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1 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Os tumores se classificam em: • BENIGNOS x MALIGNOS • CÍSTICOS x SÓLIDOS: ▪ Cisto Renal Simples → é o tumor mais comum ✓ É límpido, homogêneo, simples e sem maiores alterações ✓ Faz parte do processo de envelhecimento normal e normalmente é encontrado ao acaso (por meio de uma cirurgia ou exame de imagem, por exemplo) ✓ Normalmente, esses cistos não costumam crescer e não comprometem a função renal, mas isso pode ocorrer ✓ Geralmente, não causam dor ✓ Nesses casos, deve-se fazer apenas o acompanhamento do paciente ✓ Raramente há necessidade de operar, sendo indicada a operação apenas quando o cisto comprime o órgão ➢ TUMORES MALIGNOS: • São os cânceres • Patologia → derivam do epitélio tubular renal, mais frequentemente do túbulo contorcido proximal. Dessa forma, advém de estruturas do córtex renal, pois os glomérulos e os túbulos contorcidos estão nessa cortical (já na medula renal, tem-se a alça de henle e os ductos coletores) • Epidemiologia: ▪ 85% dos tumores malignos são Adenocarcinomas ➢ TUMORES BENIGNOS: • São relativamente frequentes • Chamados de “incidentalomas” → pois, hoje em dia, com a popularização do Ultrassom e o seu uso em várias áreas médicas, pode-se acabar encontrando incidentalmente um tumor/massa sólida renal, necessitando-se estudar essa massa • Pode ocorrer progressão para malignidade: ▪ Essa progressão é mais evidente nos oncocitomas, que, mesmo os oncocitomas se tornando malignos, tem baixo potencial metastático ▪ Angiomiolipomas → tem-se alguns relatos na literatura de que eles podem progredir para malignidade • Principais tipos de tumores benignos: ▪ Adenomas ▪ Lipomas e Leiomiomas ▪ Hemangiomas → são muito mais frequentes no fígado ▪ Angiomiolipomas → é o mais frequente ▪ Oncocitomas → pode malignizar ▪ Tumores de Células Justaglomerulares → precisa de um alto índice de suspeição em situações clínicas específicas para justificar e pedir um ultrassom do aparelho urinário TUMORES BENIGNOS ANGIOMIOLIPOMAS CARACTERÍTICAS ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Idade mais comum de início → entre 50 a 60 anos • Os angiomiolipomas representam 3% dos tumores renais • Quando os angiomiolipomas são bilaterais, estão associados a Esclerose Tuberosa, que é uma doença genética rara caracterizada pelo crescimento anormal de tumores benignos em diversos órgãos ➢ COMPONENTES DO TUMOR: • Adipócitos maduros • Músculo liso • Vasos sanguíneos QUADRO CLÍNICO ➢ Geralmente, esses tumores benignos são descobertos de forma incidental, mas em alguns casos, quando o tumor se encontra mais desenvolvido e com tamanho aumentado, por exemplo, o paciente já pode apresentar um quadro clínico ➢ SINAIS E SINTOMAS: • Hematúria • Dor lombar e Massa em flanco • Hipertensão Arterial • Sangramento retroperitoneal: IMPORTANTE - A seguinte tríade acompanha o diagnóstico do tumor renal maligno ou benigno quando ele se encontra com tamanho muito aumentado e mais desenvolvido: Hematúria + Dor lombar + Massa em flanco ATENÇÃO - Sempre que se está diante de uma massa sólida renal ou de cisto renal complexo é obrigatório que se peça uma Tomografia Computadorizada (TC) com contraste do abdômen superior ou do aparelho urinário. Assim, deve-se tentar ao máximo esclarecer o diagnóstico com os exames complementares, mas, se isso não for possível, acaba-se realizando uma Abordagem Cirúrgica com congelação transoperatória para decisão terapêutica - Não se pode puncionar massas renais! 