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DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AULA IV

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – FREDIE DIDIER 
ATUALIZAÇÃO: CURSO G7 – INTENSIVO 2020.2 
PROFESSOR: FERNANDO GAJARDONI (G7) 
AULA IV - DATA: 10.09.2020 
 
 
Competência interna (continuação) 
 
Há quatro critérios usados pelo Brasil para definir a competência interna 
e eles devem ser analisados na seguinte ordem: critério hierárquico, 
critério material, critério valorativo e critério territorial. ➢ Na aula 
passada terminamos na metade da análise do critério material, em 
especial, na análise da justiça do trabalho. 
 
4.1.2. Material (continuação) 
VI) indenizações decorrentes da relação de trabalho (SV 22 STF): As 
indenizações decorrentes da relação de trabalho seguem o mesmo padrão 
da ADI 3395 e da 3694, estudadas na última aula. Isso significa que 
celetista é julgado na justiça trabalhista e servidores com vínculo de 
direito administrativo (estatutário, cargo temporário e cargo em 
comissão) são julgados na justiça comum. 
 
✓ As indenizações trabalhadas neste tópico (art. 114, VI, CF) podem ser 
por dano material, moral, estético ou existencial e referem-se a ações em 
face do empregador. ✓ A ação acidentária típica, que é aquela ajuizada 
pelo segurado contra o órgão previdenciário por conta de acidente 
previdenciário, não se enquadra neste inciso. 
 
Basicamente, são de competência da Justiça trabalhista, sendo o 
trabalhador celetista, as indenizações por: 
1º) assédio moral: é o uso da relação hierárquica para humilhar o 
empregado. 
 
 
2º) assédio sexual: é a exigência, sob pena de sanções, de favores sexuais 
em virtude de uma relação de subordinação. Assim, para ser assédio 
sexual, deve haver relação de subordinação. 
 
3º) indenização por acidente de trabalho: é a ação do empregado contra 
o empregador quando há um acidente ocorrido dentro do local de 
trabalho ou “in itinere”, ou seja, no caminho do trabalho (ida ou volta). 
Não se deve confundir a ação de indenização por acidente de trabalho 
(art. 114, VI, CF) com a ação acidentária típica (vista anteriormente). 
 
Súmula Vinculante 22: “A Justiça do 
Trabalho é competente para processar e 
julgar as ações de indenização por danos 
morais e patrimoniais decorrentes de 
acidente de trabalho propostas por 
empregado contra empregador, inclusive 
aquelas que ainda não possuíam sentença 
de mérito em primeiro grau quando da 
promulgação da Emenda Constitucional 
45/2004.” 
 
IX) residual (decorrentes da relação de trabalho): Trata-se de hipótese 
de competência residual, conforme previsto no art. 114, IX, CF, a qual 
abrange qualquer tipo de ação que se dê em virtude da relação trabalhista 
(CLT). 
 
Ex. 1: ação de retomada de coisa dada em comodato no momento do 
término da relação trabalhista. Neste caso, o fundamento da retomada é 
o fim da relação de trabalho e, por esse motivo, ela é julgada na justiça 
do trabalho. 
 
Ex. 2: mandado de segurança de funcionários públicos celetistas. 
Quando se admite mandado de segurança na justiça do trabalho (tema 
 
 
polêmico), às vezes, quem impetra o MS é funcionário público celetista. 
Neste caso, a competência é da justiça do trabalho, pois o vínculo 
mantido entre o funcionário e o impetrado (exemplo: prefeito) é de relação 
trabalhista e não de direito administrativo. ATENÇÃO: súmula 363 do 
STJ. 
 
Profissional liberal, ainda que preste serviços para alguém, não cobra os 
serviços na Justiça do Trabalho, pois não há relação de trabalho, mas 
relação civil. Assim, se houver inadimplemento do contratante, o 
contratado deve ingressar na justiça comum estadual. 
 
