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DEFINIÇÕES A trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP) fazem parte do espectro da mesma doença, que é o tromboembolismo venoso (TEV). A embolia pulmonar é definida como a obstrução da artéria pulmonar ou seus ramos pela impactação de um ou mais êmbolos. Além do tromboembolismo pulmonar, existe também o embolismo aéreo, gorduroso, tumoral e mais raramente de outros materiais, como o metacrilato. EPIDEMIO -TEV é globalmente a terceira síndrome cardiovascular aguda mais frequente atrás do infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. - Em crianças, estudos relataram uma incidência anual de TEV entre 53–57 por 100.000 entre pacientes hospitalizados, entre 1,4–4,9 por 100.000 na comunidade em geral. - as taxas de incidência anual de EP variam de 39-115 por 100.000 habitantes; para TVP, as taxas de incidência variam de 53–162 por 100.000 habitantes. -TEP é a terceira maior causa de doença cardiovascular no mundo. É mais comum em homens com mais de 70 anos de idade, em quem a incidência pode chegar a 700 casos a cada 100.000 habitantes/ano. -EUA= 600.000 a 900.000 episódios de TEP por ano, com dois terços dos pacientes internados. 100-180 mil mortes anualmente causadas por EP, -BRASIL= os dados são escassos e provavelmente subnotificados. O DATASUS registrou 7.412 óbitos por embolia pulmonar no ano de 2016. Acredita-se que esse número seja muito maior, tendo em vista que é uma patologia de difícil diagnóstico clínico -GRAVIDADE= é dependente de sua apresentação hemodinâmica. Pacientes hemodinamicamente instáveis representam 4 a 5% dos casos, mas têm taxa de letalidade de até 45%. Pacientes com TEP, hemodinamicamente estáveis, com menos de 50 anos e sem outras comorbidades têm taxa de letalidade < 1%. - COMPLICAÇÕES= Em um estudo canadense, quase metade dos pacientes com EP teve limitação aos exercícios, redução da distância caminhada ou dispneia durante 1 ano, o que piorou a sua qualidade de vida. Os sobreviventes podem sofrer complicações produzidas pela hipertensão pulmonar tromboembólica crônica ou síndrome pós-trombótica. A hipertensão pulmonar tromboembólica crônica causa dispneia aos esforços. A síndrome pós- trombótica (também conhecida como insuficiência venosa crônica) causa lesão das válvulas venosas do membro inferior e piora a qualidade de vida por causar edema de tornozelo ou de panturrilha e dolorimento na perna, principalmente após ficar longo tempo de pé. Na sua forma mais grave, a síndrome pós-trombótica causa úlcera varicosa. -Cerca de 30 a 40% dos pacientes com TVP apresentam TEP concomitante, mesmo em pacientes sem sintomas de embolia. Por outro lado, apenas 30% dos pacientes com TEP apresentam TVP, embora esse número seja próximo a 70% em pacientes hospitalizados FATORES PREDISPONENTES O TEV é considerado uma consequência da interação entre fatores de risco relacionados ao paciente - geralmente permanentes - e fatores de risco relacionados ao ambiente - geralmente temporários. TEP ETIOLOGIA Os principais sítios de origem do TEP são as veias pélvicas, poplíteas, femorais comum e femorais superficial. Os episódios de TEV podem ser classificados em não provocados ou provocados, quando um fator precipitante é claro. não provocados representam 20% dos casos, e a probabilidade de haver uma trombofilia associada é maior. A maioria dos TEP provocados ocorrem por fatores precipitantes de tempo limitado, como cirurgia ou imobilidade temporária de um membro, ou por fator precipitante persistente, como uma neoplasia maligna. Outros precipitantes incluem doenças ou condições que impedem o fluxo sanguíneo venoso, infecção, doença crônica, uso de estrogênio e gravidez ou fase puerperal inicial. Os pacientes com TEP não provocados têm 15% de chance de recidiva em 1 ano, em comparação com 5% para aqueles com episódio provocado. A mortalidade de TEP provocado em 1 ano é mais alta, provavelmente por refletir o impacto de uma comorbidade associada, como uma neoplasia maligna. FISIOPATO TEP ocorre devido à presença de algum dos elementos descritos na tríade de Virchow, que inclui lesão endotelial, estase sanguínea e hipercoagulabilidade. A tríade de virchow leva ao recrutamento de plaquetas ativadas→ liberam micropartículas. Essas micropartículas contêm mediadores pró-inflamatórios que se ligam a neutrófilos, estimulando-os a liberar seu material nuclear e formar redes extracelulares denominadas armadilhas extracelulares de neutrófilos. Essas redes pró-trombóticas contêm histonas que estimulam a agregação plaquetária e promovem a síntese de trombina dependente de plaquetas. Trombos venosos se formam e florescem em ambiente de estase, baixa tensão de oxigênio e aumento da expressão (upregulation) de genes pró-inflamatórios. PULMÃO TEP agudo interfere tanto na circulação quanto na troca gasosa. A insuficiência ventricular direita (VD) devido à sobrecarga de pressão aguda é considerada a principal causa de morte na EP grave. A pressão da artéria pulmonar (PAP) aumenta se> 30–50% da área transversal total do leito arterial pulmonar for obstruída por tromboêmbolos. A vasoconstrição induzida por PE, mediada pela liberação de tromboxano A2 e serotonina, contribui para o aumento inicial da resistência vascular pulmonar (RVP) após PE. obstrução anatômica e a vasoconstrição hipóxica na área pulmonar afetada levam a um aumento da RVP e a uma diminuição proporcional da complacência arterial. O aumento abrupto da RVP resulta na dilatação do VD, o que altera as propriedades contráteis do miocárdio do VD por meio do mecanismo de Frank-Starling. O aumento da pressão e do volume do VD leva a um aumento da tensão da parede e do estiramento dos miócitos. O tempo de contração do VD é prolongado, enquanto a ativação neuro-humoral leva à estimulação inotrópica e cronotrópica. Juntamente com a vasoconstrição sistêmica, esses mecanismos compensatórios aumentam a PAP, melhorando o fluxo através do leito vascular pulmonar obstruído e, assim, estabilizando temporariamente a pressão arterial (PA) sistêmica. No entanto, a extensão da adaptação imediata é limitada, pois um VD não pré-condicionado de paredes finas é incapaz de gerar uma PAP média> 40 mmHg. O prolongamento do tempo de contração do VD no início da diástole no ventrículo esquerdo (VE) leva à curvatura para a esquerda do septo interventricular. A dessincronização dos ventrículos pode ser exacerbada pelo desenvolvimento de bloqueio de ramo direito. Como resultado, o enchimento do VE é impedido no início da diástole, o que pode levar à redução do débito cardíaco (DC) e contribuir para hipotensão sistêmica e instabilidade hemodinâmica. a ativação neuro-humoral excessiva na EP pode ser o resultado tanto da tensão anormal da parede do VD quanto do choque circulatório. Essa resposta inflamatória pode explicar a desestabilização hemodinâmica secundária que às vezes ocorre 24–48 h após a EP aguda, embora a recorrência precoce da EP possa ser uma explicação alternativa em alguns desses casos. Finalmente, a associação entre níveis circulantes elevados de biomarcadores de lesão miocárdica e um resultado precoce adverso indica que a isquemia do VD é de significância fisiopatológica na fase aguda da EP. Embora o infarto do VD seja incomum após a EP, é provável que o desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio possa resultar em danos aos cardiomiócitos e reduzir ainda mais as forças contráteis. A hipotensão sistêmica é um elemento crítico nesse processo, levando ao comprometimento da pressão de direcionamento coronariano para o VD sobrecarregado. As anormalidades mais comuns na troca gasosa são hipoxemia arterial e aumento no gradiente alveolar- arterial da tensão de O2, que representaa ineficiência na transferência de O2 nos pulmões. O espaço morto anatômico aumenta porque o gás respirado não entra nas unidades de troca gasosa do pulmão. O espaço morto fisiológico aumenta porque a ventilação para as unidades de troca gasosa excede o fluxo sanguíneo venoso que passa pelos capilares pulmonares. Outras alterações fisiopatológicas são: 1.Aumento da resistência vascular pulmonar causada por obstrução vascular ou secreção plaquetária de agentes neuro-humorais vasoconstritores, como a serotonina. A liberação de mediadores vasoativos pode produzir desequilíbrio na relação ventilação-perfusão em locais distantes do êmbolo, explicando, assim, a possível discordância entre uma EP de pequena monta e um grande gradiente alveolar-arterial de O2. 2.Comprometimento da troca gasosa em razão de aumento no espaço morto alveolar causado por obstrução vascular, hipoxemia em razão de hipoventilação alveolar em relação à perfusão no pulmão não obstruído, shunt da direta para a esquerda ou redução da transferência de monóxido de carbono em razão da perda de superfície de troca gasosa. 3.Hiperventilação alveolar devido à estimulação reflexa dos receptores alveolares. 4.Aumento da resistência das vias aéreas em razão da constrição de vias aéreas distais aos brônquios. 5.Redução da complacência pulmonar em razão de edema pulmonar, hemorragia pulmonar ou perda de surfactante. A correlação entre o grau de obstrução vascular pulmonar inicial e a evolução clínica do TEP é ruim, mas pacientes sem doença cardíaca ou pulmonar prévia geralmente começam a apresentar sintomas com obstrução de 20% da vasculatura pulmonar. Com maior carga de coágulos e consequente obstrução, a pressão arterial pulmonar e a resistência vascular pulmonar aumentam, levando a dilatação ventricular direita, redução da pré-carga para o ventrículo esquerdo e lesão miocárdica, causando a liberação de troponina e peptídeo natriurético tipo B. A dilatação ou lesão do ventrículo direito, evidenciada na TC de tórax ou no ecocardiograma, ou sugerida pela elevação da troponina ou do peptídeo natriurético tipo B, indica insuficiência cardíaca direita e aumento do risco de choque circulatório e de morte; o aumento de troponina é associado com aumento de risco de morte de 5,2 a 5,9 vezes. Os dois principais mecanismos de morte por TEP são a oclusão abrupta da artéria pulmonar e o efeito isquêmico no sistema de condução de His-Purkinje. Aproximadamente um terço dos sobreviventes de grandes TEP apresentam disfunção cardíaca direita persistente e sintomas graves, e cerca de 5% evoluem com hipertensão pulmonar crônica e dispneia incapacitante. QUADRO CLÍNICO Os achados clínicos são extremamente variáveis, com pacientes se apresentando desde pouco sintomáticos até hemodinamicamente instáveis. A tríade clássica do TEP (dispneia, dor torácica pleurítica e hemoptise) ocorre na minoria dos casos. A dispneia é o sintoma mais frequentemente descrito, relatado em 80% dos casos, mas com dispneia em repouso ocorrendo em apenas 50% dos pacientes. O segundo sintoma mais comum é a dor torácica, embora até metade dos pacientes diagnosticados com TEP não apresentem essa queixa, que usualmente tem caráter pleurítico (quando o trombo é periférico, próximo a pleura, por inflamação dessa região) ou subesternal, simulando uma síndrome coronariana aguda (por sobrecarga aguda e/ou isquemia do ventrículo direito). O infarto pulmonar nos segmentos basais do pulmão pode se manifestar como dor referida no ombro ou dor que pode ser similar a cólica ureteral. Em alguns casos, a EP pode ser assintomática ou descoberta acidentalmente durante a investigação diagnóstica de outra doença 1 a 2% dos pacientes apresentam sintomas neurológicos, como convulsão ou confusão mental, e outros 17% podem apresentar síncope. Como cerca de 20% das pessoas têm forame oval patente, o TEP que aumenta as pressões do coração direito pode levar ao fluxo de material trombótico direita-esquerda nos átrios, e embolização para circulação cerebral, produzindo sintomas semelhantes ao AVC. EXAME FÍSICO achados de trombose venosa profunda como edema assimétrico de membros inferiores devem ser pesquisados. Achados sugestivos de hipertensão pulmonar como B2 hiperfonética e sopro em foco tricúspide também podem estar presentes. Sinais vitais anormais, como taquicardia, taquipneia, pulso fino, baixa saturação de oxigênio na oximetria e, às vezes, febre baixa sugerem estresse cardiorrespiratório agudo. Infelizmente o TEP não altera os sinais vitais de forma previsível e cerca da metade dos pacientes com TEP comprovado têm frequência cardíaca < 100 batimentos/min no momento do diagnóstico, e por volta de1/3 têm sinais vitais anormais que se normalizam ainda no DE. As alterações dos sinais vitais ocorrem devido à presença do coágulo e à obstrução ao fluxo sanguíneo, que juntos estimulam as fibras eferentes adrenérgicas para o coração e causam distúrbio ventilação-perfusão pulmonar. A presença de instabilidade hemodinâmica (PAS < 90 mmHg ou queda de mais de 40 mmHg da PAS por um período maior do que 15 minutos) deve ser detectada precocemente e define o subgrupo de maior mortalidade, pois indica EP central ou extensa com reserva hemodinâmica gravemente reduzida. Por volta de 10% dos pacientes com EP apresentam temperatura > 38°C e < 2% dos pacientes com EP têm temperatura > 39,0°C. A maioria dos pacientes com TEP têm pulmões limpos na ausculta. Sibilos ou estertores bilaterais tornam possível um diagnóstico alternativo de broncoespasmo ou de pneumonia, mas não excluem TEP. O infarto pulmonar pode produzir estertores sobre o segmento pulmonar afetado. *** Nem toda dor na perna é causada por TVP e nem toda dispneia é causada por EP. Um desconforto súbito e intenso na panturrilha sugere ruptura de cisto de Baker. Febre e calafrio geralmente indicam celulite, e não TVP. Os sinais físicos, se presentes, podem limitar-se a um leve desconforto à palpação da panturrilha. Contudo, os pacientes com TVP maciça frequentemente se apresentam com edema, dor e eritema acentuados na coxa. Edema recorrente na coxa esquerda, especialmente em mulheres jovens, levanta a possibilidade de síndrome de May-Thurner, com a artéria ilíaca proximal direita comprimindo a veia ilíaca proximal esquerda. Todavia, se o membro inferior estiver difusamente edemaciado, é improvável que haja TVP. É mais provável que se trate de exacerbação aguda de insuficiência venosa em razão de síndrome pós-trombótica. A trombose venosa dos membros superiores pode se manifestar como assimetria na fossa supraclavicular ou na circunferência dos braços. DIAGNÓSTICO EXAMES • Oximetria de pulso e gasometria arterial devem ser colhidas para avaliação dos pacientes com suspeita de TEP. A oximetria de pulso média é menor em pacientes com TEP do que em pacientes sem TEP, embora possa ser normal mesmo nos pacientes com a doença a pressão parcial média de oxigênio no sangue arterial (PaO2) é menor e o gradiente alvéolo-arterial é aumentado em pacientes com TEP embora possa ser normal em 20% dos casos. A pressão arterial parcial de dióxido de carbono (PaCO2) é geralmente baixa, refletindo um aumento de 20 a 50% na ventilação minuto para compensar a perda de eficiência pulmonar secundária ao aumento do espaço morto. Os pacientes apresentam gasometria normal em cerca de 30% dos casos. • Laboratório geral Hemograma, função renal, coagulograma, eletrólitos e solicitações conforme indicação clínica. • D-dímero Coágulos de sangue contêm fibrina, que é degradada naturalmente através da ação da plasmina, e a degradação da fibrina libera a proteína D-dímero no sangue. O D-dímero é o principal exame para excluir TEV, pois apresentam alta sensibilidadee baixa especificidade para o diagnóstico. a baixa especificidade do D-dímero não permite seu uso exclusivo para o diagnóstico de TEV, tornando necessária a realização de outros exames para a confirmação do diagnóstico. Situações em que a especificidade do D-dímero é muito baixa (até menor do que 10%), e, portanto, raramente são úteis são: pacientes internados, pós-operatório, idosos (> 75 anos) e evento trombótico ou sangramento recentes. Pode aumentar em outras situações com formação de fibrina no espaço vascular ou com reabsorção de produtos de degradação do espaço extravascular. aumentam com a idade. Existem diferentes métodos para mensuração do D- dímero: ▪ Aglutinação pelo látex: realizado à beira do leito, mas com sensibilidade inadequada para uso no DE. ▪ Simpli-RED: teste de aglutinação qualitativo com hemácias. Realizado à beira do leito. Resultado negativo em paciente com baixa probabilidade pré-teste tem alto valor preditivo negativo para excluir TEV. ▪ ELISA: teste recomendado para uso no Departamento de Emergência, com alto valor preditivo negativo. As principais características dos D-dímeros (ELISA) são sensibilidade > 95% e especificidade de 35 a 45%. algorítmo years permite excluir TEP com D-dimero menor do que 1.000 µg/mL em pacientes sem nenhum dos seguintes achados: 1. Sinais clínicos de TVP. 2. Hemoptise. 3. TEP não é a principal hipótese diagnóstica. →reduz em 19% a necessidade de realização de tomografia (reduzindo exposição a radiação), mas requer que todos os pacientes realizem dosagem de D- dímero. • Eletrocardiograma Deve ser realizado em todos os pacientes com suspeita de TEP, embora os achados sejam, em geral, inespecíficos. achados mais comuns são taquicardia e inversão de onda T em V1 (cada um presente em 38% dos casos) e alterações de segmento ST em V1 a V4. Podem ainda estar presentes bloqueio incompleto do ramo direito e o achado clássico, mas incomum, de S1- Q3-T3, em 10 a 15% dos pacientes. esses achados significam elevação de pressões em câmaras direitas. Em alguns casos, essas alterações podem ser crônicas e não ter relação com o quadro agudo do paciente. Paciente com TEP e eletrocardiograma com sinais de sobrecarga de ventrículo direito: S1Q3T3, bloqueio de ramo direito incompleto, inversão de onda T de V1 a V4 e intervalo QTc prolongado • Radiografia de tórax Pacientes com TEP podem ter radiografia de tórax com uma ou mais anormalidades, incluindo cardiomegalia, atelectasia basal e infiltrado ou derrame pleural→inespecíficos para EP. < 5% dos pacientes existe uma área em forma de cunha de oligoemia pulmonar (sinal de Westermark, geralmente significa obstrução completa da artéria lobar) ou opacificação periférica em formato de cúpula (corcova de Hampton indica infarto pulmonar). Os pacientes podem apresentar ainda o chamado sinal de Fleichner, que consiste na artéria pulmonar central distendida. • Angiotomografia de tórax é a modalidade de imagem mais comum para o diagnóstico de TEP, capaz de identificar um coágulo como um defeito de enchimento das artérias pulmonares com contraste. Tem sensibilidade e especificidade >90%. PODE DETECTAR PNEUMONIA QUE PE UM ACHADO ASSOCIADO EM ATE 20% DOS CASOS A maioria dos protocolos exige que o paciente fique em decúbito dorsal e prenda a respiração por alguns segundos. Na maioria dos centros, o paciente deve ter um cateter IV periférico (calibre 20 ou maior) ou uma linha fixa aprovada para permitir a injeção do contraste, e o cateter central não pode ser usado para injeção. ▪ Indicada em pacientes com probabilidade clínica pré-teste alta ou naqueles com D- dímero positivo. ▪ Permite avaliar diagnósticos diferenciais. ▪ É um exame seguro e não invasivo. ▪ Contribui para a estratificação de risco em pacientes com TEP. ▪ Cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão (V/Q). → Cerca de 10% das tomografias são inadequadas devido a artefatos de movimento secundários ou opacificação ruim da artéria pulmonar em obesos. →EF ADVERSOS= Anafilaxia ou edema pulmonar desencadeados por contraste, com risco de vida, são muito raros, ocorrendo em cerca de 1 em 1.000 pacientes. 15% dos pacientes submetidos à TC contrastada desenvolvem nefropatia por contraste, definida como um aumento de 25% ou mais na concentração de creatinina sérica dentro de 2 a 7 dias após o exame. ▪ Cintilografia pulmonar (V/Q) Macroagregados de albumina marcados com tecnécio99m ou partículas de aerossóis marcadas com são injetados em veia periférica, combinado com a inalação gás de xenônio133 O diagnóstico é baseado na presença de áreas hipoperfundidas e normoventiladas, particularmente se a radiografia do tórax for normal. A sua especificidade é de 97% e sensibilidade de 41% naqueles com alta probabilidade clínica de embolia pulmonar. Quando a probabilidade clínica é baixa e a cintilografia normal, exclui-se embolia pulmonar. Nos casos intermediários, outros exames complementares auxiliarão no diagnóstico. Útil naqueles com alguma contraindicação ao contraste, controle pré e pós- operatório de tromboendarterectomia pulmonar, diagnóstico diferencial de outras doença. • Ecocardiograma não consegue excluir o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar (apresenta valor preditivo negativo de 40-50%). Sua maior utilidade é na estratificação do TEP. Sinais de sobrecarga de ventrículo direito podem estar presentes em pacientes com outras patologias, como hipertensão pulmonar crônica ou DPOC, sem tromboembolismo pulmonar associado (assim como no ECG). • Arteriografia pulmonar O exame era considerado o padrão-ouro para o diagnóstico de TEP; no entanto, vem perdendo espaço para a angiotomografia de artérias pulmonares. Atualmente é mais utilizado para guiar terapêuticas invasivas como embolectomia. Identifica um coágulo como um defeito de enchimento dentro da artéria pulmonar. Esse teste requer a colocação de um cateter na artéria pulmonar, geralmente através da veia femoral, seguida da injeção de 150 a 300 mL de material de contraste. O exame é pouco disponível, caro e invasivo. • Ultrassonografia Doppler de membros inferiores O exame é disponível, barato e pode ser realizado à beira do leito. Geralmente não é indicado quando a suspeita é TEP, pois é positivo em apenas 30 a 50% dos pacientes com tromboembolismo pulmonar. Usualmente reservado para pacientes com contraindicações para realizar a angiotomografia e/ou para complementar a cintilografia ou angiotomografia inconclusivas. EXAMES PARA ESTRATIFICAR PACIENTES COM TEP INCLUEM: TROPONINA, BNP E ECOCARDIOGRAMA. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA A combinação de sintomas e achados clínicos com a presença de fatores predisponentes para TEV permite classificar os pacientes com suspeita de EP em categorias distintas de probabilidade clínica ou pré- teste, que correspondem a um aumento real da prevalência de EP confirmada. Esta avaliação pré-teste pode ser feita por julgamento clínico implícito (empírico) ou usando regras de previsão. Como a probabilidade pós-teste (ou seja, após um teste de imagem) de EP depende não apenas das características do teste de diagnóstico em si, mas também da probabilidade do pré-teste, esta é uma etapa fundamental em todos os algoritmos de diagnóstico de PE. Em pacientes que são avaliados para possível TEP, o diagnóstico é confirmado em apenas 10% dos casos. Quando os médicos têm maior grau de certeza, eles estão corretos em apenas 17 a 25% dos pacientes. Como resultado, a abordagem diagnóstica do TEP requer estratégias que minimizem falhas diagnósticas sem expor pacientes a riscos de realização de exames desnecessários. Na maioria dos casos, suspeita-se de EP em um paciente com dispneia, dor torácica, síncope ou pré-síncope ou hemoptise. Opaciente também pode apresentar-se com instabilidade hemodinâmica. A hipoxemia é frequente, mas há casos em que o paciente tem saturação arterial normal de oxigênio (SaO2). A hipocapnia também é frequentemente presente. Em todos os pacientes com suspeita diagnóstica de TEP, o primeiro passo é determinar qual é a probabilidade clínica pré-teste de o paciente apresentar realmente TEP. Ferramentas para essa investigação foram criadas com escores de risco sistematizados para avaliação de