2 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto ▪ O paciente pode abrir o quadro com esse sangramento devido ao componente vascular do tumor ▪ O tumor tem vasos e quando ele cresce mais de 4cm ele apresenta um maior risco de se romper espontaneamente ou por um pequeno traumatismo ▪ Felizmente, o retroperitônio não é igual à cavidade peritoneal e o sangramento acaba ficando contido, permitindo que o paciente consiga chegar ao hospital apresentando choque, por exemplo, e, assim, é realizado todo o protocolo do ATLS e exames complementares, evidenciando o sangramento retroperitoneal por rotura renal, que pode ser indicativo de um angiomiolipomas DIAGNÓSTICO ➢ A maioria dos diagnósticos é incidental, devido à maior popularização e realização da Ultrassonografia (USG) → Ex: paciente faz um USG por algum outro motivo e acaba-se identificando tumor benigno ➢ ULTRASSONOGRAFIA (USG): • Características do tumor: ▪ Massa sólida, hiperecogênica e bem delimitada ➢ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) COM CONTRASTE: • Sempre deve ser realizada quando se encontrar alguma massa renal ao ultrassom • Características do Angiomiolipoma: ▪ Áreas hipodensas (indicando gordura) com densidade negativa (-20 a -80 UH) TRATAMENTO ➢ DE ACORDO COM O TAMANHO DO TUMOR: • < 4cm → Acompanhamento Anual com USG + TC • > 4cm → Indicar a Nefrectomia Parcial (pode ser através da Enucleação) ou Nefrectomia Total ▪ Como é um tumor maligno, não há necessidade de se realizar uma nefrectomia radical, que é feita apenas quando os tumores são malignos ▪ A decisão entre nefrectomia parcial ou total depende de 5 parâmetros básicos: ✓ Tamanho: o Tumores menores → nefrectomia parcial o Tumores maiores → nefrectomia total ✓ Localização: o Tumores nas extremidades dos rins → nefrectomia parcial o Tumores mais na parte central → nefrectomia total ✓ Lateralidade: o Tumores Bilaterais → nefrectomia parcial ❖ Deve-se deixar a maior quantidade de rim possível ❖ Não se pode simplesmente retirar os dois rins do paciente, pois deve-se deixar uma população de néfron equivalente a cerca de 25% (metade de um rim) da população de néfrons de um indivíduo normal. Assim, se for possível deixar pelo menos metade de um rim, caso o paciente não tem outras comorbidades (que podem prejudicar a função renal, como diabetes e hipertensão), ele pode ficar sem a necessidade de realizar hemodiálise ✓ Presença de apenas 1 rim (por agenesia, malformação ou trauma): o Pacientes que apresentam um tumor renal no único rim que eles têm → nefrectomia parcial ❖ Para que se preserve o maior número de néfrons possível, pois se for retirado todo o rim do paciente, ele terá um maior risco pós-operatório e terá que realizar hemodiálise pelo resto da vida ✓ Tipo de crescimento tumoral: o Tumores Exofíticos (crescem para fora do rim) → nefrectomia parcial o Tumores Endofíticos (crescem para dentro do rim) → nefrectomia total ▪ Nefrectomia Parcial → Ex: tumor pequeno no polo renal de apenas um rim e com crescimento exofítico ▪ Nefrectomia Total → Ex: grande tumor mesorrenal em apenas um rim e com crescimento endofítico ➢ DEVE-SE TOMAR CUIDADO COM: • Sangramento Retroperitoneal → pode causar choque hipovolêmico que, a depender da gravidade, pode levar o paciente ao óbito ONCOCITOMAS CARACTERÍSTICAS ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Os oncocitomas correspondem a cerca de 3 – 7% dos tumores renais • Geralmente são unilaterais ➢ PATOLOGIA: • Esses oncocitomas apresentam perda nos cromossomos 1 e Y, o que pode fazer com que se pense, por essas modificações genéticas, na capacidade de ser um oncocitoma maligno • Quando o oncocitoma é maligno, raramente ele sofre metástase Ultrassonografia - Angiomiolipoma Tomografia Computadorizada - Angiomiolipoma 3 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto QUADRO CLÍNICO ➢ Quando o tumor é grande, ele pode causar a seguinte tríade: • Hematúria • Dor lombar • Massa em flanco DIAGNÓSTICO ➢ Pode ser descoberto ao acaso pelos exames de imagem ou quando o paciente já apresenta um tumor grande que está causando sintomas ➢ ULTRASSONOGRAFIA (USG): • Características do tumor: ▪ Nódulo sólido hipoecóico ➢ TOMOGRAFIACOMPUTADORIZADA (TC): • Sempre deve ser solicitada quando se encontra nódulos renais ao ultrassom • Características do tumor: ▪ Sinal da atenuação central (“Sinal da cicatriz”) ➢ RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA (RNM): • Solicita-se quando se tem quadros difíceis de se diagnosticar por meio dos outros exames de imagem, como quando se tem dúvidas entre os seguintes diagnósticos: ▪ Oncocitoma x Adenocarcinoma x Angiomiolipoma pobre em gordura ➢ Abordagem Cirúrgica com congelação transoperatória → é realizada quando não se consegue diagnosticar o tumor por meio dos exames de imagem TRATAMENTO ➢ DE ACORDO COM O TAMANHO DO TUMOR: • < 4cm → Nefrectomia Parcial • > 4cm → Nefrectomia Total • A escolha entre total e parcial também depende dos 5 fatores básicos: ▪ Tamanho ▪ Localização ▪ Bilateralidade tumoral ▪ Bilateralidade da existência renal (se o paciente tem ou não os dois rins) ▪ Tipo de crescimento (endofítico ou exofítico) TUMOR DE CÉLULAS JUSTAGLOMERULARES CARACTERÍSTICAS ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É um tumor benigno menos frequente ➢ PATOLOGIA: • Cursa com Hipertensão Arterial e Hiperaldosteronismo Secundário • Se desenvolve nos pericitos da arteríola aferente do aparelho justaglomerular (área cortical) • Grânulos secretórios de renina → esse tumor nas células justaglomerulares tem a característica de secretar renina sem o controle metabólico do organismo. Assim, tem-se uma secreção descontrolada de renina, que, na corrente sanguínea, irá agir sobre o angiotensinogênio hepático, transformando-o em angiotensina 1 (não tem repercussões) que, quando passa pelo pulmão e sofre a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA), vira a angiotensina 2, que é um potente vasoconstrictor que causa hipertensão arterial. Além disso, essa angiotensina 2 faz com que a adrenal produza mais aldosterona, e essa elevação dos níveis de aldosterona faz com que se absorva mais água e sódio, aumentando-se ainda mais a pressão arterial ➢ Exemplo de como o paciente pode se apresentar → paciente que tem hipertensão e que já faz uso de anti-hipertensivos de forma otimizada, depois de várias vezes se aumentar as doses e se mudar as medicações, mas mesmo assim a pressão continua alta. Assim, nesses casos, deve-se fazer um ultrassom dos rins para que se saiba se a causa desse não controle da pressão possa ser um tumor de células justaglomerulares, configurando uma hipertensão de causa renovascular DIAGNÓSTICO ➢ Dosagem da Renina da Veia Renal