Súmula 363 do STJ: “Compete à Justiça 
estadual processar e julgar a ação de 
cobrança ajuizada por profissional liberal 
contra cliente. 
 
CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
a) competência absoluta e relativa 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA 
As regras de competência absoluta 
são criadas para atender ao 
interesse público (finalidade 
pública); portanto, não podem ser 
alteradas pela vontade das partes. 
A vontade das partes aqui é 
irrelevante. 
O desrespeito a essas regras de 
competência absoluta gera a 
incompetência absoluta, que pode 
ser conhecida ex officio pelo juiz, 
pela provocação de qualquer das 
partes (qualquer das partes pode 
As regras de competência relativa 
são criadas para atender ao 
interesse particular (de uma das 
partes); portanto, podem ser 
alteradas pela vontade das partes 
ou até mesmo por determinação 
legal. Pode alegar tacitamente ou 
expressamente (foro de eleição ou 
foro contratual). 
A incompetência relativa não pode 
ser conhecida ex officio pelo juiz 
(súmula 33 do STJ - A 
 
 
alegar incompetência absoluta), 
pode ser alegada por qualquer 
forma e ainda é possível alegá-la 
enquanto durar o processo, ou 
seja, enquanto o processo estiver 
pendente (não há preclusão para 
alegar incompetência absoluta 
enquanto o processo estiver 
pendente). E se o processo 
terminar ainda cabe ação 
rescisória, por ser matéria grave. 
A alegação de incompetência 
absoluta pode ser feita por 
qualquer meio – não há forma 
preestabelecida para alegar 
incompetência absoluta. 
incompetência relativa não pode 
ser declarada de ofício). 
 
Só o réu pode alegar 
incompetência relativa. O réu tem 
que alegar no primeiro momento 
em que lhe couber falar nos autos, 
sob pena de preclusão; ou seja, 
sob pena de o juiz que era 
incompetente, tornar-se 
competente. 
O MP pode alegar incompetência 
relativa em favor de incapaz. 
 
 
A incompetência (absoluta ou relativa) não gera a extinção do processo. 
A incompetência gera remessa dos autos a outro juízo competente. Essa 
remessa dos autos é chamada de translatio iudicii. 
 
Há duas exceções a essa regra: a) nos juizados especiais a incompetência 
gera extinção; b) incompetência internacional. 
 
Se a incompetência for absoluta, além de gerar a remessa dos autos para 
outro juízo competente, haverá a nulidade dos atos decisórios. A 
incompetência relativa só gera a remessa. Prova produzida não é 
anulada. Somente se anula atos decisórios quando se tratar de 
incompetência absoluta. 
 Gravem isso: Os atos decisórios praticados por juiz 
absolutamente incapaz geram a anulação desses atos e a remessa – 
provas produzidas não são anuladas, somente atos decisórios são 
 
 
anulados. Liminar não se anula quando está envolvida a incompetência 
relativa. 
 
Obs.: A incompetência no STF gera extinção, mas o regimento foi 
alterado, e agora a incompetência no STF gera remessa. 
 
Uma vez distribuído o processo, perpetua a competência, salvo as 
exceções já mencionadas. Distribuído o processo, só haverá a 
perpetuação se você distribuir para um juiz competente, pois se você 
distribuir para um juiz incompetente, este remeterá o processo para um 
juiz competente. Esta remessa não é quebra de perpetuação, pois nem 
chegou a perpetuar a competência. A perpetuação pressupõe a 
competência do juízo. 
 
Competência relativa: Espécies de modificação da competência relativa 
pelas partes: 
 a) tácita – se o réu não opõe exceção de incompetência, 
a causa fica ali – o silêncio do réu, ao não se opor à propositura 
equivocada da ação, modifica a competência (o juiz que era incompetente 
passa a ser competente); 
 b) expressa – a modificação expressa da competência 
pelo foro de eleição ou foro contratual. 
 
