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DIABETES INSÍPIDUS Karine Rodrigues da Fonseca Matrícula: 2018202079 Rio de Janeiro 2021 · INTRODUÇÃO A diabetes insípidus (DI) é uma síndrome caracterizada pela incapacidade de concentração do filtrado glomerular que por consequência deixa a urina mais hipotônica e aumenta seu volume. Essa síndrome pode ocorrer por conta de deficiências no hormônio antidiurético (ADH), chamada de diabete insípido central, neuro- hipofisário ou neurogênico ou por resistência à ação desse hormônio nos túbulos renais, chamada de diabete insípido renal ou nefrogênica. Entretanto, em altas concentrações, a vasopressina causa vasoconstrição. Os dois tipos de diabetes insipido são subdivididos em outros tipos, porém tanto o tratamento como os cuidados de enfermagem são parecidos, apesar de cada um deles ter sua recomendação de fármaco. · DESENVOLVIMENTO O diabete insípido tem como seu principal causador o hormônio antidiurético (ADH), também conhecido como arginina vasopressina (AVP) ou argipressina. É um hormônio sintetizado no hipotálamo e armazenado, principalmente, na glândula pituitária, localizada no lobo posterior da hipófise que, com o estímulo gerado pelos osmorreceptores no hipotálamo e pela depleção do volume, detectada pelos barorreceptores vasculares, é liberado pela neuro hipófise para agir, primariamente, com o intuito de promover a conservação de água pelos rins e assim aumentar a permeabilidade do epitélio tubular distal à água. Ou seja, o hormônio ADH tem um papel importante na manutenção da homeostase líquida e da hidratação vascular e celular. Além disso, essa síndrome se apresenta de duas formas principais, uma chamada de diabete insipido central, onde entra também a diabete insípido gestacional, e a outra como diabete insipido neurogênica. Diabete Insipido Central (DIC) O diabete insípido central é um distúrbio resultante de secreção insuficiente (parcial) ou ausência (total) do hormônio antidiurético (ADH), levando a um transtorno da concentração urinária, sendo inapropriadamente baixa em relação a sua osmolaridade plasmática. Esse tipo de diabetes se divide em: diabete insípido central primário e diabete insípido central secundário. O DIC primário é um subtipo raro de diabetes, que ocorre de forma hereditária, por anormalidade genética do hormônio ADH no cromossomo 20, responsável pela forma autossômica dominante desse tipo de diabetes ou pode surgir de forma idiopática. Nela, há diminuição significativa dos núcleos hipotalâmicos do sistema neuro hipofisário. Já o DIC secundário é um subtipo do diabetes insipidus central, também conhecida como adquirida, pois, é causado por várias lesões, como lesões cranianas, hipofisectomia, tumores, granulomas, lesões vasculares, infecções, hipofisite linfocítica ou histiocitose de células de Langerhans, distúrbios metabólicos e podendo surgir também, assim como a DIC primária, de forma idiopática. O início desse tipo de diabete pode ser súbito e se desenvolve em qualquer idade, incluindo na infância, após o primeiro ano de vida. Seus sintomas mais comuns são a polidipsia, a poliúria e a noctúria, uma diretamente relacionada a outra, já que a poliúria persistente leva à desidratação hipertônica que só é contrabalançada por um mecanismo intacto de sede, que é o único modo de manutenção do balanço hídrico. Além desses sintomas, na DIC secundária também podem aparecer sinais e sintomas das lesões associadas. Diabete Insipido Gestacional (DIG) O diabete insípido gestacional é uma forma rara e transitória da doença, que se manifesta no terceiro trimestre da gravidez. Nele, a placenta da gestante começa a produzir uma substância enzimática, as vasopressinases, que degradam o hormônio antidiurético (ADH), causando a diabete insipidus central temporariamente. Esse quadro apresenta resolução de 4 a 6 semanas após o parto. Diabete Insípido Nefrogênico (DIN) O diabete insípido nefrogênico resulta da resistência renal à ação da vasopressina, causando a incapacidade de concentrar