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Bioquímica Clínica do Trato Gastrointestinal-Bioquímica Fisiológica

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Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 1
🍖
Bioquímica Clínica do TGI- Cap 
I- Geral (Baynes)
Introdução
O que é digestão e absorção?
A digestão é o processo pelo qual os alimentos são decompostos em 
componentes simples o suficiente para serem absorvidos no intestino. A 
absorção é a captação dos produtos da digestão pelas células intestinais 
(enterócitos) e sua distribuição pelo sangue ou linfa. A digestão e a absorção 
dos nutrientes estão estreitamente relacionadas e são reguladas pelo sistema 
nervoso, por hormônios e por fatores parácrinos. A presença física de partículas 
de alimento no trato GI também estimula estes processos.
Qual a diferença entre má digestão e má absorção?
A má digestão denota o comprometimento da decomposição de nutrientes em 
seus produtos absorvíveis. A má absorção consiste em absorção, captação e 
transporte defeituosos dos produtos dos nutrientes que foram adequadamente 
digeridos.
Descreva de forma geral como ocorre o processo digestivo e de absorção.
A função global do trato GI é a de decompor os alimentos em componentes que 
possam ser absorvidos e utilizados pelo corpo e, em seguida, excretar o 
material não absorvível. Seus diferentes segmentos anatômicos apresentam 
funções específicas no que diz respeito à digestão e à absorção:
A boca, o estômago e o duodeno se encarregam dos processos iniciais de 
misturar os alimentos ingeridos e iniciar a digestão 
No duodeno, a bile e as secreções pancreáticas entram através do ducto 
biliar comum 
O intestino delgado é a principal área digestiva: no jejuno, continuam os 
processos digestivos e começa a absorção; esta continua no íleo 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 2
O intestino grosso (ceco, cólon e reto; primariamente o cólon) está 
envolvido na absorção e secreção de eletrólitos e água
A digestão e a absorção de nutrientes requerem a função integrada de vários 
órgãos. A mistura de alimentos e o início da digestão ocorrem no estômago. Os 
processos absortivos começam no jejuno; contudo, a maior parte dos nutrientes 
é absorvida no íleo. O intestino grosso está envolvido na absorção de água e 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 3
eletrólitos, e participa da recirculação de ácidos biliares para o fígado. Levando 
em consideração toda a ingestão e secreções, uma grande quantidade de fluido 
(aproximadamente 10 L) passa através do trato GI por dia.
Processamento de água e de eletrólitos no TGI
Quais locais e glândulas secretam eletrólitos no TGI?
Vários processos secretores ocorrem no trato GI. As glândulas salivares, o 
estômago e o pâncreas secretam enzimas digestivas sob a forma de 
zimogênios inativos. Existe secreção de íon hidrogênio no estômago. A 
secreção do íon bicarbonato ocorre ao longo do trato GI, sendo secretadas 
quantidades particularmente elevadas no suco pancreático. A secreção de 
potássio ocorre predominantemente no cólon e é regulada pela aldosterona.
Quais as principais causas de perda de fluidos e eletrólitos do TGI e quais 
as consequências disso?
O vômito prolongado causa a perda direta de água, íons hidrogênio e cloreto, e 
posteriormente a perda de potássio devido a mecanismos de compensação do 
organismo.
A diarreia pode ser causada pelo aumento de secreção intestinal em 
decorrência, por exemplo, de inflamação, ou pode ser causada por má absorção 
de nutrientes. A diarreia grave, acarretando perda de grande quantidade do 
conteúdo alcalino intestinal, pode levar à desidratação e acidose metabólica. 
Também resulta em perda de sódio, potássio e outros minerais. Pacientes com 
síndrome de intestino curto resultante de resseção extensa do intestino delgado 
podem desenvolver problemas graves de balanço de fluidos devido à 
incapacidade de reabsorverem água.
Quais os principais mecanismos de transporte de água e eletrólitos no 
intestino?