pacientes, como o escore de Wells. pacientes classificados como de baixo risco apresentam uma probabilidade de 10 a 12% de apresentar TEP, moderado risco de 30% e alto risco de 65%. Em pacientes de baixo risco, pode-se aplicar o escore PERC para descartar a suspeita de tromboembolismo pulmonar e encerrar a investigação. Quando a resposta for negativa para todos os fatores, a suspeita de tromboembolismo pulmonar pode ser considerada descartada, com a probabilidade diagnóstica < 2%. CONDUTAS APÓS PROBABILIDADE PRÉ TESTE → Na suspeita de tromboembolismo pulmonar em pacientes com probabilidade pré-teste alta, a primeira dose de anticoagulação deve ser realizada antes da confirmação diagnóstica. →Se TEP não puder ser excluído com a regra PERC, deve-se realizar um teste diagnóstico que possa reduzir a probabilidade pós-teste para < 2,0%. D-dímero de metodologia ELISA é capaz de excluir TEP em pacientes com probabilidade pré-teste baixa ou moderada com sensibilidade de 95%. A regra de Charlotte é uma proposta de excluir TEP em pacientes de baixa probabilidade pré-teste. Em pacientes com moderada ou alta probabilidade, ou os de baixo risco com critérios PERC e D-dímero positivo é recomendado continuar a investigação. O exame usualmente recomendado é a angiotomografia computadorizada de tórax. A cintilografia V/Q é uma opção em pacientes grávidas ou em pacientes com insuficiência renal ou com histórico de reação adversa prévia ao material de contraste. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO O TEP é classificado em três categorias com base na gravidade: TEP maciço, TEP submaciço e TEP de menor gravidade: A EP maciça (hemodinamicamente instável) representa 5 a 10% dos casos e caracteriza-se por trombose extensa afetando pelo menos metade da vasculatura pulmonar. Dispneia, síncope, hipotensão e cianose são sinais característicos de EP maciça. Os pacientes com EP maciça podem se apresentar em choque cardiogênico e morrer com falência de múltiplos órgãos. PAS < 90 mmHg por mais de 15 minutos, PAS < 100 mmHg com história de hipertensão ou redução > 40% na pressão arterial sistólica basal. A EP submaciça responde por 20 a 25% dos casos e caracteriza-se por disfunção do VD, embora a pressão arterial sistêmica permaneça normal. A combinação de insuficiência cardíaca direita e liberação de biomarcadores cardíacos sinaliza um alto risco de deterioração clínica. Tem pressão arterial normal, mas com outras evidências de estresse cardiopulmonar. A EP de baixo risco representa cerca de 65 a 75% dos casos. Esses pacientes têm prognóstico excelente. Anatomicamente, o TEP “em sela” ou “a cavaleiro” indica um trombo alojado na bifurcação da artéria pulmonar, implicando maior incidência de instabilidade hemodinâmica e mortalidade. Se o trombo se alojar em ramos cada vez mais distantes da artéria pulmonar, o TEP será classificado como lobar, segmentar ou subsegmentar, de acordo com a localização anatômica. Isso terá implicação no tratamento e no prognóstico do paciente. O paciente estável hemodinamicamente é aquele que não preenche os critérios de instabilidade. Nota-se que nesse grupo há uma heterogeneidade na gravidade da doença e nos sintomas, que compreende desde pacientes assintomáticos até pacientes com pressão arterial limítrofe e disfunção de ventrículo direito, também classificados com TEP submaciço. Em pacientes com TEP confirmado é importante classificar e estratificar o paciente de acordo com a gravidade do quadro (risco de mortalidade) calculando o escore PESI. Os pacientes PESI classe I e II são considerados de baixo risco e podem ser elegíveis para tratamento domiciliar ou alta precoce, que é definida por alta antes de 5 dias de internação hospitalar, tempo usualmente recomendado de internação para TEP. Outra forma de selecionar pacientes de baixo risco que poderiam realizar todo o tratamento ambulatorial são os critérios HESTIA. Se todas as respostas forem negativas e o paciente for classificado como PESI I ou II, ele é um candidato adequado para tratamento ambulatorial. Nesses pacientes não é necessária dosagem de troponina e BNP. Caso a dosagem seja inadvertidamente realizada e venha alterada, o paciente é reclassificado como de risco intermediário baixo. Para os pacientes classificados como classe III e IV, devemos realizar: ▪ Dosagem de troponina e BNP. ▪ Aferição de disfunção de VD (ecocardiograma ou tomografia computadoriza com contraste). ▪ Caso apenas um dos dois acima venha alterado, o paciente é classificado como de risco intermediário baixo Os pacientes nessa classificação devem ser internados e monitorizados. Caso os dois venham alterados, o paciente é classificado como risco intermediário alto. Além de internação e monitorização, deve-se ficar atento para a descompensação hemodinâmica que indica a trombólise. TTO A primeira medida em pacientes com suspeita de TEP é assegurar o suporte hemodinâmico e respiratório, conforme situação clínica do paciente na apresentação. SUPORTE HEMODINÂMICO a principal causa de morte no TEP é falência de VD levando a baixo débito cardíaco→FAZER: -Cristaloide, em bolus de até 500 mL em pacientes hipotensos, pode melhorar hipotensão e índice cardíaco, e pode ser testado antes da introdução de drogas vasoativas. Com a ressalva de que sobrecarga volêmica pode piorar a disfunção de VD. -Reposição volêmica agressiva pode ser prejudicial e piorar o estresse de VD. -Drogas vasoativas são frequentemente necessárias para melhorar o inotropismo cardíaco, elevar a pressão arterial e garantir perfusão tecidual adequada. -Norepinefrina aumenta a pressão arterial sistêmica e melhora a perfusão coronariana; melhora a função de VD por ação inotrópica positiva direta. O seu uso deve ser limitado a pacientes com choque cardiogênico. A dose recomendada é de 0,2 a 1,0 mcg/kg/min. -Dobutamina deve ser considerada em pacientes com índice cardíaco reduzido, e costuma ser a primeira droga