a urina, apesar da concentração sanguínea normal ou aumentada de AVP, que provoca a excreção de grande quantidade dela de forma diluída. A maioria dos casos é de etiologia adquirida, mas também pode ocorrer de forma hereditária, que é rara e grave. O DIN hereditária é um traço ligado ao cromossomo X com penetrância variável em mulheres heterozigotas, que afeta o gene do receptor 2 da vasopressina. Outros casos são causados por formas de transmissão autossômica recessiva ou dominante mais raras que pode afetar tanto homens como mulheres. Já o DIN adquirida pode ser resultante de exposição a medicamentos, em especial o carbonato de lítio e demeclociclina ou por doenças, como pielonefrite, doença policística e doenças de depósito renal, que alteram a camada medular ou o néfron distal e impedem a capacidade de concentrar urina, tornando os rins insensíveis à vasopressina. Ela também pode ser idiopática, podendo ocorrer em pacientes idosos ou que apresentem insuficiência renal aguda ou crônica. O diabete insípido nefrogênica causado por fármacos ou distúrbios metabólicos geralmente é reversível com a retirada do fator causal, porém a poliúria pode persistir por muito tempo ou ser permanente. Em geral, essa doença se apresenta no início da infância, história familiar positiva, sede persistente, poliúria e hipostenúria resistente à administração de vasopressina. Tipicamente, os pacientes apresentam boa resposta à sede e o sódio sérico permanece normal. Porém, aqueles pacientes que não conseguem manifestar sede geralmente desenvolvem hipernatremia (concentração de sódio sérico alto e déficit de água corporal) devido a desidratação. Diagnóstico Clínico e Laboratorial A apresentação clínica da diabetes insipidus ocorre com poliúria e consequentemente aumento da ingestão de água, mas a primeira manifestação dela costuma ser a noctúria. A rapidez com o que os sintomas aparecem é importante porque a maioria dos pacientes de DIN hereditário começam a ter os sintomas já na primeira semana de vida. Já o DIC hereditário a manifestação ocorre na infância, após o primeiro ano de vida ou na adolescência. Em adultos, a DIC costuma ser de forma abrupta e de forma progressiva na DIN. Para o início do diagnóstico dos distúrbios da vasopressina deve ser a mensuração do débito urinário em 24 horas, anotando o horário e o volume das micções. Para ser considerado poliúria, o débito urinário tem que ser maior que 50ml/kg em 24 horas ou 2l/m2 em 24 horas em crianças. Depois de confirmada a poliúria, é necessário conferir se não tem nenhum fator osmótico ou alteração da função renal que influenciam esse débito urinário de maneira temporária ou a longo prazo, causando DIN definitivo. Após esses dois pré-requisitos, é necessário avaliar a incapacidade de concentração de urina, pois pacientes com diabetes insipidus, tanto a central como a nefrogênica apresentam sódio sérico e osmolaridade plasmática normais. Se a osmolaridade plasmática estiver maior que 295mOsm/kg e o sódio no plasma maior que 143mE1/L pode-se dizer que o paciente tem diabetes insipidus. Para diferenciar o tipo de DI que o paciente apresenta, é feito o teste de restrição hídrica, onde avalia apenas a osmolaridade urinária e a resposta à administração de desmpressina. Os distúrbios poderão ser identificados pela porcentagem dessa avaliação, se a resposta for de 100% e entre 15% e 50%, o paciente tem DIC e em paciente entre 10% e 45% ou menos de 10% de resposta, ele tem DIN. O diagnóstico etiológico serve para identificar as quatro formas de DI hereditária, DIC autossômico dominante, DIC autossômico recessivo, DIN autossômico recessivo e DIN ligado ao cromossomo X. O diagnóstico em grávidas é diferente com relação a regulação osmótica, já que se da abaixo dos pontos de corte normais. Em gravidas o nível de sódio normal é em torno de 136mEq/L. Acima desse valor, a gestante pode estar desidratada. Exames de imagens são feitos em todos os pacientes com diagnóstico de DIC para investigação etiológica da região do hipotálamoe da hipófise a fim de afastar a presença de tumor. Importante: O diagnóstico de DIC que surge de forma idiopático só pode ser definida após a exclusão de outras causas da diabetes insipidus. Tratamento O tratamento do diabetes insipidus se concentra em reposição volumétrica, normalização da diurese, manutenção da homeostase hídrica e eletrolítica e prevenção da morbimortalidade resultante da doença base ou de seu tratamento. Beber água em quantidade suficiente é importante no tratamento para prevenir anormalidades fisiopatológicas no diabete insipido, objetivando a diminuição da diurese com supressão da sensação de sede, que pode ser atingida por via oral em casos não complicados ou por infusão endovenosa em casos de urgência ou correção eletrolítica. Pacientes adultos com DIN, podem suportar volumes urinários maiores do que crianças, idosos e pacientes com baixo nível de consciência ou com alterações psicológicas. Esses, precisam de uma atenção maior para evitar que se tenha uma desidratação intensa e problemas graves de hipernatremia. O tratamento farmacológico da DI é variado, porque depende do tipo de diabetes insipidus apresentado pelo paciente. Entretanto, o tratamento do diabete insípido central deve ser feito por toda a vida do paciente, já que não tem cura. A despopressina (DDAVP), um análogo sintético do ADH, é tratamento de escolha para a diabetes insipidus central e o único tratamento efetivo para DIG e para DIC completa, já que, como visto no diagnóstico, a resposta a esse fármaco é de 100%. Ela está disponível em comprimidos para administração oral (0,1 a 0,2 mg), como spray nasal (10μg/puff) e em cateter para gotas nasais em que se podem ajustar as doses (5 a 20μg) e em solução para uso parenteral (4μg/mL). A DDAVP é mais potente que a vasopressiva (AVP), por ser mais específica e proporcionar uma antidiurese de 8 a 20 horas por via nasal e em torno de 8 horas com os comprimidos, variando dependendo do paciente. Em geral, o controle é atingido com uma dose duas a quatro vezes por dia (duas para spray e três para comprimido). Quando a dose para o paciente é determinada, deve-se estabelecer um esquema diário de tomadas, para que o paciente consiga cumprir com seus compromissos durante o dia e ter uma noite de sono tranquila, sem ser incomodado pela diurese em excesso. Caso o paciente não chegue a fazer um período de poliúria com a dose fixa, aconselhá-lo a atrasar uma dose de DDAVP pelo menos uma vez na semana, para evitar intoxicação por excesso de água. Outros fármacos que podem ser usados na DIC central são a carbamazepina (200 a 600mg) e o clofibrato (500mg a cada 6h) que aumentam a liberação da AVP. A cloropopamida (100 a 500mg/dia) pode ser uma alternativa no tratamento do DIC parcial, pois ela aumenta a ação da vasopressina no ductor coletor mediante o aumento da sensibilidade da Adenil cilase à AVP. Já os anti-inflamatórios não esteroides (indometacina de 100 a 150mg/dia), além de poderem ser utilizados para o tratamento de DIC parcial, servem para o tratamento de DIN, pois diminuem o débito urinário do paciente e prolongam o efeito da desmopressina. Além disso, os diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida 50 a 100mg) também é uma opção no tratamento de DIC parcial e o tratamento de escolha para o DIN. Eles aumentam a sede, causam alguma diminuição no volume urinário pela desidratação e podem ser úteis na hiponatremia essencial. Junto a esses diutréticos tiazídicos poder estar a amilorida (10mg/dia), utilizada apenas quando a DIN for causada pelo medicamento ligado ao lítio, a fim de diminuir o débito urinário somente se tiver associada a uma dieta hipossódica. Cuidados de Enfermagem O enfermeiro deve esclarecer ao paciente tanto os cuidados que serão aplicados quanto aos cuidados que ele mesmo deverá ter. Por isso, o enfermeiro, primeiramente, tem de fazer o diagnóstico de enfermagem, que associado a DI podem ser, fadiga, risco de desequilíbrio eletrolítico, o volume de líquidos excessivo, eliminação urinaria prejudicada e o risco de infecção. O cuidado de enfermagem nos pacientes com diabete insípido na fase aguda são: observar o balanço hídrico, avaliando a quantidade de água ingerida e a produção urinária a cada hora ou de duas em duas horas. Avaliar os resultados laboratoriais, osmolaridade e eletrólitos séricos e urinários. Monitorar sinais vitais. Fazer ausculta pulmonar. Observar quanto aos sinais de desidratação e intoxicação pela água. Explicar ao paciente sobre a dose adequada do medicamento que ele estará tomando e seus efeitos colaterais. Em pacientes com DI que sofreram algum trauma, o nível de consciência deve ser monitorado e analisar a necessidade de uma sonda vesical de demora para acompanhar a saída de líquidos. · REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786557830369/cfi/125!/4/4@0.00:27.3 - Livro Endocrinologia e Diabetes https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/anormalidades-do-transporte-renal/diabetes-ins%C3%ADpido-nefrog%C3%AAnico https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-hipofis%C3%A1rios/diabetes-ins%C3%ADpido-central https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/Disease_Search.php?lng=PT&data_id=9283&Disease_Disease_Search_diseaseGroup=Diabetes-insipidus-central-prim-ria&Disease_Disease_Search_diseaseType=Pat&Grupo%20de%20doen%E7as%20relacionadas=Diabetes-insipidus-central-prim-ria&title=Diabetes%20insipidus%20central%20prim%E1ria&search=Disease_Search_Simple https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-diabete-insipido-livro-2013.pdf 506-1358-1-SM.pdf 1 REFACI Revisão Carvalho AB, Guerreiro Reis MC, 2018 Brasília, v.1, nº 1, Jan - Jul 2018 A importância do conhecimento do Enfermeiro acerca da Diabetes Insípidos Aldyennes Barroso de Carvalho¹, Michelle Cristina Guerreiro dos Reis² ¹Acadêmica do Curso de Graduação Enfermagem (FACIPLAC) Gama, DF, Brasil. E-mail: aldyennescarvalho@gmail.com. ²Biomédica, Doutora em Imunologia (IPTSP-UFG). Professora no Curso de Enfermagem (FACIPLAC), Gama, DF, Brasil. E-mail: michelle.guerreiro@faciplac.edu.br. RESUMO Diabetes Insípidos (DI) é um distúrbio caracterizado pela deficiência na capacidade da concentração da urina. O presente artigo teve como objetivo enfatizar a importância do conhecimento do enfermeiro sobre o Diabetes Insípidos e realizar divulgar as informações sobre sintomas, diagnóstico e tratamento de DI. Trata-se de uma revisão da literatura na qual foram selecionados artigos nas plataformas de busca eletrônica de periódicos científicos. Observou-se que existem várias etiologias para a doença, critério que é considerado para sua identificação. Ela também influencia o tipo de tratamento, mas o diagnóstico é feito basicamente por testes laboratoriais de avaliação da concentração urinária. O enfermeiro deve ter competência técnica, intelectual e interpessoal para analisar as condições do paciente e desenvolver as intervenções necessárias, obtendo assim bons resultados. Por meio desse estudo foi possível notar que a importância de o enfermeiro compreender a patologia para poder exercer o seu papel de cuidador com excelência. Descritores: Enfermagem, Diabetes Insípidos, ADH, vasopressina. INTRODUÇÃO Diabetes Insípidos (DI) é um distúrbio caracterizado pela deficiência na capacidade da concentração da urina tendo como consequência o aumento do volume urinário, promovendo uma perda significativa de água (1-2). As causas da DI podem ser congênitas ou adquiridas. A mutação no cromossomo X, por herança autossômica recessiva ou dominanteé causa congênita (3). O DI adquirida pode ser consequência de traumatismos, lesões no sistema nervoso central como a meningite, encefalites, Tuberculose e anergia das células do túbulo renal ao efeito do hormônio antidiurético (ADH) (4). Além da diversidade na causa também são vários os tipos de DI. Destacam-se o Diabetes Insípidos Central (DIC), caracterizado pela ausência da produção do hormônio antidiurético (ADH); o Diabetes Insípidos Nefrogênica (DIN), caracterizado