(A) A ATPase de sódio é a força motriz para os processos de 
transporte nos enterócitos: 
Os enterócitos apresentam um conjunto de transportadores e canais de 
íons. A ATPase de sódio-potássio está localizada na membrana basolateral 
e transporta o íon sódio para fora da célula, na troca com o potássio (3 íons 
Na + por cada 2 íons K+ ). Isso cria um gradiente de concentração de sódio 
e hiperpolariza a membrana, aumentando o potencial negativo intracelular e 
dirigindo os sistemas de transporte passivo (e, portanto, o transporte iônico 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 4
transcelular). Além disso, o transporte de sódio (e de cloreto) é 
acompanhado pelo transporte passivo de água, que é tanto paracelular 
(através das tight junctions) como transcelular (por transportadores 
membranares de água, as aquaporinas).
(A) Os cotransportadores de sódio são um modo comum de transporte 
intestinal:
Os cotransportadores de sódio transportam o íon sódio em conjunto com 
outra molécula. Por exemplo, a glicose é absorvida juntamente com o sódio 
por um cotransportador de sódio-glicose presente na membrana luminal, 
conhecido como SGLT1 (transportador de sódio/glicose 1). A glicose é 
subsequentemente lançada no plasma, na membrana basolateral, pelo 
transportador GLUT2.
De que forma o Ph da secreções intestinais vai alterando ao longo do trato 
gastrointestinal?
A concentração do íon hidrogênio varia largamente em partes diferentes do trato 
GI. Isso é essencial ao processo digestivo e para a proteção dos tecidos 
subjacentes no estômago e nos intestinos. A saliva secretada na boca é alcalina 
devido ao seu conteúdo em bicarbonato. Por outro lado, os conteúdos do 
estômago são fortemente ácidos, mas o muco que protege suas paredes é 
alcalino. Assim, enquanto as células parietais do estômago secretam elevadas 
quantidades de íon hidrogênio (principalmente através da ação da H+ /K+ -
ATPase), as células da superfície gástrica secretam muco contendo íon 
bicarbonato; elas empregam o trocador Cl – /HCO3 – . À entrada do duodeno, o 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 5
conteúdo ácido do estômago é neutralizado pelas secreções pancreáticas 
fortemente alcalinas (devido ao conteúdo em bicarbonato).
O que é a fibrose cística e quais os principais sintomas?
A fibrose cística, um distúrbio autossômico recessivo monogênico, envolve a 
inibição do transporte de cloreto devido à ausência do CFTR. Diferentes 
mutações no gene CFTR levam ou à ausência completa do transportador ou ao 
comprometimento de sua atividade. 
Nos EUA, a fibrose cística é a causa número um de má absorção. Essa se 
manifesta predominantemente na infância. Os principais problemas são 
geralmente respiratórios. A secreção de cloreto está diminuída e a reabsorção 
de Na + encontra-se acelerada. Isso resulta em hidratação diminuída das 
secreções epiteliais. No trato respiratório, ocorre hidratação diminuída do muco 
das vias respiratórias e, portanto, falha em sua remoção, com as infecções 
bacterianas subsequentes. Os problemas gastrintestinais incluem íleo meconial 
e obstrução intestinal. A ausência do CFTR também afeta o funcionamento do 
trocador Cl – /HCO3 – (e, dessa forma, a secreção passiva de Na + ), o que 
compromete a secreção enzimática pancreática. As secreções biliares espessas 
podem ser uma causa de cirrose biliar focal e de colelitíase crônica. Ocorre 
também um comprometimento da secreção de muco nas criptas colônicas, com 
reabsorção de Na + acentuada através de canais de Na + e de transportadores 
Na + /H+ .
Digestão
Como inicia-se o processo de digestão?
Há um componente significativo da digestão que é mecânico. A mastigação 
decompõe a comida para permitir sua deglutição, enquanto a adição de saliva 
na boca inicia o processo digestivo e atua como lubrificante para facilitar a 
deglutição. O alimento é então movimentado para o esôfago através de um 
processo impulsionado pelo reflexo esofágico. À medida que é transferido para 
o estômago, é quebrado em partículas menores. A presença de alimento 
digerido provoca peristaltismo, o que ajuda a misturar e estimular as secreçõesdigestivas. Os principais estímulos para o peristaltismo são mediados através 
do sistema nervoso parassimpático. A absorção de nutrientes depende da 
velocidade do trânsito: assim, uma motilidade aumentada pode conduzir a má 
absorção.
Como o TGI é revestido?
