja os métodos mais utilizados para cada grau. Leve Moderada Grave Tópicos Sistêmicos Sistêmicos Fototerapia Fototerapia Biológicos Tópicos (auxiliar) Fototerapia Tópico (auxiliar) Quadro 2. Tratamentos para psoríase de acordo com o seu grau. 339Psoríase e erisipela BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 339 15/02/2018 17:20:51 A psoríase pode afetar muito a autoestima, em razão do fator inestético, principalmente, o que causa um impacto muito grande na qualidade de vida. Além dos tratamentos convencionais, o acompanhamento psicológico é in- dicado em alguns casos. Ter hábitos saudáveis, boa alimentação e estresse controlado contribuem consideravelmente para a remissão das lesões. Muitos procedimentos estéticos podem ser aplicados em pacientes porta- dores dessa doença – quando não estiver manifestada – o que, com certeza, irá lhe garantir uma autoestima mais eleva. Trate o paciente com carinho. Erisipela A erisipela é uma condição infl amatória que atinge a derme e o panículo adiposo, com grande envolvimento dos vasos linfáticos. Apresenta lesões com bastante eritema, bordas bem delimitadas, com edema, calor e dor. Habitualmente, a erisipela é adquirida por meio de picadas de inseto, úlceras e ferimentos, ou seja, por alguma “porta de entrada”, na qual bactérias (Estreptococo beta-hemolítico do grupo A) penetram na pele e se espalham rapidamente. A perna é acometida em 90% dos casos, mas também pode atingir pés, mãos e áreas genitais (Figuras 7 e 8). Figura 7. Erisipela. Fonte: Viana (2018). Psoríase e erisipela340 BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 340 15/02/2018 17:20:51 Figura 8. Erisipela. Fonte: Lima (2018). Não existem muitos sintomas prévios dessa doença, ela tem início súbito e é acompanhada de febre, cefaleia, mal-estar, fadiga e até mesmo bolhas. A erisipela pode evoluir para o quadro de elefantíase. A elefantíase é uma doença parasitária em que há o alojamento de parasitas no sistema linfático, deixando membros (normalmente inferiores) extremamente edemaciados. Tratamento O tratamento sempre será indicado por um médico e inclui analgesia, medi- camentos com antibióticos, repouso e elevação do membro que foi afetado. Para evitar a erisipela, deve-se evitar traumas e feridas abertas e ter cuidados com unhas e picadas de insetos. Quanto mais nossa pele estiver íntegra, mais difícil será adquirir essa doença. 341Psoríase e erisipela BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 341 15/02/2018 17:20:51 1. Os sintomas da psoríase podem ser leves, moderados e grave. Marque a alternativa que representa um sintoma correto da psoríase. a) Edema. b) Necrose. c) Pele ressecada. d) Ulcerações. e) Infecção com pus. 2. Existem vários tipos de Psoríase, quando dizemos “psoríase que deixa as unhas mais grossas, com escama e deformidades, podendo até descolar”, estamos no referindo à: a) psoríase gutata. b) psoríase invertida. c) psoríase pustulosa. d) psoríase Vulgar. e) psoríase ungueal. 3. A erisipela é uma doença inflamatória que apresenta eritema, edema, dor e calor; além disso, sabemos que ela tem envolvimento através de vasos com o sistema: a) urinário. b) muscular. c) linfático. d) articular. e) respiratório. 4. De acordo com seus conhecimentos em relação à erisipela, assinale qual das alternativas abaixo é uma informação verdadeira. a) Acomete na maioria dos casos abdome e membros superiores. b) É transmitida através de alimentos contaminados . c) Depois de picado pelo inseto, as bactérias demoram vários dias para se espalhar. d) Existem diversos sintomas que podemos observar antes da doença se instalar por completo. e) A erisipela pode evoluir para uma doença parasitaria chamada elefantíase. 5. Existem vários tipos de tratamentos para a psoríase; quando é feito através de medicamentos – seja por comprimido ou injeções, é considerado um tratamento: a) sistêmico. b) fototerápico. c) biológico. d) tópico. e) cosmético. Psoríase e erisipela342 BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 342 15/02/2018 17:20:54 LIMA, R. B. Erisipela. Dermatologia.net, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <http:// www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/erisipela/>. Acesso em: 09 jan. 2018. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Psoríase tem Tratamento. Rio de Janeiro: SBD, 2017. Disponível em: <http://www.sbd.org.br/psoriasetemtratamento/noticias/ tratamento/psoriase-tem-tratamento/>. Acesso em: 09 jan. 2018. VIANA, A. Entenda o que é e como tratar a erisipela. Tua Saúde, Vila Nova de Gaia, 2018. Disponível em: <https://www.tuasaude.com/erisipela/>. Acesso em: 09 jan. 2018. Leituras recomendadas AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. GUIRRO, R. R.; GUIRRO, E. C. O. Fisioterapia Dermato-funcional: fundamentos, recursos e patologias. 3. ed. Barueri: Manole, 2010. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. 3. ed. São Paulo: Ateneu, 2015. RODRIGUES, M. M. R. Dermatologia: do nascer ao envelhecer. Rio de Janeiro: Med- book, 2012. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Erisipela. Rio de Janeiro: SBD, 2017. Disponível em: <http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/ erisipela/38/>. Acesso em: 09 jan. 2018. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Psoríase tem Tratamento. Rio de Janeiro: SBD, 2017. Disponível em: <http://www.sbd.org.br/psoriasetemtratamento/campa- nha/>. Acesso em: 09 jan. 2018. 343Psoríase e erisipela BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 343 15/02/2018 17:20:54 http://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/erisipela/ http://www.sbd.org.br/psoriasetemtratamento/noticias/ https://www.tuasaude.com/erisipela/ http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/ http://www.sbd.org.br/psoriasetemtratamento/campa- BOOK_Disfuncoes_Dermatologicas.indb 344 15/02/2018 17:20:54 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: