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Síndromes Coronarianas Agudas/IAM Definição: São condições distintas causadas por eventos patológicos que envolvem obstrução transitória ou permanente de uma artéria coronária. A maior parte das mortes ocorre nas primeiras horas da manifestação do evento: 40 a 65% nas primeiras horas, 80% nas primeiras 24 horas. Fatores de risco: ➔ Homens > 45 anos e mulheres > 55 anos ➔ aumento do colesterol LDL e diminuição do HDL ➔ História familiar (genética) ➔ Tabagismo ➔ Obesidade; HAS; DM ➔ Sedentarismo Fisiopatologia Caracterizadas por uma demanda excessiva ou suprimento inadequado de O² e nutrientes para o músculo cardíaco. Causa mais comum: ruptura de placa aterosclerótica, seguida de formação de trombo e vasoconstrição A oxidação (Processo químico normal, causado pela liberação de radicais livres no organismo) irá levar a lesões endoteliais dos vasos sanguíneos, levando a uma resposta inflamatória sistêmica que contribuem para aterosclerose e doença cardíaca: os leucócitos são liberados e oxidam a LDL e citocinas atraem mais leucócitos para o local, aumentando a PA e coagulabilidade, predispondo a formação de trombos. Condições que elevam o aumento dos radicais livres: estresse, uso de cigarro uso de pesticidas, exposição à poluição, raios UV, radiação Ruptura da placa: É mais provável a ocorrência de ruptura nas bifurcações, devido à velocidade do fluxo sanguíneo e turbulência gerada nessas regiões. Com a ruptura da placa, a agregação plaquetária estimula a vasoconstrição local, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando a atividade do Tromboxano A2 (tratamento - AAS). Com o início da agregação plaquetária, os receptores de glicoproteína IIb/IIIa surgem na superfície da plaqueta, a medida em que esse processo avança é formado o coágulo. A obstrução pode ser: Parcial: Infarto silencioso do miocárdio, angina instável, IAM sem supradesnivelamento do segmento ST Total: IAM com supradesnivelamento do segmento ST Angina Pectoris A angina do peito é uma síndrome clínica habitualmente caracterizada por episódios ou paroxismos de dor ou pressão na região anterior do tórax. A etiologia consiste no fluxo sanguíneo coronário insuficiente, resultando em suprimento diminuído de oxigênio quando existe uma demanda aumentada de oxigênio do miocárdio em resposta ao esforço físico ou estresse emocional. Tipos de angina: ● Angina estável: dor previsível e consistente que ocorre durante um esforço, mas que é aliviada pelo repouso e/ou pelo uso de nitroglicerina. São episódios leves, curtos (no máximo 15 min), relacionados às atividades com maior demanda de O² ● Angina instável: também chamada de angina pré-infarto ou angina crescente, refere-se à dor torácica cardíaca que, em geral, acontece enquanto se está em repouso. Não é uma doença, é um SINTOMA de isquemia miocárdica. O paciente refere aperto/pressão e não exclusivamente dor no peito. É uma dor que irradia para MSE, pescoço, epigástrica e ocorre em pacientes com Doença Arterial Coronariana, podendo ocorrer em pessoas sem DAC, HAS não controlada ou doença cardíaca valvar. Segundo a American Heart Association, a dor precordial para se caracterizar uma angina instável é > 20 min. ● Angina variante: também conhecida como angina de Prinzmetal ou angina vasospástica, é uma forma de angina instável. Em geral, ocorre quando se está em repouso e é o resultado do espasmo da artéria coronária. ● Angina intratável ou refratária: dor torácica incapacitante grave ● Angina microvascular: caracteriza-se por dor torácica com artérias coronárias epicárdicas normais, os maiores vasos da superfície cardíaca. Há micro-obstruções