Em um negócio jurídico as partes escolhem o local (foro), de firma 
expressa, a comarca onde as causas relativas àquele negócio devem ser 
ajuizadas. O foro de eleição é uma cláusula contratual escrita, na qual os 
negociantes escolhem em que território/foro as causas relacionadas 
àquele negócio devem ser ajuizadas. Não pode escolher o fórum, o juízo. 
Pode escolher o território, localidade onde vai ser ajuizada. 
 
OBS.: Nada impede que haja dois foros de eleição, por exemplo: um foro 
para cada parte quando cada uma delas for autora. 
 
 
 
AsCausas relacionadas à interpretação e ao adimplemento do negócio 
serão ajuizadas no foro (é o local e não o fórum, ou seja, o prédio escolhido 
pelas partes). 
 
OBS: Foro de eleição é território – não é possível escolher o juízo. 
 
Regra diferenciada para os contratos de adesão: Admite-se foro de 
eleição em contrato de adesão em relação de consumo? Sim, pode 
haver cláusula de foro de eleição em contrato de adesão, mas pode 
configurar cláusula abusiva. Mas o foro de eleição abusiva em contrato 
de adesão é nula. Portanto, cláusula de foro de eleição em contrato de 
consumo não pode ser abusivo para o consumidor. 
 As cláusulas abusivas em contrato de consumo podem ser 
invalidadas ex officio pelo juiz. Pode ser de ofício no início. 
 
A jurisprudência do STJ entendeu que o juiz poderia anular cláusula 
abusiva de eleição de foro em contrato de consumo e poderia remeter os 
autos ao juízo competente, ou seja, do domicílio do réu que é o 
consumidor (apesar de ser competência relativa, o que não autorizaria o 
juiz a reconhecer de ofício e remeter os autos). A eficácia da cláusula do 
foro de eleição é retirada pelo juiz porque o código permite. 
 Se o juiz não fizer, mandará citar o réu. Se o réu impugnar, 
o juiz decide. Se o réu não impugnar, precluiu e não discutirá mais isso. 
 
b) Competência originária e a derivada 
Competência originária é a competência para conhecer e julgar a causa 
originariamente pela primeira vez. No Brasil, a competência originária 
costuma ser de juiz. Tribunal até tem competência originária (exemplo: 
mensalão que é de competência do STF). 
 
Competência derivada é a competência para julgar a causa em grau de 
recurso. A competência para julgar a causa em grau de recurso, para 
nós, é do tribunal. Um juiz pode ter esta competência, embora seja raro. 
 
 
Exemplo: embargos de declaração contra decisão de juiz. Estes embargos 
é recurso e se for contra decisão de juiz, ele mesmo vai julgar o recurso 
contra a sua própria decisão. Outro exemplo de juiz com competência 
derivada é a competência do juiz de julgar embargos infringentes em 
execução fiscal de pequeno valor. 
 
Em casos de pequeno valor em execução fiscal (mais ou menos 500 reais) 
o recurso contra a sentença é julgado pelo mesmo juiz da causa. 
Exemplo: Lei 6830/80, artigo 34. 
Art. 34 - Das sentenças de primeira instância 
proferidas em execuções de valor igual ou 
inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis 
do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão 
embargos infringentes e de declaração. 
 § 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-
á o valor da dívida monetariamente atualizado e 
acrescido de multa e juros de mora e de mais 
encargos legais, na data da distribuição. 
§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou 
não, com documentos novos, serão deduzidos, 
no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, 
em petição fundamentada. 
§ 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) 
dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que, 
dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou 
reformará a sentença. 
Exemplo: Em juizado especial quem julga o recurso é a turma recursal 
composta por juízes, porém não cabe neste caso como exemplo de 
competência derivada, pois não são os juízes que tem a competência 
recursal e sim a própria turma recursal. 
 
 
 
Exemplo: Embargos de declaração da própria sentença, pois o próprio 
juiz monocrático vai julgá-lo. 
 