mailto:aldyennescarvalho@gmail.com mailto:michelle.guerreiro@faciplac.edu.br 2 REFACI Revisão Carvalho AB, Guerreiro Reis MC, 2018 Brasília, v.1, nº 1, Jan - Jul 2018 pela resistência dos rins à ação do ADH; o Diabetes Insípidos Gestacional (DIG) ocorre durante a gravidez em função do aumento do metabolismo do ADH induzido pela placenta (5) Outro tipo é a polidipsia primária também conhecida como Diabetes Insípidos dipsógeno na qual o ADH é sintetizado normalmente, porém a sua secreção é impedida pela ingestão de grande quantidade de água (6). Os principais sintomas associados a DI são o excesso de urina (poliúria), aumento da ingestão de líquidos (polidipsia), aumento da excreção urinária em períodos noturnos (nictúria), fadiga, desidratação, perda de peso e cefaleia (1). O DI pode ser diagnosticada através de exames clínicos e laboratoriais. No diagnóstico clínico são analisadas a sintomatologia do paciente e o histórico familiar (1). O diagnóstico laboratorial é feito mediante avaliação da osmolaridade urinária e plasmática. Exames de imagens podem ser solicitados de maneira complementar para avaliar a possibilidade da presença de tumores e patologias no eixo hipotálamo-hipófise relacionada à doença (4,5). Nesse contexto, recomenda a investigação de DI em pacientes que apresentam patologias de base associadas ao seu desenvolvimento (7). O tratamento do DI é dado em função do seu tipo, sendo várias as possibilidades terapêuticas, justamente devido à diversidade de sua etiologia (1). O acompanhamento do portador de doença crônica é feito nas unidades de saúde, por uma equipe multidisciplinar. É papel do enfermeiro a assistência à saúde da família e da comunidade por meio de sua atuação nas unidades de saúde ou nos estabelecimentos de atendimento médico especializado (8). O enfermeiro como integrante da equipe de saúde é responsável pela elaboração de um plano de cuidados para que haja a recuperação e reabilitação da saúde além de realizar o diagnóstico de enfermagem (9). A literatura sobre o diabetes insípidos é escassa, então se faz necessária à produção de conhecimento sobre essa doença, esclarecendo também quais são os profissionais envolvidos no cuidado do portador dessa patologia. Nesse contexto este estudo teve por objetivo esclarecer sobre a doença e correlacionar o papel do enfermeiro no processo do cuidar. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica de cunho exploratório e descritivo. A seleção dos artigos foi feita nas plataformas de busca eletrônica: (Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) Lilacs, (Scientific Electronic Library Online) Scielo, (Biblioteca Virtual de Saúde) BVS, (Base de Dados de Enfermagem) 3 REFACI Revisão Carvalho AB, Guerreiro Reis MC, 2018 Brasília, v.1, nº 1, Jan - Jul 2018 BDENF e na (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) Medline, (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) BIREME, publicados em inglês, espanhol ou português, entre os anos de 2006 e 2017. Os descritores utilizados foram: “enfermagem”, “diabetes insípidos”, “diabetes insípidos nefrogênico”, “polidpsia primária”, “diabetes insípidos gestacional”, isolados ou combinados, em português ou inglês. A triagem inicial do conteúdo dos manuscritos foi feita mediante leitura do resumo, e posteriormente foi feita a leitura na íntegra do conteúdo para desenvolvimento deste estudo. RESULTADOS Foram encontrados 35 manuscritos relacionados com o tema, destes 13 foram selecionados. Eles são relacionados no quadro abaixo, organizados pelo ano de publicação e suas informações pertinentes ao tema deste estudo. Quadro 1. Manuscritos relacionados ao diabetes insípidos. Autores Ano Contribuição do artigo para esse estudo Macedo C. S. 2006 Relato de caso de pacientes com diabetes insípidos nefrogênico, e analise da resposta terapêutica. Makaryus, et al 2006 Descrever a complexidade da doença, colocando em evidência as formas de tratamento e as formas de seus diagnósticos. Gastelõ, R. 2007 Ação do hormônio ADH e seus distúrbios. Franzen, E. 