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 6
O estômago e os intestinos são revestidos por epitélio, o qual tem uma 
superfície invaginada que aumenta bastante suas áreas. O intestino delgado é 
revestido por enterócitos arranjados em vilosidades intestinais e, 
adicionalmente, cada célula contém microvilosidades. 
Quais são as principais etapas da digestão?
O processo de digestão é caracterizado por várias etapas que ocorrem em uma 
sequência, permitindo a interação entre fluidos, pH, agentes emulsificantes e 
enzimas. Isto, por sua vez, requer a ação secretora conjunta das glândulas 
salivares, fígado e vesícula biliar, do pâncreas e da mucosa intestinal. Os 
processos envolvidos podem ser resumidos como: 
Lubrificação e homogeneização de alimentos com fluidos secretados pelas 
glândulas do trato gastrintestinal, começando na boca 
Secreção de enzimas que quebram macromoléculas para formar uma 
mistura de oligômeros, dímeros e monômeros 
Secreção de eletrólitos, íons hidrogênio e bicarbonato em partes diferentes 
do trato GI para otimizar as condições para a hidrólise enzimática 
Secreção de ácidos biliares para emulsionar os lipídios da dieta, facilitando 
a hidrólise enzimática apropriada e a absorção 
Posterior hidrólise de oligômeros e dímeros por enzimas ligadas a 
membranas (jejuno) 
Transporte específico de material digerido para os enterócitos e daí para o 
sangue ou linfa 
Reciclagem de ácidos biliares;
Reabsorção de água e de eletrólitos.
Quais os principais tipos celulares presentes no estômago e o que elas 
secretam?
Existem diferentes tipos celulares na parede mucosa do estômago, 
desempenhando diferentes funções digestivas. 
Células principais: Secretam pepsinogênio, que é precursor da pepsina. O 
pepsinogênio é ativado à pepsina no ambiente ácido do lúmen do 
estômago. A pepsina é uma enzima digestiva produzida no estômago, que 
controla a degradação de proteínas no organismo, facilitando o processo de 
digestão.
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 7
Células parientais: Produzem íons hidrogênio por meio da ação da 
anidrase carbônica e, em seguida, os bombeiam para o lúmen através de 
uma bomba de prótons na membrana luminal. A secreção de H+ depende 
do transporte paralelo pelo canal de K+ luminal. A atividade das células 
parietais é estimulada pela ação da histamina que atua nos receptores H2, 
produzida por células secretoras de histamina.
Células G: Secreta o hormônio gastrina. A secreção desse hormônio é 
estimulada pela entrada de alimentos no estômago. As células do estômago 
também secretam o fator intrínseco (IF), que facilita a absorção de vitamina 
B12 no intestino. A gastrina estimula a produção de suco gástrico.
Células epiteliais: Secretam muco alcalino, que protege o revestimento do 
estômago dos efeitos do ácido forte.
Qual a consequência quando há um dano ou lesão no revestimento do 
TGI? Como tratar esse problema?
O dano no revestimento do estômago ou do duodeno causa ulceração. O 
tratamento de sintomas relacionados com acidez, tais como dispepsia ou refluxo 
gastroesofágico, pode ser realizado com antiácidos, que simplesmente 
neutralizam o pH, antagonistas H2 (p. ex., cimetidina ou ranitidina), que evitam 
a liberação de histamina, ou inibidores da bomba de prótons (p. ex., omeprazol), 
que bloqueiam a secreção de H+ pelas células parietais.
O que é a "capacidade de reserva" do trato intestinal?
Esse conceito diz respeito a uma reserva funcional no aspectos da digestão e 
da absorção, ou seja, o TGI consegue digerir e absorver muito mais do que 
parece, mesmo estando comprometido. Devido a esse fato, uma pequena perda 
funcional pode passar despercebida, permitindo que a patologia progrida por 
algum tempo antes de ser diagnosticada. Sinais e sintomas de má digestão ou 
má absorção GI requerem um prejuízo considerável da relação estrutura/função 
para se manifestarem. Cada um dos órgãos envolvidos na digestão e na 
absorção tem a capacidade de aumentar sua atividade várias vezes em 
resposta a estimulação específica; isso aumenta enormemente a capacidade de 
reserva. Por exemplo, para uma doença do pâncreas se manifestar, 90% da 
função pancreática precisa ser destruída. Note também que a digestão de um 
nutriente particular ocorre em vários locais no trato GI. Lipídios, carboidratos e 
proteínas podem ser digeridos em múltiplos pontos ao longo do trato GI. Deste 
modo, o comprometimento dos mecanismos digestivos em um único ponto 
dificilmente causará incapacidade completa de digerir um grupo de nutrientes.