REGRAS GERAIS DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL 
 
Uma ação é pessoal porque ela diz respeito a um direito pessoal. E a ação 
é real quando ela diz respeito a um direito real. A diferença entre elas é 
feito de acordo com o direito que se afirma ter. 
 
Ações pessoais são aquelas que veiculam direitos pessoais. Se eu propôr 
uma ação fundada em direito real mas é um direito real sobre móvel, a 
competência é do domicílio do réu. Será também do domicílio do réu no 
que tange ações pessoais. 
 
OBS.: A diferença entre ação mobiliária e imobiliária é feita com base no 
objeto que se pretende. É possível uma ação pessoal imobiliária, como é 
caso da ação de despejo. É possível também uma ação real mobiliária, 
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA COMPETÊNCIA DERIVADA 
a) Quando o órgão jurisdicional 
recebe e julga a causa 
primeiramente. 
 
b) Normalmente é uma 
competência dos juízes 
monocráticos, juízes de primeiro 
grau. 
 
c) Há casos em que o Tribunal tem 
competência originária, como por 
exemplo, a ação Rescisória. 
a) Competência para julgar 
recurso. Ele (órgão jurisdicional) 
recebe a causa em um segundo 
momento. 
 
b) Normalmente esta competência 
é de um Tribunal, embora seja 
possível vislumbrar competência 
recursal de juízos de primeiro 
grau, como por exemplo, o recurso 
previsto no artigo 34 da LEF. 
 
c) É a competência recursal. 
 
 
como é o caso de hipoteca de avião que apesar de ser móvel, pode ser 
hipotecado. Uma ação real pode ser tanto mobiliária quanto imobiliária. 
 
OBS.: Para que se defina o local, há um amplo regramento estabelecido 
nos arts. 46 a 53 do CPC (dispositivos que devem ser lidos pelo aluno). a) 
Direito pessoal e real sobre bens móveis (art. 46, CPC) A regra geral do 
critério territorial está preceituada no art. 46, CPC. Regra geral: conforme 
o art. 46, CPC, não havendo regra especial, qualquer ação fundada em 
direito obrigacional ou real será ajuizada no domicílio do réu. 
 
c) Direito real sobre bens imóveis (art. 47, CPC). 
c.1) absoluta/funcional (art. 47, “caput”): Apesar de ser regra de 
competência territorial, ela é absoluta, ou seja, a parte não tem a opção 
de ajuizar a ação em outro lugar e não há prorrogação de competência. 
✓ O juiz do foro de situação da coisa é funcionalmente competente para 
julgar ações de direito real imobiliário que se ajuízem na sua comarca. 
 
CPC, art. 47, caput: “Para as ações 
fundadas em direito real sobre imóveis é 
competente o foro de situação da coisa. 
 
c.2) relativa: art. 47, §1º, CPC. Nos casos do §1º, art. 47, a competência 
é relativa. CPC, art. 47, §1º: “O autor pode optar pelo foro de domicílio do 
réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de 
propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de 
nunciação de obra nova.’ 
 
c.3) Possessória imobiliária (art. 47, §2º, CPC): A ação possessória 
imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta para julgar o caso, ou seja, essas ações caem na 
regra geral do “caput” do art. 47, CPC (foro de situação da coisa). 
 
 
 
CPC, art. 47,§ 2º: “A ação possessória 
imobiliária será proposta no foro de 
situação da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta.” 
 
C.4) Rescisão de contrato cumulada com reintegração de posse? A 
jurisprudência majoritária entende que não se aplica o art. 47 do CPC à 
hipótese de rescisão de contrato cumulada com reintegração de posse, 
pois tal ação é fundada em direito obrigacional (e não em direito real). 
Sendo fundada em direito obrigacional, o regramento a ser seguido é o 
do art. 46, caput do CPC, ou seja, é o foro de domicílio do réu. 
Observação: se a ação for de reintegração de posse pura, será aplicado o 
art. 47 do CPC. 
 
OBS.: As ações que estiverem fora deste quadro são de competência 
relativa. 
 
OBS.: No código comentado de Nelson Nery na parte de possessória, ele 
traz uma tabela somente de ações reais. 
 
Ação publiciana é exemplo de ação real. Esta ação é uma ação 
reivindicatória sem título de propriedade, ou seja, não se baseia em um 
título de propriedade. 
 
Exemplo: É cabível quando a pessoa “X” usucapiu um imóvel, mas ainda 
não teve sentença de usucapião e entra com esta ação, pois é dono, mas 
ainda não tem título. 
 
Outro exemplo: Quando sujeito já herdou o bem, mas não foi houve 
registro do formal de partilha. Ele não tem o título formal que afirma isso. 
 
b) Execução fiscal(art. 46, §5º, CPC) (sem escolha): Inadvertidamente, 
o legislador colocou regra de competência de processo de execução na 
 
 
parte geral do CPC. Essa regra vale, especialmente, para execução de 
créditos regidos pela Lei 6.830/1980. É necessário ter atenção porque a 
regra desse dispositivo é de foro sucessivo (e não concorrente), ou seja, 
não dá ao autor a opção de escolher entre os possíveis foros. O autor tem 
que usar, sucessivamente, os três foros citados no art. 46, §5º, CPC. 
 
d) Ações de direito sucessório (art. 48, CPC): A regra geral deste artigo 
é que o foro do último domicílio do morto é o competente para julgar as 
ações relativas à sucessão. 
 
e) Contra ausente (art. 49, CPC): A regra nos casos de ausente é muito 
parecida com as relativas à sucessão, sendo competente o foro do último 
domicílio do ausente. 
 
f) Contra incapaz (absoluto ou relativo) (art. 50, CPC) (Súmula 383, 
STJ): O CPC não faz, nesse dispositivo, diferenciação entre a 
incapacidade relativa e a absoluta. 
 
CPC, art. 50: “A ação em que o incapaz for 
réu será proposta no foro de domicílio de 
seu representante ou assistente.” 
 
 
g) União - autora e ré (art. 109, §§ 1º e 2º da CF e art. 51, CPC) 
g.1) Ações em que a União é autora: de acordo com o art. 109, § 1º e 
art. 51, CPC, nas ações em que a União é autora, ela vai ingressar com a 
ação na vara federal do domicílio do réu. 
 
g.2) União como ré: Neste caso, a competência é concorrente, ou seja, o 
autor pode ingressar com a ação em face da União no foro de domicílio 
do autor, no foro do local do fato, no foro do imóvel ou no DF. CF, art. 
109 ,§ 2º: “As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na 
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver 
 
 
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada 
a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
 
CPC, art. 51: “É competente o foro de 
domicílio do réu para as causas em que seja 
autora a União. Parágrafo único. Se a 
União for a demandada, a ação poderá ser 
proposta no foro de domicílio do autor, no 
de ocorrência do ato ou fato que originou a 
demanda, no de situação da coisa ou no 
Distrito Federal.” 
 
Obs.: a jurisprudência sustenta que a ação também poderia ser intentada 
na capital do estado. 
 
Atenção: De acordo com o entendimento dominante, as regras dos 
artigos art. 109, §§ 1º e 2º da CF e art. 51, CPC, também se aplicam no 
caso de autarquias federais e fundações públicas de direito público 
federal. No caso de empresa pública federal, não se aplicam as regras do 
art. 51 do CPC. 
 
h) Estado e DF – autor e réu (art. 52, CPC): O regramento do artigo 52, 
CPC, é muito similar ao do art. 51, CPC. Assim, quando o Estado ou o 
DF forem autores, eles ingressarão com a ação no foro de domicílio do 
réu. Já se o Estado ou o DF forem réus, também há foros concorrentes, 
sendo possível ingressar com a ação no foro de domicílio do autor, no foro 
do local do fato, no foro de situação da coisa ou na capital do ente 
federado. 
 
