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Metabolização de lipídios Digestão de lipídios Gorduras da dieta: Mais abundantes = gorduras neutras (triglicerídeos = 1 núcleo de glicerol + 3 ácidos graxos – os mais comuns são o ácido esteárico, o ácido oleico e o ácido plamítico; constitui um componente importante dos alimentos de origem animal, estando em pequeno grau em alimentos de origem vegetal) Pequenas quantidades de: fosfolipídios - colesterol - ésteres de colesterol Fosfolipídios e ésteres de colesterol contêm ácidos graxos e por isso podem ser considerados como gorduras O colesterol, é um composto esterol que não contém ácidos graxos mas tem algumas características físicas e químicas das gorduras (derivado de gordura e é metabolizado de modo semelhante a elas), sendo considerado como gordura do ponto de vista dietético Estrutura química básica dos triglicerídeos: Digestão das gorduras no intestino: No estômago ocorre digestão de pequenas quantidades (cerca de 10%) de triglicerídeos pela lipase lingual (secretada pelas glândulas linguais na boca e deglutida com a saliva) Etapas: 1. Emulsificação da gordura pelos sais biliares e lecitina - desdobramento dos glóbulos de gordura em partículas de pequeno tamanho (aumentando a atuação das enzimas digestivas hidrossolúveis) - ação da bile (sais biliares e lecitina) = diminuição acentuada da tensão superficial da gordura e transformação dos glóbulos de gordura em substâncias fragmentáveis por agitação no intestino delgado - as lipases são compostos hidrossolúveis que só podem atacar os glóbulos de gordura em suas superfícies 2. Digestão dos triglicerídeos pela lipase pancreática - enzima mais importante para a digestão dos triglicerídeos - enterócitos do intestino delgado possuem pequeas quantidades de lipases (lipase entérica) - produtos finais = ácidos graxos livres e 2-monoglicerídeos (permanência de pequenas porções no estado de diglicerídeos) - acúmulo de monoglicerídeos e ácidos graxos livres na vizinhança de gorduras em processo de digestão boqueia qualquer digestão posterior (sais biliares removem esses produtos da vizinhança dos glóbulos em digestão quase tao rapidamente quanto eles são formados) Como ocorre esse processo: sais biliares em grandes concentrações formam micelas (20-40 moléculas de sais biliares; cada 1 molécula é composta de 1 núcleo esterol lipossolúvel e 1 grupo polar hidrossolúvel). Durante a digestão dos triglicerídeos, as porções de gordura dissolvem-se na porção gordurosa central das micelas, reduzindo imediatamente as concentrações desses produtos finais da digestão na vizinhança dos glóbulos de gordura em digestão. Micelas: Também atuam como meio de transporte para os monoglicerídeos e os ácidos graxos livres até as bordas-em-escova das células epiteliais intestinais (onde são absorvidos) Após liberar as substâncias na borda-em-escova, os sais biliares retornam ao quimo, podendo ser repetidamente utilizados nesse processo de transporte. Gordura ----- bile + agitação ----- gordura emulsificada Gordura emulsificada ----- lipase pancreática --- ácidos graxos e 2 monoglicerídeos Digestão de ésteres de colesterol e fosfolipídios: Maior parte do colesterol na dieta = ésteres de colesterol (combinações de colesterol livre e 1 molécula de ácido graxo) Fosfolipídios também tem cadeias de ácidos graxos no interior de suas moléculas Ambos são hidrolisados por 2 lipases presentes na secreção pancreática: enzima éster de colesterol-hidrolase e fosfolipase A2 Micelas de sais biliares: desempenham o mesmo papel de transporte, transportando o colesterol livre e as porções restantes das moléculas de fosfolipídios digeridas - praticamente nenhum colesterol pode ser absorvido sem a função das micelas - até 60% dos triglicerídeos podem ser digeridos e absorvidos mesmo na ausência de micelas de sais biliares - na presença de quantidades abundantes de micelas de ácidos biliares cerca de 97% das gorduras são absorvidas - na ausência apenas 40-50% são normalmente absorvidos - os triglicerídeos e os diglicerídeos não-digeridos são altamente solúveis na membrana lipídica do enterócito intestinal, porém, as micelas não dissolvem nenhum dos dois, não os transportando até a membrana, o que ocasiona a pequena absorção dessas substâncias Absorção de lipídios o Nas bordas-em-escova, os monoglicerídeos e os ácidos graxos sofrem difusão imediata através da membrana celular do enterócito para o interior da célula o Difusão é possível pois essas moléculas são tão solúveis na membrana quanto nas micelas o Após a penetração no enterócito: os ácidos graxos e os monoglicerídeos são captados pelo retículo endoplasmático liso, onde são recombinados (principalmente para a formação de novos triglicerídeos) o Alguns monoglicerídeos são posteriormente digeridos a glicerol e ácidos graxos por uma lipase intracelular (depois esses ácidos graxos livres também são reconstituídos em triglicerídeos pelo REL, utilizando para isso o novo glicerol sintetizado de nvo a partir do alfa-glicerofosfato) esse processo requer a energia da ATP e o complexo de enzimas para catalisar as reações Formação de quilomícrons: Os triglicerídeos reconstituídos agregam-se no interior do RE e depois no complexo de golgi (formando glóbulos quem tem colesterol e fosfolipídios absorvidos, além de pequenas quantidades de colesterol e fosfolipídios recém-sintetizados) Os fosfolipídios distribuem-se nesse glóbulos com sua porção gordurosa para o centro e as porções polares para a superfície, o que cria uma superfície eletricamente carregada e torna os glóbulos miscíveis com os líquidos da célula) Pequenas quantidades de vários tipos de apoproteína, sintetizada pelo RE, revestem parte da superfície de cada glóbulo Os glóbulos são liberados pelo complexo de golgi e excretados pelo processo de exocitose celular para o espaço basolateral ao redor da célula Do espaço basolateral, os glóbulos passam para a linfa dos vasos quilíferos centrais da vilosidade 9onde recebem a denominação de quilomícrons) As apoproteínas são essenciais para que ocorra a exocitosse celular dos quilomícrons (principalmente a proteína B, pois proporcionam um meio de fixar o glóbulo gorduroso à membrana celular antes de ser expelido) Composição dos quilomícrons = principalmente triglicerídeos e 9% de fosfolipídios 3% de colesterol 1% de apoproteína B Transporte de quilomícrons na linfa: Apartir das superfícies basolaterais dos enterócitos, os quilomícrons seguem seu trajeto nos vasos quilíferos centrais das vilosidades e, daí, são propelidos, juntamente com a linfa, pela bomba linfática para cima, través do duto torácico que deságua em grandes veias do pescoço (junção das veias jugular e subclávia) Absorção direta de ácidos graxos no sangue porta: Pequenas quantidades de ácidos graxos de cadeia curta e média (como os encontrados na gordura da manteiga) Esses ácidos graxos são mais hidrossolúveis e não são reconvertidos em triglicerídeos pelo RE Transporte dos lipídios nos líquidos corporais: Transporte na linfa a partir do trato gastrintestinal: Quase todas as gorduras (com exceção dos ácidos graxos de cadeia curta) Uma pequena quantidade de proteína B é absorvida à superfície externa dos quilomícrons (aumenta estabilidade de suspensão no líquido da linfa e impede sua aderência às paredes dos vasos linfáticos) Remoção dos quilomícrons do sangue: Cerca de 1 hora após uma refeição com grandes quantidades de gordura a concentraçãoplasmática de quilomícrons pode atingir valores de 1-2% (tamanho grande dos quilomícrons = plasma com aspecto turvo e amarelado) Quilomícrons tem a meia-vida de menos de 1h Remoção da gordura dos quilomícrons: hidrólise dos triglicerídeos dos quilomícrons pela lipoproteína-lipase - os quilomícrons são, em sua maioria, removidos do sangue circulante à medida que passam pelos capilares do tecido adiposo e do fígado (ambos contêm grandes quantidades da enzima lipoproteína-lipase, que é ativada no endotélio capilar, onde hidrolisa os triglicerídeos dos quilomícrons que aderem à parede endotelial, liberando ácidos graxos e glicerol) - os ácidos graxos sofrem difusão imediata para as células adiposas e para as células hepáticas (dentro das células = os ácidos graxos são ressintetizados em triglicerídeos, sendo o glicerol fornecido pelos processos metabólicos das células) - a lipase também causa a hidrólise dos fosfolipídios, liberando os ácidos graxos para serem armazenados pelas células - o resto de massa de quilomícron que fica no sangue é captada principalmente pelo fígado Transporte de ácidos graxos no sangue em combinação com a albumina: Para que a gordura armazenada no tecido adiposo possa ser usada em outros locais do corpo, normalmente como fonte de energia, ela precisa ser primeiro transportada para outros tecidos Esse transporte ocorre principalmente na forma de ácidos graxos livres, produzido por hidrólise dos triglicerídeos (ácidos graxos e glicerol) Classes de estímulo que desempenham papel importante na promoção da hidrólise= - quando a disponibilidade de glicose para a célula adiposa diminui acentuadamente (um de seus produtos, o alfa-glicerofosfato, também diminui, o qual é necessário para formar o glicerol dos triglicerídeos recém- sintetizados; isso promove o deslocamento do equilíbrio a favor da hidrólise) - lipase sensível a hormônio promove a hidrólise do triglicerídeo Ao deixarem as células adiposas, os ácidos graxos sofrem forte ionização no plasma e combinam-se com moléculas de albumina das proteínas plasmáticas (ácido graxo livre ou ácido graxo não-esterificado) Concentração plasmática de ácidos graxos livres em condições de repouso é cerca de 15mg/dL (quantidade responsável por quase todo o transporte de ácidos graxos de determinada região do organismo para outra) 1. Apesar da diminuta quantidade de ácidos graxos livres no sangue, sua velocidade de “renovação” é extremamente rápida (a cada 2-3 min metade dos ácidos graxos é substituída por novos) 2. Todas as condições passíveis de aumentar a velocidade de utilização de gordura como fonte energética também elevam as concentrações de ácidos graxos livres no sangue Em condições normais cerca de 3 moléculas de ácido graxo combinam-se com cada molécula de albumina Necessidade extrema de transporte de ácidos graxos = até 30 moléculas de ácido graxo podem se combinar com 1 molécula de albumina Função das lipoproteínas no transporte do colesterol e dos fosfolipídios: Quando todos os quilomícrons foram removidos do sangue (estado pós-absortivo) mais de 95% de todos os lipídios no plasma encontram-se na forma de lipoproteínas (partículas muito menores que os quilomícrons, mas com composição qualitativamente semelhante = triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios e proteínas) Concentração total de lipoproteínas no plasma é cerca de 700mg/dL Tipos de lipoproteínas = quilomícrons (grandes lipoproteínas) - VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa): contém altas concentrações de de triglicerídeos e concentrações moderadas de colesterol e fosfolipídios - IDL (lipoproteínas de densidade intermediária): lipoproteínas de densidade muito baixa, das quais foi removida grande parte dos triglicerídeos, aumentando as concentrações de colesterol e de fosfolipídios - LDL (lipoproteínas de densidade baixa): IDL das quais quase todos os os triglicerídeos foram removidos - HDL (lipoproteínas de alta densidade): contém altas concentrações de proteínas (cerca de 50%) mas com concentrações menores de colesterol e fosfolipídios Formação das lipoproteínas = quase todas são formadas no fígado (onde ocorre a síntese da maior parte do colesterol, dos fosfolipídios e dos triglicerídeos plasmáticos) - pequenas quantidades de HDL são sintetizadas no epitélio intestinal durante a absorção de ácidos graxos do intestino Função das lipoproteínas = transportar os seus componentes lipídicos no sangue (VLDL transportam triglicerídeos sintetizados no fígado principalmente para o tecido adiposo; outras lipoproteínas atuam em diferentes etapas de transporte dos fosfolipídios e do colesterol do fígado para os tecidos periféricos ou da periferia para o fígado) Depósitos de gordura Tecido adiposo: Funções = armazenar triglicerídeos até que se tornem necessários para o suprimento de energia em outras partes do organismo (principal) - proporcionar isolamento térmico ao organismo Células adiposas = fibroblastos modificados (têm a capacidade de armazenar triglicerídeos quase puros, em quantidades equivalentes a 80-95% de seu volume) - em geral, os triglicerídeos encontram-se na forma líquida (quando os tecidos da pele ficam expostos ao frio prolongado, as cadeias de ácidos graxos dos triglicerídeos, no decorrer de algumas semanas, tornam-se mais curtas ou menos saturadas para diminuir seu ponto de fusão, permitindo que a gordura permaneça no estado liquido; gordura liquida pode ser hidrolisada e transportada para fora da célula) - podem sintetizar pequenas quantidades de ácidos graxos e triglicerídeos a partir dos carboidratos Troca de gordura entre tecido adiposo e sangue: Grandes quantidades de lipases no tecido adiposo = catalisam a deposição de triglicerídeos dos quilomícrons e das lipoproteínas de densidade muito baixa - quando ativadas por hormônios, podem produzir clivagens dos triglicerídeos das células adiposas, com liberação de ácidos graxos livres - triglicerídeos acumulados nas células adiposas são renovados aproximadamente uma vez a cada 2-3 semanas Lipídios hepáticos: Principais funções do fígado no metabolismo dos lipídios: - degradar os ácidos graxos em compostos pequenos (passiveis de serem usados como fonte de energia) -sintetizar triglicerídeos (principalmente partir de carboidratos e em menor grau a partir de proteínas) - sintetizar outros lipídios a partir de ácidos graxos, sobretudo colesterol e fosfolipídios Quando há muita grandes quantidades de triglicerídeos no fígado = - durante inanição - diabetes mellitus - em condições que a gordura está sendo utilizada rapidamente como fonte energética (em situações normais a quantidade total de triglicerídeos no fígado é controlada pela velocidade global de utilização dos lipídios como fonte de energia, em grande parte) Nas células hepáticas: triglicerídeos, fosfolipídios e colesterol (continuamente sintetizados pelo fígado) Células hepáticas são muito mais capazes que outros tecidos de dessaturar ácidos graxos (triglicerídeos no fígado são normalmente muito mais insaturados do que os do tecido adiposo; função importante para o organismo, pois muitos componentes estruturais de todas as células contem quantidades razoáveis de gorduras insaturadas, sendo o fígado sua principal fonte) Utilização dos triglicerídeos para produção de energia Hidrólise dos triglicerídeos: Primeira etapa na utilização dos triglicerídeos como fonte de energia Depois são transportados (ácidos graxos e glicerol) para os tecidos ativos, onde são oxidados para produzir energia Quase todas as células (com exceção do tecido cerebral em certo grau)podem utilizar ácidos graxos em lugar da glicose para a obtenção de energia Glicerol, ao entrar no tecido ativo, é imediatamente convertido por enzimas intracelulares em glicerol-3-fosfato, que penetra na via glicolítica de degradação da glicose, sendo utilizado para a obtenção de energia Processamento dos ácidos graxos para que eles possam ser utilizados para gerar energia = entrada de ácidos graxos nas mitocôndrias (degradação e oxidação de ácidos graxos só ocorre nas mitocôndrias; processo de transporte mediado por transportador que utiliza carnitina como transportador, dentro da mitocôndria o ácido graxo se separa da carnitina e então é degradado e oxidado) - degradação do ácido graxo a acetilcoenzima A por beta-oxidação (AG sofre degradação através da liberação de fragmentos de 2 carbonos, na forma de acetilcoenzima A) para cada molécula de acetil-coA clivada do ácido graxo, verifica-se a liberação de 4 átomos de hidrogênio - oxidação do acetil-coA (os acetil-coA formados na beta-oxidaçao entram no ciclo de Krebs, combinando-se inicialmente com o oxido oxalacético para formar ácido cítrico, que sera degradado em CO2 e átomos de hidrogênio e ai os hidrogênios são oxidado pelo sistema oxidativo quimiosmótico das mitocôndrias, com liberação de enormes quantidades de ATP) Formação de ácido acetoacético no fígado e seu transporte no sangue: O fígado só utiliza pequena proporção dos ácidos graxos para seus processos metabólicos intrínsecos Quando as cadeias de ácidos graxos são clivadas em acetil-CoA, duas moléculas desta última se condensam para formar uma de ácido acetoacético (é transportado no sangue para outras células de todo o organismo, onde é utilizado para produção de energia) Parte do ácido acetoacetico também é convertida em ácido beta-hidroxibutírico e pequenas quantidades são convertidas em acetona Ácido acetoacetico, ácido beta-hidroxibutírico e acetona sofrem livre difusão através das membranas celulares do fígado e são transportados até os tecidos periféricos pelo sangue circulante Nos tecidos difundem-se novamente para as células, onde ocorrem reações inversas, com formação de moleculas de acetil-CoA Cetose e sua ocorrência na inanição, no diabetes e em outras doenças: Cetose = concentrações elevadas acentuadamente no sangue e nos líquidos intersticiais de ácido acetoacético, ácido beta-hidrobutírico e acetona (corpos cetônicos) Quando quase nenhum carboidrato é metabolizado (quase toda a enegria do organismo deve provir do metabolismo das gorduras) Falta de disponibilidade de carboidratos: aumento da velocidade de remoção de ácidos graxos do tecido adiposo - fatores hormonais como a secreção aumentada de glicocorticoides pelo córtex da supra-renal, secreção aumentada de glucagon pelo pâncreas e diminuição da secreção de insulina pelo pâncreas, aumentam ainda mais a remoção de ácidos graxos dos tecidos adiposos - grande disponibilidade de ácidos graxos - os corpos cetônicos são liberados do fígado e transportados para as células - as células são limitadas quanto a quantidade de corpos cetônisos que podem oxidar (um dos produtos do metabolismo dos carboidratos é o oxaloacetato, necessário para ligar-se à acetil-CoA, a fim que esta possa ser processada no ciclo de Krebs - a deficiência de oxaloacetato proveniente de carboidratos limita a entrada de acetil-CoA no ciclo de krebs
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