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 8
O que são os zimogênios e como eles são ativados?
Os zimogênios são precursores inativos, ou seja, enzimas inativas. Com 
exceção da amilase salivar e lipase lingual (associada à língua e, por essa 
razão, oral), as enzimas digestivas são secretadas no lúmen intestinal como 
precursores inativos chamados zimogênios (secreção exócrina).
As enzimas envolvidas na digestão de proteínas (proteases) e de gorduras 
(lipase: fosfolipase A2 ) são sintetizadas como zimogênios inativos e são 
ativadas somente quando liberadas no lúmen intestinal. Em geral, essas 
enzimas, uma vez em sua forma ativa, podem ativar seus próprios precursores. 
A ativação de seus precursores pode também ocorrer por mudança de pH (p. 
ex., o pepsinogênio no estômago é convertido, em pH abaixo de 4,0, em 
pepsina) ou pela ação de enteropeptidases específicas ligadas à membrana da 
mucosa do duodeno.
Qual o produto da hidrolise de carboidratos, proteínas e lipídios?
Todas as enzimas digestivas hidrolisam seus substratos. Os produtos de tais 
processos hidrolíticos são oligômeros, dímeros e monômeros da macromolécula 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 9
precursora. Assim, os carboidratos são hidrolisados a uma mistura de 
dissacarídios e monossacarídios. As proteínas são quebradas em uma mistura 
de di e tripeptídios e aminoácidos. Os lipídios são desdobrados em uma mistura 
de ácidos graxos (AG), glicerol e mono e diacilgliceróis.
Digestão e absorção de carboidratos
Quais carboidratos a gente consome e como eles chegam para serem 
degradados?
Os carboidratos da dieta são basicamente o amido (polissacarídeos) de origem 
animal e vegetal, os dissacarídeos sacarose e lactose, e os monossacarídeos 
(glicose, frutose e galactose).
Qual a fonte alimentar dos principais carboidratos?
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 10
Como ocorre a quebra dos dissacarídeos e polissacarídeos?
Estes tipos de carboidratos precisam ser hidrolisados em monossacarídeos 
para serem absorvidos. Os dissacarídios são quebrados por dissacaridases de 
membrana presentes na superfície da mucosa intestinal. O amido e o glicogênio 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 11
requerem capacidade hidrolítica adicional da enzima amilase encontrada nas 
secreções das glândulas salivares e do pâncreas. A digestão desses 
polissacarídios é promovida pelas endossacaridases e pela amilase. Os 
produtos da hidrólise do amido são o dissacarídio maltose, o trissacarídio 
maltotriose e uma unidade ramificada, denominada dextrina α-limite. Esses 
produtos são hidrolisados novamente por enzimas ligadas aos enterócitos, para 
formar, em último lugar, o monossacarídio glicose. Os dissacarídios da dieta, 
tais como lactose, sacarose e trealose (um dissacarídio composto por duas 
moléculas de glicose), são hidrolisados em seus monossacarídios constituintes 
por dissacaridases específicas ligadas às membranas da borda em escova do 
intestino delgado.
Explique, de forma geral, como ocorre a digestão e absorção de 
carboidratos na dieta.
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 12
(A) Os monossacarídios são liberadoscomo resultado da hidrólise de diferentes 
polissacarídios. Observe que a digestão preliminar ocorre no lúmen intestinal e 
a etapa final ocorre na superfície mucosa. (B) Ligações entre a absorção de 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 13
monossacarídios e de sódio e sua relação com a atividade da Na + /K + -
ATPase.
O que significa dizer que as dissacaridases são indutíveis?