em vasos menores. Classificação de Braunwald para Angina Instável Manifestações Clínicas O principal sinal de apresentação na maioria dos pacientes com SCA é a dor torácica, que surge subitamente e continua, apesar da medicação e do repouso. Principais manifestações clínicas da SCA: - Cardiovasculares: palpitação, presença de bulhas B3 e B4, início recente de sopro, distensão venosa e alterações do ECG - Pulmonares: dispneia, taquipneia e estertores (se o IAM tiver causado lesão pulmonar) - Gastrientinais: náuseas e vômitos - Geniturinário: oligúria (devido hipoperfusão renal e baixo DC) - Cutâneas: pele fria, pegajosa, sudoreica e pálida (devido à estimulação simpática). - Neurológicos: ansiedade, inquietação e tonturas. - SInal de levine: quando o paciente eleva a mão no peito e inclina o tronco Mnemônico SAMPLE: ★ Sintomas ★ Alergias ★ Medicamentos em uso ★ Patologias (antecedentes) ★ Líquidos e alimentos (última vez que comeu) ★ Eventos precipitantes Mnemônico PQRST ★ P: O que provoca/piora a dor ★ Q: qualidade da dor (leve, moderada, intensa) ★ R: Irradiação (se irradia para algum local) ★ S: Severidade (0 a 10) ★ T: tempo Equivalentes anginosos: • Dificuldade respiratória. • Tonturas. • Arritmias. • Sudorese intensa. • Fadiga. • Fraqueza. • Dor isolada braço ou mandíbula. • Palpitações. • Síncope. • Náuseas / vômitos. Exame físico: importante para Identificar potenciais precipitantes, Impacto hemodinâmico do evento e identificar condições pré-existentes ➢ A PA deve ser mensurada nos dois braços ➢ Deve-se realizar a ausculta pulmonar buscando crepitações ➢ Ausculta cardíaca buscando sopros, galopes, ruídos, atrito pericárdico. ➢ Avaliar estase jugular ➢ Avaliar sistema neurológico ➢ Checar contra indicações à terapia fibrinolítica.. Achados eletrocardiográficos Obs.: O eletrocardiograma deve ser realizado nos 10 primeiros momentos de atendimento do paciente com manifestações de SCA. Isquemia: afeta as células cardíacas responsáveis pela contração, geração e condução dos impulsos elétricos, alterando a repolarização. No ECG, relaciona-se com alterações na onda T. Pode haver onda T negativa. Geralmente revertida com diminuição da demanda de O² ou vasodilatação das artérias coronárias Lesão Miocárdica: ocorre devido à redução grave do fornecimento de O² e sangue, mas pode ser revertida. Se não for, a lesão se torna permanente (infarto). No ECG, há supradesnivelamento de segmento ST das áreas afetadas e infra nas regiões opostas. Só é revertida com desobstrução do fluxo. Infarto: o termo Infarto Agudo do Miocárdio deve ser utilizado quando há evidência de necrose miocárdica em contexto clínico compatível. No ECG, há alterações morfológicas do complexo QRS, segmento ST e onda T, bem como a onda Q patológica. Sempre observar: • Quais as derivações que estão com QRS, ST E/OU T alterados? • Qual parte do coração essas derivações enxergam? • Qual artéria irriga a região acometida pelo infarto? Lembrando que nas derivações: DI, AVL: vista lateral do ♥ DII, DIII e avF: vista inferior do ♥ V1 e V2: vista septal do ♥ V3 e V4: vista anterior do ♥ V5 e V6: vista lateral do ♥ Artérias que Irrigam cada Área Cardíaca: ● Artéria Coronária Direita: localizada na parede inferior direito do ♥, associada ao menor índice de IAM ○ Ramo descendente posterior da ACD: irriga a parte inferior do ♥ ● Artéria Coronária Esquerda: partem dois ramos: ○ Ramo circunflexo da ACE: irriga a parede lateral do ♥ ○ Ramo descendente anterior da ACE (ADA): irriga 40 % do ♥ da parede anterior do miocárdio, infartos nessa região podem levar a choques cardiogênicos. Biomarcadores Os biomarcadores, ou marcadores de necrose miocárdica, complementam