prescrita com o intuito de melhorar o débito de VD. A dose recomendada é de 2-20 mcg/kg/min. -Em pacientes sem resposta, considera-se o uso de suporte extracorpóreo (ECMO), lembrando que seu uso por mais de 5 a 10 dias pode levar a complicações como sangramento e infecções. SUPORTE RESPIRATÓRIO Hipoxemia e hipocapnia são muitas vezes encontradas. Hipoxemia é geralmente reversível com a administração de oxigênio, sendo indicada oxigenioterapia se SaO2 < 90%. Para reduzir o risco de hipotensão, se possível, outras técnicas como cânula nasal de alto fluxo ou VNI devem ser tentadas antes da instituição de ventilação mecânica invasiva. No entanto, o paciente deve ficar sob monitorização ventilatória intensiva para não atrasar a indicação de intubação orotraqueal (IOT), se necessária. Quando a ventilação mecânica for necessária, deve-se evitar o uso de drogas hipotensoras durante sedação para intubação orotraqueal. Prefere-se a quetamina se hipotensão importante ou choque. Usar pressão de platô < 30 cmH2O, objetivando minimizar pressão intratorácica para não agravar déficit de retorno venoso. ANTICOAGULAÇÃO PARENTERAL O esteio do tratamento de pacientes com TEP é a anticoagulação sistêmica para evitar a formação de novos coágulos e permitir que a fibrinólise endógena continue,exceto se houver contraindicações. A anticoagulação não dissolve o trombo, mas evita o crescimento dele. As duas opções mais comumente utilizadas são a heparina não fracionada e a heparina de baixo peso molecular. A anticoagulação inicial para o TEP também pode ser realizada com rivaroxabana ou apixaban por via oral. A dabigatrana e a edoxabana também podem ser usadas, mas requerem anticoagulação com heparina inicial. As evidências sugerem benefício com o uso de heparinas de baixo peso molecular (HBPM) em comparação com a heparina não fracionada para tratamento de TEP e TVP em termos de desfechos compostos (sangramento e morte) e custo, embora a magnitude do benefício não seja grande. Se não houver certeza sobre a presença de TEP, a probabilidade pode guiar a introdução de terapia com anticoagulação. Em pacientes com probabilidade pré-teste de TEP > 20%, é recomendada a anticoagulação empírica, pois os benefícios excedem os riscos (sangramento e trombocitopenia induzida por heparina). O atraso na administração de heparina a pacientes com TEP→ aumento da mortalidade, mas nenhum estudo demonstrou que a heparina, administrada precocemente e antes da realização de exame de imagem, melhora a morbimortalidade. Em pacientes com insuficiência renal grave e TVP aguda ou TEP, a maioria dos especialistas recomenda a heparina não fracionada em relação à heparina de baixo peso molecular. São opções para anticoagulação: Heparina de baixo peso molecular Atua como inibidor do fator X. A preferência é prescrever HBPM uma vez ao dia. A prescrição de 12/12 horas aumenta uma picada ao dia e não apresenta maior eficácia. As doses são: ▪ Enoxaparina SC: 1,5 mg/kg de peso, uma vez ao dia. ▪ Dalteparina: 200 unidades/kg de peso, uma vez ao dia (medicação mais validada em pacientes com neoplasia). ▪ Nadroparina: 171 unidades/kg de peso, uma vez ao dia (evitar em pacientes com > 100 kg). ▪ Tinzaparina: 175 unidades/kg de peso, uma vez ao dia (evitar em pacientes com > 70 anos de idade). a segurança da HBPM se aplica a indivíduos com função renal normal e peso entre 40 e 120 kg (considerar alternativas em pacientes fora dessa faixa de peso). A medicação pode ser prescrita em disfunção renal, mas nesse caso é obrigatório monitorizar, seja com dosagem sérica da heparina de baixo peso, seja com monitorização da inibição antifator-Xa, exames indisponíveis na maioria dos hospitais. Heparina não fracionada A resposta anticoagulante da heparina não fracionada apresenta variações entre diferentes pacientes, por esse motivo a resposta deve ser monitorizada pelo TTPA. As recomendações para o tratamento hospitalar sugerem o seguinte: ▪ Dose de ataque de 80 UI/kg endovenosa (alternativa dose única de 5.000 U). ▪ Infusão contínua com dose inicial de 18 UI/kg/h e ajuste da dose pelo TTPA com objetivo de atingir valores de 1,5-2,5. Deve-se verificar o número de plaquetas no terceiro e no quinto dia de uso devido ao risco de plaquetopenia autoimune pela heparina. A relação do TTPA deve ser verificada inicialmente a cada 6 horas e depois diariamente. A heparina deve ser descontinuada apenas quando o INR obtido com a anticoagulação oral estiver em níveis adequados (INR 2-3) por 2 dias consecutivos. O protocolo para o tratamento é o seguinte: ▪ Heparina não fracionada “concentrada” (1 mL = 20.000 U de heparina ou 1 mL = 25.000 U de heparina). As preparações utilizadas para profilaxia de TVP (1 mL = 5.000 U de heparina) não são ideais para ser usadas, pois o volume administrado no espaço subcutâneo é muito grande. ▪ Dose inicial: 333 U/kg peso, SC. ▪ Manutenção: 250 U/kg peso, SC, 12/12h. ▪ Não há necessidade de controle de coagulograma. ▪ As incidências de plaquetopenia, sangramento ou recorrência da TVP/TEP foram semelhantes. A heparina não fracionada é a primeira escolha para o paciente em diálise ou com doença renal crônica avançada (ClCr < 30 mL/min); caso CLCr entre 15 e 30 mL/min, ajustar dose de heparina como recomendado na. A heparina não fracionada é usualmente preferida em casos de instabilidade hemodinâmica, disfunção renal, extremos de peso e idade e pacientes com alto risco de sangramento. Fondaparinux É um pentassacarídeo sintético com ação inibidora direta do fator Xa, também usado por via subcutânea, uma vez ao dia e sem necessidade de monitorização, embora não deva ser usado em pacientes com clearance de creatinina menor do que 30 mL/min. É uma medicação relativamente nova, segura, prática, mas de alto custo e pouco disponível no Brasil. Uma boa opção para pacientes alérgicos a heparina ou com plaquetopenia induzida pela heparina., embora a melhor opção nessa situação