Isso significa que quanto maior a quantidade de um dissacarídeo, maior será a 
quantidade de enzima dissacaridase específica para aquele carboidrato, ou 
seja, a enzima não é um fator limitante na digestão. A única exceção é a 
lactase. A etapa limitante na taxa de absorção de dissacarídios da dieta é, 
portanto, o transporte dos monossacarídios resultantes. A lactase, por outro 
lado, é uma dissacaridase não indutível da borda em escova, por isso o fator 
limitante da taxa de absorção da lactose é a sua hidrólise.
Como ocorre o transporte de monossacarídeos através das células do 
trato GI?
O processo de digestão resulta em grande aumento no número de partículas de 
monossacarídios osmoticamente ativas no lúmen intestinal. A água será, dessa 
forma, retirada da mucosa do trato GI e do compartimento vascular para o 
lúmen. Assim, o aumento da hidrólise na borda em escova aumentará a carga 
osmótica, enquanto o transporte aumentado de monossacarídios através da 
borda em escova do enterócito irá diminuí-la. Para a maioria das oligo e 
dissacaridases, o transporte dos monômeros resultantes é um fator limitante. À 
medida que as concentrações de açúcares monoméricos (e a osmolalidade) 
aumentam no lúmen intestinal, há diminuição compensatória na atividade das 
dissacaridases da borda em escova. Isso controla a carga osmótica e evita o 
movimento dos fluidos. A glicose, a frutose e a galactose são os 
monossacarídios primários resultantes da digestão dos carboidratos da dieta. A 
absorção desses açúcares e de outros monossacarídios menos importantes 
ocorre por meio de mecanismos específicos mediados por transportadores, 
todos os quais demonstram especificidade para o substrato e 
estereoespecificidade, exibem cinética de saturação e podem ser 
especificamente inibidos. Além disso, todos os monossacarídios podem 
atravessar a membrana da borda em escova por difusão simples, embora esta 
seja extremamente lenta. 
Na membrana da borda em escova, tanto a glicose quanto a galactose são 
transportadas pelo transportador de glicose sódio-dependente anteriormente 
mencionado. Essa proteína relacionada com a membrana liga-se à glicose (ou 
galactose) e ao Na + , em locais separados, e transporta ambos para o citosol 
dos enterócitos. O Na + é transportado a favor de seu gradiente de 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 14
concentração (a concentração no lúmen intestinal excede a do interior da 
célula), levando junto a glicose contra seu gradiente de concentração. Esse 
mecanismo de transporte é ligado à Na + /K+ -ATPase. O transporte de glicose 
ou galactose é, assim, um processo ativo indireto. A frutose é transportada 
através da membrana da borda em escova por um processo de difusão 
facilitada sódio-independente envolvendo o transportador de glicose associado 
à membrana GLUT-5, que está presente no lado da borda em escova do 
enterócito, e o GLUT 2, que transfere monossacarídios do interior do enterócito 
para a circulação. Uma incompleta digestão de carboidratos (os componentes 
da fibra) provoca sua conversão em ácidos graxos de cadeia curta (acetato, 
propionato, butirato) pelas bactérias do cólon.
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 15
O que é a doença celíaca?
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 16
A doença celíaca é uma condição autoimune precipitada pela sensibilidade ao 
glúten, resultando em inflamação da mucosa do intestino delgado. O glúten é 
uma proteína de reserva do trigo, cevada e centeio. Na realidade, trata-se de 
uma mistura de proteínas, que incluem as gliadinas (a fração solúvel em álcool 
do glúten) e as gluteninas. As gliadinas atravessam a barreira intestinal durante 
as infecções, por exemplo, e desencadeiam a resposta imune. A reação 
inflamatória segue. O resultado é a atrofia das vilosidades e a hiperplasia das 
criptas. Uma vez que a superfície de absorção está bastante reduzida, a má 
absorção resultante pode ser grave. Os anticorpos circulantes contra o glúten 
do trigo e suas frações estão frequentemente presentes em casos de doença 
celíaca. O diagnóstico envolve biópsia duodenal e testes à resposta a uma dieta 
sem glúten. Os autoanticorpos testados são anticorpos antigliadina e/ou 
anticorpos transglutaminase tecidual (a transglutaminase é uma enzima que 
promove a desamidação da gliadina na parede intestinal). A doença celíaca é 
subdiagnosticada, especialmente em pacientes com anemia não explicada.
Digestão e absorção de lipídeos
Quais as principais fontes de gordura na dieta?