por Coleta Seletiva: • Como é feito → coloca-se um cateter nas duas veias renais, retira-se uma amostra de sangue e analisa-se qual das duas apresenta elevação da renina, sendo isso indicativo sobre o diagnóstico e o lado do tumor • Desvantagem → é um exame difícil de ser realizado ➢ ULTRASSONOGRAFIA (USG) → faz-se um ultrassom do aparelho urinário e/ou abdômen se houver o alto índice de suspeição da doença TRATAMENTO ➢ Nefrectomia Total ou Parcial → para a escolha deve-se analisar os 5 parâmetros básicos: • Tamanho • Localização • Bilateralidade tumoral • Bilateralidade da existência renal (se o paciente tem ou não os dois rins) • Tipo de crescimento (endofítico ou exofítico) TUMORES MALIGNOS ADENOCARCINOMAS CARACTERÍSTICAS ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Os adenocarcinomas correspondem a 2 a 3% das neoplasias malignas em adultos • No Brasil → tem-se cerca de 7 a 10 casos por cada 100.000 habitantes por ano 4 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto • É 2 a 3 vezes mais frequente em homens • Maior prevalência → entre 50 – 70 anos de idade • Hoje em dia, cerca de 80% ou mais dos adenocarcinomas renais são detectados incidentalmente ➢ FATORES DE RISCO: • Síndrome de Von-Hippel-Lindau • Esclerose Tuberosa • Deficiência de Vitamina A • Dieta rica em Colesterol • Carcinoma Renal Hereditário • Agentes Químicos • Fumo → o fumo pode ser fator de risco para vários outros tipos de cânceres, como o câncer de pulmão, bexiga, pênis, rim... • Insuficiência Renal Crônica (IRC) em Diálise → por ser comum de se encontrar pacientes com IRC dialíticos, deve- se sempre monitorar de perto esses pacientes, pois eles têm uma maior chance de desenvolver tumores renais e outras doenças, como Hipertensão Renovascular e Pielonefrite Crônica ▪ Deve-se realizar uma Ultrassonografia periodicamente nesses pacientes para avaliação dos rins TIPOS CELULARES/HISTOLÓGICOS DOS ADENOCARCINOMAS ➢ Adenocarcinoma de Células Claras: • Incidência → 70 a 80%, sendo o mais comum • Características → arquitetura sólida e cística ➢ Adenocarcinoma Papilar/Cromófilo: • Incidência → 10 a 15% • Características → Multifocais/Bilaterais ➢ Adenocarcinoma Cromófobo: • Incidência → 5% • Característica → pouco agressivo ➢ Tumores raros e agressivos: • Às vezes, quando se diagnostica esses tipos de tumores o paciente já abre o quadro com metástases disseminadas, não se tendo muita coisa a se fazer para o quadro do paciente • São os seguintes tipos histológicos: ▪ Adenocarcinoma Medular (ductos coletores): ✓ Incidência → 0,4 a 2,6% ✓ Características → muito agressivo, potencial metastático e podem surgir na 2ª e 3ª décadas de vida ▪ Adenocarcinomas Não-classificados: ✓ Incidência → < 2% ✓ Características → são agressivos ➢ Importante: • Os adenocarcinomas renais são radiorresistentes e quimiorresistentes • Terapias Adjuvantes à cirurgia → por esses adenocarcinomas terem muitas alterações genéticas e mutações, são opções de terapias adjuvantes: ▪ Imunoterapia → já foi muito utilizada ▪ Hoje em dia, se utiliza uma das seguintes: ✓ Terapia Antiangiogênica ✓ Terapia-Alvo QUADRO CLÍNICO ➢ Sintomas decorrentes da expansão tumoral (podem vir em conjunto, caracterizando a tríade, ou separadamente): • Hematúria (60% dos casos) • Dor lombar e/ou nos flancos (40%) • Massa palpável (30%) ➢ Sintomas associados (não existem em tumores benignos, estando presente apenas nos tumores malignos): • Emagrecimento • Varicocele • Febre • Sudorese noturna • Sintomas secundários à metástase → exemplos: ▪ Hemoptise →metástase pulmonar ▪ Icterícia → metástase hepática ▪ Fraturas patológicas → metástase óssea ➢ Síndrome Paraneoplásica (o tumor produz alguma substancia) → está presente apenas em tumores malignos e acomete de 5 a 10% dos pacientes ▪ Hipertensão Arterial ▪ Policitemia ▪ Síndrome de Staufer (Disfunção Hepática) ▪ Hipercalcemia ▪ Ginecomastia ▪ Síndrome de Cushing DIAGNÓSTICO ➢ Pode-se identificar o tumor das seguintes formas: • SUSPEITA CLÍNICA: ▪ Paciente que já apresenta os sintomas decorrentes da doença, como a tríade (isoladamente ou os três juntos), os sintomas associados e a síndrome paraneoplásica ▪ ULTRASSONOGRAFIA (USG): ✓ Geralmente, é o primeiro exame a se solicitar quando se tem uma suspeita clínica, pois é um exame barato, que não tem radiação e que pode ser repetido • “INCIDENTALOMA” → quando se solicita um exame de imagem, como o ultrassom, por alguma outra causa e, incidentalmente, suspeita-se de que o paciente tem um tumor ➢ Segue-se o seguinte passo a passo na suspeição clínica: Adenocarcinoma de Células Claras 5 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto 1. Ultrassonografia (USG) de Abdômen → primeiro a ser solicitado na suspeição clínica 2. Tomografia Computadorizada (TC) com Contraste (do abdômen superior ou do aparelho urinário) → sempre deve ser solicitada quando se encontra uma massa renal ao ultrassom 3. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) → quando se tem dúvida sobre o diagnóstico mesmo após a realização da TC 4. Abordagem Cirúrgica com congelação transoperatória → quando não se consegue diagnosticar precisamente com os métodos de imagem. Assim, é na abordagem cirúrgica em que se diagnostica e se decide qual o tratamento➢ Outros Exames: • Radiografia e/ou Tomografia do Tórax → realiza-se para pesquisa de metástase, pois os tumores malignos renais podem dar metástase para ossos, fígado e pulmão • Urografia Excretora → era um exame utilizado antigamente e que não é mais usado hoje em dia, sendo totalmente substituído pela Tomografia • Angiografia → foi substituída pela Angiorressonância e pela Angiotomografia ▪ São reservadas para casos de tumores complexos em que se necessita de cirurgias mais delicadas, que são feitas para tumores bilaterais e tumores renais em pacientes com um único rim, nos quais necessita-se deixar o máximo possível de tecido nefrótico (estuda- se as artérias que irrigam o tumor para que se intervenha apenas nela, fazendo-se o máximo possível para poupar cerca quantidade do tecido renal) • Punção Biópsia → é proscrito, pois não se punciona tumores renais. Mas existem exceções muito específicas em que se realiza essa punção biópsia ➢ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC): • Vantagens: ▪ Disponibilidade crescente ▪ Baixo custo ▪ Pacientes debilitados e Claustrofóbicos podem realizar, pois a máquina do exame não é fechada ▪ Pesquisa de metástases (ganglionares, hepáticas, ósseas, pulmonares...) • Desvantagens: ▪ Radiação ionizante ▪ Alergia ao iodo ▪ Gestantes não podem fazer, devido à radiação ▪ Tem-se dificuldade de visualizar tumores pequenos (<1cm) ▪ Insuficiência renal → se o contraste não for não iônico, ele pode causar insuficiência renal ➢ RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: • Tem vantagens em relação à tomografia, pois: ▪ Avalia melhor os cistos renais complexos e o comprometimento vascular do tumor • Contraste utilizado → Gadolíneo • Vantagens: ▪ Ausência de radiação ▪ Não utiliza iodo ▪ Pode ser realizada em gestantes ▪ Tem melhor avaliação de cistos e tumores < 1cm ▪ Permite a melhor detecção de trombo tumoral e sua diferenciação com trombo sanguíneo • Desvantagens: ▪ Maior custo e maior tempo de realização do exame ▪ Em claustrofóbicos às vezes se faz sedação → pois o aparelho em que se faz o exame é um tubo fechado ▪ Devido ao magnetismo do aparelho, não se pode realizar se o paciente tiver marcapasso, implante coclear, stents ferromagnéticos... ▪ Pesquisa de metástases → a tomografia é melhor para essa pesquisa ▪ Fibrose sistêmica nefrogênica → algumas pessoas podem ter devido ao Gadolíneo ➢ PUNÇÃO BIÓPSIA: • Geralmente, não se punciona tumores renais, pois pode haver implante do tumor até a cicatriz cirúrgica • Exceções → pode-se realizar a punção dos seguintes: ▪ Massas renais metastáticas → significa que o tumor renal é advindo de outro local ▪ Massas renais irressecáveis → não há como fazer a cirurgia • A punção ajuda a: ▪ Definir subtipo histológico → para saber o que se pode fazer como adjuvante ▪ Diferenciar doenças linfoproliferativas e inflamatórias • Perfil do paciente para que seja realizada a punção: Tumor Renal Exofítico - Tumor renal volumoso, com área de calcificação, comprometimento ganglionar. Não é mais tratável, mas faz-se a cirurgia citorredutora Ressonância Magnética de Tumor Renal 6 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto ▪ Expectativa de vida < 10 anos ▪ Contraindicação para cirurgia ▪ Reserva renal inadequada ▪ Consentimento do paciente → o indivíduo deve estar ciente dos riscos do procedimento • Risco da punção → disseminação da doença CISTOS RENAIS CLASSIFICAÇÃO TOMOGRÁFICA DE BOSNIAK ➢ BOSNIAK I: • Características tomográficas do cisto: ▪ Cistos simples ▪ Conteúdo hipoatenuante homogêneo (0 a 20 UH) ▪ Contornos regulares ▪ Sem calcificações ▪ Sem espessamentos parietais ▪ Sem septações ou realce pelo contraste (não capta contraste) • Tem 0% de chance de ser câncer • Conduta → Não se deve prosseguir com uma investigação! • Exemplo → Cisto Renal Simples: ▪ Geralmente, não se pede tomografia para cisto renal simples, mas ele se classifica como Bosniak I ▪ Dificilmente esses cistos crescem ▪ Conduta → acompanhamento periódico ➢ BOSNIAK II → Cisto Minimamente Complicado • Características tomográficas do cisto: ▪ Cistos com finas septações (<1mm) ▪ Pequenas calcificações lineares parietais ▪ Cistos hiperdensos (> 20 UH) ▪ Menores que 3cm (<3cm) ▪ Sem realce pelo contraste (não capta contraste) • Há aproximadamente 0% de chance de ser câncer • Conduta → Não se deve prosseguir com a investigação! ➢ BOSNIAK II F (de Follow-up) → Cisto Minimamente Complicado • Características tomográficas do cisto: ▪ Similares ao Bosniak II ▪ Com maior número de septações finas ▪ Septos ou paredes minimamente espessados ▪ Calcificações lineares ▪ Cistos hiperdensos (> 20 UH) ▪ Maiores que 3cm (> 3cm) ▪ Sem realce pelo contraste (não capta contraste) • Tem cerca de 5% de chance de ser câncer • Conduta → reavaliação em 6 meses e seguimento constante ➢ BOSNIAK III → Cisto Complicado • Características tomográficas do cisto: ▪ Cistos com septações complexas ▪ Paredes espessadas e irregulares ▪ Calcificações grosseiras ▪ Realce pelo contraste > 15 