2007 Cuidados de Enfermagem em pacientes crônicos. Figueiredo et aI 2009 Análise comparativa entre a diabetes mellitus e o diabetes insípidos. Baird, M., Saunorus, B. 2011 Condutas de enfermagem a pacientes com DI. Garcia, G. 2011 Esclarecimento da patologia descrevendo os seus tipos, sintomas e tratamentos. John, C.A.; Day, M. W. 2012 Descreve intervenções de enfermagem diagnósticos de enfermagem e condutas a serem tomadas acerca da patologia. Francisco, A.S. F.A. 2012 Diagnóstico da DI central e caracterizar as mutações. Suárez., M. D. O. V. et al. 2014 Relato de caso do Diabetes Insípidos gestacional, evidenciando cuidados pós-partos e durante a gestação. . Orden, L.; Carretero, R. 2015 Criação de um plano de cuidados para o paciente com a patologia DIN. Marques, P. 2015 Análise de um estudo de caso da Diabetes Insípidos Gestacional. Dutra, Y. S. et al. 2016 Enfatiza a patogênese, associando sua etiologia, possíveis tratamentos. 4 REFACI Revisão Carvalho AB, Guerreiro Reis MC, 2018 Brasília, v.1, nº 1, Jan - Jul 2018 DISCUSSÃO A diabetes insípidos (DI) é uma patologia associada a distúrbios do eixo hipotálamo-hipofisário. Nesse sistema a hipófise é a responsável por produzir o hormônio antidiurético (ADH), também conhecido como vasopressina, sintetizado a partir da proteína chamada neurofisina. O ADH tem como principal função a regulação osmótica, promovendo a reabsorção de água nos túbulos renais. A ausência do ADH ou de seu precursor, a neurofisina, causa a diabetes insípidos (10-11). A DI pode ter como causa dois mecanismos diferentes: a produção insuficiente de ADH e a resistência do néfron à sua ação, implicando em déficit de funcionamento dos rins (10-11). A etiologia dessa doença também é critério de classificação dos subtipos. Quando a causa é a produção insuficiente do ADH a doença é chamada de diabetes insípidos central. Quando a causa é a resistência do néfron à ação do ADH ela é chamada de diabetes insípidos nefrogênico. Esse último tipo também pode ter origem idiopática e em casos raros pode ter caráter hereditário (11.12,13). Os principais sintomas de DI são a poliúria, polidipsia, com preferência de ingestão de líquidos gelados, náuseas, desidratação, pele seca, constipação, fadiga, perdade peso (13-14). Existem ainda outros dois tipos de DI. O primeiro, denominado de polidipsia primária, é caracterizado pelo excesso de ingestão de água (polidipsia), que compromete a produção do hormônio ADH, tendo como a consequência a poliúria. Um defeito no mecanismo da sede ou problemas psiquiátricos como esquizofrenia, distúrbio obsessivo compulsivo até mesmo causas idiopáticas podem ser a sua origem (15). O segundo tipo inicia-se na gravidez, e por isso é denominado diabetes insípidos gestacional. Nesse há a destruição excessiva do ADH pela enzima vasopressinase produzida pela placenta (16-17). A distinção dos tipos de DI é essencial, visto que seu tratamento difere conforme a causa (13). O diabetes insípidos central não tem cura, porém seus sintomas podem ser controlados através de medicamentos específicos, dentre os quais destaca-se a vasopressina modificada, mais conhecida como desmopressina (DDAVP), que é um antidiurético(12). Esse medicamento pode ser administrado por via parenteral, oral ou intranasal e a dosagem é ajustada conforme o grau de poliúria do indivíduo (13). O tratamento da diabetes insípidos nefrogênico (DIN) deve controlar adequadamente a ingestão hídrica, sendo complementado com uma dieta hipossódica. Nesse tipo de DI a maioria dos medicamentos utilizados são diuréticos, como tiazídicos e amilorida, combinados ou não com agentes anti-inflamatórios não esteroides (12). Não 5 REFACI Revisão Carvalho AB, Guerreiro Reis MC, 2018 Brasília, v.1, nº 1, Jan - Jul 2018 pode ser utilizado a desmopressina, e dependendo da causa, o DIN de causa hereditária não há cura (16). Na diabetes insípidos gestacional (DIG) o tratamento é feito através da desmopressina, sendo recomendado o monitoramento da concentração de sódio após início