a avaliação inicial, em associação com o eletrocardiograma, dos pacientes com SCA sem supra de ST. Úteis quando não há SST, quando o diagnóstico é inconclusivo e para diferenciar angina de IAMSSST. Obs.: Sua importância nos pacientes com IAM com supra de ST é menor na avaliação inicial já que, nestes casos, eles não se prestam para o diagnóstico – pelo tempo necessário para que se elevem seus níveis plasmáticos e também pela demora no processamento da amostra. São elas: Troponinas: São especificamente cardíacas e marcadores de escolha, porém sua elevação demora de 8 a 12h para ocorrer. Permanecem elevados após necrose miocárdica. São as mais específicas para IAM por cocaína. Sua interpretação num cenário de provávelSCA ajuda para o diagnóstico de IAM, sendo considerado positivo quando um valor acima do percentil 99 (para indivíduos sadios) for alcançado. As troponinas podem permanecer positivas por 7 a 10 dias após o evento agudo, facilitando assim o diagnóstico tardio de um infarto agudo do miocárdio. CK-MB: Menos sensíveis, menos específicas e podem estar elevadas se houver dano ao músculo esquelético. Apesar de a CK-MB subir mais lentamente, ela sofre um declínio mais rápido, ajudando na definição do momento da doença nos casos que chegam tardiamente. Também tem papel importante no diagnóstico de reinfarto. No IAM, a A CKMB tem uma elevação média de 10-25 vezes o valor superior do intervalo de referência, atingindo 240 - 600 U/. Mioglobina: liberada mais rapidamente que CKMB e troponinas se houver necrose miocárdica, porém também se eleva em lesões no músculo esquelético. Sua elevação ocorre 1-2 horas depois do início da isquemia, atingindo o seu máximo em torno de 6-9 horas e normalizando-se entre 12 e 24 horas.Devido à sua baixa especificidade e por ser marcador muito precoce em lesões dos miócitos, a mioglobina em concentrações normais (0-72 ng/mL) pode ser útil para excluir o diagnóstico de IAM nas primeiras horas após desconforto no peito (antes de quatro horas do início da sintomatologia). Atendimento no IAM Atualmente, o atendimento para IAM se baseia em quatro pilares: anamnese e exame físico, eletrocardiograma, marcadores de necrose e testes provocativos de isquemia não invasivos. Mnemônico (MOVE): ● M: Monitorização ● O: oxigênio - apenas em sat. < 94% ● V: 2 acessos venosos calibrosos (dependendo da instituição e quadro do paciente). ● E: eletrocardiograma de 12 derivações Tempo porta ECG - 10 minutos Tempo porta-agulha: 30 min Tempo porta-balão: ideal é 90 min / máx 120 min Conduta inicial é do enfermeiro baseada na identificação dos riscos, respostas humanas indesejáveis e protocolos institucionais. Metas ➔ Reduzir necrose. ➔ Prevenir os principais eventos (morte, RM de urgência) ➔ Tratar complicações (arritmias, EAP, choque cardiogênico) ➔ Oxigênio: Se SpO² < 94%, presença de congestão pulmonar ou desconforto respiratório Manejo Clínico Terapia analgésica e anti-isquêmica: PRIORIDADE • Nitroglicerina (Tridil) - vasodilatador ➢ Dilata as coronarianas com a finalidade de reduzir a pós-carga ➢ Classe: nitrato orgânico, vasodilatador, antianginoso ➢ Sublingual e IV: Comprimido (0,4 mg) em intervalos de 5 min ➢ EV se não houver resposta após o 3º comprimido ➢ Mantenha acesso venoso! ➢ Não administrar se PAS < 90mmHg, bradicardia ou taquicardia sem IC • Sulfato de Morfina ➢ Analgésico narcótico / opióide ➢ Também pode ser utilizado quando não há alívio dos sintomas com nitroglicerina ➢ 2 a 4 mg em intervalos de 5 a 15 min (venodilatação, diminui consumo de O² e PA, reduzindo a pós-carga) ➢ Avaliar a presença de náuseas, vômitos, hipotensão, rebaixamento do nível de consciência e avaliar