sejam os inibidores diretos da trombina. As doses são: ▪ Peso menor do que 50 kg: 5 mg SC, 1x/dia. ▪ Peso 50-100 kg: 7,5 mg SC, 1x/dia. ▪ Peso maior que 100 kg: 10 mg SC, 1x/dia. Inibidores da trombina A lepirudina e bivalirudina são inibidores diretos da trombina, e são opções para pacientes que desenvolvem plaquetopenia induzida por heparina. Apenas a bivalirudina está sendo produzida comercialmente e sua dose é de 0,15 mg/kg/hora, mantendo TTPA entre 1,5 e 2,5 vezes o controle. Doses de 0,14 mg/kg/hora são indicadas em disfunção hepática e de 0,03-0,05 mg/kg/hora se disfunção hepática e renal combinadas. Essas medicações são indisponíveis no Brasil. ANTICOAGULAÇÃO ORAL A anticoagulação oral deve ser instituída precocemente, na maioria das vezes concomitante à anticoagulação parenteral. Varfarina Deve ser iniciada concomitantemente à anticoagulação parenteral, exceto nos casos de alto risco de sangramento. Manter INR entre 2 e 3. Rivaroxabana Dose de 15 mg por via oral (VO) a cada 12 horas, por 21 dias, seguidos de 20 mg VO uma vez ao dia. Opção para anticoagulação totalmente oral do TEP, sem necessidade de anticoagulação parenteral inicial. Apixabana 10 mg VO a cada 12h, por 7 dias, seguidos de 5 mg VO a cada 12h. Deve-se lembrar que tanto a rivaroxabana como a apixabana são contraindicados em caso de disfunção renal. A anticoagulação oral exclusiva é uma opção, com menor risco de sangramento quando comparado a HBPM, sem necessidade de ponte com anticoagulantes parenterais; pode ser realizada com rivaroxaban e apixaban. Tempo de anticoagulação Para pacientes que irão utilizar antagonistas da vitamina K, deve ser lembrado que o objetivo é manter o INR entre 2,0 e 3,0. O tempo recomendado de tratamento com anticoagulação é o seguinte: ▪ Para pacientes com TEP causado por cirurgia ou fator de risco transitório= 3 meses. ▪ Para pacientes sem fator precipitante de TEP, o tempo mínimo de tratamento é de 3 meses para pacientes com alto risco de sangramento e períodos maiores com risco pequeno/moderado de sangramento. ▪ Para pacientes com um episódio seguido de TEV= período estendido além de 3 meses em caso de risco até moderado de sangramento, e 3 meses em caso de alto risco de sangramento. ▪ Para pacientes com neoplasia maligna ativa, o período recomendado de tratamento é de mais de 3 meses; independentemente do risco de sangramento, pode-se considerar anticoagulação além de 6 meses ou até a neoplasia maligna ser controlada. A heparina de baixo peso molecular é a medicação de escolha, mas o endoxaban e o rivaroxaban podem ser considerados, exceto em pacientes com neoplasia gastrointestinal. ▪ Em pacientes com TEV sem fator provocativo claro, recomenda-se o uso de aspirina após a interrupção da anticoagulação. ▪ Pacientes com TEP subsegmentar e sem TVP proximal, com baixo risco de TEP recorrente, podem ser observados clinicamente; em caso de alto risco, deve-se iniciar a anticoagulação. ▪ Os pacientes com neoplasia maligna com câncer ativo necessitam de tratamento, sendo a HBPM o tratamentocom melhor evidência por pelo menos 6 meses. Alguns pacientes não podem aplicar injeções por períodos prolongados, forçando a escolha entre varfarina oral vs. anticoagulante oral mais recente. Dados de quatro estudos com novos agentes para TEV relacionados ao câncer (dabigatrana, rivaroxabana e edoxabana) mostram melhores resultados com inibidores da trombina ou do fator Xa em comparação com a varfarina. →Complicações dos anticoagulantes: O efeito adverso mais grave da anticoagulação é a hemorragia. Para a hemorragia potencialmente fatal ou intracraniana causada por heparina ou por HBPM, pode-se administrar sulfato de protamina. Não há um antídoto específico a ser usado em caso de sangramento causado por fondaparinux ou inibidores do fator Xa. Contudo, o anticorpo da dabigatrana, idarucizumabe, é um antídoto efetivo e de ação rápida para a dabigatrana que foi licenciado agora para uso. O andexanete é um antídoto universal anti-Xa para betrixabana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana que está sendo revisado pela FDA. O sangramento significativo causado por varfarina é mais bem tratado com concentrado de complexo protrombínico. No caso de sangramento menos grave, pode ser usado o plasma fresco congelado ou a vitamina K IV. A vitamina K VO é efetiva para tratamento de sangramentos menores ou de INR muito alta na ausência de sangramento. FILTROS DE VEIA CAVA INFERIOR Utilizado em pacientes com contraindicações a anticoagulação. Dentre os filtros disponíveis, os removíveis são preferenciais, pois, uma vez que a contraindicação à anticoagulação seja resolvida, o filtro pode ser removido e o paciente anticoagulado. Indicações: ▪ Paciente com episódios recorrentes de tromboembolismo venoso que ocorrem apesar da anticoagulação adequada. ▪ Pacientes com TEV com indicação de anticoagulação nos quais é contraindicado o uso de anticoagulantes. O local de inserção é preferencialmente infrarrenal, mas no caso de trombose em membros superiores na ausência de trombose de membros inferiores, o filtro deve ser posicionado na veia cava superior. Em caso de trombose em veia renal comprovada por angiotomografia, o filtro deve ser posicionado em posição suprarrenal. TROMBÓLISE Pacientes com TEP maciço ou hipotensão se beneficiam da fibrinólise, que está indicada exceto se a hipotensão é apenas transitória e sem sinais de hipoperfusão. Em pacientes sem hipotensão ou hemodinamicamente estáveis, existe a dúvida de iniciar ou não tratamento com trombólise. Um subgrupo de pacientes com TEP submaciço pode apresentar critérios de gravidade definidos por: ▪ Dilatação ou hipocinesia do ventrículo direito. ▪ Troponina elevada. ▪ Peptídeo natriurético tipo B ou hipoxemia persistente com desconforto respiratório. O estudo PEITHO, com mais de 1.000 pacientes, comparou a terapia trombolítica (tenecteplase) com heparina vs. placebo e