do mesmo para evitar hiponatremia. Esse tipo de diabetes tende a ser transitório visto que os sintomas desaparecem de 4 a 6 semanas após o parto (17). O tratamento da polidipsia primária também é utilizado a desmopressina, que apesar de diminuir a excreção urinária, não tem ação contra a sede excessiva tornando- a não indicada para o tratamento desse tipo de DI, exceto para uso em pequenas doses em horário noturno para redução da nictúria. Portanto ainda não foram descobertas formas de cura para a polidipsia primária (12). Cabe ao enfermeiro esclarecer os pacientes tanto dos cuidados que lhe serão aplicados quanto dos cuidados que caberão a ele realizar. Esse profissional deve ter competência técnica, intelectual e interpessoal para analisar as condições do paciente e desenvolver as intervenções necessárias, obtendo assim bons resultados. Portanto o diagnóstico de enfermagem é um dos elementos fundamentais no processo do cuidar e é de responsabilidade exclusiva do enfermeiro (18). Os principais diagnósticos de enfermagem associado à DI podem ser, fadiga; risco de desequilíbrio eletrolítico; o volume de líquidos excessivo; a eliminação urinária prejudicada e o risco de infecção (19,20). O cuidado de enfermagem em pacientes com DI em fase aguda requer uma atenção em vários aspectos: deve-se observar o balanço hídrico, avaliando a quantidade de água ingerida e a produção urinária a cada 1 ou 2 horas. Em pacientes que sofreram algum trauma o nível de consciência dever ser monitorado, analisando também a necessidade da instalação de uma sonda vesical de demora (SVD) para acompanhamento da saída de líquidos (21). O enfermeiro deve sempre orientar ao paciente quanto a uso da pulseira de identificação com a indicação da doença, quanto aos sinais de desidratação e intoxicação pela água, além de elucidar sobre a posologia correta da vasopressina e seus efeitos colaterais (20). CONCLUSÃO A diabetes insípidos é uma doença crônica cuja literatura é escassa. Assim como outras doenças crônicas a falta de esclarecimento acerca dela pode prejudicar o paciente, tanto no momento de diagnóstico quanto no tratamento, sendo importantíssima a sua discriminação de outras síndromes poliúricas. 6 REFACI Revisão Carvalho AB, Guerreiro Reis MC, 2018 Brasília, v.1, nº 1, Jan - Jul 2018 Essa patologia demanda vários tipos de cuidado e o enfermeiro como o responsável pelo processo do cuidar dos pacientes, deve estar capacitado para realizar o planejamento e execução dessas ações bem como coordenar a equipe que oferece esses cuidados, proporcionando ao paciente um bom prognóstico para sua condição clínica. Referências 1- Ministério da saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas: diabetes insipidos. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-diabete-insipido-livro- 2013.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2017 2- Sales, P; Palpern, A; Cercato, C. O essencial em endocrinologia. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. 353 p. 3- Macedo, C. S.; Simões, A. C. P.; Riyuzo, M. C.;.Bastos, H. D. Diagnóstico e resposta terapêutica em dois pacientes com Diabetes insipidus nefrogênico. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 1, n. 24, p.78-84, mar. 2006. 4- Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico - Cirúrgico. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 1250-1258 p. 5- Oiso, Y.; Robertson G.L.; Norgaard J. P.; Juul K. V.. Treatment of Neurohypophyseal Diabetes Insipidus. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Estados Unidos, v. 98, n. 10, p. 3958-3967, mai. 2010. 6- Universidade de Coimbra. diabetes insípida: revisão da fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10316/36900>. Acesso em: 30 abr. 2017 7- MacGill, M. "Diabetes Insipidus: Causas, Sintomas e Tratamento". Notícias médicas hoje. Medilexicon, Intl., 15 de janeiro de 2016. Web. 8- Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 5.905/17, de 08 de fevereiro de 2007. 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