Aproximadamente 90% da gordura na dieta corresponde a triacilgliceróis (TAG; 
também denominados triglicerídios). Os demais consistem em colesterol, 
ésteres de colesterol, fosfolipídios e ácidos graxos não esterificados (AGNE).
Descreva as etapas do processo de digestão e absorção de lipídeos.
As gorduras precisam ser esterificadas antes da digestão
A natureza hidrofóbica das gorduras impede o acesso das enzimas 
digestivas hidrossolúveis. Além disso, os glóbulos de gordura apresentam 
uma área de superfície limitada para a ação enzimática. Esses problemas 
são superados pelo processo de emulsificação. A mudança na estrutura 
física dos lipídios começa no estômago: a temperatura corporal ajuda a 
liquefazer os lipídios da dieta, e os movimentos peristálticos facilitam a 
formação de uma emulsão lipídica. As lipases salivares e gástricas, estáveis 
no meio ácido, também ajudam no processo de emulsificação. A taxa inicial 
de hidrólise é lenta devido à separação da fase lipídica da aquosa e à 
limitada interface lipídios-água. Uma vez iniciada a hidrólise, contudo, os 
TAG imiscíveis em água são degradados a ácidos graxos, os quais atuam 
como surfactantes. Eles conferem uma superfície hidrofílica às gotículas de 
lipídios e as quebram em partículas menores, aumentando a interface 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 17
lipídios-água e facilitando a hidrólise. A fase lipídica se torna dispersa por 
toda a fase aquosa sob a forma de emulsão. Os fosfolipídios da dieta, os 
ácidos graxos e os monoacilgliceróis também atuam como surfactantes.
No duodeno, os sais biliares e as enzimas pancreáticas atuam na 
emulsão lipídica
A emulsão lipídica passa do estômago para o duodeno, onde ocorre 
digestão adicional, conduzida por enzimas secretadas pelo pâncreas. A 
liberação de sais biliares pela vesícula biliar, estimulada pelo hormônio 
colecistocinina, ajuda na solubilização. A principal enzima secretada pelo 
pâncreas é a lipase pancreática. A lipase, todavia, permanece inativa na 
presença de sais biliares normalmente secretados no intestino delgado. 
Essa inibição é superada pela secreção concomitante da colipase pelo 
pâncreas. A colipase se liga tanto à interface água-lipídio como à lipase 
pancreática, simultaneamente ancorando e ativando a enzima. Apenas uma 
pequena porção de TAG da dieta é completamente hidrolisada em glicerol e 
ácidos graxos. Os “segundo” e “terceiro” ácidos graxos dos TAG são 
hidrolisados com dificuldade crescente; a lipase pancreática produz 
principalmente 2-monoacilgliceróis (2- MAG), os quais são absorvidos pelos 
enterócitos.
Os sais biliares são essenciais para a solubilização de lipídeos durante 
o processo digestivo
Os ácidos biliares (que são sais biliares no pH alcalino do intestino) atuam 
como detergentes e formam reversivelmente agregados lipídicos (micelas). 
As micelas são consideravelmente menores que as gotículas lipídicas. Seu 
tamanho depende da concentração de ácidos biliares e da razão entre 
ácidos biliares e lipídios. Assim, o digerido lipídico se transforma de 
gotículas de emulsãode gordura em estruturas micelares. As micelas 
transportam os lipídios para a borda em escova do enterócito. A absorção 
de lipídios para as células epiteliais que revestem o intestino delgado ocorre 
por difusão através da membrana plasmática. Quase todos os ácidos 
graxos e 2- MAG são absorvidos, pois ambos são hidrossolúveis. Os lipídios 
não hidrossolúveis são pouco absorvidos: apenas 30 a 40% do colesterol 
da dieta é absorvido. Os sais biliares passam para o íleo, onde eles próprios 
são reabsorvidos e transferidos novamente para o fígado. Este circuito é 
chamado de circulação êntero-hepática.