heparina em pacientes com TEP agudo, normotensos e com evidência de disfunção do VD. Em comparação com a heparina isolada, a trombólise resultou em uma redução no desfecho primário de morte ou descompensação hemodinâmica 7 dias após a randomização ; não houve diferença na mortalidade em 7 ou 30 dias. A administração de agentes trombolíticos foi associada com sangramento extracraniano (6 vs. 1%), sangramento maior (12 vs. 2%) e acidente vascular cerebral hemorrágico (2 vs. 0,2%). Em pacientes que evoluírem com deterioração clínica, deve-se considerar a realização de trombólise. Uma alternativa nesses pacientes é a trombólise com 50 mg de alteplase IV sistêmica, metade da dose aprovada pela FDA, uma dose mais segura em relação à ocorrência de eventos adversos. O sucesso da trombólise é maior se indicada em até 48 horas, mas pode ser útil até 14 dias do evento tromboembólico. Na suspeita de PCR por TEP, embora controversa, está autorizada a trombólise durante a RCP. A RCP deverá continuar por no mínimo 60 minutos após a administração do trombolítico. A heparina não fracionada não deve ser infundida durante a administração de estreptoquinase ou uroquinase, mas pode ser mantida quando se usa alteplase. Nos pacientes que estão recebendo enoxaparina ou fondaparinux é necessário aguardar 12 a 24h para iniciar a anticoagulação. Pacientes com indicações clínicas, mas com contraindicação à trombólise, podem ser eventualmente tratados com embolectomia. A trombólise direcionada por cateter é realizada através da cateterização da artéria pulmonar. É indicada por diretrizes nas seguintes condições: ▪ Pacientes de alto risco com ou falha da trombólise como persistência de instabilidade hemodinâmica apesar de trombólise sistêmica, risco de morte antes de a trombólise sistêmica ter iniciado seus efeitos. ▪ Paciente com contraindicação a trombólise por alto risco de sangramento. A trombólise dirigida por cateter para TEP requer uma dose menor de alteplase (aproximadamente 10 mg no total), o que pode conferir um menor risco de sangramento. Assim, a trombólise dirigida por cateter é uma opção para pacientes com mais de 65 anos, em que o risco de sangramento intracraniano é maior. Esse tratamento deve ser restrito a centros com experiência no procedimento por conta da complexidade e pela pouca evidência de benefício em mortalidade. EMBOLECTOMIA A embolectomia cirúrgica é uma opção em pacientes jovens com TEP grande e proximal acompanhado de hipotensão. Como é muitas vezes realizada tardiamente, a taxa de mortalidade relatada é de cerca de 30%. A quantidade de coágulo que pode ser extraída costuma ser extensa, e a remoção pode ajudar a limitar complicações cardiorrespiratórias posteriores. As diretrizes da European Society of Cardfiology recomendam a embolectomia em pacientes com TEP de alto risco com falha ou contraindicação a trombólise. TEP SUBSEGMENTAR Pacientes com TEP subsegmentar têm benefício duvidoso de tratamento. Uma possibilidade é a anticoagulação, como os demais tipos de TEP. A outra conduta é não anticoagular os pacientes desde que seja possível: ▪ Certificar-se de que não há TVP associada (solicitar ultrassom Doppler venoso bilateral de MMII). ▪ Manter acompanhamento ambulatorial e observação do quadro clínico do paciente. ▪ Redução e prevenção dos fatores de risco que propiciam formação de tromboembolismo venoso. TROMBOPROFILAXIA A prevenção de TVP e EP é de suma importância, visto que o TEV é difícil de ser detectado e representa um enorme ônus médico e econômico. Doses baixas de HNF ou de HBPM são a forma mais comum de profilaxia em pacientes hospitalizados. As auditorias em hospitais para assegurar que os protocolos de profilaxia estão sendo usados também irão aumentar a utilização de medidas preventivas. A profilaxia é recomendada para todos os pacientes de risco de TEV, mesmo após a alta hospitalar, especialmente nas cirurgias oncológicas e ortopédicas. Nos pacientes hospitalizados, o risco estimado de TEV sem profilaxia varia conforme a sua condição. Um dos escores mais utilizados para pacientes clínicos hospitalizados é o Padua Prediction Score Os pacientes são divididos em: 1. Baixo risco: 0-3 pontos (risco TEV < 0,3%) – profilaxia sem necessidade. 2. Alto risco: ≥ 4 pontos (risco TEV > 11%) – indicar profilaxia. Nos pacientes cirúrgicos, o risco de trombose venosa depende das características do paciente e do procedimento a ser realizado ▪ Métodos não medicamentosos Movimentação dos membros= estímulo à deambulação precoce e a sua movimentação periódica, ativa ou passiva, enquanto o paciente permanecer acamado. Incrementa o retorno venoso, contribuindo na prevenção da trombose venosa. Meias elásticas= As confeccionadas para uso hospitalar têm compressão gradual ao longo do membro inferior (18 mmHg nos tornozelos, 14 mmHgnas panturrilhas, 8 mmHg nos joelhos, 10 mmHg na parte distal das coxas e 8 mmHg na porção distal); promovem aumento de 36% na velocidade de fluxo da veia femoral. As de uso doméstico apresentam compressão uniforme de 11 mmHg e aumento de 10% na velocidade do fluxo. Estima-se redução da incidência de trombose venosa em 50% ou mais quando comparada à sua não utilização. Seu uso precoce associado à deambulação é a primeira medida profilática a ser adotada entre os pacientes hospitalizados e acamados. Desde que não dificulte o procedimento cirúrgico, o seu uso na sala cirúrgica poderá contribuir para a redução dessa complicação. Compressão pneumática intermitente= A compressão do membro inferior pela insuflação sequencial e intermitente com pressões de 35, 30 e 20 mmHg, respectivamente no tornozelo, no joelho e na coxa aumentam em 240% a velocidade do fluxo venoso femoral. ▪ Métodos medicamentosos a utilização de heparina não fracionada, heparina de baixo peso molecular, fondaparinux e novos anticoagulantes orais, conforme o quadro do pct.
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