Obs.: a regra do art. 52, CPC, também se aplica no caso de autarquias 
estaduais e fundações públicas de direito público estadual e distrital. 
 
i) Municípios – autor e réu (sem regra específica) 
 
 
O CPC não traz regra específica para ações envolvendo os municípios. 
Assim, aplica-se a regra geral, independentemente de ser o município 
autor ou réu. 
 
j) Regras especiais 
*** Hipossuficiência? (art. 53 CPC) (divórcio/separação e afins - Lei 
13.894/2019) (cartórios) (delito) 
O art. 53, CPC, traz regras especiais que afastam o regramento dos 
artigos 46 e seguintes do CPC. ✓ O professor destaca que, apesar da 
ordem do CPC sobre competência territorial ser do 46 até o 53, o Código 
de Processo Civil deveria ser lido ao contrário, ou seja, do art. 53 para o 
art. 46. 
 
A regra do art. 53, CPC, era para ser fundada na hipossuficiência 
presumida. Ocorre que esse objetivo inicial não foi seguido e somente 
favoreceu as serventias extrajudiciais. 
 
Observações: 1ª) O art. 53, III, “f”, CPC estabelece que as ações serão 
ajuizadas no local da sede do cartório nos casos de ação de reparação de 
dano por ato praticado em razão do ofício. 2ª) O art. 53,V, CPC estabelece 
que é competente o lugar do ato ou fato para a ação de reparação de dano 
sofrida em relação de delito (crime ou contravenção) ou acidente de 
trânsito. 3ª) O art. 53, I do CPC sofreu alteração legislativa em 2019. 
Assim, para ação de divórcio, separação, anulação de casamento e 
reconhecimento ou dissolução de união estável, é competente o foro: a) 
de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, 
caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das 
partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de 
violência doméstica e familiar. Atenção: a hipótese da letra “d” não é 
sucessiva, mas preferencial. 
 
k) Leis extravagantes: (art. 2º da Lei nº 7.347/85; art. 93 do CDC; 
art. 58, II da Lei 8.245/91; art. 4º da Lei 9.099/95 etc.). Nas ações 
 
 
de procedimento especial de legislação extravagante, em regra, as normas 
preveem regras de competência que devem ser estudadas pelos alunos. 
 
 
5.1. Critério territorial absoluto (art. 47 e § 2º, CPC) (art. 2º da Lei 
nº 7.347/1985) 
 ABSOLUTA RELATIVA 
CRITÉRIOS Funcional/hierárquico e
 material 
(regra geral). 
Valorativo e territorial (regra 
geral). 
PREVISÃO LEGAL Art. 64, §§, CPC Art. 65, CPC (art. 64, §§ 2º a 4º 
também valem para a 
competência 
relativa). 
INTERESSE PROTEGIDO PÚBLICO PRIVADO 
CONHECIMENTO PELO JUIZ De ofício, em qualquer momento 
e grau de jurisdição, observado, 
todavia, o que aponta o art. 10 do 
CPC. 
Observação: o STJ entende 
(erroneamente) que não é 
necessário observar o art. 10 do 
CPC em casos de 
incompetência absoluta. 
Só mediante alegação da parte 
ou MP (súmula 33, STJ) (art. 65, § 
único, CPC) 
DERROGABILIDADE NÃO (art. 62 do CPC) 
(inaplicabilidade do art. 190 CPC). 
SIM: foro de eleição (art. 63, 
CPC) e conexão/continência 
(arts. 55 e 56 
CPC). 
MOMENTO e MODO
 PARA 
ALEGAÇÃO 
Preliminar de contestação (art. 64, 
CPC) ou a qualquer momento (art. 
64, 
§ 1º, CPC). 
Preliminar de contestação, sob 
pena de prorrogação. 
VIOLAÇÃO Eventual nulidade dos atos 
praticados 
(art. 64, § 3º, CPC). Cabe ação 
rescisória (art. 966, II, CPC). 
Não gera nulidade: prorrogação 
de 
competência (art. 65 CPC). Não 
cabe rescisória. 
 