UH (capta contraste) • Tem 45 a 60% de chance de ser câncer • Fica-se na dúvida se o cisto é benigno ou maligno • Conduta → Exploração Cirúrgica ➢ BOSNIAK IV → Neoplasia Cística • Características tomográficas do cisto: ▪ Lesões com calcificações grosseiras ▪ Margens irregulares e áreas hemorrágicas ou de necrose tumoral ▪ Espessamento parietal ou septal grosseiro e nodular ou tecido sólido junto às paredes ou septos • Tem 90 a 100% de chance de ser câncer • Conduta → Exploração Cirúrgica: Nefrectomia Parcial ou Total (a escolha depende dos 5 parâmetros básicos) ULTRASSOM Massa Cística Complexa Sólida BOSNIAK I Acompanhamento TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) Cisto Sólida BOSNIAK II BOSNIAK III/IV Acompanha Exploração Cirúrgica Com gordura Sem gordura Angiomiolipoma Adenocarcinoma Indefinido RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) Indefinido Exploração Cirúrgica 7 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto ESTADIAMENTO CLÍNICO ➢ Estadio I → Tumor confinado à cápsula renal • Tx → tumor primário não avaliado • T0 → sem evidência de tumor primário • T1 → tumor < 7cm confinado à capsula renal • T1a → tumor ≤ 4cm • T1b → tumor entre 4 a 7cm • T2 → tumor ≥ 7cm confinado à capsula renal ➢ Estadio II: • T3a → extensão do tumor aos tecidos perirrenais ou à adrenal ipsilateral, porém limitado à fáscia de Gerota ➢ Estadio IIIa: • T3b → invasão da veia renal ou veia cava inferior (infradiafragmática) • T3c → invasão da cava inferior (supradiafragmática) ➢ Estadio IIIb: • N → envolvimento linfonodal • N x → linfonodos não podem ser avaliados • N0 → sem metástase em linfonodo • N1 → um único linfonodo acometido • N2 → mais de um linfonodo acometido ➢ Estadio IIIc → envolvimento de venoso e linfonodal ➢ Estadio IVa: • T4 → extensão além da fáscia de Gerota (exceto adrenal ipsilateral) ➢ Estadio IVb: • Mx → metástase à distância não pode ser avaliada • M0 → sem metástase à distância • M1 → metástase à distância TRATAMENTO ➢ TRATAMENTO CIRÚRGICO → é o principal tratamento • Por incisão subcostal ou lombar ou por videolaparoscopia • Nefrectomia Radical Aberta ou Laparoscópica: ▪ Deve obedecer aos seguintes princípios oncológicos: ✓ Retirada do rim e sua adrenal ipsilateral o A adrenal é retirada apenas quando se tem tumores extensos ou de polo superior o Não é feita a retirada da adrenal quando o tumor é de polo inferior ✓ Envolvidos pela fascia de Gerota ✓ Ligadura precoce da veia renal: o Para que durante a manipulação cirúrgica não se embolize a veia ✓ Linfadenectomia hilar ▪ Características: ✓Se for bem indicada, a nefrectomia radical tem uma boa sobrevida ✓ A cirurgia é tão importante que ela é feita mesmo de forma higiênica, paliativa e citorredutora, até mesmo para permitir que o tratamento adjuvante tenha melhores resultados ✓ Ressecção das Metástases → com a cirurgia, quando presente a doença metastática, também é necessário oferecer ao paciente o procedimento de ressecção das metástases o Antes → era realizada apenas quando se tinha uma única metástase em pulmão ou fígado o Hoje em dia → ampliou-se a realização, podendo ser feita em pulmão, glândulas, sistema nervoso central, ossos e partes moles (ou seja, se a ressecção for possível de ser feita, ela deve ser ofertada ao paciente) ✓ O principal fator prognóstico é o estadio dos tumores → quando mais localizado o tumor, melhores serão os resultados o Tem-se