a dor • Beta-Bloqueadores ➢ Atenolol, metoprolol, propanolol ➢ Diminuem a contratilidade do miocárido, diminui a FC e diminuem o trabalho ♥ e demanda de O². ➢ Deve ser administrado nas primeiras 24 h, na ausência de insuficiência cardíaca ou baixo DC, devido risco maior de choque cardiogênico em populações de alto risco. • Terapia Antiplaquetária ➢ Ácido Acetil Salicílico (AAS): Atuação na atividade do tromboxano A2, impedindo a agregação e término da cascata de coagulação. Sua ação antiplaquetária ocorre mesmo com sua utilização em doses baixas, como 81 a 150 mg/dia, sendo essas doses as recomendadas no tratamento das síndromes coronarianas agudas (SCA) por manterem excelente potência antiagregante com menor incidência de sangramento, em relação a doses maiores. ➢ “Novos” bloqueadores de ADP: Os “novos” bloqueadores do receptor P2Y12 do ADP têm em comum o fato de que, em relação ao clopidogrel, apresentam início de ação mais rápido, bloqueiam a agregação plaquetária de modo mais intenso e apresentam menor variabilidade de resposta. São o Prasugrel, Ticagrelor e Vorapaxar. • Terapia Anticoagulante ➢ HNF – Heparina Não Fracionada: atua como inibidor indireto da trombina. ➢ HBPM – Heparina de Baixo Peso molecular: atua como inibidor indireto da trombina e do fator Xa. Pela maior seletividade para o fator Xa, as HBPMs não alteram os exames clínicos de coagulação dos pacientes (ao contrário da HNF). No Brasil, as apresentações clinicamente disponíveis são a dalteparina, nadroparina e enoxaparina. • Terapia Fibrinolítica São os “exterminadores” de coágulos: Estreptoquinase, Reteplase, Alteplase, Tecneteplase. Funcionam alterando a Plasmina, que degrada o fibrinogênio e coágulos de fibrina. Quando infundido nas primeiras três horas do início dos sintomas, as taxas de mortalidade são similares aos da angioplastia primária. Isto refere-se especialmente à tenecteplase (TNK), trombolítico de última geração, com alta especificidade à fibrina ligada ao trombo, meia-vida longa (20min), baixo risco hemorrágico central (0,5%) quando as doses são ajustadas ao peso e idade (≥ 75 anos), não antigênico e administrado em bolus. A dose tenecteplase (TNK) é ajustado ao peso e idade e da alteplase ao peso. Concomitante ao fibrinolítico, administra-se dupla antiagregação plaquetária (aspirina e clopidogrel), além da enoxaparina. Assim, não há tempo a perder. Temos 20 minutos entre o diagnóstico e a infusão do fibrinolítico. Lembre-se: Tempo é músculo, fluxo é vida. TERAPÊUTICA INVASIVA E CUIDADOS • Intervenção Coronariana Percutânea Procedimento onde um cateter abre uma artéria coronária para restabelecer o fluxo sanguíneo adequado (ANGIOPLASTIA). Após a desobstrução da artéria coronária, por meio da angioplastia com balão, procede-se ao implante de uma prótese endovascular (para ser utilizada no interior dos vasos) conhecida como ‘stent’ - pequeno tubo de metal, semelhante a um pequeníssimo bobe de cabelo, usado para manter a artéria aberta. Seu benefício depende do tempo até sua realização. • Revascularização do Miocárdio Fluxo sanguíneo é redirecionado em torno de uma ou mais artérias coronárias por meio de um enxerto de vaso sanguíneo para criar novas vias de fluxo sanguíneo para o tecido do músculo cardíaco. Em geral, são coletados da artéria radial ou veia safena. Pós-operatório imediato: • Monitorização do DC: uso de PAI e PVC. • Monitorização da SvO² • Avaliação do estado circulatório. • Manejo de drogas vasoativas • Aquecimento do paciente. • Avaliação respiratória. • Vigilância dos drenos. • Controle da dor. • Óxido Nítrico: vasodilatação pulmonar importante.
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