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 18
O destino dos ácidos graxos depende do comprimento de suas 
cadeias
Os ácidos graxos de cadeias média e curta (com menos de dez átomos de 
carbono) passam diretamente pelos enterócitos para o sistema porta-
hepático. Pelo contrário, ácidos graxos contendo mais de 12 átomos de 
carbono são ligados a uma proteína de ligação de ácidos graxos na célula e 
transferidos ao retículo endoplasmático rugoso para a ressíntese de TAG. O 
glicerol produzido no lúmen intestinal não é reutilizado no enterócito para a 
síntese de TAG, e passa diretamente para o sistema porta.
A síntese de triacilgliceróis requer ativação de ácidos graxos
Todos os ácidos graxos de cadeia longa absorvidos são reutilizados para 
formar TAG antes de serem transferidos para os quilomícrons. A ativação 
de ácidos graxos é realizada pela acil-CoA sintetase. Os quilomícrons são 
Bioquímica Clínica do TGI- Cap I- Geral (Baynes) 19
estruturados no retículo endoplasmático rugoso antes de serem liberados 
por exocitose no espaço intercelular. Eles saem do intestino através da linfa.
Digestão e absorção de proteínas
Como as proteínas são hidrolisadas?
As proteínas são quebradas por hidrólise das ligações peptídicas por 
peptidases. Essas enzimas podem tanto clivar ligações peptídicas internas 
(endopeptidases) quanto retirar um aminoácido de cada vez do terminal –COOH 
(carboxipeptidases) ou –NH2 (aminopeptidases) do polipeptídio. As 
endopeptidases quebram polipeptídios grandes em oligopeptídios menores, os 
quais podem ser posteriormente alvo da ação de exopeptidases para produzir 
aminoácidos e di e tripeptídios, os produtos finais da digestão de proteínas, que 
são absorvidos pelos enterócitos. Dependendo da fonte das peptidases, a 
digestão proteica pode ser dividida em fase gástrica, pancreática e intestinal
O que é a pancreatite aguda?
A pancreatite aguda é uma doença grave e potencialmente ameaçadora, 
causada por cálculos biliares que bloqueiam o ducto pancreático, por uso 
abusivo de álcool ou, mais raramente, por fármacos como a azatioprina, vírus 
como o da caxumba, ou hipertrigliceridemia. Os pacientes apresentam dor 
abdominal grave, náuseas e vômitos. O marcador bioquímico mais importante 
da pancreatite é o aumento da atividade da amilase no soro. Além disso, podem 
ocorrer aumento da atividade da lipase e decréscimo de cálcio no soro. A 
pancreatite crônica é uma consequência da inflamação prolongada e conduz a 
má nutrição e a esteatorreia (excessiva gordura fecal). Encontra-se também 
associada à falha da função endócrina pancreática, levando à hiperglicemia
Quais as funções exócrinas do pâncreas?
O pâncreas tem dois papéis funcionais distintos: uma função exócrina (i.e., a 
secreção de enzimas digestivas através do ducto pancreático) e a função 
endócrina (i.e., a secreção de insulina, glucagon e outros hormônios pelas 
ilhotas de Langerhans). Esses hormônios são responsáveis pelo controle 
glicêmico e por aspectos da função gastrintestinal. As secreções exócrinas 
fluem para o ducto pancreático, que desemboca no duodeno juntamente com o 
ducto biliar comum ao fígado e à vesícula biliar. Os alimentos que entram no 
duodeno estimulam a secreção de colecistocinina que, por sua vez, ativa a 
produção e a secreção de enzimas pancreáticas. A entrada do conteúdo ácido 
do estômago no duodeno estimula a liberação de outro hormônio, a secretina, 
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que estimula a produção do suco pancreático rico em bicarbonato, o qual 
neutraliza a acidez no duodeno. O pâncreas secreta enzimas que digerem 
carboidratos, lipídios e proteínas. A amilase pancreática digere os carboidratos 
a oligossacarídios e monossacarídios; a lipase digere os triacilgliceróis, 
enquanto a colesteril esterase gera colesterol livre e ácidos graxos; finalmente, 
proteases e peptidases quebram proteínas e peptídios. Para evitar que as 
poderosas proteases digiram o próprio pâncreas (autodigestão), elas são 
secretadas como pró-enzimas e ativadas no lúmen intestinal.
Explique como ocorre a digestão de proteínas e onde ela começa?