 
O que interessa para uma regra ser de competência absoluta é a proteção 
do interesse público. Por esse motivo é que, ainda que a regra seja 
valorativa e territorial, se ela proteger o interesse público, ela seguirá as 
regras de competência absoluta. Exemplos: CPC, art. 47, §2º: “A ação 
possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo 
juízo tem competência absoluta.” 
 Lei 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública) “Art. 2º As 
ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o 
dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a 
causa.” 
 
5.2. Critério valorativo/absoluto (art. 3º, §3º, Lei 10.259/2001) (art. 
2º, §4º, Lei 12.153/2009) Se o interesse protegido pela norma for 
público, ainda que, eventualmente, o critério seja valorativo, o 
regramento será da competência absoluta. Este critério pode aparecer 
com o nome de “critério funcional absoluto” (Chiovenda). Exemplos: Lei 
10.259/2001, art. 3º, §3º: “No foro onde estiver instalada Vara do Juizado 
Especial, a sua competência é absoluta.” Lei 12.153/2009, art. 2º, §4º: 
“No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a 
sua competência é absoluta.” 
 
5.3. Foro de eleição (sempre renunciável em prol da regra do art. 46, 
CPC): O foro de eleição é possível apenas na competência relativa. 
 
O foro de eleição é um negócio jurídico pré-processualtípico, pois ocorre 
antes do processo e tem previsão legal expressa. Além disso, é negócio 
jurídico bilateral, porque depende do pacto das partes. O entendimento 
dominante é de que a regra do foro de eleição sempre será renunciável 
em prol da regra do art. 46, CPC (domicílio do réu), pois esta é mais 
favorável ao demandado. ✓ O foro de eleição somente será obrigatório se 
o réu comprovar que sofrerá prejuízo ao ser processado no seu foro de 
domicílio. 
 
 
 
a) Requisitos (art. 62 e 63, “caput” e §1º): • A competência deve ser 
relativa. • Sempre a regra do foro de eleição deve ocorrer por escrito. • O 
foro de eleição deve fazer referência a negócio jurídico específico (não pode 
ser genérico). 
 
b) Sucessão (art. 63, §2º) O foro de sucessão obriga herdeiros e 
sucessores. Isso significa que, se, eventualmente, a parte que combinou 
o foro de eleição morrer, os seus herdeiros e sucessores devem cumprir o 
foro de eleição. ✓ Atenção porque o dispositivo não cita cônjuge e 
companheiro. O cônjuge, se não for sucessor, não é obrigado pelo foro de 
eleição se ele não participou de sua subscrição. CPC, art. 63, §2º: “O 
foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.” 
 
c) Abusividade do foro de eleição (art. 63, §§3º e 4º, CPC): Se o foro 
de eleição for considerado abusivo, pode ser reconhecida a sua nulidade. 
Nesse caso, haverá o encaminhamento dos autos ao juiz competente, 
conforme as regras do CPC. 
 Atenção ao momento do reconhecimento do vício: Antes da 
citação, o juiz pode, de ofício, pronunciar o vício (ineficácia do foro de 
eleição). Depois da citação do réu, somente poderá pronunciar o vício 
mediante a provocação da parte (réu). 
 
CPC, art. 63, §3º e 4º: “§ 3o Antes da 
citação, a cláusula de eleição de foro, se 
abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício 
pelo juiz, que determinará a remessa dos 
autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 
4o Citado, incumbe ao réu alegar a 
abusividade da cláusula de eleição de foro 
na contestação, sob pena de preclusão.”

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