resultados melhores para o estadio I e II o Estadio III e IV (devido ao envolvimento de outras estruturas) → não tem resultados cirúrgicos tão bons quanto o I e o II • Nefrectomia Parcial Aberta ou Laparoscópica ▪ É realizada nos seguintes casos: ✓ Paciente com rim único que apresenta um tumor ✓ Tumores bilaterais ✓ Cistos complexos (III e IV) ✓ Baixa função renal ✓ Tumores pequenos, exofíticos ou de extremidades ➢ TRATAMENTO SISTÊMICO → é feito pelo oncologista • Imunoterapia → antigamente era a única que existia, e tinha-se resultados pobres Interferon-alfa recombinante Interleucina-2 (IL2) • Terapia Antiangiogênica: Maleato de Sunitimibe Tosilato de Sorafenibe • Terapia alfa: Tensirolimus Everolimus • Outras medicações também podem ser utilizadas ➢ OUTROS TRATAMENTOS: • Radiofrequência e Crioterapia: ▪ Disponíveis nos grandes centros de referência ▪ Indicações: ✓ Pequenos tumores múltiplos ou em rim único e pacientes idosos contraindicados para ressecção clássica IMPORTANTE - Tumores renais são resistentes a Radioterapia e a Quimioterapia Convencional 8 TUMORES RENAIS Gizelle Felinto ➢ EM DETERMINADAS SITUAÇÕES: • Quando há comprometimento ósseo → faz-se uso de Bifosfanatos ÁCIDO ZOLEDRÔNICO 4mg ➢ Geralmente, faz-se a terapia combinada → cirurgia + tratamento sistêmico como adjuvante SEGUIMENTO PÓS-OPERATÓRIO ➢ PRIMEIRA AVALIAÇÃO: • Quando fazer → 4 a 6 semanas após a cirurgia • Deve-se realizar e solicitar: ▪ Exame físico ▪ Creatinina sérica → para saber mais sobre como ficou a filtração renal do paciente ▪ Hemoglobina → pois os rins produzem a eritropoietina, tendo relação com anemia ▪ Função hepática → TGO, TGP, Fosfatase alcalina ✓ Pois antes de se aparecer uma metástase a função hepática sofre alterações ▪ Raio-x e Tomografia Computadorizada de Tórax → para vigiar se há metástase pulmonar ➢ AVALIAÇÕES SUBSEQUENTES: • Quando fazer → devem ser periódicas, e, à medida em que se passa o tempo, vai-se estendendo o prazo de acompanhamento do paciente, como: ▪ 3 em 3 meses → 6 em 6 meses → 12 em 12 meses após a cirurgia • A sociedade de urologia recomenda o acompanhamento de pelo menos 10 anos nos casos de tumores renais • Faz-se o acompanhamento por no mínimo 5 anos • Deve-se realizar e solicitar: ▪ Exame físico ▪ Creatinina sérica ▪ Hemoglobina ▪ Função hepática → TGO, TGP, Fosfatase alcalina ✓ Fosfatase Alcalina Elevada → solicitar Cintilografia Óssea ▪ Raio-x e Tomografia Computadorizada de Tórax e Tomografia de Abdômen → para vigiar se há metástase pulmonar FATORES PROGNÓSTICOS ➢ Estadiamento: • Quanto pior o tumor, menor será a sobrevida ao longo do tempo • Quanto mais localizado e sem acometimento de outras regiões, maior será a sobrevida ao longo do tempo ➢ Opera-se o paciente e analisa-se o tumor, obtendo-se resultados que serão úteis como fatores prognósticos: • Grau Nuclear e Pliodia Tumoral ▪ Tumor bem diferenciado: ✓ GI e GII → 5% de metástases e 90% de sobrevida ✓ Diplóides → 8% de mortalidade em 10 anos ▪ Tumor pouco diferenciado: ✓ GIII e GIV → 40% de metástases e 45% de sobrevida ✓ Aneuplóides → 37% de mortalidade em 10 anos • Invasão Microvascular Intratumoral → se presente, a doença progride em 50% e reduz-se a sobrevida do paciente • Degeneração Sarcomatosa → se estiver presente: ▪ Estadio I → sobrevida de aproximadamente 49 meses ▪ Estadio II, III ou IV → sobrevida de 6,8 meses
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