A digestão proteica começa no estômago
No estômago, o HCl secretado reduz o pH para 1-2 com consequente 
desnaturação das proteínas da dieta. A desnaturação desenrola as cadeias 
polipeptídicas, tornando as proteínas mais acessíveis a proteases. Além 
disso, as células principais da mucosa gástrica secretam pepsina. Esta é 
liberada como um precursor inativo, o pepsinogênio, e é ativada por uma 
reação intramolecular (autoativação) em pH menor que 5 ou por uma 
pepsina ativa (autocatálise). Em pH acima de 2, o peptídio liberado 
permanece ligado à pepsina e atua como inibidor de sua atividade. Essa 
inibição termina ou quando há uma diminuição do pH para menos de 2 ou 
por ação adicional da pepsina. Os produtos da digestão das proteínas pela 
pepsina são grandes fragmentos peptídicos e alguns aminoácidos livres. 
Eles estimulam a liberação de colecistocinina no duodeno, o que, por sua 
vez, ativa a liberação das principais enzimas digestivas pelo pâncreas, 
assim como a contração da vesícula biliar para liberar a bile.
As enzimas proteolíticas são liberadas pelo pâncreas como 
zimogênios inativos, de maneira similar ao pepsinogênio
A enteropeptidase duodenal converte o tripsinogênio em tripsina ativa. Essa 
enzima é, então, capaz de autoativação; além disso, ativa todos os outros 
zimogênios pancreáticos (quimotripsina, elastase e carboxipeptídios A e B). 
Devido a essa função primordial da tripsina na ativação de outras enzimas 
pancreáticas, sua atividade é controlada no pâncreas e nos ductos 
pancreáticos por um peptídio inibitório de baixo peso molecular.
As proteases pancreáticas clivam ligações peptídicas em diferentes 
localizações de uma proteína
A tripsina cliva as proteínas nos resíduos de arginina e lisina, a 
quimotripsina nos aminoácidos aromáticos e a elastase nos aminoácidos 
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hidrofóbicos. O efeito combinado é a produção de uma abundância de 
aminoácidos livres e peptídios de baixo peso molecular, de 2-8 resíduos de 
comprimento. Em paralelo à secreção de proteases, o pâncreas também 
produz grandes quantidades de bicarbonato de sódio. Isso neutraliza o 
estômago, à medida que chegam ao duodeno, promovendo a atividade de 
proteases pancreáticas.
A digestão final de peptídeos depende de peptidases do intestino 
delgado
A digestão final de di e oligopeptídios é efetuada no intestino delgado por 
endopeptidases, dipeptidases e aminopeptidases ligadas à membrana. Os 
produtos 
finais desse processo são aminoácidos livres e di e tripeptídios, que são 
absorvidos 
através da membrana do enterócito por transporte específico mediado por 
carreadores. 
No enterócito, os di e tripeptídios são posteriormente hidrolisados em seus 
aminoácidos 
constituintes. A etapa final é a transferência dos aminoácidos livres do 
enterócito para o 
sistema porta.
Quais os sinais de má absorção e os principais métodos de diagnóstico?
Os sinais de má absorção são a diarreia crônica, a esteatorreia e a perda de 
peso, e – nas crianças – atrasos no crescimento. Suas complicações resultam 
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do aporte inadequado de nutrientes, vitaminas ou oligoelementos. 
O diagnóstico de síndromes de má absorção envolve testes de hematologiae 
bioquímica convencionais e a análise de processos inflamatórios ativos 
(proteína C reativa), assim como a análise de fezes e cultura de fezes. Os 
testes especializados incluem a análise de deficiências vitamínicas. É possível 
realizar pesquisas com base em imagiologia, como a ultrassonografia 
abdominal e a TC, e podem ser visualizadas porções do trato GI através de 
esôfago-gastroduodenoscopia. Podem ser colhidas biópsias do estômago, do 
duodeno e do intestino delgado. Os testes do hidrogênio expirado são usados 
no diagnóstico da má absorção de carboidratos. Testes mais antigos para a má 
absorção incluem o teste de absorção de xilose e o teste de absorção de 
lactose. Se houver suspeita de insuficiência pancreática, é possível avaliar a 
excreção fecal de enzimas como a elastase e a lipase, e pode ser efetuada uma 
pancreatografia retrógada endoscópica (CPRE).

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